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Os artistas José Henrique e Luiz Cláudio no seu Estúdio 391, no bairro da Pituba, Salvador. |
Estive
visitando o Stúdio 391 que fica localizado na Avenida Manoel Dias da Silva, no
bairro da Pituba, em Salvador, onde os artistas Luiz Claudio Campos e José
Henrique Barreto têm seu ateliê. É um prédio de dois pavimentos que foi todo
reformado e o espaço está sendo transformado num centro cultural para
realização de eventos e será construído um café bistrô. Tudo funcionará com agendamento,
inclusive como eles trabalham com antiguidades e objetos de reuso a dupla de
artistas têm uma relação profissional com muitos arquitetos e decoradores que
ali encontram uma infinidade de objetos e obras de arte como telas, imagens,
cerâmicas, porcelanas, prataria, móveis etc. Eles informaram que têm o imóvel há mais de
trinta anos, era uma casa antiga e que foi reformada e transformada em dois
grandes salões adaptados para funcionar como um estúdio e centro
cultural. O trabalho de arte desenvolvido pela dupla de artistas já é
conhecido no mercado de arte baiano e no meio artístico e cultural porque eles
já fizeram várias exposições, participaram de coletivas e de algumas edições
da Bienal do Recôncavo e sempre estão presentes em movimentos
ligados à cultura. Trabalham juntos desde 2000, embora cada um desenvolva um
estilo de pintura diferenciada. O Luiz Claudio tem uma pintura mais
descontraída, contemporânea, e o José Henrique uma pintura realista, mais
ligada à fotografia. Eles unem as suas habilidades diferenciadas e constroem
uma arte conceitual de grande impacto visual e criativo.
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Super-Sagrado : técnica mista, plotagem sobre madeira e luz. |
Diria que o trabalho que
desenvolvem com muita competência e sintonia é fruto de um amadurecimento
profissional e pessoal, além da cumplicidade porque às vezes no meio artístico
encontramos muita manifestação do ego. Para trabalhar juntos é preciso deixar o
ego de lado e dar as mãos, esquecer os caprichos, vaidades e outras posturas
que costumam estar presentes entre aqueles que trabalham criando. E a dupla
embora tenha formação profissional diferenciada eles se entendem e tocam a vida
em harmonia. O Luiz Claudio Campos é graduado em Licenciatura de Desenho e
Plástica, pela Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. Já o
José Henrique Barreto é Graduado em Medicina, pela Escola de Medicina Saúde
Pública da Bahia e Mestre em Artes Visuais, pela EBA. Um é professor de arte e
o outro é médico oncologista pediátrico. O que os une é a sensibilidade e o
amor pela arte que escolheram para expressar seus sentimentos mais nobres. na
conversa que tivemos o José Henrique disse que "trabalhamos juntos explorando
a brasilidade, as relíquias e objetos variados de reuso". Eles têm
realmente visões aguçadas em buscar e selecionar objetos quer seja num leilão,
num brechó, numa loja de antiguidades ou até mesmo numa praia, na rua e em
outros locais onde possam encontrá-los.
AS BONECAS
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José Henrique Barreto com pinturas de sua autoria . Seu pai quando criança e de uma boneca de sua coleção. |
A dupla possui uma coleção
de bonecas antigas feitas de massa, que é um trabalho quase artesanal as quais
são utilizadas como modelos para José Henrique Barreto fotografar e trabalhar
em suas pinturas realistas, e como elementos em suas instalações e outras
manifestações artísticas conceituais. Eles contam que a primeira boneca da
coleção foi comprada através da internet. Confesso que fui olhar na internet e
constatei que realmente existe um comércio forte de bonecas de todos os tipos e
devem existir muitos colecionadores por este Brasil afora. Tem bonecas que
custam mais de 1 mil reais. As bonecas antigas de massa que a dupla
costuma adquirir e ganhar são da década de 40. Mas, eles costumam até encontrar
na praia bonecas danificadas, não tão antigas, mas que trazem marcas do tempo e
do abandono que depois foram relegadas, e em outros locais, recolhem e trazem
para o Stúdio 391.
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Luiz Cláudio Campos ao lado de uma pintura onde mostra sua arte voltada para a contemporaneidade. |
Antes da popularização do
telefone celular as meninas ganhavam e brincavam mais com as bonecas . Surgiam muitos modelos a cada Natal. Atualmente existem bonecas que são tão parecidas com o ser humano
que nós adultos somos instados a apertar os bracinhos ou mesmo suas
bochechas. As bonecas são representações de um ser humano e segundo os
estudiosos contribuem por meio do ato de brincar para o desenvolvimento
emocional das crianças em relação a elas próprias e aos coleguinhas. Para a pediatra
Luiza Menezes, também autora do livro “Livres brincar” e produtora de conteúdo
no perfil “Infâncias fora da caixa”, brincar de boneca se relaciona com o
que a criança vê ou não na sociedade. “A boneca pode ser um instrumento para
gerar mais autoconfiança, porque a criança se reconhece ali. Ou, ainda, para
praticar empatia ao brincar com uma boneca diferente de si”. Também
existem crianças e até adultos que têm medo de bonecas que representam crianças e constitui até uma doença
chamada de pedofobia que segundo o dicionário "é o
medo de bonecas injustificado, irracional e persistente. É uma fobia específica
pertencente à categoria de automatonofobia - medo específico causado por figuras semelhantes a humanos. Conheço duas pessoas que têm
medo de palhaços, que também é uma doença e chama-se coulrofobia e que
geralmente acontece com crianças de 2 a 7 anos de idade. A dupla fez uma
exposição com as bonecas e pinturas de José Henrique na Galeria Objetos do
Olhar, que fica na Rua Augusta, em São Paulo, e que foi muito bem visitada e
avaliada.
OS ARTISTAS
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"O Santo e a Devoção", caixas com imagens de santos e fotos 3 x 4 dos seus devotos. |
O Luís Cláudio Ferreira Campos é natural de Ilhéus,
Bahia onde nasceu em 1960 e é graduado em Licenciatura em Desenho e Plástica
pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, em 1990, e em 1999
fez a Pós-graduação em Arte Contemporânea no Centro Nacional de Estudos de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão e o mestrado em Artes Visuais pelo PPGAV/EBA/UFBA no ano de
2009, logo após adotou o nome artístico de Luiz Cláudio Campos. Já fez inúmeras
curadorias de exposições de artistas e tem textos publicados. Tem obras nos
acervos de alguns museus como o Museu de Arte Moderna da Bahia, no Museu
Regional de Vitória da Conquista, Bahia; no Museu do Presépio, na Sagrada Família,
em Salvador, no Museu de Arte Contemporânea de Senhor do Bonfim, Bahia, e em
outros centros culturais. Já o José Henrique Silva Barreto, é natural de
Salvador, graduou-se em 1983 na Escola de Medicina e Saúde Pública da Bahia e
se especializou em Oncologia no ano de 1986 pela Sociedade de Oncologia da
Bahia Ltda e pelo Hospital Martagão Gesteira, em Salvador. Também é Mestre em
Saúde Coletiva pelo Instituto da Coletiva da Universidade Federal da Bahia. E
em seguida fez o doutorado pelo PPGMS/UFBA, em 2010.
REFERÊNCIAS
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"Escapulários", de José Henrique Barreto.Técnica mista com metal (enxadas),corda, luz e sombra, de2008. |
Escrevendo sobre a exposição que a dupla de artistas , em 2008 a crítica de arte Matilde Matos, já falecida, disse; "Nessa exposição A Voz do Povo é a Voz de Deus que o Centro Cultural dos Correios apresenta, Luiz Claúdio Campos e José Henrique Barreto unificam a pureza da fé às crendices do nosso povo , de modo irretórquível e surpreendente.Recorrendo à fotografia e montagens fotográficas , alguma intura, frases escritas e objetos de cera, lançam mão do ready-made de caixas , tampas de tonéis, enxadas, lâmpadas, santinhos diminutos, não gratuitamente, mas trabalhando com ou sobre eles, sabendo tirar efeitos inusitados da transparência das peles de carneiro, suporte da pintura que sob a luz ganha sombras admitáveis,na sala dos ex-votos. com igual desenvoltura, jogam com o vaziona pintura da cruz sem o Cristo, e o do Santo Antônio no seu nicho, e dos santos que se destacam na instalação das trezes caixas recobertas de fotos dos seus fiéis, escolhidos pela devoção."
O também crítico e artista plástico César Romero disse que "Cada artista tem seu modo particular. Dividir com o outro a experiência criativa é uma tarefa que exige cumplicidade, renúncia, observação aguda do que aproxima ou afasta, relação do abdicar e somar, tomando o produto final obrado Self e não no Ego. Os egóicos não partilham. Partilhar é conectar-se com o centro interno do outro, unificando emoção e razão em comunhão com o cosmo. ..... E em outros parágrafos da sua escrita diz o Cesar Romero "A confrontação entre ideias ,linguagens em efeitos de luz e sombras, resultam em instalações como O Santo ea de Promessas, Super Sagrado e as individuais Caixas de Luz ( LCC) e Escapulários (JHB). O ser humano, em sua escaladas na vida, adentra o espiritual, a transcendência e a inspiração com o divino. O Sagrado é revelação, o milagre está em cada um de nós, com as mais diferentes crenças e destinos".
EXPOSIÇÕES
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"Sala dos Milagres", de Luiz Cláudio Campos. Técnica mista com madeira, couro, luz e sombra, de 2008. |
Participaram de vários salões e antes do ano 2000 cada um deles realizou algumas exposições individualmente. Vejamos : 2005- “Ainda
Pulsa...” - III Salão Nacional de Artes Plásticas de Curvelo, Minas Gerais
(dezembro/ 2004); “O Santo e a Devoção” - 12o Salão da Bahia, Salvador, BA
; 2006 - O Dom da Vida – Salão da Fundação Cultural do Estado da Bahia,
Valença, BA ; 2006 - Martírio - autos de Fé - Salão da Fundação
Cultural do Estado da Bahia, Valença, BA ; 2006 ; “Rogai por nós” -
Salão da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Alagoinhas, BA ; 2006
- Corações - Salão da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Alagoinhas, BA
;2006 - Vox Populi, Vox Dei - VIII Bienal do Recôncavo, São Félix, BA ;2006
- Pagadores de Promessas – 13o Salão da Bahia, Salvador, BA ; 2008
- Super-Sagrado – IX Bienal do Recôncavo, São Félix, BA ;2008 - Água
Santa – IX Bienal do Recôncavo, São Félix, BA ;2010 - Larôye – X
Bienal do Recôncavo, São Félix, BA ;2012 - Coração de Vidro – XI
Bienal do Recôncavo, São Félix, BA .PRÊMIOS: Em 2006 nos Salões
Regionais de Artes Plásticas da Bahia / Fundação Cultural – Alagoinhas, Bahia
(Prêmio Fundação cultural do Estado da Bahia). Também em 2006 na VIII
Bienal do Recôncavo / Centro Cultural Dannemann – São Félix, Bahia -Prêmio
Aquisição; em 2007 foi selecionado através de edital público para expor na
Caixa Cultural em Salvador. Em 2008 foi Menção Especial na IX Bienal do
Recôncavo / Centro Cultural Dannemann – São Félix, Bahia; em 2008 - selecionado
para expor no Centro Cultural dos Correios, em Salvador e finalmente em 2015 no
Museu Universitário da Arte da Universidade Federal de Uberlândia,ambos através
de editais públicos.
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"Cédulas", fotografia modificada com imagens de santos. Eles mostram a relação do profano e do religioso com o dinheiro como forma de pagamento ou agradecimento.
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Suas principais exposições
foram: 1. O Avesso da Pele. Museu de Arte da Bahia
– MAB,
Salvador, BA, 2017; 2. Doce de Santo – Exposição processual e
itinerante de um coletivo de artistas. Museu de Arte Moderna -MAM, Salvador, BA
(2017); 3. Corações sem tórax ou abrigos efêmeros. Galeria B.
Arte, Salvador, BA (2015); 4. Doce de Santo – Exposição
processual e itinerante de um coletivo de artistas. MUnA –
Universidade Federal de Uberlândia, MG (2015); 5. Coleção Matilde
Matos. Palacete das Artes. Salvador, Bahia (2014); 6. 50 Anos
de Arte Na Bahia. Uma homenagem à Matilde Matos - Caixa Cultural Salvador,
Salvador, Bahia (2013); 7. Salvador-Paris - Galeria
da Aliança Francesa, Salvador, Bahia (2013); 8. Sacres-Cöeurs –
Galeria da Aliança Francesa, Salvador, Bahia (2012); 9. Mostra
Internacional de Gravura Imprima, 2012 – Sobral, CE
(2012); 10. Circuito das Artes / Museu Rodin - Salvador,
Bahia (2012); 11. Entre Amigos – Foyer da Biblioteca
Pública do Estado da Bahia,
Salvador, BA (2012); 12. X Bienal do
Recôncavo / Centro Cultural Dannemann – São Félix, BA. Larôye (2010); 13. Doce
de Santo – Galeria ACBEU. Salvador, Bahia (2010); 14. Rememoráveis –
Museu de Arte Sacra da UFBA. Salvador, Bahia (2009); 15. IX Bienal
do Recôncavo / Centro Cultural Dannemann – São Félix, BA.
Super-Sagrado (2008); Água Santa (2008); 16. A Voz do Povo é a Voz
de Deus – Centro Cultural Correios, Salvador, BA (2008); 17. Long
Trip for Beautiful Global Village – The Korea-International
Association for Pure Formative Arts. Galeria Cañizares, Salvador, BA (2008);
18. Afetos Roubados no Tempo - Fundação Espaço Cultural da
Paraíba, João Pessoa, PB (2008); 19. Corredor das Artes –
Instituto Goethe, Salvador, BA (2007); 20. Matéria Presente –
Galeria Cañizares, Salvador, BA (2007) 21. Relíquias do Cotidiano –
Caixa Cultural Salvador, Salvador, BA (2007); 22. VIII Bienal do
Recôncavo, São Félix, BA. Vox Populi Vox Dei (2006); 23. Ruínas
Frateli Vita – Processos Criativos. Fratelli Vita, Salvador, BA
(2006); 24. 13o Salão da Bahia. Salvador, BA. Pagadores
de Promessas (2006); 25. Salão Regional da FUNCEB. Alagoinhas,
BA - “Rogai por nós” (2006), Corações (2006) -; 26. Salão Regional
da FUNCEB. Valença, BA - O Dom da Vida (2006); Martírio – Autos de Fé
(2006) ; 27. Mirabile Visu – Galeria ACBEU. Salvador, BA.
(2006); 28. Afetos Roubados no Tempo – Galeria ICBA.
Salvador, BA (2005); Maceió, AL (2006); Recife, PE (2006); São Paulo, SP
(2006);29. 12º Salão da Bahia. Salvador, BA. O Santo e a Devoção
(2005); 30. Art for Today – Galeria ACBEU. Salvador, BA
(2005); 31. Corpus Solus – Galeria EBEC Pituba. Salvador,
BA (2005); 32. O Mimetismo na Arte – Galeria EBEC Pituba.
Salvador, BA (2005); 33. III Salão Nacional de Artes Plásticas de
Curvelo. MG. Ainda Pulsa (2004); 34. Arte em Revezamento –
III Etapa. Galeria EBEC, Salvador, BA (2004); 35. Mutualismo em
uma produção de esculturas – Instalação Biblioteca Central do Estado
da Bahia, Salvador, BA (1999); 36. Arte e Natureza –
Ecodramas 98 - Galeria Cañizares – EBA - UFBA, Salvador, BA (1998); 37. Em
Busca da Forma
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Instalação de garrafas com imagens de santos e pinga. Foi apresentada numa das versões da Bienal do Recôncavo, e causou polêmica. |
- Galeria Solar Ferrão do IPAC, Salvador, BA
(1997); 38. Papel - Uma obra de Arte - Galeria ACBEU,
Salvador, BA (1993); 39. Objetos de Papel Marché e Papel
Artesanal - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -
Museu Regional de Vitória da Conquista, Vitória da (1992); BA BA(1992); 40. Fórum Bahia na ECO 92 - Rio ECO
92, Rio de Janeiro, RJ (1992); 41. Índio Através da Arte -
Galeria Cañizares – EBA/UFBA, Salvador, BA (1992); 42. Xilogravura
em Papel Artesanal - Galeria do Banco do Brasil – Barra Avenida,
Salvador, BA (1992).