JORNAL A TARDE,SALVADOR, SÁBADO, 02 DE
DEZEMBRO DE 1978
Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro |
Os artistas selecionados
apresentaram trabalhos nas categorias pintura 85 artistas, gravura 49, desenho
42, propostas conceituais 9, fotolinguagem 8, arte-objeto 7, escultura 5 e
tapeçaria 1.
Além da escolha das obras que
participam da mostra, a Subcomissão de Seleção e Premiação teve também a tarefa
de escolher os artistas que, pelo valor de seu trabalho, mereceram os nove
prêmios instituídos pela Funarte, no valor total de 830 mil cruzeiros.
Os quatro prêmios de viagem ao
exterior, no valor de 150 mil cruzeiros cada, foram ganhos por José Lima-
gravura RJ; Paiva Brasil- pintura ,RJ; Glauco Pinto de Moraes - pintura, RS e
Ascanio M.M.M.-escultura RJ. Já os quatro prêmios de viagem ao país 50 mil
cruzeiros cada foram para Takashi Fukushima- pintura SP; Arlindo Mesquita,
pintura RJ; Arlindo Daibert - desenho MG e Valquíria Chiarion , fotografia SP. O
Prêmio Gustavo Capanema, no valor de 30 mil cruzeiros, destinado ao artista com
melhor conjunto de obras, ficou com Paulo Laport, RJ, que enviou trabalhos nas
categorias pintura, desenho e gravura.
A subcomissão resolveu ainda dar
cinco Prêmios de Aquisição, para trabalhos de José Aguila, pintura em spray SP; Almir Gadelha-
proposta RJ; Newton Mesquita- desenho/fotografia SP; Ricardo Aprígio, Pintura
SP e Luiz Gregório, pintura em pastel SP. A
Subcomissão de Seleção e Premiação foi composta por Edy Carôllo, Clérida Geada
e Walmir Ayala membros eleitos pelos participantes do Salão, e José Maria dos
Reis Júnior, Wolfgang Pfeiffer e Francisco Bolonha, indicados pela Funarte.
O I Salão Nacional de Artes
Plásticas se realiza pela primeira vez no Brasil, como resultado da fusão dos
extintos Salão Nacional de Belas Artes e Salão Nacional de Arte Moderna.
Segundo o parecer da Subcomissão
de Premiação, a mostra conseguiu compor uma coletiva de trabalhos rotuláveis
nas mais variadas tendências das artes plásticas de hoje.
Lista dos artistas selecionados
para expor no I Salão Nacional de Artes Plásticas:
Palácio da Cultura, no RJ |
TEMPLO EGÍPICIO EM NOVA YORK
Por quase 2.000 anos, o templo de
Dendur podia ser visto ás margens do Rio Nilo, no Egito a construção da
Repressa de Assuá passar a constituir uma ameaça á sua preservação. O governo
do Egito doou-o, então, aos Estados Unidos, e, em 1965, técnicos e
trabalhadores especializados deram início à cuidadosa desmontagem do templo, a
fim de transportá-lo por via marítima para o Estados Unidos. Agora, a histórica
estrutura pode ser novamente apreciada pelo público no Museu Metropolitano de
Arte da cidade de Nova York, onde foi remontada em uma ala coberta
especialmente construída, cujas dimensões equivalem às de um quarteirão de
Manhattan.
A MARÉ CULTURAL NOS EUA
Em fins de 1977, a Fundação Nacional
para as Artes dos EUA, o principal veículo de concessão de verbas
governamentais para a cultura norte-americana, surgiu com um lema : As Artes: É Onde o Povo Está, diz
o lema, resumindo, de forma concisa e definitiva o lugar proeminente da cultura
como um dos valores da sociedade contemporânea.
A Time Square, em New York é um dos locais mais visitados |
Há uma década, por exemplo, o
público na região central dos Estados Unidos não assistia a ópera, muito menos
balé, pela televisão, em suas salas de estar. As multidões das regiões urbanas
não passavam por coloridos murais nas paredes laterais dos edifícios ou por
esculturas nos pátios dos complexos arquitetônicos de escritórios. As peças que
viam na Broadway eram criadas em
Nova Yorque , e não em Louisville, Los Angeles, New Haven ou
Dallas. A dança era privilégio da alta sociedade, não chegando ao menos dotados
financeiramente ou aos mais jovens.
Atualmente, os norte-americanos,
jovens e velhos, influentes e da classe média, artísticos e atléticos, estão
experimentando as consequências da revolução cultural dos últimos 10 anos. E,
apesar de ainda existir alguma desigualdade, principalmente de natureza
financeira, e algumas questões filosóficas básicas continuarem sem solução, não
há dúvida de que ouve uma mudança de atitude.
Os fatos são irrefutáveis: uma
platéia nacional anual para a dança de 15 milhões de espectadores, contra cerca
de um milhão, em meados da década de 60; dotações financeiras federais para as
artes, num total de cerca de 150 milhões de dólares no ano fiscal de 1979, em
comparação com menos de 10 milhões de dólares anuais no final da década de
1960; o apoio das corporações superou a generosidade governamental, cerca de
250 milhões de dólares em 1979; uma crescente conscientização entre as
populações rurais e urbanas das realizações e tendências da música, teatro,
dança e ópera por intermédio da televisão e programação regular; uma
proliferação das artes no setor público ao invés de abrigar-se atrás dos muros
e fachadas de vidros dos museus; uma receptividade maior aos projetos e ao
gosto em geral; aumento do apoio municipal e estadual à cultura mediante a
aplicação à mesma de parte dos impostos, e assim por diante.
Esses incentivos às artes
constituem apenas uma alusão da verdade fundamental do lema da fundação: de que
a cultura está onde estão as pessoas.
Os artistas conscientizaram isto
ainda que continuem, de maneira esmagadora, recebendo salários aquém de suas
qualificações, em virtude de crescente demanda de seu tempo. Os membros de
conjuntos musicais e orquestras sinfônicas, por exemplo, vêem-se contratados
para 40 ou 52 semanas respectivamente, uma conquista sobre os dias em que se
consideravam afortunados se conseguiam contratos para 25 semanas.
Os políticos, municipais,
estaduais e federais, nos ramos legislativo e executivo do governo, também
sabem disso, encontrando-se sob uma pressão cada vez maior de seus eleitores,
na medida em que as artes figuram praticamente como elementos sagrados na
sociedade.
E as pessoas acolhem isto de bom
grado.
Tradicionalmente, toda revolução
tem um patriarca. Neste caso, entretanto, não ficou totalmente claro se
qualquer pessoa ou evento agiu como catalisador.
Mais provavelmente pode-se apenas
especular resultou de uma série de fatos tangíveis e intangíveis que ocorreram
na década de 1960, auxiliada por numerosos indivíduos pertencentes a diversos
grupos de interesses e esferas.
Historicamente, a cultura do Novo
Mundo era, em grande parte, dependente de gêneros e formas do Velho Mundo.
Várias realizações criativas nativas imprimiram sua marca, o jazz e o teatro musicado, por exemplo, e
algumas escolas de arte e arquitetura mas, em sua maior parte, a cultura
norte-americana era derivativa.
E havia regulamentos
não-escritos. Cada disciplina artística contava com suas platéias consagradas
pelo tempo; os jovens apenas ocasionalmente compareciam aos concertos
sinfônicos e raramente assistiam a espetáculos de balé, exceto certos êxitos de
temporada como o Quebra-Nozes ou a Bela Adormecida. As artes visuais ficavam
restritas aos museus. O teatro concentrava-se na Cidade de Nova Iorque e uma
produção praticamente não existia até que houvesse sido encenada na maior
cidade da nação.
Em princípios da década de 1960
vieram á tona certos elementos intangíveis.
Em Washington, o presidente e a
Sra. John F. Kennedy imprimiram à cultura uma visibilidade maior do que a que
usufruíra em muitas décadas, maior talvez do que em toda a história da nação.
Entre os segmentos maiores da
população, o tempo de lazer ampliou-se com redução gradativa da semana de
trabalho e férias mais prolongadas. Os anos Kennedy também inspiraram os jovens
a lançar um olhar mais preceptivo sobre a sociedade que os circundava.
Em retrospecto, os primórdios da
década de 1960 representaram uma era divisória igualmente no âmbito da
comunidade artística. Surgiram novas formas. Vários diretores teatrais
individuais residentes em Minneapolis, Washington, Houston, San Francisco,
Seattle, Louisville e outras cidades, intensificaram suas respectivas buscas de
dramas de qualidade nova e, nesse processo, formaram uma rede de teatros
regionais
que, trabalhando praticamente sozinhos, descentralizaram o cenário teatral nacional.
que, trabalhando praticamente sozinhos, descentralizaram o cenário teatral nacional.
Na dança, novos coreógrafos
surgiram no horizonte. Da mesma forma que Jerome Robbins e Martha Graham haviam
surgido décadas antes como herdeiros dos mantos dos clássicos europeus e da
dança moderna, da mesma forma os recém-chegados, entre eles Alvin Ailey, Twyla
Tharp, Robert Joffrey, Glen Tetley, Eliot Feld, Arthur Mitchell e Michael Smuin
surgiram como heróis em potencial de uma terceira geração.
Surgindo no momento em que
surgiram, fundiram as visões, os sons, a música e os interesses de sua época
com os componentes básicos tradicionais da dança. A combinação funcionou
maravilhosamente, e as platéias mais jovens começaram a prestar atenção ao que
estava acontecendo. A partir da segunda metade da década de 1960, expandiu-se
no setor das corporações uma conscientização artística coletiva. Essa teve
início no âmbito das próprias companhias, individualmente.
Subseqüentemente, as companhias
reconheceram que um ambiente enriquecido era vital para a sociedade a que
pertenciam. Assim, passaram a patrocinar concertos na hora do almoço pelas
sinfônicas locais, criaram galerias de arte para o público em suas próprias
instalações, contribuíram com verbas para a encenação de uma nova produção
operística em um grande auditório do centro da cidade, ou variações sobre esses
temas.