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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

MORTE E FAMA - 22 DE JUNHO DE 1981


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 22 DE JUNHO DE 1981

                     MORTE E FAMA

Muitos mortais passam a vida inteira trabalhando, lutando e nunca alcançam a fama. Outros, ficam famosos depressa e costumamos dizer que nasceram com uma estrela na testa. Isto ocorre em todos os campos da atividade humana. Porém, a nossa memória está sempre recebendo novos estímulos e também no setor da arte novos valores vão aparecendo.
Aplaudimos, mas não podemos esquecer também os antigos e verdadeiros valores. É o caso, por exemplo, do grande tapeceiro Genaro de Carvalho, um criador nato, um homem que vivia em seu atelier trabalhando sem parar.
A última vez que tive oportunidade de visitá-lo estava cortando uma batata para estudar suas estranhas e desenhar esboços de tapetes. Sua morte aconteceu no dia 2 de julho de 1971, portanto, há dez anos atrás, e nada de significativo foi feito até agora para deixar marcada sua obra na memória da cultura baiana ou seja a contribuição de Genaro para as artes de nossa Bahia.
Agora será aberta na Rua Pará a Genaro Galeria de Arte. Uma justa e tardia homenagem.Lembro que o Museu do Estado fez uma exposição de algumas de suas obras quando era diretor o decorador José Pedreira, também falecido. Na ocasião todos foram unânimes em afirmar que ali não estavam expostas as obras mais significativas de Genaro de Carvalho. Com todo o respeito a José Pedreira e outros que participaram da organização, faltou naquela mostra o cunho verdadeiro de uma exposição retrospectiva que marcasse profundamente tudo aquilo que Genaro de Carvalho produziu. Para lembrar aos mais novos, devo dizer que não podemos falar na tapeçaria brasileira sem dar destaque à contribuição dada por este artista baiano. Não podemos falar em arte moderna na Bahia esquecendo a força do seu talento. É hora de se fazer justiça a Genaro de Carvalho, que teve relativa fama em vida e que precisa ser lembrado sempre por tudo que representou como pessoa e acima de tudo como o grande artista que foi.
Lembro ainda que bem defronte a seu atelier no saguão do Hotel da Bahia, que era o hotel da moda na época, existiam belos e grandiosos tapetes de Genaro de Carvalho. Com essas obras de reformas que estão sendo realizadas por lá, ninguém sabe por onde andam, talvez até estejam amontoados, cheios de poeira ou até tenham tido um destino mais triste. Lembro também que no seu atelier guardava nas paredes centenas de cartões seus esboços que serviram para criar os  tapetes.Tinha o cuidado e a paciência de um monge que regia a sua vida no dia-a-dia com régua, tinta e compasso.

     ROMANELLI E SUA ARTE DE CORES EXUBERANTES

O conjunto de obras exposta pelo pintor Armando Romanelli, na Kattya Galeria de Artes tem razoável qualidade. Porém, em algumas delas notei a falta de equilíbrio, que a meu ver é característica essencial na composição plástica. Mas, em contrapartida o belo colorido impressiona os menos avisados. A temática também não apresenta grandes novidades. São os cavaleiros, os dom quixotes e as ovelhas pastando. São telas que servem para embelezar ambientes.
Segundo Paschoal Carlos como artista. Diria apenas que em algumas telas, Romanelli consegue sair do lugar-comum. É verdade que ele pinta desde 1963, quando fez sua primeira exposição na Galeria do Clube dos Quinhentos, no Rio de Janeiro, e que de lá para cá tem participado de dezenas de exposições individuais e coletivas.
Inclui ainda o seu currículo algumas premiações. Porém, isto não me impressiona porque acompanho de perto o inchar constante de currículos de artistas. O que é preciso anotar é que Romanelli é sem dúvida um pintor comercial, porque a beleza  do colorido e das figuras quixotescas agradam, especialmente integrantes da classe média que precisam vestir suas paredes nuas com quadros bonitos.

              FRANK BOER

 Seus temas variam do surrealismo ao acadêmico. Seus desenhos começam a aparecer em anúncios publicitários, onde eles acredita que ficam um pouco aprisionados porque tem que obedecer a determinações de outros que manipulam em equipe a criação. O importante é que Paulo Frank Bôer, paulista de 22 anos, e seis de Bahia, continua trabalhando com afinco em bico de pena, aquarela, lápis de cor e retratando tudo que toca de perto a sua sensibilidade. Notamos nos seus trabalhos harmonia e suavidade e uma ligação afetiva à figura humana e a paisagem. Não fiz ainda a minha primeira exposição porque ainda estou amadurecendo”. Esta declaração demonstra a sua humildade e cuidado para quando for realizar uma mostra, ser visto dentro de uma ótica de qualidade. Este trabalho ele doou a Junot Silveira e chama-se Encosta de Salvador.



ECKENBERGER – Está expondo no atelier Jacob , em Paris o artista Reinaldo Eckenberger até o dia 10 de julho. Esta galeria fica na rua Jacob,Paris e é especializada na chamada Arte Brut. Sem dúvida os trabalhos de Eckemberger vão agradar em cheio aos amantes deste tipo de arte. Na foto o catálogo da mostra deste baiano por adoção.





COLECIONADOR – O colecionador de arte Edward Elicofon recebeu do judiciário da determinação para que devolva ao Museu da Alemanha Oriental dois retratos a óleo pintados pelo renascentista Albrecht Dürer em 1499 e roubados durante a II Guerra Mundial. Elicofon, 77 anos, e colecionador em Manhattan , disse haver adquiriu as duas obras primas em Nova Iorque, em 1946, mantendo-as desde então na sala de estar de sua casa.
Os dois retratos de 29 X 24 cm foram pintados em madeira e retratam Hans Tucher e sua noiva Felicitas . Valem 10 milhões de dólares e são agora mantidos na caixa forte de Manhanttan enquanto se aguarda nova decisão do Judiciário, pois o colecionador dissse que recorrerá da decisão do juiz distrital Jacob Mishler .
Mishler , juiz titular do Tribunal Distrital de Brooklin, Nova Iorque, determinou que as pinturas sejam devolvidas ao Museu de Kunsts Ammlungen  Zu Weimar, na Alemanha Oriental, que provou ser o proprietário dos óleos desaparecidos durante a Guerra.

IV SALÂO – Estão abertas na Coordenadoria de Planejamento da DMEC – Bahia, Largo Dois de Julho nº 42, 2º andar as inscrições ao IV Salão nacional de Artes Plásticas franqueado aos artistas que desenvolvem qualquer expressão artística , das tradicionais até as mais livres manifestações de foto linguagem, performances, vídeo tapes, filme de curtas metragem 16 mm, super 8, audiovisual e objeto. Cada participante deverá escrever o máximo de três obras por categoria, limitado o espaço de ocupação de 12m2. As inscrições estão sendo feitas na Delegacia do MEC, ao Largo Dois de Julho, n 42, 2  andar, nesta capital , no horário das 8 às 12 e das 14 às 16 horas, no período de 15 de junho a 30 de julho.


EX LIBRIS – o Gabinete Português de Leitura está realizando uma exposição da Coleção Ex Libris José Mesquita dos Santos com cerca de 100 Ex Libris de portugueses, brasileiros e de outras nacionalidades. A exposição está aberta a partir das 21 horas na Galeria Malhôa , do Gabinete Português de Leitura, no Jardim da Piedade.
O colecionador José Mesquita dos Santos fez a doação da coleção no ano de 1968 realizando anteriormente duas exposições na Bahia . Foi a partir de seus 14 anos que teve despertada a sua atenção para o Ex Libris. Relacionando-se com colecionadores de toda a Europa, América do Norte, Austrália, México, Canadá, Argentina e outros povos latinoamericanos conseguindo um acervo de 5 mil Ex Libris, dos mais importantes colecionadores do mundo, entre eles Afonso Lopes Vieira, Duque Lafons, Ega Moniz e Visconde de Santarém. O Ex Libris, segundo José Mesquita dos Santos, remonta ao século XV , tendo a sua origem na Alemanha. Sua principal função era marcar a posse dos livros.




XVI BIENAL – O arquiteto Claudio Moshella , de São Paulo foi o vencedor do Concurso Nacional de Cartazes, instituído pela Fundação Bienal de São Paulo, com o patrocínio da Companhia Souza Cruz,m que teve por objetivo escolher o cartaz para divulgar a XVI Bienal Internacional de São Paulo, a ser realizada no período de 16 de outubro a 20 de dezembro próximos. Moshella vai receber da Souza Cruz um prêmio de !50 mil cruzeiros. Os outros quatro cartazes classificados de Moacir Rocha e Nicolau Maximile, de Regis |Francisco e Claudio Madureira; de Walter B. Garcia e Segisfredo Mascarenhas; e de Gustavo Suarez receberão um prêmio de 25 mil cruzeiros cada, a título de incentivo. Esta é a segunda vez que Claudio Moshella, 43 anos, vence um concurso de cartazes realizado pela Fundação Bienal de São Paulo. O primeiro foi na XII Bienal, em 1977. Além desses Moshella  também ganhou por três anos consecutivos o concurso de cartazes do Salão Paulista de Belas Artes – em 1964, 1965 e 1966 e o concurso na I Bienal de Campinas.

O PASSADO SUSTENTA O VOO OUSADO DO PRESENTE - 03 DE AGOSTO DE 1981

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  03 DE AGOSTO DE 1981

O PASSADO SUSTENTA O VOO OUSADO DO PRESENTE
Não podemos pensar em arte  esquecendo o passado.Quando falamos em renovação do nosso mercado de arte não queremos dizer que devemos abandonar os valores já estabelecidos e reconhecidos, que são frutos de um trabalho  pictórico ou escultórico que vara anos. O que defendemos é uma renovação assentada em bases e pilares sólidos que garanta a continuidade com rasgos de inovação.
É por esta razão que prefiro acompanhar o trabalho de um jovem artista, antes de julgá-lo. É preciso sentir de perto os caminhos e os instrumentos de informação, a técnica que manipula para que possamos colocá-lo num lugar de destaque entre as coisas boas que aparecem. E é exatamente por isto que não aceito as apresentações múltiplas de elogios graciosos. Prefiro a simplicidade de algumas palavras ou a dura verdade do valor.
Volto a insistir neste assunto porque tenho lido algumas apresentações de exposições e artistas e ás vezes fico indagando a mim se os autores estão conscientes do que escreveram ou se fizeram apenas para agradar a um novo afilhado. Porque as palavras de elogios inseridas nos catálogos nem sempre combinam, com a qualidade dos trabalhos expostos. Esta é a razão maior de minha dúvida com relação a sinceridade do que escrevem. Sei que os bobos e insensatos gostam do elogio fácil. São incapazes de perceberem porque nunca fizeram uma autocrítica para saberem o que realmente de bom estão produzindo. Também, se assim procedessem cairiam de quatro.

JUAREZ MACHADO NA KATTYA GALERIA

 Serigrafias/espelhos de Juarez Machado serão mostrados  a partir do próximo dia 7, ás 20 horas, na Kattya Galeria de Arte. Nascido em Joinville, em 1941, Juarez já ganha os primeiros prêmios em 1962 no Salão dos Novos.
Faz cenários, figurinos e destaca-se por seu conteúdo humorístico. Já fez algumas exposições individuais, inclusive lançou um livro de humor em Amsterdã pela Frank Fehmers Productions.
Sem dúvida que os trabalhos de Juarez Machado agradam pela sua criatividade e pela possibilidade de participação que sempre dão àqueles que os observam. O espelho é uma presença marcante em sua obra. É um suporte utilizado por ele e também pelos que frequentam as galerias onde suas obras estão expostas ou as observam nas paredes dos colecionadores.
O espelho permite um jogo lúdico entre as figuras estáticas da serigrafias e o observador que chega e sai. Alguns experimentam riscos e caretas, e é exatamente isto que busca o Juarez Machado com seu humor em criatividade. Sua personalidade irreverente deixa como resultado uma obra onde agente fica á vontade para uma série de questionamento com relação ao próprio comportamento humano.

         ESCULTURAS NO TEATRO

O começo de um jovem artístico requer um grande esforço. Os obstáculos encontrados desde a procura de material para trabalhar, local e o apoio de órgãos culturais representam uma carga pesada para os jovens artistas. Este desabafo é de Washington Santana que apresenta suas esculturas a partir de amanhã até o próximo dia 16 do corrente no foyer do Teatro Castro Alves. A coroação deste esforço é esta exposição que foi preparada nos fundos da Casa de Saúde Santa Mônica. O trabalho do escultor foi acompanhado por muitos pacientes que sempre pediam explicações querendo entender as formas que começavam a se esboçar. A cada martelada ou marca do maçarico os pacientes indagavam o que ia sair. O próprio Washington disse que aos poucos fui me tornando íntimo de muitas daquelas pessoas que cobravam de mim explicações. Quase sempre a conversa fluía enquanto o escultor trabalhava sem parar mesmo quando alguém resolvia interferir jogando uma casca de banana em sua cabeça. O artista continuava com suas soldas a oxigênio ou elétrica em busca de formas, que a partir de amanhã estarão expostas, não aos olhos dos pacientes mas dos sadios, que estão fora dos muros, e que também vão cobrar explicações.

           IV SALÃO INTEGRARÁ AS ARTES PLÁSTICAS

As inscrições para o IV Salão Nacional de Artes Plásticas, foram encerradas no último dia 30, no Museu de Arte Moderna. A Bahia foi escolhida para receber as obras de todo o Nordeste. Os candidatos inscreveram-se nas categorias de pintura, escultura, desenho, gravura e proposta, além disso concorrerão em mais de uma categoria, e foram obrigados a apresentar três trabalhos.
A pré-seleção está prevista para o dia 25 de agosto, ocasião em que ocorrerá um encontro com todos os artistas do Nordeste, além de uma Sala Especial, onde qualquer pessoa poderá participar, independente dos trabalhos que apresentarão no IV Salão Nacional de Artes, que será realizado no período de 4 a 30 de novembro, no Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro, promovido pela Funarte.
Segundo a delegada regional do MEC, secção da Bahia e Sergipe, Ester Santos Souza, o período da pré-seleção dará oportunidade para reunir em nosso estado todos os artistas do Nordeste, a fim de que possam discutir e apresentar o que vem acontecendo em termos de arte no Brasil. Ela acha importante que todos os artistas participem do evento, o qual dará condições de mostrar todos os trabalhos realizados, uma vez que todos os trabalhos concorrentes serão expostos, o que propiciará não só um julgamento por parte dos críticos, mas todo o público terá oportunidade de julgá-los, mesmo aqueles que não forem pré-selecionados.
Na opinião do diretor do Museu de Arte Moderna Francisco Liberato, representante do Nordeste na realização do Encontro, que tem como principal objetivo levar subsídios ao Simpósio do Iv Salão Nacional, apresentando reivindicações e os interesses que os artistas manifestaram no encontro aqui em nosso estado, o importante é que estamos no limiar de um processo de trabalho muito significativo do Nordeste e esses acontecimentos visam a integração do pensamento com relação á manifestação da arte que deverá caracterizar a contribuição do Nordeste para as artes plásticas nacionais.



ESCULTURA - a gruta da Lapa ganhou um grande vitral do francês Pascoal de Taizé, e a capela do Santíssimo está sendo instalada em seu antigo local, antes ocupado pelos objetos deixados pelos romeiros. Na frente da capela encontra-se uma escultura de Thomaz, que é filho de Ibirapitanga. Em dezembro do ano passado o artista fez uma exposição no foyer do Teatro Castro Alves.
Ele trabalhou seis meses e conseguiu dar forma piramidal ao tronco de uma sucupira, que agora ornamenta a gruta da Lapa.



CURSO DE ARTE- de hoje até o dia 14 do corrente, sempre a partir das 18h30min, na Escola de Belas Artes, no Canela, será ministrado pelo professor norte-americano, William Colvin um curso sobre as influências das culturas africanas nas diversas manifestações artísticas no campo da escultura, pintura, gravura e música. O curo é aberto para quem se interessa por arte. O professor Colvin é doutor em História de Arte pela Universidade de lllionois.

ARTE PARA CRIANÇAS- espaço livre para a expressão você encontra na Criare onde Ana Cristina, Cristina Alvarez, Claudia Moreira, Deca Conde, Cristina Farias e Catherine Violette estão dando tudo que sabem sobre arte as crianças que freqüentam a Escola de Arte Criare, que fica na Rua Mato Grosso, nº 276, na Pituba.
Espaço teu homem criança que quer criar crescer, ser expressar de cá, um  de lá, outro que quer dizer escuta! Num canto o som o corpo que sente mexe fala pinta desenha transforma experimenta, integra você homem que quer criar crescer ser. A arte socializa e abre as cucas das crianças para os sentimentos e para o próprio mundo.

LEILÃO- A Fundação Bienal de São Paulo poderá leiloar cerca  de 300 obras de arte que estão em seu poder, caso seus autores não as retirem até o próximo dia 15 de setembro. Essas obras foram expostas em bienais anteriores e desde então permaneceram no prédio da Fundação. Após o dia 15 de setembro, os trabalhos que ainda estiverem de posse da Fundação serão considerados e sujeitos a destinação que ela entender.


EDVALDO ASSIS- Há vinte anos que Edvaldo Assis pinta casarios, paisagens e agora está voltado para as feiras livres. Uma pintura conhecida e apreciada. Lembro também que muitos já passaram pelas mãos de Edvaldo aprendendo a misturar as tintas.
Agora Edvaldo volta a apresentar bons trabalhos na Galeria Panorama. Com quatro filhos menores e muito trabalho, Edvaldo vai vivendo o seu mundo. Humilde e bom, ele sabe como ninguém documentar a velha Bahia que aos poucos vem sendo destruída pelo progresso.

DOIS SALÕES- O V Salão de Arte de Pelotas e o XXXIV Salão de Artes Plásticas de Pernambuco são duas boas opções para os jovens artistas. O de Pelotas, as inscrições estão abertas de 21 a 27 de setembro, e o de Pernambuco, de hoje até o dia 28 do corrente. Quem desejar detalhes sobre o regulamento pode me procurar pela manhã na redação de A Tarde ou o professor Ivo Vellame na Escola de Belas Artes.


 SUPER-OITO- Já a Universidade Federal do Maranhão, através o seu Departamento de Assuntos Culturais vai promover a V Jornada de Cinema Super-8 de 10 a 15 de novembro.



EXPOSIÇÃO E ENCONTRO REUNIRÃO FOTÓGRAFOS - 06 DE JULHO DE 1981

JORNAL A TARDE , SALVADOR, 06 DE JULHO DE 1981

EXPOSIÇÃO E ENCONTRO REUNIRÃO FOTÓGRAFOS

Esta foto de Juca Gonçalves mostra
 a disposição ao trabalho
Fotógrafos de todo o país estarão reunidos nos dias 13 e 14 do corrente no Campus da Universidade Federal da Bahia com o objetivo de traçarem uma política comum de atuação profissional e definirem aspectos da regulamentação profissional como o direito autoral, crédito obrigatório e tabela de preços mínimos, além da unificação e organização da categoria em defesa de seus interesses. Os fotógrafos estão dispostos a lutarem pela isenção da taxa de importação para os produtos fotográficos; estabelecerem uma política de controle dos preços, dos materiais fotográficos e criarem alternativas de produção para atuarem no mercado de trabalho.
Entre os debatedores estarão Luís Humberto, da União Estadual dos Fotógrafos de Brasília; Pedro Martineli, editor de Fotografia  da Revista Veja e Juca Martins, da Agência F-4.
Por outro lado, os organizadores do encontro promoverão uma exposição Retrospectiva da Fotobahia, a qual será inaugurada no dia oito e permanecerá até o dia 16. A intenção da mostra, segundo os organizadores, de fazer um apanhado crítico do programa que vem sendo efetivado anualmente, e com isto, traçar a trajetória deste trabalho que através de sua realização tornou-se, no único evento significativo de fotografia em nosso estado.
Com o balanço dos três anos, continua os organizadores, se deverá buscar uma análise crítica da situação atual da produção fotográfica em termos de linguagem verificando-se qual o saldo qualitativo que ocorreu durante este tempo, além de estimular a divulgação da fotografia baiana, a nível nacional. Durante a exposição será lançado o Jornal Fotobahia, documentando através de artigos e fotos que comporão a mostra, as questões mais imediatas e pertinentes para a atualidade da fotografia brasileira.

                                       FEIRA DE ARTE PARA INCENTIVAR MERCADO

A Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia, vai realizar, a partir de dez de julho, sua Feira de Arte, onde não apenas serão expostas obras de arte, mas se poderá assistir palestras, mesas-redondas, projeção de slides e filmes, mostras de som, concertos e até serenata. A promoção acontecerá no pátio da própria escola e os coordenadores da feira, professores Ailton Silveira e Márcia Magno, pretendem fazer uma feira dinâmica, cheia de atrativos e que faça desses encontros um hábito para todos os que gostam de arte.
A feira contará com a participação dos alunos do primeiro semestre das Oficinas de Arte em Série, do Museu de Arte Moderna da Bahia, que, ao lado de artistas profissionais e amadores, alunos da Escola de Belas, apresentarão trabalhos de serigrafia, xilogravura e litogravura. Mas as manifestações artísticas não se encerram com estes trabalhos, porque a participação deve ser a mais ampla possível e se aceitarão peças de qualquer estilo, para simples exposição ou até mesmo para a venda.

CENTRO CULTURAL

Fazer da Escola de Belas Artes um centro cultural vivo é a principal proposta da Feira de Arte. Os coordenadores da feira pensaram em criar mais uma opção de lazer, numa cidade onde elas são muito restritas, ou, como disse  Márcia Magno: “Tentamos criar um ponto de encontro gostoso para o bate-papo, para rever amigos e acompanhar o movimento artístico sem gastar muito dinheiro.
Com a feira, os alunos de Belas Artes poderão continuar a vender os seus trabalhos e conviver informalmente com seus professores. E os professores da escola e de outras unidades de ensino da Bahia podem, quer em conversas informais, quer em mesas-redondas, palestras ou debates trocar idéias, pontos de vista ou apresentar sua produção cultural.
A ênfase, reconhecem os coordenadores, será dada às Artes Plásticas, mas toda e qualquer manifestação artística tem seu lugar garantido na feira, desde que seu autor tenha alguma ligação com a Universidade. Além das atrações normais da programação, se pretende que, em cada feira, compareça um artista consagrado, para mostrar seu trabalho, discuti-lo e explicar sua técnica, podendo ser um cantor de música popular, dançarino, poeta ou pintor.
Será cobrado um preço simbólico, como ingresso: cem cruzeiros, com direito do adquirente desfrutar tudo o que a Feira de arte exibir, além de jantar em mesinhas armadas no pátio, com gambiarras de luz colorida e som ambiental. Os que pretendem apresentar trabalho, lançar seus livros ou fazer palestras, nada pagam, mesmo porque eles são a atração da feira. Os que pretendem expor peças e vendê-las, devem contribuir com uma pequena taxa, para gratificação dos funcionários. Em compensação, tudo o que arrecadarem será seu.

                            OPERÁRIOS CRIAM DEPOIS DE HORAS DE TRABALHO

Detalhe da exposição montada na Telebahia
Emendando um cabo telefônico, dirigindo um veiculo, emitindo uma ordem de serviço ou simplesmente instalando um telefone de se identificar como operários da Telebahia. Cumprem as oito horas normais de trabalho e não deixam transparecer nenhum sinal de que, por detrás da rotina do dia-a-dia, na empresa, guardam consigo uma sensibilidade artística  que começa a tomar fôlego depois do expediente de trabalho e se estende por boa parte da noite.
Assim é a vida de Lima, Cosme, Neto, Licurgo, Moema, Lúcio, Jorge, Antônio Carlos, e a de vários outros empregados da Telebahia, que aprenderam a conciliar com harmonia e sensibilidade um jeito de exercer a prática de dois ofícios: o trabalho e a arte.
A última demonstração que deram ocorreu durante a realização da II Feira de Arte dos Empregados da Telebahia, levada a efeito nas próprias dependências da Empresa, e da qual participaram 35 artistas com um volume de quase 50 obras de arte expostas, entre desenhos, gravuras, fotografias, esculturas, pinturas e trabalhos de artesanato.
Como no ano passado, a II Feira de Arte comemorou o 22.º aniversário da Telebahia, e já se tornou no âmbito interno da empresa, um evento capaz de motivar e estimular a criatividade dos que possuem afinidades artísticas. A qualidade de alguns trabalhos é indiscutível, valendo ressaltar que muitos deles são assinados por artistas já conhecidos pelos colecionadores de arte que acompanham as exposições das galerias á procura de novas revelações. É o caso de Manoel Neto, Cosme do Nascimento, Licurgo Neto e do poeta/fotógrafo Damário da Cruz.



SENIL- Fiquei satisfeito com o atestado de senilidade de um colunável pintor baiano. Realmente o jornal que publicou a matéria de uma página inteira desperdiçou o seu espaço e o autor da reportagem demonstrou total desqualificação profissional. O único proveito é que o cidadão entrevistado deu um atestado público de sua senilidade.

SALÃO NACIONAL- A Comissão Nacional de Artes Plásticas. Órgão máximo de deliberação sobre o Salão Nacional de Artes Plásticas, acaba de indicar Amilcar Castro, Aracy Amaral e Ítalo Campofiorito para integração a subcomissão de seleção e premiação de IV Salão.
Outros três membros, também responsáveis pela escolha das obras do IV SNAP, serão indicados pelos artistas na ficha de inscrição à disposição dos interessados nos postos de coleta em vários estados. Os votos serão apurados no salão nobre do MNBA, dia 10 de agosto, ás 14h.
Os trabalhos deverão ser entregues em perfeitas condições de transporte no escritório da Funarte, em Brasília, nas delegacias do MEC em Salvador, Florianópolis e São Luís, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Av. Beira Mar s/n.º CEP 20021- Castelo-Parque do Flamengo- Rio de Janeiro), ou no Museu da Imagem e do som de São Paulo (Rua Bucareste 143).
O salão será inaugurado, no MAM-RJ,dia 4 de novembro, e ficará aberta ao público até o dia 30 do mesmo mês.

DROGADO - Vicent Van Gogh pode ter tido sua criatividade influenciada por drogas e álcool, que produzia os tons brilhantes de amarelos e os sóis e estrelas faiscantes que constitui uma característica do impressionista holandês, segundo os pesquisadores médicos norte americanos. 
Michael Albert-Puleo, estudante da Faculdade de Medicina de Clevaland escreveu um artigo no último número da revista da Associação médica Americana, no qual defende a tese de que o hábito de beber absinto influenciou as pinceladas inconfundíveis de Van Gogh.
Anteriormente, Thomas Curtney Lee , professor de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Faculdade de Geortown já havia levantado a hipótese de que os efeitos colaterais da droga digitalis , usada possivelmente para o tratamento da epilepsia, tiveram influência na queda de Van Gogh pelos amarelos e dourados que cercam objetos brilhantes em muitos de seus quadros.
Albert-Puleo  afirma, porém que, enquanto o uso da digitalis por parte do pintor é apenas uma conjectura, há prova documentadas de que ele tomada absinto, bebida conhecida pelas propriedades tóxicas. O bebedor de absinto passava por fase de exaltação, alucinações auditivas e visuais e excitação.
As alucinações causadas pela bebida muito popular na época combinadas com a aparente doença mental do pintor, certamente tiveram uma parte nas estranhas e belas visões que o artista captou na tela disse Albert-Puleo.






CENTRO VAI REFLETIR E INCENTIVAR A ARTE -13 DE JULHO DE 1981

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  13 DE JULHO DE 1981

    CENTRO VAI REFLETIR E INCENTIVAR A ARTE

Recebi de Célia Martins Azevedo documentação sobre a criação de uma sociedade formada por um grupo de artistas plásticos, que se propõem a executar um levantamento do que foi produzido no setor para formação de um banco de dados representativo da arte brasileira, especialmente da Bahia. Os objetivos principais do Centro de Pesquisa Artística do Modernismo Brasileiro, Cepambra, é a abordagem da estruturação do espaço estadual/Bahia. Levantamento da produção artística existente e seu registro; promover as atividades que culminem com a preparação de documentos a fim de que fique registrada a produção artística nacional; realizar o intercâmbio com outros centros artísticos e/ ou culturais, visando criar um nível de informação abrangente sobre a situação atual, promovendo debates e o caminho de nossa cultura, suprir as deficiências das bibliotecas, museus, setores educacionais e artísticos e outros no que concerne a documentação da arte moderna e pós-moderna brasileira na Bahia, e, finalmente, divulgar a arte brasileira no país operando a síntese Norte e Sul, do rural e urbano a nível do Nordeste e a nível nacional (1.ª etapa) e no exterior (2.º etapa) visando a sua divulgação e seu registro ao reunir as forças representativas da arte brasileira que germinam em pontos isolados.
Confesso que fiquei surpreso com a criação deste centro e espero que realmente os objetivos anunciados e desejados sejam alcançados. Sei que é muito difícil porque vivemos num país, especialmente num estado, onde as atividades culturais não têm o devido apoio que merecem. Sei também que, muitas vezes, as boas intenções terminam no meio do caminho por falta de forças. Mas, acredito que Célia Azevedo levará, com seus companheiros, avante este projeto que é de interesse da Bahia e merece todo nosso apoio. Aqui estarei para cooperar para sua concretização divulgando suas atividades.

MERO CONTINUA LUTANDO PELAS ÁRVORES E ECOLOGIA

Uma página do livro Mero na Luta Ecológica,
de Paulo Serra
Mero na Luta Ecológica é o título do livro de humor ecológico lançado no MIS- Museu da Imagem e do Som, na última sexta-feira em São Paulo juntamente com uma exposição de cartuns sobre o mesmo tema. O autor, Paulo Roberto Meireles Serra, 27 anos, baiano de Salvador, morou de 1975 a 1979 em São Paulo onde estudou Comunicações, especializando-se em Publicidade.
Em 1976, criou Mero, personagem ecológico cujo nome significa puro, simples, genuíno, sem misturas, nome dado a um homem meio corcunda de terno e gravata (cidadão) representando o homem urbano, óculos redondo demonstrando sua intelectualidade e uma testa cheia de altos e baixos.
Mero é um personagem totalmente visual, pois se comunica apenas com o desenho sendo por isto, também, um personagem universal que aborda os temas seguintes: todos os tipos de poluição, desde a humana (a pior), que é a da mente do homem até a nuclear que está chegando aí, a defesa da fauna e da flora principalmente onde trava a sua maior luta.
É um personagem que visa  atingir a todos, principalmente as crianças onde acredita estar a verdadeira esperança do país, portanto para ele ensinar as crianças a amar o verde é a causa maior de sua existência e nisso ele confia que as sementes jogadas em solos férteis nascerão bons frutos, troncos e raízes frondosos para poder, então, se solidificar uma consciência, conseqüentemente uma força atuante em defesa da natureza e do próprio homem.
Como herói nacional ele não tem poderes especiais, não aceitou e nem achou nenhuma moedinha da sorte, não é de ferro e nem de borracha, não se transforma em nada está desempregado, perde e ganha dos inimigos e pasta muito para conseguir seu lugar ao sol e acha ridículo quando lhe chamam de herói, portanto tem medo de seus arbustos em praça pública!
Para Saulo começou com Mero na Gazeta da Zona Norte em outubro de 1976, daí não parou mais. Esteve trabalhando para outros periódicos de bairro atuando também como ),  chargista e no humor político tendo publicado trabalhos em: Raízes (77), Destaque SP (77), Em Tempo (SP 78), Movimento (SP 78), Latidos e Miados (SP 79), Todos tablóides. Voz do Paraná (PR 78), Estado do Paraná SP 78), Diário do Paraná (PR 78), Correio de Notícias (PR 78), A Tarde (BA 78), Jornal da Bahia (BA 77), Correio da Bahia (BA 80). Tribuna da Bahia (BA 81), todos jornais.
“Arigatô (SP 77), Acampamento (SP 78), Exame (SP 78), Planta e Flores (SP 78) Clube do Livro (SP 78), Citrus (SP 78), Personal Humor (PR 78), Status Humor (SP 78) Contos eróticos (PR 78), Boca (SP 78), Kuk (RJ 79) etc., todas as revistas. Em 77 passa a interessar-se por desenhos animados e conclui curso na Escola Panamericana, passou a criar e produzir seus filmes, chegando a vencer o I Festival de 78 em Santo André com o filme A Origem do Oxigênio, 10º didático sobre fotossíntese onde Mero é o ator principal. Neste mesmo ano trabalhou profissionalmente como arte-finalista na Star produtora responsável pelos filmes da Sharp, Atualmente está radicado em Salvador onde tenta abrir campo para o desenho animado publicitário.

CEAO PROMOVE TENDÊNCIAS ESTÉTICAS AFRO-BAIANAS

Tendências Estéticas Afro Baianas é o nome do desfile e mostra de arte que o Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa, vai apresentar na XXXIII Reunião Anual da SBPC. A mostra e desfile constarão de jóias, penteados, artesanato e roupas de inspiração afro-brasileiras além de uma exposição de fotografias, destes mesmos objetos, tiradas algumas delas por Bauer Sá, fotógrafo baiano, além de uma mostra de som.
O objetivo do CEAO em realizar esta mostra é de apresentar ao público, as diversas tendências do visual e do ritmo negro na sociedade baiana atual, mostrando como ela está presente em várias manifestações culturais.
No desfile e exposição serão mostradas as diversas formas de usar o torço, trançar os cabelos, vestir-se e adornar-se de modo afro-baiano.
Além do CEAO, promovem esta atividade a Superintendência Estudantil, a Coordenação Central de Extensão da UFba., a Bahiatursa, a Fundação Cultural do estado e a manequim Ana Meire, estudante de sociologia da UFBa e proprietária do Salão Raízes especializado em penteados de inspiração afro-baiana, e responsável pelo desfile.

DESFILE
O desfile e mostra de arte Tendências Estéticas Afro-Baianas ocorrerão hoje no Restaurante Universitário, no Campus de Ondina, ás 21:OOh.
Para mostrar a tendência africana na moda baiana cerca de dezesseis manequins, homens e mulheres, em sua maioria negros, desfilam com modelos exclusivos da Quembo Boutique, Bazar Talismã Tropical, Ester Artesanato de Renda, além de figurinos de Luiz Amado, e maquiados por Demir do Salão Raízes.
As jóias que ficaram em exposição foram confeccionadas por Iza Maria Guimarães. O desfile ainda terá fundo musical com músicas de ritmo afro-baiano executadas por Edfran e Ivan

SIGNIFICADO ETNOGRÁFICO

Informou a diretora do CEAO, Yêda A. Pessoa de Castro no desfile e nas fotos serão mostrados inúmeros penteados de diversas origens negro-africanas como Ioruba (Nigéria), Axante (Gana), Luba e Congo (Zaire e Angola), Massai (Quênia),,  entre outros. Estes penteados podem ser de natureza simplesmente estética e alguns também rituais, em geral, podendo ser de casamento, solenidades fúnebres ou religiosas. Para facilitar a compreensão do público será dado um catálogo com informações gerais sobre esta atividade.
Para a diretora do CEAO, o desfile e mostra de arte Tendências Estéticas Afro-Baianas se integram a uma das linhas da SBPC que é dedicada ao negro. É também a orientação tomada pelo CEAO de fornecer subsídios para os estudiosos da cultura afro-baiana, e apresentar ao vivo uma mostra ilustrativa de traços desta cultura no seu aspecto etnográfico.
Dentro deste mesmo pensamento o CEAO vai apresentar também para a SBPC as 62 fotografias do etnólogo francês Pierre Verger e ecas do Módulo Inicial do Museu Afro-Brasileiro, já em exposição no primeiro pavilhão da antiga Faculdade de Medicina da UFba, no Terreiro de Jesus.

SERIGRAFIAS- Um álbum de serigrafias com 20 imagens, exemplares numerados e assinados pelo artista, Oscar Palácios, um argentino radicado no Brasil desde 1966, será lançado em agosto.
Diz Luiz Caetano que teve com esse novo trabalho o mesmo cuidado e a mesma preocupação que emprestou sua primeira experiência no ramo de serigrafia, com a Vênus Revisitada, de Milton Dacosta.
Na foto ao lado Oscar Palácios.


OLIVER- Recém-chegado dos Estados Unidos, onde participou de exposições na Amazon Art Galery (new Jersey) e no New York Coliseum (New York) o artista mineiro Oliver expõe na Eucatexpo Galeria de Arte (AV. Sete de Setembro, 285/7, Campo Grande, no período de 17 a 30.07.81, com vernissage ás 21:00 horas do dia 17.
Oliver, que tem um vasto currículo de exposições por todo Brasil, labora sua pintura baseando-se num figurativo-informal, com claros instantes de um abstracionismo leve, de cores delicadas, criando uma atmosfera lírica, plena de paz e alegria.
O artista está sendo apresentado, nessa exposição, pelo crítico de arte Fernando Paz, do Diário do Comércio (Belo Horizonte) que, entre outras coisas, diz: o básico é fundamental na obra de Oliver é o seu desejo de acertar, e a sua tenaz sede de estudo e de trabalho que o coloca na subida do podium reservado aqueles poucos profissionais do metier que conhecem o sucesso.

ARTE BRASILEIRA- A Holanda ganhou um Galeria especializada em arte brasileira. A Fundação Galeria do Bonfim (em homenagem ao Senhor do Bonfim protetor da Boa Sorte) instalou-se numa bela lojinha do século XVIII, bem no centro do tradicional bairro De Jordan em Amsterdam (1º. Tuinderstraat 17). A galeria é dirigida por Renée e Jéssica Padt. Numa viagem pelo Brasil Central e Setentrional Jéssica, com a ajuda de pintores e escultores locais, reuniu uma coleção única de pinturas, desenhos, litografias, esculturas, painéis, tapeçarias e objetos de artesanato, a maior coleção de arte jamais embarcada em Salvador. Além dessa coleção, constantemente acrescida por meio de viagens ao Brasil, a galeria promove regularmente exposições de artistas brasileiros residentes no Brasil ou no exterior.

VAN GOGH- No Museu Vicent Van Gogh, de Amsterdam, foi realizada uma exposição sobre o cloisonismo, um estilo de pintura desenvolvido entre 1886 e 1891 por um grupo de diversos pintores. O cloisonismo se caracteriza pelo uso enfático de linhas de contorno vigorosas e planos coloridos claros, uma linguagem evocada na exposição que reuniu 150 óleos e desenhos do próprio Van Gogh, e de Anquetin, Bernard, Denis, Gauguin, Laval, Meyer de Haan, Sérusier e Toulouse-Lautrec. O trabalho apresentado mostra como os nove artistas descobriram o cloisonismo e quais as influências exercidas uns sobre os outros. A exposição, anteriormente apresentada com grande êxito em Toronto, foi mostrada em Amsterdam onde, correspondendo às expectativas, atraiu a atenção geral.

PORTINARI- Caravanas de estudantes e turistas que tem ido a Brodósqui, desde o início do ano, para ver a casa de Portinari, estão voltando frustrados porque desde o dia 2 de janeiro o Departamento de Obras Públicas do Governo do Estado de São Paulo fechou, aquele museu para fazer pintura interna e externa e alguns reparos no assoalho e no telhado, e até hoje não concluiu as obras.
Foi o que disse na Câmara o deputado Airton Sandoval (PMDB-SP), atribuindo essa morosidade nas obras a perseguição política do governo Paulo Maluf ao prefeito de Brodósqui, José Grandi, por ele ter se recusado a aderir ao PDS, somente a muito custo, segundo o deputado, o prefeito conseguiu fazer com que o Departamento de Obras Públicas se encarregasse da recuperação da casa de Portinari que e um monumento da cultura nacional mas a obra não anda e os visitantes não podem ver o acervo existente na casa de Portinari.

O REALCE DA IGNORÂNCIA - 28 DE SETEMBRO DE 1981


JORNAL A TARDE, SALVADOR,  28 DE SETEMBRO DE 1981

             O REALCE DA IGNORÂNCIA

Washington , vítima da
ignorância alheia
O escultor Washington Santana recentemente fez uma exposição, no foyer do Teatro Castro Alves, de suas obras que foram apreciadas por todos aqueles que tiveram oportunidade de visitar a mostra. O escultor é um jovem artista, e um dos poucos escultores que existem na Bahia, devido a dificuldade do material empregado, que via de regra é caro e necessita de muito espaço para o trabalho do artista. Mas, Washington consegue superar as dificuldades e vai criando suas bonitas e modernas esculturas. Incansável, resolveu expô-las no Dique do Tororó viando que grande número de pessoas participasse da sua criação. Contou com ajuda de algumas pessoas ligadas ao gabinete do prefeito e partiu para a ação. Comprou tonéis para fazer plataformas flutuantes onde repousariam as esculturas e quando estava por terminar a montagem das peças foi surpreendido pela ignorância funcional de um burocrata da Prefeitura que resolveu retirá-las e danificá-las. O artista esteve nas redações dos jornais, inclusive manteve contato, comigo revoltado com a ação maléfica do funcionário da Superintendência de Parques e Jardins chamado de Tiago Neto que as considerou destoantes e sem nenhum realce com o ambiente. Fiquei pasmado. Não conheço o Sr.Tiago (ainda bem!), mas certamente seu gosto pela arte esteja fundamentado em informações distorcidas de estética. Mesmo se concordasse com  a atitude arbitrária do funcionário da Superintendência de Parques e Jardins não justifica a falta de respeito para com um artista sensível e criativo.
Somado a arbitrariedade o Sr. Tiago ainda declarou a um jornal local que em lugar de nos procurar para explicações, Washington preferiu falar a imprensa e tentar escandalizar o fato. Ora, Sr. Tiago, tenha paciência, suas afirmações são piores que a atitude. Não existe justificativa para tal arbitrariedade, que certamente foi tomada de comum acordo com seus superiores e subordinados. O que demonstrou foi insensatez, ignorância e falta de respeito para com o artista.
Posso dizer ainda que suas preferências estéticas são duvidosas e não representam as preferências dos membros de nossa comunidade. O realce que você buscou não poderia encontrar porque não conhece e não tem sensibilidade para julgar ou entender uma obra de arte. Tratou uma escultura como quem pega uma mala e retira de um lugar para outro sem ao menos ter o cuidado de não danificar.
Mas, infelizmente estas atitudes a gente encontra, até ás vezes, dentro de museus. Lembro agora que uma escultura de Mário Cravo estava apodrecendo no Museu de Arte Moderna e precisou que Jorge Amado escrevesse uma carta para que a peça fosse colocada num lugar apropriado. Não sei no entanto, se já recuperaram a escultura como prometeram na ocasião. Porém, este é mais um exemplo. E, aconselho ao Sr. Tiago que antes de procurar o realce leia sobre estética e aprenda a respeitar uma artista e sua obra de arte.
O que não realça é que pessoas desinformadas sejam escolhidas para lidar com artistas sensíveis e criativos.Espero que Washington não esmoreça com este tipo de atitude, que ainda existem em muitos setores de nossa administração. Se duvidar dê uma olhada no Parque Metropolitano de Pituaçu, que você encontra uma escultura de Juarez Paraíso abandonada, suja e rodeada de materiais imprestáveis. A escultura custou caro ao estado e foi adquirida com dinheiro do povo e lá está á espera que acabem as divergências entre administradores e que deem continuidade a instalação dos equipamentos que ainda faltam  do referido parque.

     21 BAIANOS PARTICIPAM DO IV SALÃO NACIONAL

Num clima de expectativa, foi divulgada a relação com os nomes dos 28 artistas nordestinos (21 baianos), cujos trabalhos foram classificados para o IV Salão Nacional de Artes Plásticas, a ser realizado em novembro, no Rio de Janeiro. A recomendação do júri que preferiu que o resultado fosse dado através da Secretaria do Museu de Arte Moderna da Bahia, foi no sentido de que os artistas plásticos só tivessem acesso ás informações, após a publicação pela imprensa.
O júri nacional que havia convocado entrevista coletiva com a imprensa no mesmo momento em que debateria com os artistas plásticos ou critérios do julgamento e a necessidade de reformulação do salão, ao que parece, temeu dar o resultado para, assim, evitar que os ânimos se acirrassem. Antes, porém, todos os integrantes do júri confessaram que não podemos eliminar os critérios subjetivos do julgamento, revelando ainda que já discutimos bastante e até tomamos tranquilizantes.
Do Nordeste inscreveram-se 104 artistas, representando os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Bahia, cada um com três trabalhos. O percentual da seleção foi de 25 por cento, índice bastante superior ao do Rio de Janeiro e São Paulo, segundo Aracy Amaral, integrante do júri.
A Bahia, dos estados do Nordeste que se inscreveram, foi o que apresentou maior número de vencedores: Juarez Paraíso (escultura); Pedro Amado de Souza (pintura); Gustavo Ubeda (pintura), Sante Scaldaferri (pintura), Eudes Mota (pintura); Juracy Dórea (pintura), Francisco Liberato (pintura); Emma Valle (pintura); Murilo (pintura); Araripe (proposta); Grupo Posição (proposta) Florival Oliveira (gravura); Bel Borba (desenho); Márcia Magno (gravura); Paulo Serra (desenho); Bartira Silva ( Desenho);Sérgio Rabinovitz (gravura); Vaulúzio Bezerra (pintura); Rino Marconi ( fotografia); Juarez Paraíso(fotografia) e Antônio Luiz Morais de Andrade (proposta).
De Pernambuco foram classificados Francisca Silva (escultura); José Barbosa (desenho); Justino Marinho (desenho); Ricardo Aprígio (pintura); da Paraíba, Frederico Svendensen (pintura) e José Crisólogo da Costa (PB) e de Alagoas, Sílvio Márcio Paiva (pintura).

CONSCIÊNCIA DO IMPASSE

Frederico Morais, um dos integrantes do júri disse que temos absoluta consciência do impasse do Salão Nacional de Artes Plásticas, explicando que os custos são muito altos para a rentabilidade cultura que se consegue. Justificou ainda que parcela muito poderosa da arte brasileira não está presente no salão, que, por conseguinte, não representa a arte brasileira. E um dos motivos que ele cita para que nomes expressivos não estejam representados, é o valor do prêmio que vem caindo significativamente.
Outro membro do júri nacional que abordou a questão foi Aracy Amaral que definiu o trabalho como muito difícil e muito duro, acrescentando que os critérios de julgamento são subjetivos, o que torna difícil a aproximação da nossa visão de mundo, da nossa realidade com a do artista.
O ideal, defendeu Amílcar de Castro, seria um salão aberto onde a arte e o artesanato estivessem presente. Mas como não há aparelhos científicos para julgar as obras de arte, o júri ainda é a melhor forma (Ana Maria).

SEIS ARTISTAS EXPONDO NA GALERIA LA 
MAISON FRANÇAISE

Avelar Rodrigues, Eduardo, Eduardo Gomes, Iraquitam, Isaías, José Raimundo, Ubiraci e Tia Dadi. Um sergipano, um maranhense e cinco baianos dão início, hoje, ás 21 horas, na La Maison Française, a uma mostra coletiva que ficará aberta até o dia 6 de outubro. Com essa mostra de pintura, La Maison Française, segundo uma das suas diretoras, Diomida Rossi Jesuíno, dá o primeiro passo para se transformar num centro cultural voltado para a comunidade da Pituba, onde está localizada na Rua Sergipe, número 4.
Dos pintores, dois estarão estreando nessa coletiva, Eduardo e Ubiraci, ambos baianos, sendo que dos demais, o maranhense Isaías, mestiço da tribo Timbira é o que traz uma maior bagagem artística, já tendo participado de várias exposições coletivas em seu estado, em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Fortaleza, além de algumas individuais, possuindo, ainda, quadros em acervos particulares europeus. Eduardo Gomes é baiano e foi um dos componentes da equipe de Juarez Paraíso, responsável pela decoração da cidade em 1978; Iraquitam, também baiano, trabalha com vários materiais; José Raimundo, de Santo Amaro, já participou de outras coletivas, o mesmo acontecendo com Tia Dadi, que é baiana e Avelar Rodrigues, sergipano que se dedica também ao teatro e outras manifestações culturais.

O QUE É LA MAISON

La Maison Française, que funciona juntamente com o Consulado da França como uma forma de suprir uma lacuna existente na Pituba após o fechamento da filial da Aliança Francesa.Diomida Jesuino, Sônia Maria Moniz e a consulesa da França, Áurea Recchia, todas professoras, criaram a Maison inicialmente com apenas cursos de língua francesa.
Atualmente, além do curso de Francês, La Maison já oferece um curso de Literatura Brasileira e proximamente deverá ser iniciado um curso de artesanato com a utilização de vários materiais. O objetivo, segundo Diomida, é transformar o local no centro cultural dirigido à comunidade da Pituba. As atividades foram iniciadas em março e o balanço só poderá ser feito após o encerramento do curso mas, segundo ela, a priori, a receptividade está sendo boa contando a escola com 16 turmas de francês. As aulas são dadas duas vezes por semana durante uma hora e meia, pela manhã, à tarde e à noite, sendo que para as pessoas que não podem assistir aulas em nenhum horário foi criado um grupo especial aos sábados pela manhã.
A Maison conta com cinco professores, sendo três deles franceses. Os cursos estão divididos em iniciante, básico e conversação e na aplicação das aulas são utilizados instrumentos de audiovisual, revistas e livros didáticos trazidos da França. A intenção maior da escola, segundo Diomida, é crescer em qualidade.

  FRANCISCO SANTOS NO PELOURINHO 
A força interior de Francisco Santos é notável e ganha relevo a cada investida sua no meio artístico. Seu nome não é estranho a muitos e não poucos admiram o traço e a cor com que revela o movimento da dança e a beleza das vestes do candomblé. Seu trabalho figurativo é bonito e é documental e o seu propósito de agora é mostrar as coisas que ainda estão cobertas no candomblé. O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia organizou a exposição de Francisco Santos porque reconhece o seu talento e porque o artista é ex-aluno do seu programa educacional. Foi no Setor de Treinamento e Produção Artesanal -Serpa, órgão do IPAC, onde Francisco aprendeu desenho e pintura. Seu Valor foi logo notado e em pouco tempo ele se tornava monitor da turma, recebia bolsa de estudo para o curso de xilogravura da Escola de Belas Artes, oferecida pelo IPAC, cuja confiança no artista fez com que o incluísse na equipe que restaurou a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Francisco nasceu na zona rural do município de Amélia Rodrigues, em 10 de outubro de 1955 e viveu na roça do pai até completar 10 anos. Filho do carpinteiro e lavrador José Bispo dos Santos e da bordadeira Maria Oliveira Bispo, Francisco tem oito irmãos e é o penúltimo filho do casal. Diz que seus primeiros desenhos foram feitos nas paredes da casa do pai. Tinha então sete anos. Ele chegou a Salvador em 1965, para viver com o irmão mais velho, Manoel, camelô que morava com a vendedora de churrasquinho Lourdes Ferreira, na Rua João de Deus, 20, no Maciel. Aqui sua força o encaminhou no sentido da educação.
Com a morte de seu pai, em 1967, a família toda veio morar na capital e Francisco voltou a viver junto com sua mãe numa pequena casa de Avenida na Rua Eudalto Silva Lima, 25-E, na Fazenda Grande do Retiro.

               EMMA VALLE EXPÕE EM ITABUNA

Com uma boa aceitação, vem sendo realizada pelo PACCE (Projeto de Atividades Culturais Cacau), em Itabuna, uma exposição de artista plástica Emma Valle, a qual permanecerá até o próximo dia 08 de outubro, no saguão do CCPC. A população tem demonstrado interesse em adquirir algumas obras de Emma.
Integram a exposição 41 trabalhos em guache, pastel, pintura a óleo (tela e Eucatex), além de gravuras coloridas em lápis cera e conchas de praia pintadas a óleo (em bico-de-pena). Um quadro medindo 1x60 por 1 metro, com moldura em homenagem à Cidade de Itabuna vem chamando atenção de todos os visitantes pela sua composição que mostra três fases da Bahia: a escravidão, colônia e contemporânea.
A artista Emma Valle é uma das participantes do IV Encontro Nacional de Artistas Plásticos do Rio de Janeiro, cuja seleção realizada em Salvador, no Solar do Unhão.
Além disso, integrou o I Encontro de Artes do Nordeste, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, no último mês de agosto.
Diversas doações tem sido feita dos seus trabalhos, a exemplo de uma gravura doada no último dia 04 deste mês para a Feira de Artes da Escola de Belas Artes da UFBa de onde foi aluna do Curso Livre, além de um outro quadro de pintura doado para o Encontro de Cores de Artes Plásticas.

BRASILEIROS INFLUENCIAM ARQUITETURA DA NIGÉRIA - 27 DE JULHO DE 1981-


JORNAL A TARDE, SALVADOR,   27 DE JULHO DE 1981

BRASILEIROS INFLUENCIAM ARQUITETURA DA NIGÉRIA

Na tentativa de mostrar a influência brasileira na arquitetura nigeriana, amanhã, ás 17:00h, no andar térreo da antiga Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, o Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa., abre a exposição de fotografias Da Senzala ao Sobrado, arquitetura brasileira na Nigéria e na República Popular do Benim.
A mostra consta de trinta e seis fotografias do etnólogo francês Pierre Verger, medindo 1m de altura por 1,20 de largura enfocando as diversas influências da arte arquitetônica brasileira em construções nigerianas em termos de arquitetura religiosa ou sacra, fúnebre e residencial.
Com relação a arquitetura religiosa as fotos mostram igrejas católicas com construções e acabamentos tipicamente luso-brasileiros.
A construção fúnebre apresenta imensos mausoléus trabalhados pertencentes a famílias nigerianas de descendência brasileira e a residência, inúmeros sobrados com varandas que atestam a riqueza e o poderio das famílias afro-brasileiras.
O material é parte integrante de um conjunto amplo de documentos coletados na Nigéria e na República Popular do Benim durante dois anos de pesquisas. Tal material servirá de base para estudos sobre a contribuição afro-cultural dos ex-escravos afro-brasileiros que, voltando á terra ancestral introduziram elementos da cultura brasileiras que lá se arraigaram a religião e a culinária baiana, danças dramáticos (O Bumba meu Boi e o Cavalo Marinho), e a arquitetura colonial. É nesta última que se concentra a exposição, documentando a implantação e a expansão da arquitetura brasileira na África Ocidental assim como as comunidades em quase originou.
As fotografias de grupos foram reproduzidas das coleções das famílias Anthonio, de Oshogbô, da Rocha Thomas, Mendes e Martins de Lagos, Fragoso-Alakija e Suberu de Idadan, bem como dos arquivos da Societé des Missions Africanes (SMA) de Roma, graças à colaboração do PE. N. Douau. As fotos de arquitetura são de Pierre Verger, do Centre National de La Recherche Scientifique, atualmente professor visitante na Universidade de Ifé que, com elas, colaborou na pesquisa de Marianno Carneiro da Cunha, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e Manuela Carneiro da Cunha, do Conjunto de Antropologia da Unicamp.
Desta exposição realizada aos noventa anos da abolição da escravidão no Brasil, participam o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP através da pesquisa realizada, a Divisão de Preservação do Departamento do Patrimônio Histórico, na sua organização e montagem e o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, cedendo o local para a sua apresentação.

COMUNIDADES BRASILEIRAS

Do começo do século XIX, após as revoltas as Bahia, e até o fim do século XIX deu-se um movimento de retorno de escravos libertos, africanos ou nascidos no Brasil, para terras da África Ocidental. Os de origem yorubá ou nagô, fon e gêgêmahi voltaram para as regiões que hoje constituem a Nigéria Ocidental e a República Popular do Benim (ex-Daomé). Estabeleceram-se principalmente nas cidades costeiras onde se localizavam os entrepostos comerciais europeus e aí formaram comunidades de artesãos e de comerciantes. Já nas gerações seguintes constituíam-se na primeira burguesia africana da África Ocidental.
Como comerciantes, esses brasileiros tentavam se apropriar do papel de intermediários com os mercados interioranos.Mantiveram também até o fim do século XIX, fortes laços comerciais com a Bahia. Importavam desde a carne seca e aguardente até móveis e carruagens do Brasil, e exportavam para a Bahia quantidades consideráveis de panos da costa, nozes de Kola, palha e sabão da costa.
Enquanto artesãos, levaram para a África Ocidental suas habilidades de carpinteiros, marceneiros, alfaiates, pedreiros e construtores.
Assim surgiram em Lagos, Uidá, Badagry e Ágüe bairros inteiros cuja arquitetura se inspirava diretamente da colonial brasileira. Como no Brasil, os sobrados atestavam a fortuna de seus proprietários.

SUCESSO

Hoje a chamada arquitetura brasileira predomina em toda a região yorubá do sudoeste da Nigéria, da República Popular do Benim e do Togo. Essa extraordinária expansão, que se iniciou no último quartel do século XIX,não se deveu apenas ao prestígio que essas casas conferiam a seus donos, enquanto símbolos de ocidentalização: por uma feliz convergência, o espaço da casa colonial de plano simétrico foi funcional para a conservação da organização social yorubá.
Esta se fundava em famílias poligâmicas, onde as várias esposas do chefe de família, seus filhos e suas noras cooperavam. Dipunham-se especialmente em unidades residenciais distribuídas em torno de um pátio, em torno do qual corria uma varanda, e que era o foco privilegiado da vida e do lazer comunitários. Esse udo do espaço perdurou na casa brasileira, através da valorização do corredor central, que passou a fazer as vezes a arquitetura brasileira se tenha colocado como uma etapa do próprio processo arquitetônico yorubá, ao qual veio prestar forma.

A PLASTICIDADE SENSUAL NA CRIAÇÃO DE DICINHO


Dicinho é um criador de visual que agrada olhos e espíritos, além de despertar as pessoas para a sensualidade.
Nesta sua segunda exposição em Salvador, são 25 quadros que mostram uma plasticidade com máscaras de mulheres, um cangaceiro e um astronauta, mais uma variedade de elementos inspirados em evidências da atualidade.
Não é sem razão que o título desta sua mostra é Namorados, Amantes, Amigos: a sensualidade das cores fica claro no trabalho de Dicinho, que passou muito tempo pesquisando a possibilidade de transformar o amarelo na cor de fundo predominante em quase todos os 25 quadros.
O artista esclarece: Trata-se de uma coleção fragmentada, ligada a acontecimentos do mundo, como voar em Asa Delta, por exemplo. A plasticidade do surf e do Wind Surf, dos patins e do próprio corpo nu das pessoas. Tudo isto induziu Dicinho a fazer de sua pintura uma coisa sensual.
A técnica de Dicinho é a peneira substituindo o areógrafo e envolvendo um treino que já dura seis anos, cujos efeitos proporcionam uma diversidade de visual que cerca, em figurativo e abstrato, o mineirismo, o dengo e a cor de praia, faz questão de observar o artista, que veio de Jequié, morou seis anos em São Paulo, onde fez cinco exposições, mas gosta de viver na Bahia.
Casou com Soninha, modelo fotográfico e professora de inglês, sua companheira que, lhe de um casal de filhos, Du e Carolina.
Simultaneamente à técnica antiga de peneirar as tintas, desenvolve algumas técnicas com bico-de-pena, spray, além de desenhar com a técnica de jato e pintar com tinta acrílica sobre acetato. Sua intenção é passar com a sua pintura, todas as coisas ligadas ao prazer, porque tem plasticidade sensual e cativante, com esta exposição que fica até o próximo dia 5, junto com as araras, no hall central do Hotel Meridien, Dicinho espera estar possibilitando um voo visual de Asa Delta como sensação primeira para o público. É ele quem arremata, falando da visão do artista diante do seu trabalho: "A feminilidade impera junto a masculinidade do sol, do cangaceiro e do astronauta."Vejam que vale a pena. As formas alongadas das personagens de seus quadros lembram Modiglianni.


COLETIVA- A Galeria Le Dome está com uma coletiva reunindo obras de Célia Maria Guimarães da Silva, Fransouder, José Francisco Pinheiro e Juraci Grisi. São cerca de trinta trabalhos, sendo que é a primeira vez que Célia Maria expõe.

MÁVIS- Há seis anos residindo em Salvador  a jovem Mávis Dill Kaipper realiza sua primeira individual na Galeria do Praiamar Hotel. Ela expõe 20 trabalhos e está disposta a continuar pintando, tendo inclusive abandonado um emprego para dedicar-se em tempo integral. A apresentação é do professor Carlos Eduardo da Rocha que afirma entre outras coisas que foi das que mais se destacava e muito cedo se afirmou como artista de apreciáveis recursos e criatividade.

LICURGO - Costumes e manifestações do povo brasileiro, especialmente negro, é o enfoque central da exposição de 25 trabalhos em óleo sobre tela que Licurgo está apresentando em Brasília Eucatextpo. Atualmente ele está preocupado com as manifestações populares. Retrato o povo sofrido do Nordeste, essa gente mais discriminada de todo o país.
Descrevo o menino sofrido e catador de detritos que pode virar um marginal (foto).

LEO KOCINAS- São Paulo Sociedade Anônima é o nome da exposição de fotografias que Leo Kocinas apresentará no Museu da Imagem e do Som até 23 de agosto. Natural de São Paulo e com 22 anos, Léo é um fotógrafo independente e membro da atual diretoria da União dos Fotógrafos do estado de São Paulo. Ele interrompeu os estudos do curso de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas no terceiro ano para se dedicar a fotografia.

CLUBE COMERCIAL- No próximo dia 21 de agosto será realizada a primeira exposição de artes promovida pelo Clube Comercial em sua sede na Avenida Sete de Setembro. Segundo seu presidente Theodomiro Baptista Filho, está sendo programado um atraente espetáculo artístico na data da abertura da mostra, que contará com trabalhos em porcelana, óleo, tapeçaria criados pelos sócios e amigos do clube.