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sábado, 10 de agosto de 2013

206 ARTISTAS SELECIONADOS PARTICIPAM DO I SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS

JORNAL A TARDE,SALVADOR, SÁBADO, 02 DE DEZEMBRO DE 1978


Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro
 Foram 206 os artistas plásticos escolhidos para participarem do I Salão Nacional de Artes Plásticas uma promoção do Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte que está instalado no Palácio da Cultura e Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, até o próximo 20 de dezembro. Este foi o resultado de um longo trabalho de análise e seleção de um total de 3.638 trabalhos inscritos por 1.246 artistas de 18 estados brasileiros.
Os artistas selecionados apresentaram trabalhos nas categorias pintura 85 artistas, gravura 49, desenho 42, propostas conceituais 9, fotolinguagem 8, arte-objeto 7, escultura 5 e tapeçaria 1.
Além da escolha das obras que participam da mostra, a Subcomissão de Seleção e Premiação teve também a tarefa de escolher os artistas que, pelo valor de seu trabalho, mereceram os nove prêmios instituídos pela Funarte, no valor total de 830 mil cruzeiros.
Os quatro prêmios de viagem ao exterior, no valor de 150 mil cruzeiros cada, foram ganhos por José Lima- gravura RJ; Paiva Brasil- pintura ,RJ; Glauco Pinto de Moraes - pintura, RS e Ascanio M.M.M.-escultura RJ. Já os quatro prêmios de viagem ao país 50 mil cruzeiros cada foram para Takashi Fukushima- pintura SP; Arlindo Mesquita, pintura RJ; Arlindo Daibert - desenho MG e Valquíria Chiarion , fotografia SP. O Prêmio Gustavo Capanema, no valor de 30 mil cruzeiros, destinado ao artista com melhor conjunto de obras, ficou com Paulo Laport, RJ, que enviou trabalhos nas categorias pintura, desenho e gravura.
A subcomissão resolveu ainda dar cinco Prêmios de Aquisição, para trabalhos de José Aguila, pintura em spray SP; Almir Gadelha- proposta RJ; Newton Mesquita- desenho/fotografia SP; Ricardo Aprígio, Pintura SP e Luiz Gregório, pintura em pastel SP. A Subcomissão de Seleção e Premiação foi composta por Edy Carôllo, Clérida Geada e Walmir Ayala membros eleitos pelos participantes do Salão, e José Maria dos Reis Júnior, Wolfgang Pfeiffer e Francisco Bolonha, indicados pela Funarte.
O I Salão Nacional de Artes Plásticas se realiza pela primeira vez no Brasil, como resultado da fusão dos extintos Salão Nacional de Belas Artes e Salão Nacional de Arte Moderna.
Segundo o parecer da Subcomissão de Premiação, a mostra conseguiu compor uma coletiva de trabalhos rotuláveis nas mais variadas tendências das artes plásticas de hoje.
Lista dos artistas selecionados para expor no I Salão Nacional de Artes Plásticas:
 PINTURA
 Adão Silvério SP; Augustinho Sá RJ; Alberto José Costa de Borba BA; Aldir Mendes de Souza SP; Álvaro Cumplido de Sant’Ana RJ; Anna Regina Aguiar RJ; Antonio Pedra Rache Deal Costa RJ; Antônio Sérgio benevento RJ; Carlos Frederico Fonseca Ferreira SP; Carlos Wolney MG Cássia Drumond RJ; Celeste Bravo RJ; Cláudia My SP; Cláudio Valério Teixeira RJ; Cléa Costa Vieira GO; Davi Jorge de Souza RJ; David da Costa RJ; Délcio Bracher RJ; Eduardo Costa Camões RJ; Elias João Kaica RJ; Emma Vale BA; Emílio Gonçalves Filho RJ; Fani Bracher MG; Fernando Pacheco MG; Firmino Saldanha RJ; Francisco Gonzáles SP; Gabriel Zellmeister SP; Georgete Melheum RJ; Glauco Pinto de Moraes RS; Gonçalo Ivo RJ; Hedva Megged SP; Hélio Ademir de Siqueira MG; Hugo Moriani RJ; Ismênia Coaracy SP; Jair Glass SP; K. Ikoma SP; Kleber Figueira RJ; Kuno Schieler RJ; Luigi Neviani SP; Luiz Augusto Feitosa RJ; Luiz Bandeira de Mello RJ; Luiz Raphael RJ; Lyra Regina Paes SP; Lygia Milton MG; Jarbas Juarez Antunes MG; Johann Margaretha Gutlich SP; Jorge Eduardo Cresta Guinle RJ; Paiva Brasil RJ; José Garcia Espinosa RJ; José Luiz Mayer RS José Roberto Aguilar SP; José Pinto RJ; Kazuo RJ; Manoel Fernandes SP; Márcia Barroso do Amara RJ; Marcos Cordeiro PE; Maria Bandeira RJ; Maria Luiza Serra de Castro RJ; Maria Tomaselli Cirne Lima RJ; Maurício Arraes de Alencar RJ; M.C. van Scherenberg-Katie RJ; Nanzita RJ; Newton Mesquita SP; Osmar Buono SP; Paulo Laport RJ; Gilvan RJ; Paulo Cunha Barreto RJ; Plínio Palhano PE; Gryner RJ; Meziat RJ; Aprígio SP; Rubens Gerchman RJ; Sebastião Maria SP; S.R. Mafra RJ; Solange RJ; Taís A. RJ; Takashi Fukushima SP; Thereza Brunnet RJ; Vagner Dante SP; Valdir Sarubbi SP; Vera Lùcia Arbex RJ; Vicente de Souza DF; Victorina Sagboni RJ; Vilmar Rodrigues RJ.
                   GRAVURA
Palácio da Cultura, no RJ
 Ângela Schilling RJ; Anna Carolina RJ; A. Luiza Bellucci SP; Antonio da Costa Dias MG; A. Grosso RJ; Arydio RJ; Carlos Martins RJ; Chaia Zisman RJ; Clébio Maduro MG; Dallila Pereira dos Santos RJ; Enyr Cunha França RJ; Frederico Ernesto Geisser RJ; Hartwing Burchard SP; Hélio Rodrigues RJ; Heloísa Pires Ferreira RJ; Isis Braga RJ; Ivone Couto MG; José Barbosa PE; José Lima RJ; José Paixão RJ; Laércio Takaroni Inaba Takanori SP; Lena Cecília Bergstein RJ; Lothar Charoux Charoux SP; Luciano Pinheiro PE; Luís Carlos Lindenberg LIndenberg RJ; Lyria Palombini RJ; Maia Borkowesky MG; Manuel Messias dos Santos RJ; Márcio Périgo SP; Marcos Augusto MG; Marcos de Souza Mendes; Marcos DF; Margot Kardos Margot SP; Maria Tomaselli Cirne Lima RJ; Marlene Hori RJ; Maurício Fridman SP; Osmar Fonseca RJ; Paulo Laport RJ; Pilar RJ; Regina Kasiarz RJ; Ruth Palatnik Aklander Aklander RJ; Sandra Santos RJ; Sérgio Fingermann SP; Simone Osthoff RJ; Susan L’Engle RJ; Suzana Sommer RS; Vander Cláudio Soares Déco RJ; Vela Salamanca SP; Yara Guasque SP.
 DESENHO
 Alfonso Beneti Alphonsus RS; Carlos Fragroso Senra RJ; Carlos  E. M. de  Lacerda SP; Carlos Porto RJ; Cássio Michacany SP; Dilze Oliveira Lima Soares Zamma RJ; Ermelindo Nardin Nardin SP; Francisco Ferreira SP; Luiz Gregório Gregório SP; Marco Antônio Palmeira RJ; Maria do Carmo SP; Maria José Boaventura RS; Mário Zavagli MG; Nara Fimm DF; Eymard Brandão MG; Flory Menezes RJ; Geraldo Orthof Ge Orthof RJ: Gilberto de Guimarães Bastos RJ; Guita Charijfer RJ; Hedva Megged H. Megged SP; Hélio Jesuino RJ; Heraldo Pedreira RJ; Isabel Cristina MG; Ivan Honczar Honczar RJ; Jorge Salles RJ; José Carlos Vianna e J. de Moura PE; José Lima RJ; Júlio Vieira RJ; Luiz Ernesto RJ; Paula Morgado RJ; Paulo Laport RJ; Paulo Lolovitch Lolovith DF: Philip Hallawell SP;  Reinaldo Eckenberg Eckenberg BA; Renato J.I. M. RJ Rubens Gerchman RJ; Tereza Coelho Cesar RJ; Úrsula Hamburger Úrsula SP; Vander Cláudio Soares Déco RJ; Vera da Silva Prado Vera SP; Zenir Amorim MG.
 PROPOSTAS
 Almir Gadelha RJ; Arlindo Daibert MG; Berenice Gorini Rodrigurs RS; Lisy Leuba Salum SP; Nívea Bracher MG; Rubem Breitman RJ; Thereza Kolontai RJ; Valquíria Inês Chiarion SP; Wilson Piran RJ.
 TAPEÇARIA
 Ivna Mendes de Moraes Duvivier RJ.
 ESCULTURA
 Ascânio M.M.M. RJ; Icléa Roxo Goldberg RJ; José Gomes Pereira AL; Pedro Pinkalsky SP; Vera Maria Rodrigues SP.
 FOTOLINGUAGENS
 Antônio George Helt MG; Edison Cruz Manhães RJ; Frederico J. G. Mendes RJ; João Ricardo Moderno RJ; Juraci Dórea BA; Leonardo Walsh Goldvasg RJ; Maria Heloísa Fénelon Costa RJ; Victor Gerhard RJ.
 OBJETO
 Álvaro de Almeida Barata RJ; Antonio Arney PR; Carli Moore Portella RJ; Cerso SP; Inge Rosler RJ; Dimitri Ribeiro RJ; Raymunda Lucy de Souza GO.

            TEMPLO EGÍPICIO EM NOVA YORK


Por quase 2.000 anos, o templo de Dendur podia ser visto ás margens do Rio Nilo, no Egito a construção da Repressa de Assuá passar a constituir uma ameaça á sua preservação. O governo do Egito doou-o, então, aos Estados Unidos, e, em 1965, técnicos e trabalhadores especializados deram início à cuidadosa desmontagem do templo, a fim de transportá-lo por via marítima para o Estados Unidos. Agora, a histórica estrutura pode ser novamente apreciada pelo público no Museu Metropolitano de Arte da cidade de Nova York, onde foi remontada em uma ala coberta especialmente construída, cujas dimensões equivalem às de um quarteirão de Manhattan.

                A MARÉ CULTURAL NOS EUA

Em fins de 1977, a Fundação Nacional para as Artes dos EUA, o principal veículo de concessão de verbas governamentais para a cultura norte-americana, surgiu com um lema : As Artes: É Onde o Povo Está, diz o lema, resumindo, de forma concisa e definitiva o lugar proeminente da cultura como um dos valores da sociedade contemporânea.
A Time Square, em New York é um dos locais
mais visitados
É discutível se as artes, nos Estados Unidos, se encontram no limiar de uma era dourada. Inequívoco é o importante papel que desempenham em todas as classes sociais, da elite ás massas majoritárias.
Há uma década, por exemplo, o público na região central dos Estados Unidos não assistia a ópera, muito menos balé, pela televisão, em suas salas de estar. As multidões das regiões urbanas não passavam por coloridos murais nas paredes laterais dos edifícios ou por esculturas nos pátios dos complexos arquitetônicos de escritórios. As peças que viam na Broadway eram criadas em Nova Yorque, e não em Louisville, Los Angeles, New Haven ou Dallas. A dança era privilégio da alta sociedade, não chegando ao menos dotados financeiramente ou aos mais jovens.
Atualmente, os norte-americanos, jovens e velhos, influentes e da classe média, artísticos e atléticos, estão experimentando as consequências da revolução cultural dos últimos 10 anos. E, apesar de ainda existir alguma desigualdade, principalmente de natureza financeira, e algumas questões filosóficas básicas continuarem sem solução, não há dúvida de que ouve uma mudança de atitude.
Os fatos são irrefutáveis: uma platéia nacional anual para a dança de 15 milhões de espectadores, contra cerca de um milhão, em meados da década de 60; dotações financeiras federais para as artes, num total de cerca de 150 milhões de dólares no ano fiscal de 1979, em comparação com menos de 10 milhões de dólares anuais no final da década de 1960; o apoio das corporações superou a generosidade governamental, cerca de 250 milhões de dólares em 1979; uma crescente conscientização entre as populações rurais e urbanas das realizações e tendências da música, teatro, dança e ópera por intermédio da televisão e programação regular; uma proliferação das artes no setor público ao invés de abrigar-se atrás dos muros e fachadas de vidros dos museus; uma receptividade maior aos projetos e ao gosto em geral; aumento do apoio municipal e estadual à cultura mediante a aplicação à mesma de parte dos impostos, e assim por diante.
Esses incentivos às artes constituem apenas uma alusão da verdade fundamental do lema da fundação: de que a cultura está onde estão as pessoas.
Os artistas conscientizaram isto ainda que continuem, de maneira esmagadora, recebendo salários aquém de suas qualificações, em virtude de crescente demanda de seu tempo. Os membros de conjuntos musicais e orquestras sinfônicas, por exemplo, vêem-se contratados para 40 ou 52 semanas respectivamente, uma conquista sobre os dias em que se consideravam afortunados se conseguiam contratos para 25 semanas.
Os políticos, municipais, estaduais e federais, nos ramos legislativo e executivo do governo, também sabem disso, encontrando-se sob uma pressão cada vez maior de seus eleitores, na medida em que as artes figuram praticamente como elementos sagrados na sociedade.
E as pessoas acolhem isto de bom grado.
Tradicionalmente, toda revolução tem um patriarca. Neste caso, entretanto, não ficou totalmente claro se qualquer pessoa ou evento agiu como catalisador.
Mais provavelmente pode-se apenas especular resultou de uma série de fatos tangíveis e intangíveis que ocorreram na década de 1960, auxiliada por numerosos indivíduos pertencentes a diversos grupos de interesses e esferas.
Historicamente, a cultura do Novo Mundo era, em grande parte, dependente de gêneros e formas do Velho Mundo. Várias realizações criativas nativas imprimiram sua marca, o  jazz e o teatro musicado, por exemplo, e algumas escolas de arte e arquitetura mas, em sua maior parte, a cultura norte-americana era derivativa.
E havia regulamentos não-escritos. Cada disciplina artística contava com suas platéias consagradas pelo tempo; os jovens apenas ocasionalmente compareciam aos concertos sinfônicos e raramente assistiam a espetáculos de balé, exceto certos êxitos de temporada como o Quebra-Nozes ou a Bela Adormecida. As artes visuais ficavam restritas aos museus. O teatro concentrava-se na Cidade de Nova Iorque e uma produção praticamente não existia até que houvesse sido encenada na maior cidade da nação.
Em princípios da década de 1960 vieram á tona certos elementos intangíveis.
Em Washington, o presidente e a Sra. John F. Kennedy imprimiram à cultura uma visibilidade maior do que a que usufruíra em muitas décadas, maior talvez do que em toda a história da nação.
Entre os segmentos maiores da população, o tempo de lazer ampliou-se com redução gradativa da semana de trabalho e férias mais prolongadas. Os anos Kennedy também inspiraram os jovens a lançar um olhar mais preceptivo sobre a sociedade que os circundava.
Em retrospecto, os primórdios da década de 1960 representaram uma era divisória igualmente no âmbito da comunidade artística. Surgiram novas formas. Vários diretores teatrais individuais residentes em Minneapolis, Washington, Houston, San Francisco, Seattle, Louisville e outras cidades, intensificaram suas respectivas buscas de dramas de qualidade nova e, nesse processo, formaram uma rede de teatros regionais
que, trabalhando praticamente sozinhos, descentralizaram o cenário teatral nacional.
Na dança, novos coreógrafos surgiram no horizonte. Da mesma forma que Jerome Robbins e Martha Graham haviam surgido décadas antes como herdeiros dos mantos dos clássicos europeus e da dança moderna, da mesma forma os recém-chegados, entre eles Alvin Ailey, Twyla Tharp, Robert Joffrey, Glen Tetley, Eliot Feld, Arthur Mitchell e Michael Smuin surgiram como heróis em potencial de uma terceira geração.
Surgindo no momento em que surgiram, fundiram as visões, os sons, a música e os interesses de sua época com os componentes básicos tradicionais da dança. A combinação funcionou maravilhosamente, e as platéias mais jovens começaram a prestar atenção ao que estava acontecendo. A partir da segunda metade da década de 1960, expandiu-se no setor das corporações uma conscientização artística coletiva. Essa teve início no âmbito das próprias companhias, individualmente.
Subseqüentemente, as companhias reconheceram que um ambiente enriquecido era vital para a sociedade a que pertenciam. Assim, passaram a patrocinar concertos na hora do almoço pelas sinfônicas locais, criaram galerias de arte para o público em suas próprias instalações, contribuíram com verbas para a encenação de uma nova produção operística em um grande auditório do centro da cidade, ou variações sobre esses temas.

O HOMEM-BICHO NA OBRA DE GILBERTO

JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 18 DE NOVEMBRO DE 1978

"Vi ontem um bicho / na imundice do pátio / catando comida entre detritos./  Quando achava alguma coisa,/ não examinava e nem cheirava : / Engolia com voracidade./ O bicho não era um cão,/ não era um gato, / não era um rato, / o bicho, meus Deus, era um homem."


Este poema de Manuel Bandeira que vem inserido no catálogo da exposição do sergipano Gilberto Teixeira que está aberta ao público na Galeria O Cavalete, no Rio Vermelho, reflete exatamente múltiplas imagens da cidade metrópole onde os homens são marginalizados, aleijados e mortos. A exposição campeia sob várias colorações e formas. O homem vai sendo aos poucos esmagado numa engrenagem que é azeitada dia-a-dia por instrumentos de grande poder. Assim o pintor, sensível e visionário observa que alguma coisa está errada. Esquece o pouco o bucolismo das paisagens e as linhas tortuosas do barroco e engendra pelos caminhos do real. Uma realidade palpável que outros pintores, seus colegas, fecham os olhos e criam apenas imagens belas e irreais. Vivem eternamente sonhando fora da realidade em que vivem vagando como as luzes de mercúrio instaladas no topo dos postes nas ruas desertas.
 O medo de enfrentar a realidade e também o preconceito criado de que a arte apenas ser bonita.O reflexo do belo está cegando muita gente. Prefiro os humildes que enxergam.Aqueles que ao sentarem em seus atelieres luxuosos ou quase luxuosos, e principalmente aqueles que vivem em dificuldades e que ao abrir a janela descortinaram um homem-bicho.Sujo e caído numa marquise sem qualquer projeto de vida. São marginalizados não por gosto ou escolha. Não, eles nunca tiveram outra opção e nadavam contra a correnteza. São assim lançados como pedaços de paus imprestáveis pelas águas caudalosas da engrenagem da grande metrópole. Falo em grande metrópole porque os casos são mais chocantes, pois como homem do interior, sei que por lá as pessoas ajudam um pouco mais aqueles que caem em desgraça.
Mas vamos ao trabalho pictórico de Gervásio Teixeira jovem sergipano que traz na pele o sangue curtido do nordestino e mesmo residindo na metrópole carioca não esqueceu que seus patrícios estão construindo o colossal metrô e outras obras grandiosas. São verdadeiras formigas e a semelhança é maior porque moram até em buracos provisoriamente feitos em abrigos. Ao terminarem as obras muitas vezes nem pode entrar, a exemplo de um prédio luxuoso na Avenida Vieira Souto. Assim a visão de Gilberto é perfeitamente casada com este poema do saudoso Bandeira. Sensível, ele enxergava as coisas e traduzia em versos. O Gilberto traduz com as imagens que joga nas telas, esta desigualdade. O nordestino que ao chegar na metrópole não perdeu suas características e seu trabalho apresenta esta dualidade: o primitivo e o evoluído. A fábrica absorvendo em parte a grande oferta da mão-de-obra que é barata.
O salário baixo, a vida mística e as origens que muitas vezes são totalmente desvirtuadas, engolidas pelas novas ofertas de consumo através das mensagens estereotipadas da televisão e de outros meios de comunicação de massa.

    ROCKWELL O PINTOR DAS PEQUENAS CIDADES

Norman trabalhando
em seu atelier 
Aos 84 anos, morreu, no último dia 9, o pintor Norman Rockwell, conhecido, principalmente, pelos mais de 300 quadros que pintou para servirem de capa para a revista Saturday Evening Post. Rockwell estava muito doente há mais de dois anos e o seu médico pessoal, Franklin Paddock, informou que ele morreu em sua casa, por volta das 23:15 horas. Paddock não revelou a causa da morte.
O seu último quadro ficou, inacabado, em seu estúdio, o antigo depósito de carruagens da Casa Branca, de duas chaminés, para onde se mudou em 1952. Rockwell era o pintor das pequenas cidades e de seus habitantes da região da nova Inglaterra. Sua ficava numa das partes mais bonitas, desta região, os montes Berkshire.
O seu quadro mais conhecido Stockbridge Main Street at Christmas,( Foto abaixo) , pintado para uma edição de 1949 do  Saturday Evening Post, procura captar o ambiente dessa região.
Rockwell não chegou a terminar seu último quadro, iniciado há alguns meses, e que tentava captar uma paisagem de Stockbridge.
Qunado fez 80 anos, o pintor disse: Eu quero morrer de repente, quando estiver pintando. Não quero passar o dia numa cadeira ou ir para a Flórida. Este é o meu ideal. Rockwell e sua mulher, Molly, eram figuras bastante populares de Stockbridge. Muitos de seus dois mil habitantes serviram de modelo para os seus quadros.


Na cidade, fica a Old Corner House, u museu dedicado ao artista, com 80 trabalhos originais, rascunhos e objetos que pertenceram ao pintor. Cerca de 65 mil pessoas visitam por ano o museu. Rockwell, no entanto, era filho de uma metrópole. Nasceu em Nova Iorque, em 1894. Vendeu seu primeiro quadro, com 22 anos, ao Post, por 50 dólares. Mostrava um menino empurrando, com relutância, um carrinho de bebê. O Post se  transformou num comprador regular dos quadros sentimentais e humanos do artista.
Certa vez Rockwell disse que não tinha o objetivo de pintar um país onde tudo fosse bom e ensolarado. Mas seus quadros, quase sempre, mostravam crianças de cabelos claros junto a avós com ar de admiração, meninos se iniciando no beisebol e ansiosos para mostrar o rosto ao pintor, cachorrinhos brincando entre as pernas de seus donos. No fim da década de 1960, porém, profundamente influenciado pelas tensões desse período nos Estados Unidos, Rockwell passou a mostrar situações de caráter mais social.
Quando tinha 75 anos, declarou: Durante 47 anos, eu retratei o melhor dos mundos possíveis avós, cachorrinhos, coisas assim. Isto agora acabou e acho que já era a hora.
Este período da obra do artista ficou conhecido como o Angry Period. As obras mais famosas da época são os retratos de três militantes da luta pelos direitos civis, assassinados no sul do país, e a figura de uma menina negra, de rabo de cavalo, sendo acompanhada para a escola por quatro agentes federais.
O público não reagiu bem a esta mudança, mas ele afirmou: Eu me senti satisfeito quando fiz estes quadros. Agora, temos problemas maiores. Estou contando minhas histórias num período de pessimismo. Quem acompanhar minha obra, verá que gostei muito do espírito dos velhos tempos. Mas, não quero ficar conhecido como um especialista, o homem que pintou as capas do Post.
Até quase a sua morte, Rockwell manteve uma rígida disciplina de trabalho.Pintava diariamente, seguindo-se um período de exercícios e descanso.
Obra A Pata do Gaspar, de Norman Rockwell
Rockwell também ficou conhecido como pintor de retratos. Seus trabalhos mais conhecidos são retratos de Richard Nixon, Lyndon Johnson, Dwight Eisenhower, John Glenn, Nikita Kruschev, Gamal Abdel Nasser e Jawaharial Nehru.
Rockwell teve três filhos e os três são artistas: Jarvis é pintor abstrato, Tom é escritor e Peter é escultor. O doutor Paddock informou que, devido a seus problemas de saúde, Rockwell não pintava regularmente há dois anos. Procurou não descuidar de suas relações com a comunidade mas não saía de casa há alguns meses. Os preparativs para os funerais ainda não estão completos, mas provavelmente a cerimônia religiosa será na igreja Episcopal de São Paulo e o enterro no pequeno cemitério de Stockbridge.
Normalmente, um quadro original de Rockwell custava 27 mil dólares, pouco antes de sua morte.
Ele, porém, afirmava que não era um artista. Classificava-se de um Ilustrador, um contador de histórias.Seu pai era pintor de paisagens. Rockwell deixou a escola com 16 anos e três anos depois era o diretor de arte de revista Boys Life, que também publicou muitos de seus trabalhos.

  PANORAMNA DE ESCULTURA E OBJETO NO MAM-SP

 Na foto objeto de Vilma Rabello Machado (1978).
O Museu de Arte Moderna de São Paulo vai inaugurar às 19 horas, do dia 23, seu X Panorama de Arte Atual Brasileira, neste ano dedicado a Escultura e Objeto. Dele participam 58 artistas de vários estados do Brasil, com cerca de 170 obras. A Caixa Econômica Federal patrocina os quatro prêmios a atribuir, dois Prêmio-Estímulo Caixa Econômica Federal para cada um dos gêneros expostos.
Conta o Panorama com o patrocínio do INAP- Instituto Nacional de Artes Plásticas: Funarte- Fundação Nacional de Arte do Ministério da Educação e Cultura; e com o patrocínio do Governo do Estado, através da Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia.O Panorama poderá ser visitado, a partir de 24, nos horários: d terças às sextas, das 14 às 21h; sábados e domingos, das 14 ás 18h. 

         MÓVEIS DE MARTIN ELSLER E ERNESTO WOLF

Móveis criados por Martin Eisler
Criada por Martin EIsler e Ernesto Wolf, em 1953, com o nome de Móveis Artesanal, e situada à Rua Barão de Itapetininga, a Forma conheceu a fama desde cedo. Três anos após sua fundação, a Trienal de Milão premiava com o Compasso de Ouro os artistas Martin Eisler e Carlo Hauner.
O êxito na península justificou uma exposição de desenhos de ambos em Roma, além da abertura de uma empresa e fábrica em Brescia. Mais adiante a empresa se dividiu, ficando a diretoria artística da Forma brasileira entregue a Martin Eisler. A partir de então, sem perder de vista seu objetivo de produzir móveis do mais alto nível, tanto por seu desenho, como pela qualidade, a Forma vem mantendo posição de destaque em nosso país, com uma filosofia própria em móveis e objetos artísticos. Em função de uma grande identificação com os designers da Escola Bauhaus, passou a fabricar no Brasil os móveis da Coleção Knoll International dos Estados Unidos, o que incluiu grandes mestres como Mies van der Rohe, Marcel Breuer, Eero Searinem, Florence KNoll e Harry Bertola, entre outros. A forma apresenta agora a Coleção Cassina, produzida pela Probjeto, e ainda, com exclusividade de distribuição, as peças Le Corbusier, ampliando assim sua linha residencial.

SALÃO DE HUMOR

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO, 11 DE NOVEMBRO DE 1978

Muito visitado o I Salão do Humor. A qualidade dos trabalhos apresentados demonstra o amadurecimento dos cartunistas baianos, que tratam com segurança temas da atualidade brasileira.
Surpreendendo a todos, público e aos organizadores, foi aberto no último dia sete, o I Salão de Humor da Bahia, com apresentação de 54 cartuns de 17 artistas baianos, que foram selecionados de um total de 135 trabalhos de 30 cartunistas inscritos. Enfim, o nível das obras em exposição que está aberto no Salão, na Galeria Eucatexpo, na Avenida Sete de Setembro.
Além de estarem expostos à venda, até o dia 24 deste mês, os cartuns concorrerão a uma série de prêmios. Um júri composto por João Ubaldo Ribeiro contista e editor-chefe da Tribuna da Bahia; Rui Espinheira Filho, colunista; Oto Miranda de Freitas, Jornalista ; Armando Oliveira, colunista; Artur Denegre .DM-9 Propaganda e Gutemberg Cruz Andrade crítico e cartunista escolheram três trabalhos que dividirão o prêmio oferecido pela DM-9 no valor de CR$30 mil.
Um outro trabalho será escolhido pelo voto popular pelos visitantes do Salão recebendo o prêmio de  CR$ 10 mil, oferecido pelo jornal A Tarde. Ainda serão dados os seguintes prêmios: vários livros de artes gráficas, oferecidos pelo Instituto Cultural Brasil Alemanha; CR$3 mil oferecidos pelo jornal Tribuna da Bahia e livros de artes gráficas, no valor de  CR$1 mil, doados pelo Centro de Pesquisa em  Comunicação de Massa.

NOVOS ARTISTAS
O ponto alto, do Salão, para a Comissão Organizadora composta pelos cartunistas Nildão, Lage, Setúbal e Gutemberg foi a presença de muitos artistas novos, alguns completamente desconhecidos. A alta qualidade dos trabalhos expostos neste salão liquida de vez com aquela ideia de que o nosso cartum era inferior ao produzido no eixo Rio-São Paulo.
Motivados pelo interesse despertado entre a classe, em função do prêmio ganho por Nildão no I Salão de Humor de Piracicaba, os artistas que compõem a Comissão Organizadora resolveram, a princípio de cartuns, onde o objetivo seria apenas vender os trabalhos expostos e reagrupar os cartunistas baianos, muito dispersos depois do fechamento do jornal Coisa Nossa.
Como disse Nildão, o interesse foi tão grande que se pensou em ampliar a ideia oferecendo prêmios aos melhores trabalhos. O que serviu para dar uma motivação ainda maior ao Salão. A nossa proposta, agora, é fazer com que esta iniciativa não se extinga com o Salão de Humor.Estamos pensando na melhor maneira de dar continuidade, talvez com a produção de um álbum, um almanaque, ou coisa do gênero.
Além disso, de acordo com a receptividade que o Salão tenha entre o público baiano, os cartunistas levarão os trabalhos restantes para uma exposição em Fortaleza e outros estados nordestinos. O objetivo é fazer mais conhecido o  cartum baiano, ao mesmo tempo em que procura fortalecer o mercado do Norte-Nordeste, atualmente bastante limitado pela invasão de trabalhos oriundos do sul do país. Paixão Barbosa)

TAPEÇARIA BRASILEIRA REUNE OBRAS DE 14 ARTISTAS

No próximo dia 13 de novembro às 18 h na Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade será inaugurada uma exposição de tapeçaria que reunirá alguns dos mais destacados artistas nessa arte. A mostra, intitulada Caminhos da Tapeçaria Brasileira, ficará aberta até o dia 29 das 9:30 ás 18h em promoção da Funarte, através do Instituto nacional de Artes Plásticas.
Participam da mostra 14 artistas:
Jacques Douchez- nascido na França em 1921, emigrou para o Brasil em 47. realizou experiências com tapeçaria tridimensional em 67, obteve o 1º Prêmio na Trienal de Tapeçaria de São Paulo (76);
Ignez Turazza- vive e trabalha em São Paulo, conquistou o 1º Prêmio do IV Salão Paulista de Arte Contemporânea;
Bia Vasconcelos- vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Bolívia e em Londres, expõe em vários países da Europa;
Gilda Azeredo de Azevedo- nasceu no Rio de Janeiro onde cursou o MAM. Recebeu em 67 o Prêmio Especial Aldeia Arcozêlo, em 74 o Prêmio Moinho Santista;
Jorge Cravo- natural de Salvador, Bahia. Participou da 1ª. Trienal de Tapeçaria de S. Paulo;
Maria Helena Andrés -nasceu em Belo Horizonte, MG, criou três grandes tapeçarias murais para a igreja de Nossa Senhora de Copacabana no Rio;
Maria Kikoler- nasceu em Berlim, estudou na Escola de Belas Artes da Bélgica. Radicou-se no Brasil em 1940 passando a dedicar-se à tapeçaria;
Marieta Ramos- cearense de Camocim, integrou a mostra A mão do Povo Brasileiro no MASP;
Marília Gianneti Torres- nasceu em Belo Horizonte, figurou várias vezes no Salão Nacional de Arte Moderna.Expôs em Roma, Filadélfia, Washington, Córdoba e Paris;
Mary Ann Pedrosa- natural de Belo Horizonte, estudou no Museu de Arte Moderna do Rio, participou de vários Salões Nacionais de Arte Moderna;
Pierfulgi Parodi- nasceu em Gênova, Itália, chegou ao Brasil em 36 e iniciou seus estudos da pintura em 43. Expôs em diversas galerias, e em 74 completou 10 anos de atividade initerruptos em tapeçaria;
 Rubem Dario Horta Bitencourt - nasceu no Rio em 41. Estudou pintura com Frank Schaeffer e trabalha em tapeçaria desde 64;
Thor Torquato Bertão- nasceu em Recife de onde transferiu-se para o Rio de Janeiro. Concentrou o seu interesse no tapete-objeto;
Zoravia Bettiol- nasceu em Porto Alegre. Obteve diversos prêmios em Salões de Porto Alegre, Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. A Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade fica na Rua Araújo Porto Alegre, 80, Rio de Janeiro.

FUNARTE INFORMA SOBRE CONCURSOS NO EXTERIOR

O Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte está divulgando informações sobre a realização de dois concursos no exterior, abertos a artistas plásticos brasileiros.
O primeiro é o Concurso Internacional Infantil de Pintura ou Desenho e Redação em Inglês, patrocinado pela Organização Shankar de Nova Delhi, Índia, aberto acrianças e jovens de até 16 anos de idade. O prazo de entrega se estende até o dia 31 de dezembro em Nova Delhi,mas o INAP se oferece para remeter um trabalho de cada concorrente, desde que a obra chegue à sede do Instituto (Rua Araújo Porto Alegre, 80-Rio, Até o dia 14 de novembro próximo, impreterivelmente.
Também estão abertas inscrições para a 5ª.Exposição Internacional de Desenho Humorístico Desportivo, que será realizada entre os dias 21 de abril e 5 de maio de 1979, sob o patrocínio do Centro Desportivo  Desportivo Riviera Del Conero de Ancona, Itália. O prazo de inscrição é até o dia 31 de dezembro de 78, mediante o pagamento de uma taxa de 5.000 liras. Os trabalhos deverão ser enviados a Ancona antes de 31 de março de 79. O endereço para inscrições e para o envio das obras é: Centro Sportivo Riviera Del Conero, Via Panoramican n.40.60.100-Ancona-Itália.
Os regulamentos e maiores informações sobre os dois concursos poderão ser conseguidos no Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte.

                       PAINEL

ÍNDIOS- o príncipe Charles ouve atentamente as explicações de Sandra Wellington sobre os objetos de cerâmica de índios brasileiros durante sua recente visita a exposição de arte dos índios do Brasil realizada no Museu do Homem, em Londres. Com eles está o conhecido apresentador de programas de televisão sobre a vida selvagem David Attenborrough. Talvez por sempre estar diante das câmaras é que ele fixou o fotógrafo. Foto I.

TERSI- a Aliança Francesa, na Rua Recife, 222, Barra, está convidando para a mostra de estatuetas de cerâmica de Tersi (Maria Teresa Luciani Schwrz, argentina de nascimento e atualmente residindo em Salvador. Iniciada em desenho e pintura ela optou pela escultura em argila. Sob orientação do professor Davi Ruigt familiarizou-se com a técnica do trabalho deste material. Usando o barro ela concede figuras humanas líricas.
RAINER- outro estrangeiro que expõe entre nós è Rainer, alemão, estudou na escola de Belas Artes de Berlim (artes gráficas), dois anos de pintura na Academia de Belas Artes de Munique e viagens de estudos na Itália e França. Já fez algumas individuais e agora expõe no Museu da Cidade, no Largo do Pelourinho. Foto II.






ANA MARIA- professora de desenho em alguns estabelecimentos da cidade Ana Maria Villar Leite Augusto da Silva ou simplesmente Ana Maria expõe na Galeria Cañizares até o próximo dia 23. Foto III.




RAYMUNDO AGUIAR- volta o mestre com novos trabalhos. Agora participa da comemoração do 13º aniversário de fundação da Le Dome Galeria de Arte. A mostra está no salão do Gabinete Português de Leitura. São lindos interiores que o mestre Raymundo fez recentemente. Foto IV.


JÚLIO ANGELERI VALENTE- Cor luz e sombra. São belas fotografias de Júlio que já ganhou prêmios em concursos. A máquina vibra em suas mãos com ajuda de uma aguçada sensibilidade. Aliás  fotografia tem hoje nas artes visuais importante papel, especialmente quando ela não fica apenas presa a documentação pura e simples. Ele expõe na Galeria Teresa, no Rio Vermelho. 

UMA PAISAGEM DE AUTOR IGNORADO

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO, 23 DE DEZEMBRO DE 1978


De autor ignorado, esta paisagem, preciosa como pintura da primeira metade do século passado entre nós, provavelmente de mão de viajante estrangeiro pelo Brasil, nos remete a certas paisagens de Nicolas de Taunay dos arredores do Rio. De qualquer forma, reflete um clima idílico, numa concepção romântica de natureza, aqui projetada de forma organizadora e acolhedora. Pertence a Pinacoteca do MASP.
Focalizando uma fazenda do interior utilizando a cor como elemento fundamental para o estudo de luz e sombra, o pintor compõe o quadro dividindo a paisagem em planos que se sobrepõem, em faixas horizontais. Assim, no primeiro plano, jogando simultaneamente com luz e sombras, vemos as figuras dos dois homens, à esquerda, como distanciados da cena das escravas sentadas ao sol, em seus afazeres, a animar, estas figuras, o que em verdade comporia este primeiro plano, uma cerca de mourões coberta de vegetação e beira de estrada. O segundo plano, mais sóbrio, já representa entre arbustos mais densos dois paiois de construção rústica. Amplamente ensolarado, o terceiro plano destaca, á distância, a casa-grande, á esquerda, o terreiro, a casa dos serviçais, e á direita o casario da senzala. O tratamento de miniaturista, em factura ordenada, permite conferir a impressão de distância em tela de tão pequenas proporções. O último plano focaliza a mata na encosta da montanha contra o céu.
Estamos, portanto, bem distantes das paisagens espontâneas pelo seu auto didatismo, das cenas do Rio ou da Baía de Guanabara de Leandro Joaquim de fins do século XVIII, assim como das paisagens que começam a aparecer nas dunas últimas décadas do século XIX entre os discípulos da Academia Imperial de Belas Artes.
São raros, na primeira metade do século XIX, os artistas brasileiros que fixam e interpretam o seu entorno físico. Com a implantação da Academia impõem-se gêneros como a pintura histórica, a de temática religiosa, ou mesmo a retratística, e a paisagem somente começaria a ter adeptos e entusiastas no fim do século. Assim, eram sobretudo estrangeiros, de passagem ou que aqui se radicaram, os que se encantavam com nossa natureza, desejando retê-la, de forma documental como os membros das missões científicas, ou interpretativa, através da pintura.

             MORRE RESTAURADOR AUGUSTO VERMEHREN

O restautador de obras de arte Augusto Vermehren, conhecido do mundo todo por introduzir modernos métodos científicos em sua profissão morreu, aos 80 anos, segundo informou a família, sem revelar a causa da morte.
Vermehren introduziu o uso de microscópio, da fotografia estereoscópica e de exames com raio-x na restauração de quadros de autoria de mestres do renascimento como Leonardo da Vinci, Rafael Verrocchio, Ticiano e Masaccio.
Antes desses, Vermehren também restaurou obras de Rubens, Velásquez, Vandyk e Bronzino.

                         ARTE DO BRASIL EM KING’S ROAD

Em King’s Road, Chelsea, uma rua famosa por seus lançamentos de moda e pela marca da vanguarda de todos os seus empreendimentos, está sendo apresentada uma exposição de arte com temática brasileira. A Galeria  Chenil, uma das mais bem montadas de Londres, e os artistas são jovens, um brasileiro e outro britânico. São eles Mário Borges Coelho de Sousa e Anthony Moorc.
Moorc já tem amplo currículo internacional, inclusive com bolsas do Governo brasileiro. Seus quadros, de acento moderno, são representações da paisagem e do povo do Brasil. Foram feitos nas suas duas últimas viagens ao país.
Mário Borges é formado pela Esdi, do Rio, Cida onde já se apresentou individualmente muitas vezes. Para a atual mostra ele pintou em Londres, nos últimos quatro anos, mas o tema permanece brasileiro.
São paisagens rurais e urbanas, igrejas coloniais e formas humanas, parcialmente abstratas. O artista recorre ás técnicas da colagem e da inserção e suas superfícies altamente elaboradas em cartão ou madeira produzem um efeito tridimensional de grande interesse, que só reforça a mensagem humana e religiosa dos quadros.
 O Brasil que emerge desse tratamento é o de paisagem transformada em símbolo, mas que retém sua qualidade pictórica. O contraste entre os trabalhos dos dois artistas é dos mais estimulantes e tem o Brasil como fator de unificação.

                     O LUGAR DA FOTOGRAFIA
"Colecionar fotografias é colecionar o mundo", Susan Sontag, On Photography


A fotografia, sua criação, aproveitamento, preservação e exposição um dos componentes mais estimulantes, acessíveis e amplamente discutidos do cenário artístico contemporâneo dos Estados Unidos. Após anos sem ser levada a sério, e ser revelada às alas menos visitas dos poucos museus que exibiam fotografias, este retardatário entre os gêneros visuais conquistou, nitidamente, seu lugar ao sol.
Um amplo sistema de apoio vem se formando em torno dele, disse Renato Danese, diretor adjunto do programa de artes visuais da Fundação Nacional para as Artes, dos EUA. As exposições em museus, o interesse que os norte-americanos vêm demonstrando em  colecionar e em investir em fotografias históricas, estão sendo impulsionados por uma análise crítica maior da arte, por um crescente número de livros sobre o assunto e um incremento nas posições adotadas em importantes museus, bibliotecas e arquivos e relação á fotografia.
O interesse por esta forma específica de arte passou a fermentar nos últimos poucos anos.
Uma série de acontecimentos específicos levou-a  a despertar a atenção do público.
Por exemplo:
O valor comercial de material de vinheta aumentou. Os diretores de importantes galerias começaram a interessar-se em preservar provas fotográficas do passado e as coleções particulares, bem como de instituições. Aumentaram.
Os jovens passaram a tomar conhecimento desta recém-adquirida base comercial que a fotografia usufrui atualmente. Como resultado, um número sem precedente de fotógrafos está se dedicando à fotografia como uma atividade artística.
A fotografia está sendo submetida a um escrutínio crítico cada vez maior e merecendo uma aclamação generalizada. A série de artigos de Suzan Sontag relativa a esta modalidade de arte, publicada originalmente no The New York Revlew of Books obteve grande penetração e foi transformada em um livro, On Photography, em fins de 1977.
Foto de Ralph Gibson A Mão Encantada,  1969
E, em princípios deste ano, foi distinguida com o prêmio para o melhor trabalho sobre não- ficção pelo National Book Critics Circle. Um outro exemplo é que o The New York Times e outros importantes órgãos da imprensa dos EUA designam, com regularidade, seus críticos d arte para fazerem a cobertura de exposições fotográficas e traçarem o perfil dos que se dedicam ao ofício.
As doações de verbas, tanto privadas como públicas estão aumentando.
As exposições fotográficas desenvolveram-se consideravelmente. Os museus exibiam, com certa freqüência, coleções de fotografias mas não com a assiduidade com que fazem hoje.
Desde os dias do fotógrafo histórico da Guerra da Secessão, Matthew Brady, e dos retratistas e especializados em paisagens do final do século XIX até nomes como Diane Arbuse, Richard Avedon e Lee Friedlander da era contemporânea, a fotografia tem gozado de uma presença curiosa e esquizóide uma presença que perpetuou o desgastado debate entre a fotografia como jornalismo e comentário social e a fotografia como arte. Cada categoria tem tido seus defensores; hoje, entretanto, os valores artísticos da fotografia estão merecendo um reconhecimento sem precedente.
A presença em rápida expansão da fotografia promete crescer ainda mais na medida em que se segue o debate, a discussão e a reconsideração. Recentemente, uma mostra de trabalhos contemporâneos no Museu de Arte Moderna de Nova Yorque, Espelhos e Janelas: A fotografia Norte-Americana a partir de 1960, provocou um acalorado debate sobre o papel da fotografia nos dias que correm como um espelho de nossa época, uma arte intemporal vis-a-vis.
Este debate deverá aumentar quando a exposição cumprir a sua programação de visitar sete outros museus norte-americanos.
Também estão sendo analisados os aspectos não-criativos do fenômeno da fotografia na década de 1970. Um simpósio de dois dias de duração realizado na Galeria de Arte Corcoran, de Washington, em fevereiro último, teve como tema: Fotografia: Onde Estamos.
Os participantes, que incluíam fotógrafos, curadores, críticos e colecionadores, manifestaram opiniões sobre os preços cada vez mais elevados das peças colecionáveis, o papel da crítica e a fotografia como arte.
E qual  a sua qualidade especial? Deve adaptar-se á arte ou à vida? Parte de sua singularidade, sugere Renato Danese, é sua ausência de singularidade.É tão ampla como o ambiente visual. A boa fotografia tem sempre refletido idéias firmes sobre a arte, mesmo quando não há intenção, uma certa integridade visual da mesma forma que reflete algo importante sobre a vida.

A CRIANÇA NA OBRA DE ROBERTO

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO, 09 DE DEZEMBRO DE 1978

Menina com Flores,obra de Roberto
O pintor carioca Roberto de Souza está expondo na Galeria Grossman, localizada na Rua Clóvis Spínola Orixás Center, loja 12. As 25 peças apresentadas tem como tema a figura infantil, mostrando sempre a inocência e pureza.
"Eu pinto a figura da criança com uma paisagem bonita de fundo, para lembrar o contato com a natureza, tão necessário. O Rio de Janeiro foi tomado por arranha-céus de concreto e esse tipo de quadro, além de transmitir tranqüilidade, mostra uma coisa que não existe mais e que é importante para seu filho", explicou Roberto de Souza.
Menino no Pomar, 1999
A exposição é apresentada por Geraldo Edson de Almeida, membro da Associação dos Críticos do Brasil, um dos selecionadores de trabalhos para a Bienal de São Paulo, que, entre outras coisas, diz que: Roberto de Souza "é um pintor que assume o seu romantismo conscientemente, indiferente aos diversos estágios atravessados pela arte dos nossos dias, que, como bom observador, ele tem acompanhado, com interesse obstinado, o romantismo.
Interessa ao artista fixar na tela deliciosas e ternas expressões de meninos e meninas, crianças e adolescentes no alumbramento da descoberta da natureza e na do seu despertar ainda cheio de ilusões e esperança. O momento, enfim, da inocência pela refletido na tela."
Diz Roberto de Souza que " nos meus quadros, em vez de mostrar toda a problemática social de nossos dias, eu mostro o  oposto, procurando apresentar tudo de bom que está se perdendo às custas do progresso, como uma espécie de progresso, como uma espécie de protesto passivo."
O pintor carioca, entre outros prêmios, recebeu a Medalha de Ouro na VII Salão Maçônico, deste ano; Medalha de Ouro da Sociedade Brasileira de Belas Artes; Medalha de Ouro Salão Batista de Costa; Medalha de Prata do Salão Nacional hors-concours.
Participou de leilões de quadros no Brasil e de várias coletivas, nas principais galerias do Rio de Janeiro e São Paulo.Na Bahia é a sua segunda exposição, sendo a primeira realizada em 1974, no Museu do Estado.
Essa exposição vai até o dia 22 e poderá ser visitada a partir das 9 horas.

          REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE ARTISTA
A artista Zorávia Bettiol

A regulamentação da profissão do artista plástico voltou a ser discutida, desta vez no Primeiro Seminário de Gravura, que se realizou em Curitiba. A proposta foi apresentada pela artista gaúcha Zorávia Bettiol, mas, apesar dos gravadores alertarem para a necessidade da medida, mostraram-se pessimistas quanto á sua execução.
Para Rubens Gerchmann,"a regulamentação está na estaca zero. É importante que isso ocorra porque somos considerados biscateiros, mas alguém fora da classe é que deve batalhar pela nossa regulamentação profissional. Para nós, artistas, é difícil nos unirmos aos juristas. Somos individualistas demais." A mesma opinião foi apresentada pela gravadora Anna Letycia, para quem até mesmo uma associação entre os artistas é difícil.
"O artista plástico," comentou Anna Letycia, "é muito egocêntrico e quando se reúne o grupo não dura nem um ano. Há 30 anos estou no meio artístico e sou muito descrente que a nossa regulamentação possa acontecer. Ela desistiu até mesmo de lutar pla insenção de taxas de importação de material artístico: se nem para a medicina o governo concede, ainda mais para a arte", sentenciou.

               MILTÃO, EXPOSIÇÃO PÓSTUMA

A exposição dos trabalhos do escultor Miltão, recentemente falecido num acidente durante trabalhos numa sonda da Petrobrás, está no Solar do Unhão.O artista, soldador por profissão, com a sensibilidade e habilidade operária, criou dos metais os orixás, os pássaros e os signos.
Alguns dos seus trabalhos, que ele os chamava de abstratos eram formações metaloplásticas da sua concepção de consciente, reflexões, deuses em metais, e outros trabalhos as quais imprimiu uma característica aparentemente primitivista, mas com uma profundidade de criação raramente vista.
Seu sonho era expor os trabalhos para os companheiros operários.
Antes que conseguisse concretizar seu desejo, morreu tragicamente, brutalmente, como nenhum ser humano, sobretudo um artista, deveria morrer. Miltão morreu, mas felizmente deixou a marca de sua criatividade. Por duas vezes uma entrevista a apreciação sobre seus trabalhos.
Fiquei com esta dívida, por motivos profissionais.
Acredito que seus trabalhos refletem exatamente sua vida no mar soldando pesados tubos e pequeninas peças metálicas.
Era um artista de força, como uma flor que brota de uma pedra.

                          AS MÁSCARAS DE REBELLO

Foi de Tápes que veio Rebello, Sílvio Luís Rebello da Rosa, um jovem que vivia apaixonado pelo nome Bahia e que daqui só fazia ideia através um postal do Farol da Barra. Chegou no verão de 1972, com a firme decisão de ficar.
Veio para trabalhar em arte e era seu propósito inicial se dedicar à pintura a óleo, cujo êxito estaria assegurado se a isso tivesse se dedicado.Logo que chegou, foi tragado pelo fascínio e magia da cidade, que imaginava mais primitiva. Impressionou-lhe, sobremodo, a alma do povo: simples, acolhedor, bem falante, místico e alegre.
A sensualidade desse mesmo povo lhe  marcou definitivamente e Rebello não teve dúvidas de que veio para ficar. Depois, havia o mar, sua grande paixão, com seu azul inconfundível e dadivoso. Sentia uma irradiação, algo que lhe integrava, sempre e cada vêz mais, à terra.
Rebello não pensava encontrar muitas dificuldades de adaptação. Trouxera pouco dinheiro, é verdade, e a sobrevivência teria de ser conseguida com o seu trabalho. Trabalho em arte.
 O elevado custo de vida da nossa capital não o desanimou. Quando ainda estava em Tápes e olhava para o postal do Farol da Barra, acreditava que naquele lugar poderia lançar a rede e pescar, com fartura e jamais lhe faltaria o alimento, nessa Bahia que ele aprendera amar por culpa  de Jorge Amado e Caetano Veloso.
A sua temática principal são máscaras, em forma de painéis, estandartes, colheres de pau,onde entram, habilmente, búzios de Itaparica, seixos, cabaças, fibras de piaçava da Feira de São Joaquim, palhas, couros, cascos e peles de animais, jibóia, tartaruga, jabuti, jacaré, arcada de tubarão, etc, tudo pintado com tinta especiais, muitas delas fruto de suas pesquisas.

              MULHERES DE SÉRGIO FRANCO MARTINOLLI

Uma obra  recente do artista italiano  Sérgio
"Basicamente eu não me canso de procurar a beleza. Nas cores que emprego, nos temas que trato, busco, captar a energia essencial pois acredito que uma obra de arte não seja um mero ornamento, mas uma fonte de forças e de vibrações.Minha procura é o mistério, minhas sugestões são mágicas, os meus devaneios românticos, sempre estritamente ligados à poesia, a um cosmo de beleza remota.
Nego o cotidiano que me reflete uma dia-a-dia cruel, mais importante é para mim recriar u mundo transfigurado, de energias positivas.
Acho que a época que instintivamente reflito é a Renascença, um  cosmo que historicamente é chamado de Renascimento Italiano, o fausto e o gosto pelo décor é o mesmo, voluptuoso e cristalizado, empoeirado de veneno e de mistério.
Minhas damas alongadas, minhas crianças rechonchudas e meio belle époque da série dos jardins e circos, as figuras crepusculares, freqüentemente flutuantes o submersas, procuram sempre expressar a ambivalência da natureza humana bondade/maldade, amor/ódio, realidade/fantasia, verdade/mentira."
Este depoimento de Sérgio Franco Martinolli é um retrato das figuras que povoam seu mundo anterior ao nosso. Um mundo onde as mulheres gordas eram modelos e as crianças com seus cabelos dourados e desnudas representavam a graça e a beleza.
Uma pintura romântica simplesmente. Ele expõe na Kattya Galeria de Arte.

 ANA MARIA MIRANDA EXPÕE DESENHOS CIRCENSES

Minha sensação diante desta exposição está muito bem representada pela figura de uma de minhas bailarinas de circo: ela está tirando a roupa para a platéia, está se desnudando.
Eu também ficarei sem portas, sem muralhas, sem defesa. E minha expectativa é saber como meu universo vai atuar nos universos alheios. Ana Maria Miranda assim se posiciona diante de sua primeira mostra individual de desenho inaugurada na Galeria Macunaíma, Rua México esquina com Araújo Porto Alegre, no Rio.
São 25 desenhos em pastel oleoso e uma série de desenhos a lápis de cor. O são personagens são figuras de circo. Ana Maria Miranda não se limita apenas a documentar esse mundo; sua maior intenção é interpretá-lo, seja através de figuras isoladas ou em grupos, desnudando-as em sua condição humana. O circo, no caso, é apenas um pretexto para a artista revelar o ridículo absurdo de certas situações sociais. E não só situações sociais completa Ana Miranda, como as minhas situações internas, o meu mundo, o meu universo.
Ana é cearense. Começou a desenhar quando morava em Brasília, onde fez uma exposição em 69.
Foi a sua primeira experiência profissional. Depois foi penetrando cada vez mais fundo no campo das artes plásticas. Diz Ana, a crítica tentou me enquadrar como uma futura pintora de prancheta, uma das poucas artistas jovens que não estava fazendo arte conceitual. Eu não tenho compromisso com a arte conceitual, nem com nenhuma outra escola. Meu compromisso é comigo mesma.
Nessa época, meus desenhos estavam voltados para o aspecto social e folclórico brasileiro, sem uma técnica muito apurada: era a minha visão do mundo exterior como ele é.
Nesse mesmo ano, Ana foi para o Rio onde estudou com vários artistas plásticos. Ivan Serpa, detonou em mim uma viagem, um mergulho no meu universo.
"Com Roberto Magalhães tive uma identificação muito profunda em termos de temática. Foi enriquecedor. Rubem Gerchman me dirigiu para um equilíbrio em ter o meu universo interno e o quotidiano. Lígia Clark fazia análise sobre cada um dos elementos que eu desenhava. E fiz com ela um laboratório onde a matéria-prima eram as sensações e a sensibilidade. Encontrei no meu mundo interior as imagens vindas do meu inconsciente, figuras da minha própria mitologia carregada de simbologia, fantasmas, demônios; era todo o meu inferno colocado para fora. Daí surgiu o circo."