ARTES VISUAIS Reynivaldo Brito

Este blog se propõe a divulgar o movimento de artes visuais na Bahia, no país, e o que acontecer de significativo no exterior.Também resgatará matérias e críticas que escrevi durante mais de três décadas. Espero contar com a participação de artistas, galeristas e promotores de eventos de artes visuais informando de exposições e outros eventos. Contato britoreynivaldo@gmail.com Se você quiser trocar sua foto por uma colorida é só enviar por e-mail.

Translate

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

MAIS UMA CRISE ABALA O MAM - BAHIA

Localizado num majestoso sítio, que é o
Solar do Unhão, o MAM-Ba vem enfrentando
uma série de crises e má gestões.
Mais uma crise se abate sobre o Museu de Arte Moderna da Bahia, que está acéfalo sem direção. Uma série sucessivas de crises vem contribuindo para que esta relevante instituição e espaço para os artistas baianos venha perdendo sua importância. Tudo isto é resultado  de uma política cultural retrógrada que se abateu sobre a Bahia nos últimos vinte anos. Lembro que numa determinada gestão sumiu o Livro de Tombo, onde deveriam estar registradas todas as obras do acervo; acabaram com o Centro de Cultura Popular, que funcionava num galpão do conjunto arquitetônico do Solar do Unhão, cujo acervo foi organizado por Lina Bo Bardi; noutra gestão nem papel tinha para fazer um ofício; o pier permaneceu interditado por anos; fecharam o restaurante; realizaram bailes carnavalescos em seu pátio e uma reforma do sistema elétrico levou anos,nem sei se já concluiram. Enfim, o Mam quase sempre foi e continua sendo maltratado por governos e gestores colocados lá politicamente. Não basta gostar de arte, ser artista , crítico de arte ou museólogo.É  preciso saber se o diretor é um bom gestor, se tem capacidade de gerir, de atrair colaboradores e público com suas ações para inserir o museu envolvendo os artistas baianos.
A bela escada idealizada por Lina Bo Bardi
foi inspirada no carro de bois. Não tem
pregos, tudo é encaixado.

Antes o MAM-Bahia era vinculado diretamente à  Fundação Cultural da Bahia. Hoje, juntamente com os demais 11 museus está vinculado ao IPAC , que não tem qualquer expertise como gestor ou coordenador de museus. Este órgão já mostra total incapacidade de cuidar do nosso Patrimônio Histórico ,Artístico e Cultural que está visivelmente caindo aos pedaços. Centenas de casarões do Centro Histórico e seu entorno  estão em péssimas condições, e para complicar transferiram para o IPAC a coordenação dos museus. 

O museu chegou a atrair quase 200 mil pessoas por ano para sua sala de cinema, sua galeria ao ar livre, além da galeria na capela e os dois salões principais. Era um museu-escola respeitável e ajudou na formação de muitos artistas que estão ai no mercado de arte. Mesmo antes de fechar suas oficinas já mostravam fraqueza por falta de gestão, incentivos e verbas. Mas, na verdade o museu nunca integrou e prestigiou os artistas baianos depois da sua primeira década de fundado. Sempre teve um olhar para fora e não conseguiu criar um pertencimento, uma relação forte com a grande maioria dos artistas baianos. Sempre pequenos grupos foram beneficiados e conduziram o seu destino ajudados por gestores incompetentes.

As Oficinas de arte sempre interrompidas.
Fundado em 1960 pela arquiteta Lina Bo Bardi que a convite do então governador  Juracy Magalhães  foi convidada para criar um museu-escola, trazendo sua experiência após a construção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, juntamente com seu esposo Pietro Maria Bardi.Inicialmente o museu foi instalado no foyer do Teatro Castro Alves , e já em 1963 foi definitivamente transferido para o conjunto arquitetônico do Solar do Unhão, datado do século XVIII. O casal tinha esta concepção de um museu escola em movimento dai a realização de cursos e estratégias para a construção de público e abrir o museu para a comunidade.  Expõe na Exposição Nordeste  no Ibirapuera, em São Paulo ,várias peças coletadas em várias regiões do Nordeste Brasileiro como em Pernambuco,Ceará, Bahia , dentre outros estados. Foi dai que surgiu a oportunidade dela vir criar o MAM aqui. Estas peças iriam  participar de uma exposição numa feira de designe em Milão, na Itália, mas houveram uns contratempos  e ficaram encaixotadas por anos no porão do MASP.

Lembra o artista Justino Marinho que " a direção do MASP ,onde as peças estavam num porão , conseguiu que o Governo da Bahia através do Diretor da Fundação Cultural, Geraldo Machado trouxesse as peças. Durante muitos anos estas peças ficaram encaixotadas num depósito da entidade e muitas se perderam. A  maioria foi restaurada pela museóloga Mary do Rio e estão expostas no Museu do Solar do Ferrão."

Peças de cerâmica nordestina. Ilustração do
Museu do Ferrão.
A arquiteta italiana conseguiu imprimir muitas atividades e o MAM era realmente um centro vivo de cultura com várias exposições importantes e formando um acervo considerável com obras de grandes artistas. Ela inclusive fez algumas viagens ao interior do Nordeste documentando e adquirindo peças do artesanato popular que foram expostos em São Paulo durante a V Bienal Internacional . Depois as peças vieram para o MAM, e ela  montou num galpão do mesmo conjunto arquitetônico o Centro  de Cultura Popular com inúmeras peças utilitárias e até mesmo do vestuário nordestino coletadas nos anos 50 e 60. Sua origem foi a coleção de Martim Gonçalves, que dirigiu a Escola de Teatro da Ufba, e posteriormente ampliado por Lina . Com seu olhar atento ela conseguiu reunir um acervo considerável deste material com peças utilitárias e figurativas,carrancas,ex-votos,imaginária, esculturas em cerâmica, fifós, panelas de barro,brinquedos,dentre outros. Fez uma pesquisa de caráter etnográfico. No início deste ano as peças reapareceram, e estão agora em exposição permanente no Solar do Ferrão.

Museu Escola Comunidade o seu programa cultural foi diversificado com cursos de artes plásticas, xilogravura , litogravura, serigrafia,escultura em madeira, cerâmica, na opinião de Juarez Paraíso. Os alunos tinham assistência individual sem interferir no criativo de cada um.  De 1980 a 1988 segundo ele não houve até que chega a Solange Farkas, de São Paulo,  e fecha as oficinas e acabou com o único salão de artes plásticas que tinha e que fora criado pelo ex-diretor Heitor Reis. 

As oficinas voltaram tempos depois, porém nunca mais tiveram aquele caráter criativo e educativo , e não atriaram tantos talentos como na sua primeira fase. Hoje, estão fechadas como também o próprio museu.

                                                   MOVIMENTO

Pátio do Solar do Ferrão, usado para 
apresentações musicais , teatrais e exposições
ao ar livre.
Cheguei a enviar várias mensagens para os artistas baianos no sentido de nos movimentarmos com vistas a abertura e revitalização do Museu de Arte Moderna da Bahia . É inadmissível que o MAM fique fechado .Acho que tem que ser um movimento em prol do museu que vem sofrendo nas últimas décadas um esvaziamento e  descaso do Governo. Este movimento deve ser  apartidário,  e o seu objetivo  deveria ser  o fortalecimento do MAM e a volta de suas oficinas, que tantos talentos incentivou. 

A pandemia não é motivo para esta leniência dos responsáveis pela produção das artes visuais em nosso Estado. Entendo que todos nós temos responsabilidades para com esta instituição e podemos através de ações , divulgação e critica a este descaso conseguir a sua abertura , e principalmente exigir a sua revitalização. Não adianta só abrir e ficar na letargia que vem há quase duas décadas.

As reações e respostas foram diversas. Uns alegaram a dificuldade de uma ação devido a pandemia, outros que tinham solicitações junto à Secretaria de Cultura e isto poderia prejudicá-los, outros que o museu sempre esteve distante dos artistas baianos e que beneficia apenas grupos específicos. Alguns mais afoitos falaram em ocupação . Enfim, a ideia está posta. Não quero liderar nada. Quero participar, ajudar . Falei que no primeiro momento criaríamos uma comissão e marcaríamos uma entrevista denunciando o absurdo; faríamos um documento assinado por um grande número de artistas , e a terceira etapa seria uma manifestação na frente do Solar do Unhão denunciando o descaso para com o MAM.






Postado por BLOG DO REYNIVALDO às segunda-feira, dezembro 21, 2020 9 comentários:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

ALBERTO VALENÇA UM MESTRE DA PINTURA BAIANA


Nunca é demais para se falar e enaltecer um grande artista. Àqueles que nos brindaram com sua sensibilidade e sua arte merecem sempre ser lembrados, e é com muita alegria que vejo a professora Vera Spínola escrever um livro dedicado ao pintor  Alberto Valença, um dos mais respeitados e reconhecidos mestres da pintura baiana. Se vivo estivesse estaria completando 131 anos . Chamado de "O Poeta das Cores" e "Mago dos Acadêmicos Baianos"  Alberto Valença foi discípulo de Manuel Lopes Rodrigues. Introspectivo e exigente no seu ofício foi contemporâneo dos mestres Presciliano Silva e Mendonça Filho.
Ao lado seu autorretrato pintado em 1942 com 48cm x 40cm. Nesta obra tem uma dedicatória dele para seu filho Antônio Alberto Valença como se o autorretrato foi pintado em 1922, mas a data certa é 1942.

Vera Spinola e seu esposo o
Antônio Alberto Valença.
Nasceu na cidade de Alagoinhas em 7 de junho de 1890 e foi batizado com o nome de Alberto de Aguiar Pires Valença . Para escrever o seu livro Conversando com a  Pintura de Alberto Valença - Um Romance Biográfico a professora Vera Spínola percorreu um longo caminho partindo da intimidade de sua casa, onde importantes obras de Alberto Valença estão nas suas paredes presenciando o dia a dia da autora e a convivência como o único filho homem do pintor o economista Antônio Alberto Valença. Portanto, além das suas pesquisas em museus, institutos culturais e fontes bibliográficas ela dispôs  em sua própria casa de uma fonte primária de importância relevante que é o filho do homenageado , seu esposo.

Breviário - Sacristia do Convento de
São Francisco,1929 com 65 x 55 cm
O pintor Alberto Valença era considerado muito meticuloso e consta que mandou queimar em momentos diferentes várias obras que fez e não gostou. Este rigor  carregou por toda a vida e isto talvez tenha influenciado em não ser mais conhecido como deveria entre o grande público. Aos 35 anos de idade ganhou o Prêmio Caminhoá e foi estudar na França na famosa Academia Julian, onde manteve contatos com grandes mestres do impressionismo e do expressionismo francês e de outros países que lá ensinavam e estudavam. Passou uma temporada na cidade de Concarneau, na região da Bretanha, onde pintou a paisagem e também moradores , especialmente pescadores .

 Não era muito chegado a trabalhar em atelier. Gostava de pegar seu material de pintura e se postar diante da natureza para captar a luz e os elementos que compunham determinada paisagem. Muitas vezes voltava no mesmo horário para continuar a sua obra. E, se lá chegasse o tempo estivesse muito diferente do dia anterior ele voltava para casa e retornava ao local no dia seguinte. Gostava de pintar pela manhã e quando o tempo esquentava muito suspendia seu trabalho. 

Retrato d. Ana 
Cerqueira Lima,
de 1932
.
 Quando fazia retratos, pois ele foi um grande retratista, os seus retratados passavam muito tempo posando para que ele pudesse captar toda a expressão. Não gostava de pintar olhando a foto do retratado. Tem um episódio que ocorreu quando ele pintava d. Romana Calmon, , mãe do saudoso jornalista Jorge Calmon . Ela cansou de tanto posar para o pintor. Ai combinaram que ele  terminaria o rosto, e o traje seria  pintado olhando uma fotografia. Dizem que ele não teria ficado confortável com esta opção. 

Em 1925  faz sua segunda exposição individual em Salvador e ganha o prêmio para ir estudar na França, na famosa Academia Julian. No ano seguinte vai para a região da Bretanha , onde , segundo o saudoso professor Clarival do Prado Valadares, realiza inúmeros estudos , manchas e telas , sobretudo em Concarneau, Finistère ,Pont-Aven e outras localidades, entre pinturas ao ar livre e retratos de modelos locais.  Já em 1928 chega a Salvador e retornar suas idas de bonde para pintar as paisagens baianas. Sua produção passa anos depois a ser comercializada através a Galeria Georges Petit, que ficava na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Isto no ano de 1932 quando participa do Salão Nacional de Belas Artes e apresentou um único 

Paisagem Manhã na Praia de Ubarana, Amaralina -
 1920- Acervo Museu Nacional de Belas Artes , R
J
 trabalho o retrato de d. Ana Cerqueira Lima, que era esposa do almirante Cerqueira Lima que construiu os faróis que orientam os navegadores na Baía de Todos os Santos.  Inscreveu este trabalho no segundo prêmio e obteve a premiação Medalha de Prata. Talvez se tivesse inscrito para concorrer ao primeiro prêmio, poderia ter conquistado.Com o falecimento de sua esposa Lectícia aos 34 anos ele fica muito abalado . Porém continuou pintando e foi ensinar na Escola de Belas Artes .Lembra Vera Spinola que em 1949 ele participou do 1º Salão Baiano de Belas Artes quando ganhou a Medalha de Ouro  com a tela Retrato de Dona Ana , neste mesmo salão a pintora Lygia Sampaio foi premiada também. Casou aos 48 anos de idade com Lecticia Machado ,de apenas 28 anos de idade que era sua aluna na Escola de Belas Artes. Aos 55 anos estava viúvo e com um filho o Antônio Alberto Valença , esposo de Vera Spinola, autora do livro que será lançado no Museu de Arte da Bahia, com uma exposição ainda a ser anunciada. Dai em diante assumiu uma postura ainda mais introspectiva, andava sempre com roupas escuras . Tem um segundo relacionamento com a jovem Joana Amélia  nascendo em 1951 Maria Amélia Valença.

Por do sol do convento do Desterro, 1929-1930 - 
Acervo Museu Costa Pinto.
Ele costumava pegar o bonde dos Aflitos,onde morava,  e seguia para a península itapagipana porque gostava de pintar as paisagens, a praia do Bogari e outros locais. Sempre pela manhã . Levava muito tempo para concluir as suas obras, embora  olhando e guardando a distância e o tempo alguns podem chegar a conclusão apressada que foram feitas rapidamente , sem ocupar muito tempo, porque algumas delas não são muito detalhadas. Manchas que se juntam para formar uma obra de alta qualidade. 
Em 1961 , aos 70 anos de idade escolhe o Convento do Carmo, no Centro Histórico de Salvador, como local para pintar. Era uma espécie de refúgio porque a cidade já estava diferente com a presença de moleques nas praias onde ele antes gostava de pintar. Mesmo no interior do convento suas pinturas sempre mostram uma réstia de luz. Valença era um observador atento da luminosidade que embeleza e clareia as belezas das paisagens e casarios nos trópicos.  Nada menos que vinte e sete importantes obras do pintor estão desde 1969 no acervo do Museu Carlos Costa |Pinto, que fica no Corredor da Vitória, em Salvador. Vale a pena aprecia-las. 

Em 1970 já estava com a visão comprometida dificultando sua capacidade de pintar, e foi neste ano que foi organizada uma exposição retrospectiva no Museu de Arte Sacra da Bahia, que fica na Ladeira da Preguiça, com sessenta e uma obras dos acervos de museus e particulares.

Em 1979 Clarival do Prado Valadares já tinha documentado cerca de 200 obras de Alberto Valença, e 

 Obra Cais de Concarneau - Bretanha- França 1927
34cm x 41 cm. Acervo Museu Costa Pinto.
Vera Spínola acredita que chegam perto de umas 500 obras pintadas durante sua existência , porque ele pintou  até os 83 anos de idade, e deixou algumas obras inconclusas devido a dificuldade visual. O esperado livro de Vera Spínola será uma excepcional oportunidade de conhecermos melhor o mestre Antônio Valença não apenas como o pintor de grande talento que foi, mas também sua intimidade, o homem através de depoimentos de pessoas da própria família, especialmente seus dois filhos Antônio e Maria Amélia que conviveram muito com ele e conheceram a sua essência. Vera portanto é uma escritora privilegiada por ter estas fontes primárias e ainda a expertise de pesquisar . Devido a pandemia o livro Conversando com a  Pintura de Alberto Valença - Um Romance Biográfico possivelmente será lançado no Museu de Arte da Bahia em junho do próximo ano, quando o pintor completaria 131 anos de existência. Vamos aguardar .



Postado por BLOG DO REYNIVALDO às terça-feira, dezembro 15, 2020 4 comentários:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

terça-feira, 20 de outubro de 2020

GLEI MELO PARTIU DEIXANDO SUA ARTE ABSTRATA

O artista Glei  Melo
Num pequeno espaço de tempo dois artistas partiram para outra dimensão. Falei recentemente do Terciliano, e agora foi a vez do carioca, radicado há muitos anos aqui, o Glei Melo que se destacou por suas xilos abstratas e também por ser um dos pioneiros a usar as ferramentas da aerografia. O conheci ainda jovem no Instituto Brasil-Alemanha, ICBA, que fica no Corredor da Vitória, que nos anos 60 teve uma grande importância por ser uma porta aberta à cultura baiana. Frequentei muito o ICBA, e quando o saudoso Hansen Bahia deu um dos cursos de xilogravura cheguei a me inscrever, e lá o Glei Melo apareceu. Depois desta época o vi esporadicamente. Mantive a coluna por vários anos e não lembro do Glei Melo ter aparecido para divulgar alguma exposição que fez ou evento que ia participar. Soube que tinha um temperamento meio arredio e sempre estava falando de perseguição política. Talvez porque seu pai Geraldo Cabral de Melo ,que era jornalista e colunista no Jornal da Bahia,pertencia ao Partido Comunista Brasileiro - PCB , ter sido preso . O  Glei chegou também a ser detido durante o regime militar, e estes fatos devem ter contribuído para seu comportamento através dos anos.
Esta gravura abstrata atesta a qualidade de sua produção.
Até a grafia do seu nome aparece com i e y . Na realidade o seu nome é Glei Cabral de Melo, e faleceu na última sexta-feira, dia 16, no Hospital Português aos 76 anos de  idade, vítima de um câncer. Era natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1944 e deixou três filhos Iana, Ramon, Hermes, e um neto o Uriel. De 1960 a 1963 foi aluno de Guinnard ,na Escola Parque , em Belo Horizonte.Em 1963 veio para Salvador onde fez curso de gravura com Henrique Oswald. Frequentou os ateliers de Pancetti e Jenner Augusto.
 Ele faz parte da segunda geração de Artistas Modernos da Bahia , juntamente com Sante Scaldaferri, Riolan Coutinho, Edízio Coelho, Calasans Neto,Jamison Pedra, Juarez Paraíso, Edvaldo   Estivalet, Renato da Silveira, Leonardo Alencar,Yeda Maria, Edison da Luz, dentre outros.Suas gravuras abstratas são destaque na  sua produção artística.
Obra  feita com aerógrafo
Num texto escrito pelo mestre Juarez Paraíso ele diz que "a sua contribuição foi diversificada e sempre pioneira ,tendo participado do primeiro happening realizado em Salvador, durante a I Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia , em 1966. Foi também, senão o primeiro, a grafitar , quando em 1967 realizou um deslumbrante Grafite em temática orgânico-floral-vaginal e no estilo barroco psicodélico, cobrindo toda uma fachada de uma das casas do Beco Maria da Paz.Também, as primeiras pinturas aerográficas e luminosas de Salvador são de sua autoria."

Em 1970 ingressa na Escola de Belas Artes , mas a abandonou no penúltimo semestre onde cursava Licenciatura em Desenho e ]Plásttica. Foi curador de uma exposição chamada Paralelo 78 que reuniu os artistas Francisco Liberato, Almandrade,Humberto elame e Juarez Paraíso, e também fundou o  Centro de Pesquisa e Documentação da Arte Moderna e Pós-Moderna, inclusive realizou o I Congresso Nacional de Cores, no Centro de Convenções da Bahia .
Uma gravura heteroforme.
Sua primeira individual foi em 1964 onde mostrou xilogravuras e monotipias. Foi morar nos Estados Unidos devido a problemas políticos e lá experimentou vários empregos para sobreviver, até trabalhar

na Filadelfia na P.A.D - Promotion Advertisement Design, sendo programador visual. Chegou a ter cidadania americana por ser casado com a americana Laurie Bickoff , mas foi para o México com receio de ser convocado para servir no Vietnã. Depois retornou ao Brasil em 1977.Aqui participou do Curso de Gravura que reuniu importantes artistas  se diferenciando dos demais porque ,segundo Juarez Paraíso "suas realizações eram menos instintivas, gestuais, dependendo mais da elaboração racional, pensada, pesquisada mais em função dos efeitos da estrutura formal na conjuntura do dualismo figura-fundo, o que bem se destaca nas Heteroformes."

Glei Melo, Juarez Paraíso, Genaro de
Carvalho,Vivaldo Costa Lima, Geraldo
 Rocha, Emanoel, Sante e Liberato.
Participou também dos famosos álbuns de gravuras da Galeria Bazarte, de José Marques Castro que teve uma Sala Especial na Primeira Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia, em 1966. Expôs na Galeria Convivium, Galeria Canizares , na Feira de Arte da Piedade, e em outras exposições de gravuras.Portanto, suas gravuras abstratas estiveram presentes na década de 60 em vários eventos . Criou  as logos do Iderb e da Ebec ,ilustrações para algumas publicações, capas de livros, inclusive para o jornal de contra cultura o Verbo, de Alvinho Guimarães.
A casa grafitada 
Não se destacou mais devido a seu temperamento introspectivo. Era adverso ao que considerava fazer concessões para ter um maior reconhecimento público através a mídia , e assim partiu quase silenciosamente deixando ai o seu legado de obras para serem apreciadas sempre.
 Estava tentando encontrar dados sobre ele e devido a dificuldade tinha quase desistido quando soube deste texto do mestre Juarez Paraíso enviado pela artista Isa Oliveira ,e seu filho Ramon entrou em contato comigo  fornecendo algum material e imagens de obras do Glei Melo.
Ao lado uma foto tirada do jornal A Tarde,de 1969, da casa no Beco Maria Paz, que foi grafitada pelo artista, e depois proibida por prepostos da  Prefeitura por considerar uma " pintura hippie horrível". O Glei esteve na redação do jornal acompanhado do colega Rafael Ducat para denunciar a pressão de três agentes da Prefeitura exigindo que apagassem o grafite.
 
 








Postado por BLOG DO REYNIVALDO às terça-feira, outubro 20, 2020 Um comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

TERCILIANO, DEIXA O REGISTRO DE UMA ARTE LIGADA À CULTURA AFRO

Este é o Terciliano que conheci 
sempre  pronto para dialogar.
Para minha surpresa hoje, dia 7, soube da morte do pintor baiano Domingos Terciliano Alves Jr. Ele vinha adoentado, e nos últimos dois meses conversamos sobre as antigas galerias . Terciliano me forneceu através o zap material para escrever alguns artigos sobre antigas galerias, especialmente a Galeria Bazarte, onde ele expôs e a frequentou com certa intensidade. Ele possuía alguns dos famosos álbuns de gravuras editados pela galeria. Ainda teve a gentileza de fotografar parte dos álbuns e algumas gravuras que publiquei nesta coluna, inclusive com  informações sobre o próprio artista.
Notei que estava fazendo um esforço para falar sobre o assunto. Deste dia em diante sempre enviava , de quando em vez , uma mensagem para saber como  estava. Na última que me respondeu  disse que  aguardando os resultados de uns exames e mostrava-se preocupado, mas esperançoso. "Olá! Boa tarde amigão. Tive uma melhorada ,mas não é aquela que espero, vou entrar em um tratamento delicado, daqui a uma semana".  Depois silenciou. Percebi que algo de ruim estava acontecendo com o Terciliano. Procurei de outras formas me informar, mas não consegui, e hoje, para minha surpresa , li a nota nas redes sociais do seu falecimento.
Perde sua família, perde a Bahia Cultural e perdemos nós que mantíamos alguma ligação afetiva com ele , e os que admiram a sua arte, cuja produção  é interrompida para sempre. Terciliano era um artista talentoso que preservava suas origens no candomblé e se manifestava com suas cores vibrantes e um desenho qualificado dos personagens que criava em suas obras . Consciente e discursivo o Terciliano chegava a se inflamar para defender suas ideias e seus princípios.
Fez uma carreira sólida aqui e chegou a fazer algumas exposições lá fora .Foi  premiado na França, coisa que ele se orgulhava muito. Lembro que quando colhia informações para o artigo que fiz sobre a Galeria Bazarte  me enviou fotos da solenidade onde sua arte foi premiada.
Terciliano concentrado em seu trabalho .
Ele já estava adoentado, mas pouco falava sobre sua doença. Sempre perguntava sobre sua saúde e  respondia com poucas palavras. Veja ai um trecho do que escrevi : 
"O artista Terciliano Jr. ao completar 50 anos de atividades artísticas  em 1972 fez uma exposição, no Sesc, de Pompeia, em São Paulo , juntamente com o escultor Chico Diabo, já falecido. Nesta exposição ele prestou uma homenagem ao seu Castro  e escreveu este texto  no catálogo:
"Há 30 anos atrás a Bahia estava com o céu azul mais do que o normal . O sol brilhava de forma tão grandioso que os paralelepípedos da Ladeira do Pelourinho refletiam as fachadas dos casarões de antanho como um espelho. O mar era uma explosão de cores em fusão marítima, a água ao mesmo tempo era clara e transparente dando para ver Yemanjá lá no fundo com os peixes acariciando seus cabelos . A lagoa do Abaeté cercada de verde com as flores amarelas protegida por Oxóssi. O céu azul protegido por Oxalá, a areia alva, a água negra da cor da minha pele, serviam como composição da beleza de Oxum. Todos os negros ,brancos e mulatos baianos cantavam para todas as divindades radicadas na Bahia pela chegada de um branco,preto e mulato paulista que seria batizado, adotado e confirmado por todos os deuses afro-baianos. J. Castro era o seu nome.Ou seu Castro como todos nós o chamávamos .Tornou-se filho da Bahia, amigo e companheiro dos artistas e intelectuais baianos. Fundou a Galeria Bazarte . E de lá nasceram Reinaldo Eckenberger, Terciliano Jr., Emanoel Araújo,Chico Diabo,  Edison da Luz, Kennedy Bahia, Kabá Gaudenzi, Luana ( manequim),Carlos Henrique e Eurico Luiz. Os que passaram João José Rescala, Raimundo Oliveira, Sônia Castro, Gley Melo, Jamison Pedra e muitos outros. Amigo de Genaro de Carvalho, Juarez Paraíso e Jorge Amado, tendo por este último uma grande admiração.
Obra do artista onde vemos elementos afros.
Ele descobriu um recanto poético baiano, e  pretendia transformar numa vila residencial dos artistas em Arembepe Em uma tarde ensolarada e cercada de beleza por todos os lados no local citado, ouviu através o ronco do mar, auxiliado pela brisa que existe algo de maravilhoso por ali. Era uma Atlântida que existe ( ou existia, porque ele se foi com seu Castro) e ele ia mostrar para a Bahia e o mundo, a sua existência. O próprio Gilberto Gil ouviu o relato do seu Castro. J. Castro foi um fruto paulista  para a alimentação cultural baiana. Ramificou sua sabedoria os pincéis, formões e palavras para que as pessoas dessem continuidade , e depois criassem seus caminhos em traços, formas e composições para o mundo. A Bahia ficou de luto. O terreiro de Amoreira lá em Itaparica foi reivindicado por todos os Orixás para a cerimônia de Egun. O acervo da Bazarte só recordações de um prelúdio de glória".
Em 2008 o artista Terciliano Jr. foi homenageado pela Academia de Artes e Ciências e Letras de Paris, pelos relevantes serviços prestados à Cultura brasileira, principalmente a baiana. Ele era ligado ao terreiro do Bate Folha onde seu tio Bernardino foi o fundador e o babalorixá mais importante. Terciliano nos deixou ao 81 anos de idade ,vítima de câncer. 
Postado por BLOG DO REYNIVALDO às quarta-feira, outubro 14, 2020 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

53 ANOS DE ARTE DE ANNA GEORGINA

Sou daqueles que defende que as pessoas devem ser homenageadas e referenciadas ainda em vida por seus méritos pessoais e pela contribuição que deram em suas respectivas áreas do conhecimento, do saber ou da realização profissional. As homenagens póstumas também são importantes , mas  para  as pessoas merecedoras que por algum acidente de percurso nos deixaram inesperadamente. Portanto, vamos homenagear sempre quem merece.
Hoje vou prestar minha homenagem a uma mulher batalhadora, uma pessoa que há cinquenta e três anos vem trabalhando com arte, quer seja pintando, desenhando e até mesmo ensinando as técnicas para as pessoas que desejavam aprender a dar suas pinceladas. Não necessariamente os transformando em profissionais. Era  um ensinamento de vida , de percepção do belo, de gostar das artes visuais, de fazer sua pintura para deleite próprio. Este ensinamento tinha como  palco a Galeria Panorama, onde seu pai o artista Euler Cardoso, e alguns colegas consagrados a exemplo de Emydio  Magalhães, professor da Escola de Belas Artes, e tantos outros ajudaram nesta missão de ensinar arte. Trata-se de Ana Georgina (Foto ao alto) que hoje está ao lado de sua mãe d. Yolanda que sempre foi uma figura presente neste ambiente da arte na Bahia. Foram anos seguidos de aulas, e realmente alguns seguiram a carreira de artista, e se profissionalizaram. Ela começou ensinando às crianças e com a morte do pai passou a ministrar aulas também para os adultos.
A Galeria foi fechada em 2016, mas Anna Georgina continua pintando e exercendo sua função de
marchand, além de ser uma boa consultora imobiliária.  A vida é assim, a gente tem que procurar formas de uma sobrevivência digna usando nossos conhecimentos e tempo para realizar coisas. Ela já fez inúmeras exposições, e em 2017 fez uma na Cabana da Barra comemorando seus 50 anos de arte. Tem várias apresentações e críticas feitas por várias pessoas , inclusive por mim,e destaco uma feita pelo saudoso escritor Jorge Amado , que sempre foi uma pessoa afável e que ajudou muitos artistas através de suas apresentações . Principalmente a  aqueles que ilustraram os seus livros, que até hoje correm o mundo. Sei que alguns artistas e outros intelectuais , por questões ideológicas não gostavam do Jorge Amado , principalmente depois que ele deixou o Partido Comunista, e sofreu uma campanha contra sua obra tentando em vão desclassificá-la. (Foto à direita de Anna com seu pai Euler Cardoso)

Em dezembro de 1968 o grande escritor escreveu : " Os quadros de Anna |Georgina, jovem pintora baiana, refletem uma intensa alegria de viver, um estado quase poético". Finalizando escreveu " A jovem artista está diante de uma vocação plástica, com plena consciência e com inegável talento. Nada conseguirá detê-la pois ela tem algo válido a mostrar. Cabemos aplaudir seu trabalho, certos de que Anna Georgina o levará adiante com sucesso".Ai ao lado um belo casario em vinil  de Ana Georgina , datado de 2020.

A PINTORA

Lembra Anna que não teve uma infância igual as meninas de sua época. As bonecas foram trocadas

pelos lápis de côres variadas, pincéis, papéis e telas. Tendo seu pai como professor e orientador. Os presentes que ganhava os guardava e um dia resolveu distribuir com suas amigas. Enquanto isto seu pai Euler Cardoso passava alguns exercícios antes ou depois de chegar de seu trabalho que era num banco situado na Cidade Baixa. Ela apresentava o exercício feito ele corrigia e  se não estivesse bom mandava repetir.  Finalmente, já com certa habilidade ligada ao seu talento fez sua primeira exposição em 1966 na  Le Dôme Galeria de Arte, onde apresentou 40 guaches com a temática Flores e Borboletas. Diz Anna que vendeu todos os quadros, inclusive um deles foi comparado por Mário Cravo.  Já em 1975 começou a ajudar o seu pai na escola de arte que ele mantinha na Galeria Panorama e que permaneceu até após a sua morte ocorrida em outubro de 1975. Hoje com 73 anos de idade Anna Georgina continua ativa e pintando.Acima Anna com sua mãe d. Yolanda ,que sempre foi uma presença marcante no ambiente artístico das últimas décadas em Salvador.

Ela assinava Anna quando em 1978 conheceu o cantor e pintor Francisco Carlos que veio fazer uma exposição na Galeria Panorama  e lhe deu a sugestão de assinar Anna Goergina pois "você teve a sorte de ter dois nomes próprios". Então passou a assinar Anna Georgina, atendendo à sugestão do Francisco Carlos, e assim ficou sendo conhecida no mercado de arte.




Postado por BLOG DO REYNIVALDO às sexta-feira, setembro 04, 2020 Um comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A VIDA AMARGURADA DE RAIMUNDO DE OLIVEIRA

Obra de Raimundo Oliveira ,  de 1965
Já conheci muitos artistas nesses mais de  30 anos convivência e sempre me deparei com pessoas fantásticas, sonhadoras, criativas, amigas, e também com outras muito ansiosas e até depressivas. Algumas tão amarguradas, devido algum trauma de infância, juventude ou mesmo  na vida adulta não conseguem ou não conseguiram  levar uma vida normal enfrentando as dificuldades que nos chegam dia a dia. Pessoalmente não conheci o artista feirense Raimundo  de Oliveira, mas pelo que li sobre sua vida e ouvi de algumas fontes primárias, que tiveram o privilégio de  conhece-lo, o descrevem como uma pessoa que tinha  alguns problemas de convivência e que talvez até algum complexo por não ter um corpo dentro dos padrões de beleza que a maioria elege. No entanto , em várias fotos que manuseei ele aparece com um sorriso largo, mostrando ser  uma pessoa aparentemente feliz. Vejam como a aparência esconde sentimentos . 
Segundo uma fonte primária ,que tinha acesso ao apartamento do pintor, ele montou uma espécie de cabana na sala onde colocou seu cavalete . Para trabalhar abria uma bíblia e ficava lendo e pintando. De quando  em vez cantarolava alguma coisa. Suas  roupas de preferência eram escuras , principalmente de cor  preta. Colhi outro depoimento de uma pessoa que tinha um escritório no edifício Shalom, que fica na Avenida Sete de Setembro, trecho do Rosário, onde também morou o artista , que me disse que o Raimundo de Oliveira tinha realmente um comportamento estranho. Várias vezes quando a noite ia caindo ele se vestia de preto e saía cantarolando umas cantigas indecifráveis. Como não o conheci pessoalmente fico  com estes depoimentos de pessoas que mantiveram contatos com este artista singular.
Raimundo e seu  largo sorriso no   atelier
em São Paulo. Foto de  Gerard Loeb.
Raimundo  deixou um legado importante, e sua produção artística é conhecida e valorizada não apenas no Brasil como também no exterior. Uma arte marcada por sua religiosidade que lhe foi transmitida por sua mãe d. Santa, com a qual tinha uma ligação muito forte.
Escreveu o saudoso professor Edvaldo Boaventura , conterrâneo e contemporâneo em Feira de Santana, no livro Raimundo de Oliveira, editado em 1982, o qual me foi presenteado pelo  amigo e grande artista Washington Sales. Vejam: "Habituei-me desde muito cedo, ao tempo em que criança morava na Praça da Matriz a ver Raimundo, sempre de calça e paletó escuros e aparentando mais idade do que realmente tinha, a passar bem devagar conduzindo pelo braço de D. Santa. Vinham mãe e filho pelo Beco de Santana, atravessavam o largo em cadência lenta e ritmada e entravam na Matriz pelo portão da frente". Em 1954 sua mãe faleceu ,o que representou uma grande perda para ele.  

Sua participação nos movimentos de arte em Salvador começam a aparecer. Em 1951 integrou algumas coletivas ; do III Salão Baiano de Artes Plásticas e do 1º Salão Universitário Baiano. Sua primeira exposição em Salvador foi na Galeria Oxumaré e ele imprimiu alguns cartazes em preto e branco que foram colocados na Avenida Sete de  Setembro anunciando a sua mostra. Isto até hoje é uma coisa inédita. Nunca vi cartazes expostos nas ruas de uma exposição. Nesta mostra apresentou desenhos e pinturas e agradou aos críticos de arte  da época. Em 1954 sua mãe faleceu , o que representou uma grande perda para ele.

Os Israelitas volta a Jerusalém.
Mas, se recuperou parcialmente, e em 1955 recebe o prêmio Menção Honrosa no Salão Baiano de Belas Artes; em 1956 expõe no Belvedere da Sé, e ainda em 1956 participa de uma coletiva na Galeria Oxumaré; do V Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro e do VI Salão Baiano de Belas Artes, dentre outras. Em 1968 vai para São Paulo .Faz algumas exposições e participa do IX Salão Paulista de Arte Moderna, onde recebeu uma Medalha de Bronze; do X Salão Paulista de Arte Moderna ,em 1961;expõe de 1961 a 1964 na prestigiada Galeria Astreia; da VI Bienal de São Paulo, em 1963; expõe na famosa Galeria Bonino, no Rio de Janeiro, em 1963;em Buenos Aires, em 1964, e em 1965 no Musée d"Art Moderne de la Ville de Paris e de uma coletiva na Galerie Jacques Massol, também em Paris. Portanto, teve o reconhecimento de sua arte nacional e internacionalmente.

Raimundo nasceu em 24 de abril de 1930 na cidade de Feira de Santana . Já adulto veio  morar no Rio Vermelho, depois na Avenida Sete, e finalmente no Hotel São Bento, no Largo do mesmo nome onde foi encontrado morto três dias depois no dia 16 de janeiro de 1966. Segundo o laudo policial  teria se suicidado, aos 36 anos de idade. 

Raimundo sofreu provações como alguns  personagens de suas pinturas bíblicas. Ele  enfrentou  problemas psíquicos que sempre levam as pessoas acometidas dessas doenças ao sofrimento e falta de perspectiva. Embora filho de um comerciante de boa situação econômica e nem mesmo sua religiosidade foram capazes que vencer a depressão. Portanto, Raimundo Falcão de Oliveira partiu com sua arte mística de traços largos e cores às vezes escuras e  vibrantes. Deixou uma arte inconfundível .

Obra atribuída a Raimundo Oliveira.
Quando fez sua exposição em Paris o crítico francês Jacques Lassaigne escreveu :"O caso mais estranho é talvez o do jovem Raimundo de Oliveira, que prova que não é somente para os homens de antigamente que o recurso ao passado é fecundo. Ele se inspirou nas lendas religiosas e inventa uma espécie de Bíblia historiada em miniatura dignas dos manuscritos e os bordados coptos e, entretanto , de  absoluta modernidade".

Lembro que o artista Hansen Bahia esteve na Etiópia com o Imperador  Haile Selassié  . Sua coroaçãofoi um evento esplêndidoe contou com a presença de autoridades do mundo todo.  O Imperador foi homenageado com uma música de Bob Marley. Hansen trouxe alguns tecidos com estampas  e outros materiais onde apareciam figuras bíblicas bem parecidas com as que Raimundo de Oliveira pintou, e também o próprio Hansen esculpiu , em algumas de suas xilogravuras. Selassié dirigiu a Etiópia de 1916 a 1974. Ele nasceu em 1892 e foi assassinado em 27 de agosto de 1975. É até hoje reverenciado pelos rastafáris que acreditam no Deus Jah. 


Postado por BLOG DO REYNIVALDO às quinta-feira, agosto 27, 2020 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O PINTOR DE GRANDES MURAIS E PAINÉIS


    Esta é a segunda versão do painel feito em tinta óleo sobre madeira  .A primeira foi destruída no incêndio em 1978.
Vou falar hoje de um pintor modernista baiano que se notabilizou por ter um desenho refinado, talvez o que melhor desenhava entre os modernistas daqui, que construiu um universo onírico com sua técnica apurada do realismo mágico. Ele transformava seus modelos muitas vezes em anjos e duendes e criava uma atmosfera única. Seu nome de batismo é Carlos Frederico Bastos, que nasceu em 12 de outubro de 1925, no bairro boêmio do Rio Vermelho, em Salvador, Bahia. Foi criado pelos avós  e seu dom vem de seu avô João Correia Soares de Araújo  que gostava de pintar. Ele faleceu aos 79 anos em 12 de março de 2004.
Carlos Bastos tem uma obra grandiosa e reconhecida em todo o país e até fora daqui . Mas, sua carreira artística começou com uma exposição na Biblioteca Pública, que ficava na Praça Municipal, e alguns de seus quadros foram vandalizados  . Produziu 46 painéis e 18 murais, sendo que 10 deles foram destruídos e dois estão inacabados por divergências religiosas, além de centenas de outras obras . Quanto aos painéis três estão em locais desconhecidos.  Entre os mais conhecidos destruídos estão o painel da Assembleia Legislativa devorado por um incêndio em 1978 e os murais do Bar Anjo Azul.

Este é o belo mural que está escondido por trás de prateleiras de remédios de uma farmácia .

NOSSO MURALISTA E PAINELISTA
Ainda neste texto falo  sobre a arte do muralismo, para destacar o nome deste  artista  que é um grande mestre desta técnica que foi o pintor Carlos Bastos. Ele deixou murais e painéis 
memoráveis como aquele da Assembleia Legislativa, cujo primeira versão foi destruída num incêndio ocorrido em 1978 . No painel  A Procissão do Senhor  dos Navegantes  o artista pintou 142 personalidades dentro da galeota que leva a imagem do Senhor  no dia 1º de Janeiro. O painel foi refeito  e entraram novas personagens na Galeota, totalizando 170.
Um dos grandes problemas do muralismo é a falta de conservação e respeito pela obra do artista. Aqui em Salvador temos vários exemplos de murais destruídos, abandonados ou ultrajados. Um deles é de autoria de Carlos Bastos, que ele fez sob encomenda para um banco BBVA, na Cidade Baixa .Este  mural está ainda lá no prédio onde hoje funciona uma farmácia , e a obra fica completamente comprometida por prateleiras de remédios. O dono não teve a sensibilidade de respeitar os limites da obra, talvez por falta de conhecimento da sua importância. Ele deveria utilizá-la como mais um atrativo  para seu comércio , tal a beleza da obra ( Foto ao lado)
Famoso mural no Bar Anjo Azul que foi um point importante de intelectuais , artistas
e boêmios na década de 60 em Salvador.
A ARTE DO MURALISMO
Desde os tempos imemoriais que o homem sentiu a necessidade de se expressar e para isto utilizou das paredes de cavernas ou pedras para deixar ali marcadas algumas de suas atividades. Conhecemos desde os primeiros anos ginasiais as pinturas rupestres onde o homem primitivo pintava árvores, animais e cenas de caça. O tempo foi passando e o homem descobriu novos pigmentos e que as paredes emassadas e ainda frescas eram ideais para fazer suas pinturas. Ai surgiu o muralismo que é uma pintura feita diretamente sobre uma parede  . Portanto, é diferente de outras maneiras de pintar porque está muito ligada à arquitetura. A técnica mais usada é a do afresco que nonsiste na aplicação de pigmentos de cores diferentes , diluídos em água, sobre a argamassa ainda umedecida.
Civilizações antigas como as grega e romana usaram muito do muralismo e podem ser apreciados nas ruínas de Pompeia e Herculano,na Índia nos murais das Grutas de Ajanta e na China feitos na dinastia Ming.
No século XIII Giotto impulsionou a técnica do muralismo , e no Renascimento surgem as obras-primas  com os afrescos da Capela Sistina, no Vaticano, por Michelangelo e a Última Ceia , de Leonardo da Vinci. Depois com o aparecimento dos vitrais e tapeçarias os murais ficaram em desuso.
Porém, os pintores modernos Picasso, Matisse, Léger, Chagall e Miró dentre outros, pintaram murais, além dos pintores muralistas mexicanos  Diego Rivera (1886-1957), David Alfaro Siqueiros (1896-1974) e José Clemente Orozco (1883-1949),que usaram seus murais para passar mensagens revolucionárias para o povo. Mas, antes deles na era pré-colombiana já se faziam murais.
Em Portugal surgiram os murais de azulejos. Aqui conhecemos em nossas igrejas barrocas baianas a arte do muralismo através dos grandes e belos murais de azulejos com composições simples e também com cenas inteiras de momentos históricos trazidos pelos portugueses. A título de curiosidade existe um desses painéis que retrata a cidade de Lisboa, antes do terremoto, no claustro da Igreja de São Francisco de Assis, no Terreiro de Jesus, em Salvador, Bahia. Lá existem muitos murais  de azulejos portugueses que grande beleza e valor histórico. Vale a pena visitar.
Já os painéis são mais comuns porque o artista pode realizar sua obra no conforto do seu atelier e depois ser transportado e fixado na parede escolhida pelo cliente. Este painel pode ser feito sobre tela, madeira, alvenaria e outros materiais. Geralmente tem grandes dimensões, como acontece com os murais, e são muito apreciados, e mais conservados porque podem ser removidos e fixados em outro local.
Mural Vida de São João Batista, óleo sobre parede de 274 x 708 cm no Parque da Cidade,RJ

PRINCIPAIS MURAIS E PAINÉIS
Vamos aqui relacionar e falar ligeiramente sobre os principais murais e painéis criados pelo grande pintor baiano Carlos Bastos, que deixou uma obra digna de ser apreciada e mais valorizada , inclusive pelo mercado tal a qualidade do seu traço, suas composições e pinturas.
No livro Carlos Bastos, editado pela construtora Odebrecht no ano 2000 estão lá os principais murais e painéis, com belas ilustrações e textos de vários críticos, escritores e jornalistas inclusive dois de minha autoria escritos em 1985 e 1996.
1- O primeiro painel foi realizado em madeira no ano de  1947 sobre o Centenário de Castro Alves, no Clube Bahiano de Tênis, e posteriormente  destruido. 
2-Murais no bar Anjo Azul chamados de Alegoria ao Anjo , óleo sobre parede com 230 x 600 cm, também destruídos.
3-Painel  Jogos Infantis ,óleo sobre madeira 259,5 x 254,5 cm, na Escola Parque em 20 de agosto de 1949.
4-Painel A Salvação , óleo sobre madeira 250 x 600 cm ,no Hotel Royer Collard, em Paris, localização atual desconhecida, realizado em 1950.
5-Mural Cortejo para São Sebastião , feito em 1951 óleo sobre parede de 350 x 450 cm o atelier do artista ,no Rio de Janeiro, atualmente coberto por uma camada de tinta.
6-Painel - em forma de biombo Alegorias, óleo sobre madeira, no Rio de Janeiro, coleção particular, em 1953.
7-Painel Mercado Modelo em Salvador, óleo sobre madeira Rio de Janeiro, 1953.
8-Mural - Chegada de uma Nobre Família Portuguesa à Bahia no século XIX, óleo sobre parte  de 400 x 800 cm , destruído,feito em 1953.
9-Mural Casal de Namorados , óleo sobre parede 250 x 300 cm , destruído,coleção particular, Salvador 1953.
10-Painel para Ruth de Almeida Prado, óleo sobre madeira , Rio de Janeiro, 1954.
11-Painel na Capela particular de Nelson Parente,Rio de Janeiro,1954.
12-Painel em forma de biombo Alegorias, óleo sobre tela de 170 x 150 cm, Salvador, 1954.
13-Mural - A Vida de Dom Quixote,restaurante Cervantes, destruído, Rio de Janeiro 1955.
14-Painel - Bahia, coleção poeta Augusto Frederico Schimidt, Rio de Janeiro, 1955.
15-Mural Casarios da Bahia, óleo sobre parede , de 350 x 450 cm pintado sobre o mural anteriormente feito pelo artista  Cortejo para São Sebastião,Copacabana, Rio de Janeiro, 1957.
16-Mural A família Bastos 350 x 1500 cm, na Fazenda Quixaba, Itaberaba, Bahia , em 1958.
17-Mural Flutuador de 250 x 1700 cm óleo sobre parede na sede da Associação Atlética da Bahia, Salvador, de 1958, destruído.
18-Mural A vida da Cidade no princípio do século XIX, óleo sobre madeira 500 x 207 cm hall do edifício Big, Praça da Inglaterra, Salvador , 1959.
19-Mural restaurante árabe ,rua Guedes de Brito, Salvador , destruído, 1959.
20-Mural no Hotel Thêmis, óleo sobre parede, destruído, de 1960.
21-Painel A Feira de Água de Meninos , óleo sobre madeira de 170 x 220 cm , coleção Maria Emília Bastos Ribeiro, Salvador, 1960.
22-Painel Ascensão de Santa Luzia , óleo sobre madeira de 300 x 250 cm , Hospital Santa Luzia, Salvador, 1960.
23-Mural  Alegoria no teto do Solar da Jaqueira, em Salvador, destruído, de  1960.
24-Painel As Quatro Estações , óleo sobre madeira coleção de Maria Aparecida Pinto Aleixo, Rio de Janeiro, 1960.
25-Mural Comércio no Porto de Salvador no Princípio do século XIX, óleo sobre parede de 410 x 2100 cm ,no Banco Bilbao Vizcaya,Salvador, 1961.
26-Mural no teto da sacristia do Convento de Santa Tereza. Óleo sobre madeira de 800 x 300 cm, de 1961 destruído.
27-Mural da sala de banho no Solar da Jaqueira , óleo sobre madeira, 300 x 250 cm , Alegoria ao Brasão da Jaqueira, destruído, Salvador, Bahia, 1961.
28-Painel Vista da Cidade do Salvador, óleo sobre madeira 110 x 221 cm , Banco Nacional, Av. Estados Unidos, Salvador, 1963.

29-Painel A Procissão óleo sobre madeira 206 x 920 cm , edf Martins Catharino, rua da Ajuda, Salvador, 1964.( Foto acima)
30-Painel O Gaúcho e a Baiana , óleo sobre madeira, Banco da Lavoura e Mercantil do Rio Grande do Sul, localização atual desconhecida, 1965.
31-Painel Natureza Morta, óleo sobre madeira 094 x 143 cm Coleção Murilo Leite, 1965.
32-Painéis Conde dos Arcos,Maria Quitéria I, Caramuru e Thomé de Souza, óleos sobre madeira de 240 x 170 cm .agência Banco Itaú, Piedade, Salvador, 1965.
33-Painel Auto-Retrato com Amigos, óleo sobre madeira 073 x 220 cm , Museu de Arte de Feira de Santana, Bahia, 1966.
34-Painel Ascensão de Cristo, óleo sobre madeira 240 x 170 cm ,Coleção Manual Tanajura, Salvador, Bahia, 1966.
35-Painel Anjo com Tocheiro , óleo sobre madeira, 300 x 200 cm Coleção Virgílio Motta Leal, Salvador, 1966.
36-Painel A Feira , óleo sobre madeira de 120 x 220 cm , Coleção Itazil Beneício dos Santos, Salvador, 1967.
37-Painel sobre biombo Baianas com Anjo, óleo sobre madeira 180 x 320 cm , de 1967, Coleção Delfim Chamadoira Vilan, Salvador.
38-Painel Piquenique à Noite, óleo sobre madeira de 111 x 222 cm, Coleção Ângelo Calomn de Sá, Salvador, 1967.
39-Painel - A Ceia de Cristo, óleo sobre madeira 120 x 220 cm Coleção Fernando Spínola, Salvador, 1967.
40-Painel Era Uma Vez , óleo sobre madeira 114 x 220 cm , Coleção do artista, Salvador, 1968.
41-Painel - O Anjo Hippie , óleo sobre madeira, 120 x 220 , localização desconhecida, 1968.
42-Mural - no teto da residência de Dilton Portela Lima, óleo sobre madeira, de 1969.
43-Painel O Cristo, óleo sobre madeira, 80 x 220 cm , Coleção Juracy Magalhães, Rio de Janeiro, 1971.
44-Murais Vida de São João Batista, óleo sobre parede 274 x 708 cm, inacabados , Capela Parque da Cidade, Rio de Janeiro, 1972.
45-Painel Casamento Hippie, óleo sobre tela 170 x 320 cm , Coleção Humberto Balby, Rio de Janeiro, 1972.
46-Painel A Procissão do Bom Jesus dos Navegantes, óleo sobre fibra de vidro, retratando 142 personalidades que levou dois anos para ser pintado, e foi destruído num incêndio em 11.11.1978, no Plenário da Assembléia Legislativa da Bahia.
47-Painel O Beijo , óleo sobre madeiram 160 x 660 cm, no Iate Clube da Bahia, 1973.
48-Painel Mosteiro de São Bento, óleo sobre madeira , 080 x 220 cm , Mosteiro de São Bento, Salvador, 1974.
49-Painel Trompe-l'oeil, óleo sobre parede, do qual resta apenas um detalhe, Galeria 13, rua Alfredo Brito,Pelourinho, Salvador, 1977.
50-Painel Auto-Retrato , óleo sobre madeiram de 220 x 160 cm, Coleção do artista, Salvador 1977.
51-Painel  Retrato de Martha Vasconcelos, óleo sobre madeira 160 x 220 cm , Coleção de Martha Vasconcelos, 1977.
52- Painel A Chegada dos Orixás na Bahia, óleo sobre tela colada sobre madeira de 293 x 480 cm, no Centro Empresarial Iguatemi, Salvador, 1979.
53-Painel O Anjo  óleo sobre tela de 110 x 210 cm, Coleção Milton Martinelli, Salvador, 1979.
54-Painel Retrato de Conceição Nunes Brook, óleo sobre tela 169 x 114 cm, Coleção Rosalva Nunes,Salvador, 1981.
55-Painel A Chegada de D. João VI na Bahia em 1808, óleo sobre madeira, 220 x 800 cm , Memorial da Faculdade de Medicina da Ufba, Salvador, de 1982.
56-Painel  A Pregação de Moisés, óleo sobre tela 169 x 114 cm, Coleção Marcus Kertzman, Salvador, 1982.
57-Painel Santo Antônio da Irmã Dulce, óleo sobre madeira, 220 x 160 cm , Salvador, 1983.
58-Painel Em Busca da Paz, óleo sobre madeira, Biblioteca Central da UFBA, campus de Ondina, Salvador,  de 180 x 160 cm, de 1983.
59-Painel Salvador Presente e Futuro, óleo sobre madeira de 80 x 220 cm, consta que estaria na Prefeitura Municipal, Salvador, mas não consegui localizar, de 1984.
60-Painel Retrato de Jorge e Zélia Amado, óleo sobre tela de 114 x 169 cm , Fundação Casa de Jorge Amado, no Pelourinho, Salvador, 1985.
61-Painel O Encanto da Sereia, óleo sobre madeira de 160 x 220 cm , Coleção Paulo José Montanha Goulart, Salvador, de 1986.
62-Painel As Quatro Estações , óleo sobre madeira , Condomínio Lac Leman, Jardim Apipema, Salvador, de 1989.
63-Painel Ascensão de Cristo, óleo sobre madeira de 440 x 160 cm , Igreja da Ascensão, Centro Administrativo da Bahia, Salvador, de 1992.
64-Painéis  São Francisco de 220 x 160 cm, Imaculada Conceição de 220 x 80 cm e São Benedito de 220 x 80 cm, todos em óleo sobre madeira, Capela de São Francisco de Assis, Fundação Garcia D'ávila, Praia do Forte ,em Mata de São João, Bahia, de 1993.
65-Painel O Presente , óleo sobre madeira 207 x 80 cm , Coleção Particular, de 1993.
66-Painel A Procissão do Bom Jesus dos Navegantes , óleo sobre madeira  1000 x 1600 cm , retratando 170 personagens no Plenário da Assembléia Legislativa da Bahia, Salvador,de 1994.
67-Painéis Os Quatro Elementos da Natureza: A Água, O Fogo , O Ar e a Terra, óleos sobre madeira  com 110 x 170 cm , Coleção do Artista, de 1966.



 






Postado por BLOG DO REYNIVALDO às quarta-feira, agosto 19, 2020 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial
Ver versão para dispositivos móveis
Assinar: Postagens (Atom)

Postagens populares

  • FORY E SUAS ESCULTURAS ESTILOSAS DE MULHERES E ORIXÁS
    Fory em seu ateliê esculpindo  entidade  de matriz africana. O escultor Fory é um artista autodidata da cidade de Cachoeira, Bahia, que tem ...
  • MARCO BULHÕES FAZ INTERVENÇÕES URBANAS COM ANIMAIS MARINHOS
    O artista Marco Bulhões com obras de  sua autoria . C ertamente você que mora em Salvador já deve ter visto uma obra de autoria do artista v...
  • SONIA RANGEL E O POÉTICO PROCESSO CRIATIVO DE SUA ARTE
    A artista Sonia Rangel fala de sua arte. A artista visual Sonia Lúcia Rangel desde os anos setenta que escolheu Salvador para morar. Aqui c...
  • MCR GALERIA DE ARTE COMEMORA 35 ANOS
    Escultura Maternidade de Mário Cravo, em pedra sabão. Uma obra maravilhosa! O s amantes da arte na Bahia estão comemorando os 35 anos da Gal...
  • PAULO RUFINO MOSTRA BELOS DESENHOS A BICO DE PENA
    O artista Paulo Rufino  desenhando.   D epois de um longo período sem expor o artista Paulo Rufino mostrará sessenta e cinco desenhos numa e...
  • ALCEU LISBOA E SEU CONSTRUTIVISMO SINGULAR
    O artista Alceu Lisboa trabalhando numa nova obra, onde podemos ver o surgimento de algumas manchas . T endo trabalhado durante mais de trin...
  • EXPOSIÇÃO DO CU
    E stive visitando a exposição O Cu é Lindo, no Instituto Goethe , na Vitória , que tem o patrocínio do Governo do Estado, do petista Rui ...
  • O ESCULTOR E MURALISTA CELSO CUNHA
    Celso desenhando  nova obra . O meu entrevistado de hoje é o artista , escultor e muralista Celso da Cunha Silva Neto ou Celso Cunha que te...
  • EDVALDO GATO UM ARTISTA DE MÚLTIPLAS ARTES
    Edvaldo Gato trabalhando em sua  mais recente xilogravura .   U m dos mais criativos artistas baianos é  desenhista, ilustrador, colorista e...
  • ANTONETO O ARTISTA VELEJADOR
    O artista Antoneto explicando sua relação com a   arte e o mar. Ele disse que são duas fortes paixões. O Antônio Francisco Souza Neto ou sim...

Pesquisar este blog

Arquivo do blog

  • ►  2025 (31)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (7)
    • ►  abril (7)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (5)
  • ►  2024 (53)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  novembro (7)
    • ►  outubro (5)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (5)
    • ►  julho (4)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (6)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (5)
  • ►  2023 (54)
    • ►  dezembro (6)
    • ►  novembro (6)
    • ►  outubro (5)
    • ►  setembro (8)
    • ►  agosto (4)
    • ►  julho (6)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (7)
    • ►  março (4)
  • ►  2022 (10)
    • ►  setembro (1)
    • ►  julho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (2)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2021 (15)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (2)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (4)
    • ►  janeiro (1)
  • ▼  2020 (18)
    • ▼  dezembro (2)
      • MAIS UMA CRISE ABALA O MAM - BAHIA
      • ALBERTO VALENÇA UM MESTRE DA PINTURA BAIANA
    • ►  outubro (2)
      • GLEI MELO PARTIU DEIXANDO SUA ARTE ABSTRATA
      • TERCILIANO, DEIXA O REGISTRO DE UMA ARTE LIGADA À ...
    • ►  setembro (1)
      • 53 ANOS DE ARTE DE ANNA GEORGINA
    • ►  agosto (3)
      • A VIDA AMARGURADA DE RAIMUNDO DE OLIVEIRA
      • O PINTOR DE GRANDES MURAIS E PAINÉIS
    • ►  julho (4)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (2)
  • ►  2019 (9)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  setembro (1)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (3)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2018 (20)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (4)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (2)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (3)
  • ►  2017 (17)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (4)
    • ►  setembro (3)
    • ►  agosto (2)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2016 (291)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (2)
    • ►  agosto (4)
    • ►  maio (24)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (252)
  • ►  2015 (1118)
    • ►  dezembro (494)
    • ►  novembro (172)
    • ►  outubro (165)
    • ►  setembro (190)
    • ►  agosto (88)
    • ►  julho (1)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2014 (23)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (2)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (3)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (7)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2013 (475)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (6)
    • ►  setembro (9)
    • ►  agosto (9)
    • ►  julho (129)
    • ►  junho (39)
    • ►  maio (68)
    • ►  abril (25)
    • ►  março (78)
    • ►  fevereiro (62)
    • ►  janeiro (46)
  • ►  2012 (445)
    • ►  dezembro (73)
    • ►  novembro (57)
    • ►  outubro (51)
    • ►  setembro (45)
    • ►  agosto (167)
    • ►  julho (16)
    • ►  junho (36)

Pesquisar este blog

Quem sou eu

BLOG DO REYNIVALDO
Ver meu perfil completo
Tema Espetacular Ltda.. Tecnologia do Blogger.