JORNAL A TARDE , SALVADOR, 01 DE DEZEMBRO DE 1980.
OBRAS INÉDITAS DE PRESCILIANO SILVA
É sempre bom reviver a obra de um mestre. E, sem qualquer bairrismo,
Presciliano Silva é um dos mestres da pintura brasileira, embora não tenha seu
trabalho divulgado como merece porque esteve residindo na Bahia, longe
portanto, da máquina publicitária e dos grandes colecionadores. Ao morrer
deixou uma obra imensa e variada em quase todos os gêneros da pintura.
Interiores da igrejas baianas, as paisagens da nossa terra, as naturezas mortas
e os retratos de tanta gente que ele pintou e perpetuou.
Agora
está sendo realizada na Maria Augusta Galeria de Arte, no Shopping Center
Cassino Atlântico, no Rio de Janeiro, uma exposição de trabalhos inéditos de
Presciliano Silva onde aparecem nus maravilhosos pintados em ter 1888 até 1918.
Defensor
do desenho como instrumento indispensável a um bom pintor, Presciliano Silva é
um mestre do traço. São poucos os artistas brasileiros que apresentam um
desenho tão perfeito. Nos nus apresentados nesta exposição, cujo catálogo
disponho, pode-se notar a graça e o fascínio dos corpos de homens e mulheres
retratados, A leveza dos traços e as formas que surgem com toda a força
expressiva.
Sabemos
que o mestre Presciliano já desenhava soas cinco anos de idade, tipos e pessoas
conhecidas no passeio acimentado de uma casa vizinha. Desenhava também no adro
da Igreja da Piedade com carvão vegetal provocando reclamações por parte dos
frades. Depois entrou para a Escola de Belas Artes, onde foi um aluno e em
seguida mestre brilhante na Europa, fez cursos na Academia Julien.
E,
ninguém melhor que Rui Barbosa para falar da grandeza deste artista quando
escreveu: “Não sei se me engana a minha incompetência em matéria de arte. Mas,
como quer que seja, o meu instinto, a minha intuição, algum gosto terei talvez
e o meu hábito de ver obras de mestres me indicam em Presciliano Silva
um talento das mais finas qualidades, um pintor de extraordinário merecimento e
futuro.”
Estava
certo o jurisconsulto, o Águia de Haia. O seu instinto não falhou, ao
contrário, mostrou que também entendia ou sentia o palpitar da criatividade e a
grandiosidade plástica dos desenhos e
pinturas de Presciliano. Ele, como muito mestres, soube dominar o desenho, base
disciplinar e indispensável ao bom artista.
SESSENTA ARTISTAS INTEGRAM O GRANDE LEILÃO DE ARTE
Este quadro de Jenner Augusto , integra o leilão |
Essa
importância, garante o organizador do leilão, Luiz Caetano Queiroz, pretende-se
ao critério rigoroso de seleção por que passaram as obras a serem expostas e
leiloadas. Foram entregues um total de quatrocentos trabalhos dos quais foram
selecionados 270 obras que integram os diversos lotes do leilão previsto para
os primeiros dias de dezembro, no horário das 21 horas.
“O
leilão foi precedido de uma grande exposição de arte, instalada no mesmo local
(Salão de Convenções), aberta ao público das 11 às 23 horas, hoje e amanhã
independente do leilão, salienta Luiz Queiroz, a exposição deve ser visitada
pelo público, considerando a seleção de obras, de grandes pintores nacionais,
dificilmente reunidas numa mesma mostra”.
AUTORES
E OBRAS
Entre
os bons trabalhos, o coordenador do leilão aponta duas obras de Jenner Augusto
que participaram de retrospectivas do autor, realizadas no Museu de Arte de São
Paulo (MASP) e do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Estes dois
quadros, inclusive, estão reproduzidos no livro de Roberto Pontual,
A Arte Moderna da Bahia.
A Arte Moderna da Bahia.
Exposição
e leilão integrados por obras de pintores de Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio
de Janeiro, Bahia e de outros estados constam de obras de : Alexandre Rapoport,
Ângelo Cannonne, Carlos Scliar, Gavazzoni, Di Cavalcanti, Teruz, Romanelli,
Jenner Augusto, Volpi, Adelson do Prado, Heitor dos Prazeres, Rescália,
Antoneto, Vilma Lacerda, Bustamante Sá, Sônia Maciel, Floriano Teixeira,
Capellotti, Guima, Marília Paiva e muitos outros. Na oportunidade serão também
oferecidos em leilão alguns tapetes orientais.
Quanto
ás normas do leilão, salientam seus organizadores: todas as obras foram
rigorosamente selecionadas previamente,
os organizadores se responsabilizam pela autenticidade, na hipótese de
divergência, baseada em laudo de perito idôneo, o arrematante poderá anular a
transação no prazo de 30 dias. As obras são de propriedade de terceiros e a
venda se dará no estado em que se encontram, os interessados deverão
examiná-las antes do leilão, não serão possíveis desistências após arremates.
Na arrematação deverá ser pago um sinal de 30% do preço mais 7% da comissão do
leiloeiro. As obras de arte arrematadas deverão ser retiradas imediatamente,
após o término do leilão por conta e risco do arrematante, a não retirada
implica em desistência, perdendo o interessado qualquer direito sobre o sinal.
TREZE
PREMIADOS NO VIII SALÃO DOS NOVOS DO MUSEU CONTEMPORÂNEA DE RECIFE
Foi
aberto em Olinda o VIII Salão dos Novos do Museu de Arte Contemporânea de
Pernambuco, que conta com o patrocínio da Sul América Seguros. O salão este ano
teve 95 artistas inscritos, dos quis 13 foram premiados.
Os
prêmios foram entregues pela Sul América Seguros, durante o coquetel de
abertura, que contou com a participação de autoridades, intelectuais, artistas
plástico, e dos artistas premiados. Este ano o Salão dos Novos modificou seu
critério de premiação, dando assim oportunidade ao reconhecimento do trabalho
de um número maior de artistas.
Ao
todo foram 13 premiados, sendo dez com o prêmio aquisição, cujos trabalhos
passarão a fazer parte do acervo Museu de Arte Contemporânea, e três com o
prêmio recebendo em dinheiro o valor de referência da obra.
São
os seguintes os artistas e seus trabalhos ganhadores do prêmio aquisição: A.
Fernando, com óleo sobre a tela Senzala; Aluísio Muniz, com a Barraca de D. Severina; Adeildo Pereira, com De Olhos nas Pipas; José Patrício, com
Qualimane; Luiz Carlos Guilherme, com Retrato de Moda; Maria de Nazareth,
com Recife Vista Parcial ; Maria Alice Ferreira Veloso, com Sem Título,
gravura em metal, Perside, também com uma gravura em metal, Sem Título, e
Verônica Dália, com Cruzeiro do Sul.
Receberam
os prêmios nominais os seguintes artistas: Gilda Macedo de Matos, com três
trabalhos em técnica mista/desenho - Todos os Seres do Divino, Ascese e Mutação - , Florence de Almeida Fernandes por um conjunto de três tapeçarias Encontro de Pássaros e O Amanhecer ,e Luiz Sávio Leite Teixeira de Araújo
que apresentou três objetos.
OPORTUNIDADE
Este
salão é da maior importância para o artista pernambucano - diz A.Fernando, um
dos artistas premiados - pois aqui, além deste, só tem um grande salão de artes
plásticas, promovido pelo estado.
-Sem
dúvida – continua -que é um estímulo muito grande para o artista novo ter a
oportunidade de participar de um salão desta envergadura, podendo contar até
mesmo com a possibilidade de ter seu trabalho fazendo parte do Acervo do Museu
de Arte Contemporânea de Recife.
A
ARTE XEROGRÁFICA DO BAIANO BOTELHO ESTARÁ EXPOSTA DE 1.º A 15
A
evolução da técnica gráfica fez com que chegássemos, hoje, ao avanço real das
copiadoras neste campo. Assim, diversos artistas americanos e brasileiros ter
usado desse processo como meio técnico para mostrara sua obra.
Aqui
na Bahia, o artista plástico Botelho Pedrosa, mostrará seus trabalhos através
da Arte Xerográfica, uma exposição que realizará de hoje até o dia 15 de
dezembro próximo na Galeria do ICBA, numa mostra intitulada Xerox Art.
Nesta,
o artista faz questão de chamar a tenção
sobre a técnica e o tema dos trabalhos. Quanto a técnica, explica que faz o
original expõe a cópia, utilizando a
máquina 3M ou Nashua, tendo como refio. Com relação à temática, falou
Botelho que, apesar de bastante diversificado, existe uma espécie de unidade em
seu trabalho; apesar de aparentemente descompromissada, sua arte tem sempre um
compromisso e uma conotação política, além de uma imensa preocupação com a
linguagem.
O
ARTISTA
Formado
em História pela Universidade Católica de Salvador, Botelho Pedrosa é um
artista plástico autodidata, que já realizou três mostras individuais, além de
diversas coletivas, incluindo a Exposição Cadastro realizada este ano no
Museu de Arte Moderna. Atualmente, conta com onze trabalhos catalogados pelo
setor de Cultura.