A VOLTA DA LITOGRAFIA COM UM
PROGRAMA LOCAL
O professor Antônio Grosso acompanha os alunos |
Com as prensas desativadas das gráficas, após o advento do off-set e das máquinas modernas, sendo vendidas como ferro-velho ou quebradas, esmoreceu a produção litográfica.A litografia, que começou no Brasil em 1825 com o Arquivo do Rio de Janeiro, consiste na utilização de uma pedra, tipo calcário, de uma espessura determinada, e o desenhar nela com elementos tais como o lápis cera.Enfim, lápis gordurosos.
Após
isto, a pedra é passada por um processo químico, realizado com goma e ácido
nítrico. Assim está, praticamente, pronta para ser impressa, o que é feito com
o uso de papéis de qualidade.Com
a pedra desenhada e devidamente queimada inicia-se, então, o processo de
estampagem.
Agora,
com um curso realizado por um convênio da Fundação Cultural do Estado, através
de uma iniciativa das oficinas do Museu de Arte Moderna, e a Funarte, volta a
ser incentivada a prática desta técnica entre nós.
O
curso aberto à comunidade, teve vinte alunos com a duração de um mês, e foi
ministrado pelo professor Antônio Grosso, e colaboração de Edgard Fonseca. Mas
esta foi uma primeira etapa. Outras virão proximamente. Só que os resultados
deste começo serão avaliados por uma exposição dos alunos, quase todos em sua
maioria artistas plásticos profissionais, que como disse um deles, Zivé
Giudice, “estavam ali para ter a apropriação de uma linguagem diferente, a
retomada de um processo repleto de vantagens, principalmente no barateamento do
custo final da confecção de cartazes”.
Antônio
Grosso ressalva o interesse despertado pelos alunos, principalmente pela
facilidade que todos tinham, já que eram artistas plásticos profissionais e
atuantes, no manejo das novas técnicas que aprendiam. “O curso tinha o horário
de aulas entre ás 14:00 e às 18:00 horas, mas todos já se encontravam presente
desde ás 8:00 horas, trabalhando nas prensas.Foi
formidável. O resultado será visto por todos na exposição, ainda sem data
marcada, e sob a coordenação de Juarez Paraíso, que está recolhendo o material.Outro
fator é a feitura de um acervo do museu, com a conservação de uma memória
gráfica baiana. Este foi um lado muito importante do curso.
As
outras etapas, do curso, deverão ser iniciadas a partir de junho, sem a
participação da Funarte, apenas como iniciativa do Museu de Arte Moderna, na
feitura do contexto de um museu ativo, seguindo um caminho anteriormente
traçado. A segunda fase será o prolongamento do que foi agora aplicado, dando
continuidade a esta primeira etapa, que consistiu no contato com o material e o
desenvolvimento deste material. “Fui muito feliz com o trabalho deste curso,
pois apesar do espaço curto, isto não serviu de empecilho,, já que há vários
alunos que estão produzindo litografias a cor, um processo mais adiantado,
ressalva Antônio Grosso.
Quanto
ao desenvolvimento atual da litografia no Brasil, Antônio Grosso sente “um
interesse muito grande, num embalo muito bom.
Principalmente,
no Rio e São Paulo. Fora deste eixo, há Minas, com a Casa Litográfica e
Pernambuco com a Oficina Guaianazes. Outro fator da prova de uma volta intensa
da litografia é a realização de cursos semelhantes ao ministrado no Museu de
Arte Moderna, pelo mesmo professor, na Universidade de Vitória, em Minas Gerais , no Maranhão,
e na Universidade de Brasília.
ALMEIDA
JÚNIOR, UM ACADÊMICO DA COR
Almeida
Júnior não deixa de ser um artista tipicamente acadêmico no uso da cor que
denuncia sua formação na Escola Imperial
de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde foi aluno de Victor Meirelles e Pedro
Américo. Contudo, o que distinguiu as suas pinturas daquelas de seus
contemporâneos da academia o tornam um verdadeiro antecessor da preocupação com
nacional, seria o grande número de obras que realizou focando tipos populares
do interior de sua terra.
Em
1876, com uma pensão do imperador D. Pedro II, para a França, tendo frequentado
a Escola de belas artes paris, como discípulo de Alexandre Canabel. Expôs no
Salão dos Artistas Franceses em 1881 e 1882 e, pela primeira vez no Rio de Janeiro,
em 1882. Na Exposição Geral de Belas Artes em 1889 obteve Medalha de Ouro de 1ª
Classe. Pintor de ter bíblicos, costumes regionais e retratos, Almeida Júnior
faleceu em sua plena maturidade como pintor, aos 49 anos. A Pinacoteca possui a
maior coleção de obras do artista, num total de pinturas.
Compondo
com aparente simplicidade, o pintor se utiliza basicamente, da linha horizontal
para a estruturação do quadro em duas partes, paisagem ao longe, terraço em 1º
plano, plenamente integradas pelo vazamento da grade.
Com
a horizontal, o artista inicia seu trabalho em busca de total imobilidade para
a cena: na tranqüila tarde paulista uma jovem mulher, esquecida do tempo,
entrega-se à leito.
Sua
longa trança castanha pende, vertical, sem movimento lua se difunde sem
contraste e, ao lado, a simplicidade elegante da cadeira em tesoura,parece
assinalar uma ausência enfatizada.
EDSOLEDA É AUTORA DO CARTAZ DA Arte BA/80
A
vencedora do concurso para o cartaz e a marca do Festival de Arte da Bahia 80
foi a artista plástica e programadora visual da UFBa., Edsoleda Santos. Para
representar o principal interesse do Festival de Arte da Bahia 80, que é
“divulgar e incentivar as novas manifestações artístico-culturais de nossa
terra”, Edsoleda utilizou-se dos elementos seculares da Arquitetura e da
riqueza visual da paisagem baiana, enfatizando o forte ritmo ascendente que
domina a composição. A figura central, que teve como estímulo inspirador o voo
da bailarina Graziela Figueroa, representa, segundo a concepção da artista, “a
cultura que se expande por novos horizontes, ao mesmo tempo em que se enriquece
na amplitude desta vivência”. Diz Edsoleda que “o voo sugere expansão, difusão,
e, nesse sentido, a expansão é cultural”.
P - É a primeira vez que você participa do concurso para o cartaz do Festival de Arte
Bahia?
Edsoleda-Sim.
Foi uma experiência muito boa, uma oportunidade de trabalhar com número maior
de cores.
Quando
vi o edital do concurso com a indicação de que poderiam ser usadas quatro
cores, foi que me animei.
P- De
que maneira as cores foram decisivas para a concepção do cartaz?
Edsoleda-
A cor é significativa na vida de todas pessoas, pois, é uma relação Íntima
entre o homem e a natureza. A natureza criou as estrelas e a lua para amenizar
a imensa escuridão de suas noites e o homem criou luzes coloridas para os
espaços escuros. Uma mensagem visual com objetivo de consumo não deve se abster
da cor.
P- Neste
cartaz, você empregou técnica mista, não é verdade?
Edsoleda-
Usei guache, aquarela e lápis
P -Quais as cores que você elegeu e qual a significação delas?
Edsoleda -
Todo tema exige uma cor específica.
Para
o tema do cartaz, eu usei o azul como cor dominante, que é a cor do céu e do
mar. A cor é um elemento de forte significação no meu desenho. É lançada no
espaço plástico, obedecendo ao ritmo dos meus impulsos emocionais, ora se
diluindo, ora se concentrando, e, com isso, dando origem a uma infinita gama
cromática. As cores estão ligadas com a criatividade do artista, que é
limitada, por isso, concentrei nas asas da figura central do cartaz as cores
amarela e vermelha.
P - Como foi que a figura de Graziela surgiu na sua concepção?
Edsoleda -
Eu estava começando a criar um cartaz para a Oficina Nacional de Dança
Contemporânea, comecei a olhar fotografia de Graziela. De repente, surgiu a
figura que exigia cor. Foi exatamente nesta ocasião que eu recebi o edital do
concurso, que estipulei quatro cores... então, animei, e já pensei no festival
em ritmo, cor, luz, amplitude Bahia, e, disso, saiu a ideia do cartaz.
P- Você é a programação visual que cria os cartazes publicitários dos eventos artísticos da UFba. Qual a esperança de linguagem entre seus trabalhos de publicidade de um produto artístico que destinado a ser reproduzido
Edsoleda -
Como artista de Cavalete, tenho uma liberdade maior, não preciso de ser
objetiva. O tema pode ser desenvolvido através de várias fases, até alcançar um
processo de total abstração. Nesse de trabalho, o artista pode usar uma
linguagem mais intimista. O trabalho publicitário exige, além da expressão
objetividade e contemporaneidade.
P -Que motivação você pode apontar como decisão para sua atuação na área da publicidade?
Edsoleda -
Devido às circunstâncias, às dificuldades no mercado de trabalho com a arte de
cavalete, venho dedicando à arte publicitária.
No
trabalho publicitário, avanços tecnológicos devem ser acompanhados, à risca
pelo artista, a fim de que possa representar bem a ideia. Os temas são os bem
variados, exigindo uma grande versatilidade do artista. O espaço publicitário
composto de letreiro e figura que devem atingir um bom equilíbrio visual entre
si e dentro desse princípio de criação
do cartaz deve ser condizente com o tema, para que possa, ser melhor absolvido
pelos consumidores.
P- Ao
lado do exercício constante que é para o artista a criação de um produto com o
tema já definido, você procura localizar algum inconveniente limite para sua
realização?
Edsoleda -
Na criatividade, o limite é desastroso pois exige que o artista desenvolva, ao
máximo, suas possibilidades, dentro de no mínimo de recursos técnicos em que o
impede que se reno o acompanhando o curso e desenvolvimento de uma época.. Por
exemplo, algun recursos técnicos modernos são a letra-set, letra-filme,
letra-gráfica, montagem-fotocomposição, foto- etc. Quando um trabalho se dirige
á gráfica, é feita a arte final e o lay-out, que deve ser interpretados com
sensibilidade, o que, muitas vezes não acontece, modificando-se, dessa maneira,
o sentido da mensagem.
MÁRCIO
LEVYMAN COM NOVAS FOTOS
O
Gabinete Fotográfico apresenta os trabalhos de Márcio Levyman, fotógrafo em
atividade desde 1975. As fotos documentam aspectos gráficos/ formais do Bom
Retiro, que segundo Márcio “foi uma iniciativa de agrupar os traços
representativos da emoção visual presente no bairro, destacando a sensibilidade
espontânea que nos surpreende a cada esquina”.
Os
momentos registrados sugerem manifestações isoladas e silenciosas com as quais
convivemos indiferentes. São encontros dos elementos desordenados existentes no
bairro, revistos e acentuados pela fotografia.
O
conjunto de imagens formado poderia ter acontecido em qualquer lugar.
Praticamente inexistem referências ou sinais representativos identificando o
bairro, portanto as situações assumem caráter mais amplo e as leituras podem
ser mais abertas.
A
exposição estará aberta a visitação pública, até 22 de junho, no horário
habitual da Pinacoteca do Estado: de terça-feira a domingo, exceto feriados,
das 14:00 às 18:00 horas.
São
13 fotos coloridas, ampliadas tamanho 50 x 60cm e 30x 40cm em papel brilhante.
As ampliações e montagens foram realizados pelo Laboratório Orencolor, Av.
Pacaembu, 1.213.
ALEGORIAS
RENASCENTISTAS DE TORASSA NA PORTAL
Obra de Torassa, para entender melhor sua produção |
O
HOMEM, A OBRA
Torassa
é argentino de Buenos Aires,( Foto ao lado) há poucos anos no Brasil.Seu
ingresso no mundo das artes se deu ainda na infância, quando já manifestava o
dom do desenho. Autodidata, seu nome começou a ser reconhecido por volta de
1974, na cidade de Santa Fé-Argentina, onde expôs em diversos salões,
participou de inúmeras coletivas e individuais.
Recebeu
vários prêmios e possui obras suas em galerias dos Estados Unidos, Espanha,
Inglaterra, Alemanha, França e no MASP.
Realizou
individuais no Museu de Artes e Artefatos de Santo Tomé em Santa Fé. Desenhos
no Salão Escola de Desenhos e Artes Visuais Manuel Belgrano, em Santa Fé. Desenhos
e pinturas da série “As visões de Rosimatrogen” na galeria de arte”Desenho” em Santa Fé. Individual
na Galeria Lafranconi, em
Buenos Aires , coletivas no Cinter Galeria, em Buenos Aires , Galeria
de Arte Color, em Santa Fé
e outras. Recebeu o prêmio de Aquisição no 3º Salão de Desenho de Santo Tomé em
1975- Santa Fé, o 1º Prêmio de Pintura no LIV Salão Anual de Santa Fé, em 1976,
possui obras na Galeria Abis-Berlim-Alemanha, Galeria Compass-Glasgow em
Londres-Inglaterra, Galeria Art Vivant em Paris-França, Galeria Adria em Barcelona- Espanha ,
Galeria Americam Masters em Los Angeles -EUA e no Museu de Artes de São
Paulo-MASP cujo diretor, Pietro Maria Bardi, adquiriu dois quadros de Torassa
para seu acervo particular.
O
REAL E O IMAGINÁRIO
Torassa afirma que suas obras são a integração da realidade e a concepção do imaginário como
espírito motor das verdades de cada um. Diz, ainda, que este irregular mundo de
fantasmagóricas criaturas, dotado de duendes e enigmas, talvez sacado de
momentos ocorridos em tempos passados com vibrações de fantasia e realidade
onde as esculturas adquirem vida e movimento,
situando-se em posição de personagens, caracterizam as imagens e idéias
irônicas de nossas vidas.
“Um
elemento -o cavalo, que aparecem em muitos de meus quadros, representa o gérmen
vital da natureza”.
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