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sábado, 23 de fevereiro de 2013

14 OBJETOS PRÉ-COLOMBIANOS EXPOSTOS NO MUSEU DE ARTE - 23 DE NOVEMBRO DE 1981

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  23 DE NOVEMBRO DE 1981

              14 OBJETOS PRÉ-COLOMBIANOS EXPOSTOS NO  MUSEU DE ARTE

Estas duas peças demonstram a importância das
culturas pré-colombianas
Quatorze objetos pré-colombianos das culturas Nazca, Chancay, Chimu e Mochica estão expostos até o próximo dia 6 de dezembro no Museu de Arte Moderna da Bahia (ainda está funcionando em sua sede velha na Avenida Joana Angélica) e estará aberto à visitação pública de terça a sexta-feiras no horário comercial e sábado e domingo a partir das 15 horas.
Esta é uma exposição que deve ser visitada especialmente pelos estudiosos de História e também por estudantes devido a sua conotação didática. Todos nós sabemos que as culturas pré-colombianas e notadamente as pré-incaicas despertaram grande interesse nos historiadores pela qualidade estética das obras de arte, encontradas nos grandes depósitos arqueológicos que foram sendo descobertos a partir do século XVI.
 Foi na Cordilheira dos Andes e na costa sul-americana do Pacífico que estas culturas se desenvolveram com intensidade e atingiram graus elevados de civilização conforme documentam ou atestam as peças ora expostas e as centenas delas existentes nos museus de todo o mundo, além da monumentalidade de sua arquitetura. Antes mesmo de Francisco Pizarro conquistar o Peru no século XVI e do Império Inca tornar-se respeitado e conhecido e até mesmo ter se expandido, as culturas pré-colombianas já tinham deixado o seu legado.
Objeto da cultura Mochica
Há vestígios arqueológicos que remontam ao oitavo milênio antes de Cristo. A cerâmica incipiente parece ter surgido no segundo milênio antes da era cristã. Os achados arqueológicos indicam que desde o século XII A.D., quando começa o chamado período da cerâmica formativa, se acelera um robusto desenvolvimento das técnicas de produção de utensílios e objetos de cerâmica, que chegaram inclusive a um alto grau de qualidade artística e a um padrão estético comparável aos mais elevados que se pode observar ao longo da história da arte. Tais culturas de desenvolveram tanto na região montanhosa, quanto na costa. Ocuparam desde a Colômbia ao Equador, ao Norte, até a região setentrional do Chile e o noroeste argentino, incluindo todo o Peru e o Altiplano Boliviano.
As culturas pré-incaicas apresentam sérias dificuldades para a reconstituição de sua história. Tanto a cronologia quanto os hábitos e costumes são pouco conhecidos, para o que a perda dos quipus e da capacidade de interpretá-los, agravando a inexistência da escrita convencional ou hieroglífica, parece ter contribuído decisivamente.
Dois objetos da cultura Nazca
A cerâmica, os tecidos, os metais, máxime, o ouro, mais que a prata e o bronze- a madeira e a pedra foram, ao longo do tempo e ao saber e capricho das sucessões culturais, os elementos trabalhados pelos artistas que se expressaram com a maior originalidade e beleza. A qualidade estética das manifestações artísticas dos povos pré-incaicos, vem sendo objeto do mais alto interesse antes europeu e agora também norte-americano e japonês seja dos museus, quanto de colecionadores, desde que Don Martinez de Compañon, bispo de Trujillo, enviou a Madrid, a bordo do La Moza, como presente a Carlos III em 1778, vinte e quatro caixões contendo valiosas obras de arte retiradas das ruínas de Chan-Chan, entre as quais se encontravam 600 exemplares de arte cerâmica, que foram destinados ao Gabinete de Antiguidade Del Rey.
N.R.Estas duas fotos coloridas mostram objetos das culturas Mochica e Nazca, como ilustrações. Eles não foram expostos nesta ocasião. ( Fotos Google)

                   ARTISTA BAIANO FIXOU AS IMAGENS DA VELHA EUROPA

Montpellier, na França
Acaba de retornar da Europa o artista plástico Esperidião Mattos. Enquanto passeava, o artista fixava no papel sua visão plástica das ruas centenárias de várias cidades europeias. Mattos é um dos últimos alunos do mestre Presciliano Silva. Ele é capaz de ficar horas em frente a um mural de azulejos numa igreja para captar o jogo de luz e sombra. Um trabalho paciente e quase esquecido, porque a arte reflete a civilização, e hoje, estamos vivendo um mundo caótico que tem pressa em busca da hecatombe. Esperidião está muito longe desta pressa. Com sua fala mansa e seu jeito carinhoso vai traçando o seu mundo mágico e agradável.
Tem traços inconfundíveis os quais somados, nos revelam a monumentalidade de outras épocas. É um excelente artista quando faz interiores. Ele fixou no papel uma imagem de Veneza. Contou a mim que estava dormindo quando foi abordado por um insistente barulho.
Vista de Veneza
Estando numa terra estranha levantou-se assustado e chegou à janela do quarto quando percebeu que era a água que batia nas paredes dos prédios e provocava aquele barulho que tanto o intrigava. Assim fixou Veneza, dormindo às quatro horas e trinta e seis minutos do dia 2 de agosto de 1981, que corresponde ao desenho em horizontal. Sim, porque o outro, é uma das muitas ruas tortuosas da cidade de Montpellier, na França.

                        NOVA GALERIA  DE ARTE NA CIDADE

A cidade ganha mais uma galeria. Trata-se da RAG - Galeria de Arte que está funcionando na Rua Direita de Santo Antônio, número 448 e está aberta ao público no horário comercial e à noite até ás 22 horas. O nome já identifica seu proprietário que é o Roberto Araújo, aquele mesmo que abriu uma galeria na Boca do Rio, o qual teve que fechá-la por problemas particulares. O Rag como o chamam artistas e amigos é um ser humano indiscritível, o qual ajudou  a muitos artistas mas devido a sua boa índole terminou enfrentando também algumas dificuldades operacionais. Mas, agora ele retorna, mais maduro e disposto a ganhar espaço no mercado de arte. Portanto seus amigos e os artistas aos quais ele tanto ajudou precisam procurá-lo para incentivá-lo. A exposição que está realizando é do acervo da antiga galeria e tem importantes trabalhos de Antoneto, Edmundo Simas, João Prates, Jenner, Odete Valente, Juarez Paraíso, Washington Sales, Tino Oliveira, Hansen Bahia, Joel Estácio, Edvaldo Assis, M. Valença, Réscala, Quitanilha, José Artur, Joselito Duque e muito outros. Na foto um quadro de Calixto Sales, integrante da mostra.

                                                           A BIENAL AINDA VIVE

(A.E.) - "A Bienal de São Paulo está morta. Esse tipo de exposição não tem mais sentido. Com raríssimas exceções, nas últimas edições, a Bienal não apresentou nada de bom ou de novo nas artes plásticas, etc. etc.
Críticas como essas à Bienal nesta sua última fase, principalmente depois do afastamento de Cicílio Matarazzo, o grande propulsor e incentivador dessa mostra (e que, depois do afastamento voluntário, viria a falecer), que cada dois anos agita o mundo das artes plásticas, partem de todos os lados.
E só pelo volume dessas críticas, a Bienal está cada, vez mais justificada, pois ocupa espaços enormes em todos os veículos de comunicação brasileiros, dando aos críticos uma oportunidade de aparecer mais, bem como a vários artistas a chance do protesto.
Existem posições filosóficas contra a realização da Bienal, como as de Wesley Duke Lee, um artista plástico brasileiro de reconhecida importância, que considera a Bienal prejudicial aos artistas nacionais, de quem estaria tirando um espaço importante, desviando a atenção do público num momento em que nossos artistas precisam dele e, o que é pior, sem trazer uma contribuição afetiva à arte brasileria.
Se os artistas brasileiros vão à Europa ou aos Estados Unidos e vêem lá algumas das obras das novas tendências, justifica Wesley, é diferente, porque lá eles estariam vendo as obras dentro de seu próprio contexto e assimilando as tendências da forma correta.
Aqui, na Bienal, essa validade seria muito discutível.Argumentos inteligentes, como se vê, mas que só reforçam a tese de que a Bienal é válida, justamente porque põe em discussão as artes plásticas, fazendo com que muita gente, que jamais se interessou por esse assunto, passe a descobrir a arte como forma de expressão.
Quando mais não seja, as milhares de pessoas que passam pelo pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, muitas delas entrando pela primeira vez numa exposição, estão recebendo alguma informação artística.
E isso é interessante, também para os nossos artistas plásticos.E, além disso, há um dos mais importantes pintores vivos, um representante da escola Surrealista, mas de cunho muito próprio, pessoal, que é louvada no mundo inteiro e está bem representada na Bienal. Aos 84 anos, esse mestre tem muito a ensinar, e, só por ele, a Bienal merece ser vista.
Mas não é só ele. Em meio a muitos equívocos e coisas sem importância, a Bienal de São Paulo ainda pode ser uma boa fonte de prazer estético e isso, apesar das críticas, prova que ele ainda está viva."
(Pedro Autran Ribeiro)

                                JISÉLIA  CARVALHO EXPONDO NO MAMB

Uma seqüência de um diário serigráfico, a foto/realidade impressa a cores, o desenho alterando rumos e definições. As pessoas, os locais, a paisagem, tudo como extensão do próprio corpo, assim é a exposição que a artista plástica Jisélia Carvalho apresenta no Museu de Arte Moderna, Solar do Unhão, ás 21 horas.
Paulista, atualmente morando em Nova Iorque, Jisélia declara-se uma artista em residência. Isto porque em cada local, cada cidade onde reside, reside em meio ao trabalho. Nos Estados Unidos leva a serigrafia às comunidades de bairro,onde intercala sua própria produção das pessoas: Todo mundo é artista, diz ela referindo-se à capacidade inata de as pessoas criarem.
Fotos, desenhos sobre fotos e serigrafia, são cerca de 43 trabalhos expostos no MAMB. Um trabalho artesanal, que descarta a sofisticação em favor da criatividade e das possibilidades concretas de execução da obra. Para confirmar este seu esquema de trabalho, Jisélia, além da exposição no Solar do Unhão realiza também uma oficina de serigrafia. Paralela à mostra, a artista recebe alunos num curso para trocar informações técnicas e criativas. A mostra vai até o fim de novembro.

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