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sábado, 14 de setembro de 2024

MARIA ADAIR E SUA TRAJETÓRIA DE CRUZAMENTOS

Maria Adair não tem preconceitos com
os suportes. Qualquer objeto pode ser
pintado e transformado por sua arte.

Há seis anos quando completou oitenta anos de idade a artista Maria Adair fez uma exposição e escreveu: “A vida é uma grande tela. Um cruzamento de caminhos, pontuando a vida, chego aos 80”. E assim ela vem continuando a sua trajetória agora com limitações devido a uma alergia que tem impedido de utilizar algumas tintas. Mesmo assim ela tem procurado se manter ativa e está usando canetas especiais e outras ferramentas para continuar expressando seus sentimentos e emoções através a arte. Portanto, a grande tela que se descortina diante da artista ainda está para ser concluída. Atualmente  também usa vários outros suportes para deixar o seu registro de sua passagem por esses caminhos que se cruzam e se bifurcam por aí neste mundo cheio de problemas, surpresas e claro de coisas boas e alegrias para serem comemoradas. Fui conversar com Maria Adair em sua casa-ateliê no bairro da Graça, em Salvador-Bahia e saí de lá como estivesse visitado um museu com tantas obras de arte espalhadas por todos os cantos da casa nas paredes, nas estantes, em mesas e até no teto. Tudo devidamente exposto para ser apreciado pelas pessoas que gostam de arte e a visitam. Acompanho a artista há algumas décadas e lembro que tudo que ela encontrou pela frente ao seu alcance usou como suporte para sua arte. Era uma verdadeira máquina azeitada em pleno funcionamento tal a energia que demonstrava com sua disposição em pintar. Esta sua força pela arte era tanta que até seus colegas brincavam: “Não fique perto da Adair senão ela vai lhe pintar”. Quando lhe pedi para falar de sua arte e ela disse “que a arte é a vida do artista, vai fazendo o que lhe vem à mente. As ideias vão aparecendo e a gente vai mudando. Agora mesmo estou desenhando ao invés de pintar devido a alergia. Comecei com o nanquim, mas também não me senti bem e fui ler o rótulo da caixa. Vi que estava escrito que pode causar  problemas alérgicos. Tive que abandonar o nanquim e desenhar com lápis e caneta.
Maria Adair ao lado de  uma bela  tela  com
os cruzamentos que enriquecem sua obra.
A artista Maria Adair realizou dezenas de exposições individuais e coletivas aqui, em outros estados e no exterior. Fez o curso de Master of Arts pela School of Art And Art History, na University of Iowa, cidade de Iowa, nos Estados Unidos. Já ganhou alguns prêmios e tem obras espalhadas por museus e colecionadores de vários países. É formada em professora primáriapelo Instituto Central Isaias Alves- ICEIA e licenciatura em Desenho e Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. Ministrou aulas de Educação Artística no colégio Maristas por longos anos e também como professora da Escola de Belas Artes, onde se aposentou. Mostrou um caderno onde está escrevendo um livro detalhando toda a sua trajetória desde o nascimento até o momento em que o livro se tornará realidade. As páginas estão repletas de fotos que ela já catalogou e legendou. Suas últimas produções são gamelas de madeira pintadas e outros objetos utilitários que trazem a marca dos caminhos cruzados em composições geométricas e com colorido forte.

                                                     QUEM É

A primeira tela que pintou foi da fazenda
 Marimbondo
do seu pai.
A artista Maria Adair França Magalhães nasceu em 6 de julho de 1938 no então distrito de Itiruçu, na Rua Aurora, 22, hoje Avenida Presidente Vargas. Itiruçu era distrito do município de Jaguaquara e agora está emancipado. É filha de Jair Magalhães e Adalgisa França Magalhães. Logo depois foram morar na cidade de Maracás onde seu pai trabalhou na Prefeitura local. Após dois anos retornaram para Itiruçu e lá resolveu comprar uma casa abandonada e reformar. Quando estava neste processo de reforma e com suas idas e vindas em busca de material de construção encontrou algumas vezes um vendedor de bilhetes da Loteria Federal que lhe oferecia e nunca tinha comprado. Finalmente, perto do Natal o homem surge novamente oferecendo o bilhete do jogo que iria correr no Natal com um grande prêmio. Terminou por comprar e o seu bilhete foi sorteado  recebendo muito dinheiro . Com este recurso terminou a reforma da casa e comprou a fazenda Marimbondo passando a criar gado.  Deixou sua antiga profissão que era de comprar barris de álcool e vinagre ao atacado, engarrafar e rotular para vender aos pequenos comerciantes da região. Enquanto sua mãe gostava de costurar, bordar, datilografar e plantar num terreno que o esposo comprou no fundo da casa onde moravam. O senhor Jair Magalhães ganhou outro status e foi por duas vezes prefeito da cidade. Na primeira vez nomeado pelo interventor Landulfo Alves e posteriormente eleito.

Maria Adair recebe diploma de professora
primária no ICEIA ao lado do pai.
Estudou o primário na Escola Sete de Setembro com a professora Maria Cândida de Castilho Fontoura, a d. Iaiá, e na Escola da Professora de dona Ivone ambas em Itiruçu. Depois veio para Salvador estudar no Ginásio Bom Jesus, que ficava ao lado da Fábrica de refrigerantes Fratelli Vita, na Cidade Baixa. Ela lembrou que as freiras eram  gaúchas  e mineiras da congregação Missionárias de Jesus Crucificado. Seu primeiro contato com a arte foi através da madre Emília, do colégio que convidou as alunas que quisessem participar aos sábados de um curso de pintura que ela iria ministrar. Claro que a Maria Adair passou a frequentar o curso. Ela distribuia umas pequenas tábuas e tintas à vontade e todas pintavam sob sua orientação.  A família resolveu mudar da Cidade Baixa e foram morar na Rua Francisco Ferrari, aos fundos do Colégio da Bahia. Já tinha concluído o ginásio. Foi estudar no Instituto Isaias Alves, onde formou-se em professora primária. Ao concluir o curso pedagógico foi ensinar no curso primário no Escola Nossa Senhora Auxiliadora, conhecida  como colégio d. Anfrísia Santiago. Em 1958 casou com o seu conterrâneo Roque Brochini que era cirurgião dentista e foram morar em Itiruçu e lá fundou a Escolinha do Menino Jesus e teve cinco filhos. O casamento se desfez e retornou para Salvador em 1970. Resolveu fazer vestibular
Adair e sua vaca da Cow Parade
para a escola de Belas Artes onde entrou em 1972. Após se formar nos anos 80 foi para a Pennsylvania, estudou inglês na Universidade de Pittsburgh. Em 1981 foi para Iowa onde morou até 1982 no Hawkey Court, enquanto cursava o mestrado em arte na School of Art And Art History da universidade de Iowa. Quando estudava conseguiu inicialmente alugar um apartamento no campus universitário e levou dois filhos e em seguida mais dois, a filha Moema já tinha ido para Paris. Ela disse que foi importante porque eles estudaram um tempo por lá, inclusive aprenderam inglês com boa fluência. Ela quando chegou nos Estados Unidos não sabia Inglês e teve que estudar muito, pois eram cinco aulas por dia. Sua ida para os Estados Unidos não foi tão fácil. Ao chegar ficou dividindo apartamento com um estudante brasileiro. A Universidade Federal da Bahia não queria deixá-la se afastar porque não era professora efetiva, e sim substituta. Precisava liberar o dinheiro que ela ganhava como professora substituta da Escola de Belas Artes. Porém, depois o vice-reitor foi informado que ela tinha grande potencial e assim conseguiu uma pequena bolsa de estudos. Isto foi bom porque tinha que deixar dinheiro no Brasil onde estavam seus quatro filhos. Também era professora do Estado e precisou de uma licença sem remuneração para se afastar. Em 1983 fez uma residência de um mês cidade de Bellagio, na Itália, no Bellagio Study And Conference Center da Rocfeller Foundation. 

Vemos na foto acima a artista Maria Adair com a vaca que pintou quando da exposição chamada Cow Parade criada em 1998 pelo artista suiço Pascal Knapp "com a intenção que as vacas fossem uma forma criativa de reproduzir uma tela tridimensional que os artistas locais expressassem sua arte". Aqui em Salvador vários artistas pintaram e as vacas coloridas foram expostas nos principais shoppings da cidade e também em algumas praças. Além de provocar risos e curiosidade como imaginou o artista suiço as vacas feitas de fibra de vidro e pintadas por artistas serviram também de cenário para milhares de pessoas tirassem fotografias ao lado delas. Esta vaca que Maria Adair aparece ao lado e pintada por ela foi arrematada num leilão por seus filhos que em seguida lhe presentearam.

Estes dois patos de cerâmica feitos
pela Cida e pintados em acrílica
por Maria Adair  foram inspirados
nos patos da Fazenda Marimbondo.
A artista Maria Adair disse que a Escola de Arte da Iowa tem nada menos que dez Departamentos, a escola daqui tem apenas dois. O de Arte e Pintura e o Departamento de Desenho e Escultura. A turma onde estudava tinha gente de várias partes do mundo. Lembrou que durante o curso eles sempre pediam uma redação com tema livre. Certa vez  escolheu falar sobre o carro a álcool que estava sendo fabricado aqui. O professor selecionou a sua redação para ler para a turma e neste momento alguns estudantes do Oriente Médio principalmente os da Arábia Saudita não ficaram satisfeitos com a notícia do carro movido a álcool.

Ao retornar ao Brasil voltou a ensinar na EBA e fez um projeto para criar a Galeria do Aluno. Pediu a diretora Ana Maria Villar para utilizar uma sala que estava sendo usada como depósito. Ela concordou e mandou limpar a sala e aí foi instalada a Galeria do Aluno, porque a Galeria Cañizares era só para os professores e artistas convidados. A galeria ainda existe, mas hoje não tem aquele movimento de quando “nós criamos pois fazíamos oito exposições por ano e a gente procurava divulgar na época através os jornais e as televisões. Depois conseguimos expor na Galeria Cañizares uma coletiva anual com o trabalho de cada um dos alunos que fizeram exposição na Galeria do Aluno. Teve um ano que fizemos uma coletiva no foyer do Teatro Castro Alves.  Chegamos a conseguir um convite para que um desses estudantes  viajasse como Aluno Visitante para a Universidade da Filadelfia, um dos que foram foi  a Edlamar, que teve seu projeto aprovado e ela expôs por lá e chegou até a ir para Nova York", diz Maria Adair

                                              EXPOSIÇÕES

Esta obra lembra  onda gigante se
chocando com uma embarcação
.
INDIVIDUAIS: 2018 - Oitenta, Galeria Paulo Darzé, Salvador-BA; 2016 -Whats Is For Desert? Galeria Regina, Houston. Texas – USA; 2012 - O Universo Amado, Palacete das Artes, Salvador-BA2009 - A Cor do Café III, Cúria Arquidiocesana. Salvador-BA; 2007 - A Vida à Moda de Maria Adair, Centro o Cultural Correios. Salvador-BA; 2005 – Couleurs Et Saveurs de Bahia ECAPP – La Bastide, Morières-lès Avignon Provence França; Entre a Feira e o Mar, Reserva Imbassaí. Mata de São João-. BA; No Black Ties, Museu Carlos Costa Pinto, Salvador-BA; 2003 - A Cor do Café, Galeria Por Amor à Arte. O Porto – Portugal; arte@maria-adair.com,. Espaço Ornare, Salvador-BA; 2002 – Café Society, Artefacto, São Paulo-SP; 2000 - O Banquete, Museu Carlos Costa Pinto. Salvador-BA; 1998 - Les Café de Paris et Du Monde, Atelier Maria Adair- Pelourinho. Salvador-BA; 1997 – Urbano Italiano, Museu de Arte Moderna. Salvador-BA; 1994 – Garagem II, Aquarela, 
Este aviãozinho de madeira usado como 
suporte para a pintura de Maria Adair
.
Paris-França; 1993 – Trama Urbana, Hotel Sofitel, Salvador-BA; Les Chemin De La Ligne, Aquarela. Paris-França; Ondulações, Inauguração do Atelier Maria Adair, no Pelourinho. Salvador-BA; 1992- Coreografando O Espaço, MM Design. Brasília-DF; Um Banquete Azul, Companhia das Índias, Salvador-BA; 1991 – Tressage Brésilien, Aquarela, Paris-França; Brasilianishe Verknut Ungem, Arte Galerie N. Munique, Alemanha; Multimídia Show, As Pandoras, Salvador-BA;1990 – Installation, Aquarela. Paris-França; 1989 – Grandes Momentos, Galeria Geraldo Rocha, Vitória da Conquista-BA; 1988 - A Grande Viagem, Escritório de Arte da Bahia e Galeria Prova do Artista, Salvador, BA - Brasil 1988 - Águas do Mar no Agua do Mar, Água do Mar. Salvador. BA - Brasil 1987 - Trama de Couleurs, Aquarela. Paris – France; Color Into Fiber, Lifshitz Roof Garden, New York City-NY - USA; Interwoven Dimensions, Donna Astorino's House, Pittsburgh-PA - USA ;1986 - A Grande Trama, Época Galeria de Arte, Salvador-BA; 1985 – Viva o Risco, Galeria O Cavalete, Salvador-BA; Passagem, Tyler School of Art- Temple University, Philadelphia- PA - USA; 1984 – Maria Adair-84. Museu de Arte da Bahia, Salvador-BA ;1983 – Vestindo Arte, Editora Corrupio, Salvador-BA;1982 - A River of Emotions, Corrobore Gallery, lowa City; IA – USA; Iowa The Fertile Land, University of lowa Museum of Art. lowa City. IA – USA; Constellations, Brazilian American Cultural Institute, Washington-DC-USA; Constellations, International Center, lowa City-IA, USA;Tropical Yerning, Joanna Panzar's House, Pittsburgh-PA, USA; 1981 – After The Rain A New Life, Joanna Panzar's House, Pittsburgh-PA, USA; Celler, Russian Images International Arts Sewickley, Sewickley-PA, USA; 1979 – Espera, Galeria Geraldo Rocha. Vitória da Conquista-BA; Trama e Luz, Praiamar Hotel; Salvador-BA ;1978 - 29 Mostra, Museu de Arte Moderna, Salvador-BA; Organismo, Paço Municipal, São Bernardo do Campos e em 1976 - 1° Mostra, Galeria Cañizares, Salvador-BA.

Oratório transformado em
"igreja" pela artista em
homenagem a Santo Antônio.
COLETIVAS 2018Fluxos Visuais, Palacete das Artes. SSA-BA; 2017 –ArtBrasil, Artserve. Fort Lauderdale- FL - USA; II Mostra Internacional- O Livro de Artista, Museu de Arte da Bahia, Salvador-BA ;  Agosto das Artes, Museu de Arte Moderna, Salvador-BA ; 2016 – Santa Ceia, Convento do Carmo, Salvador-BA ; Livros De Artista, Museu de Arte da Bahia, Salvador-BA ; Exposição Professor-Artista, APUB Sindicato, Salvador-BA ; 2015 – Circuito das Artes, Galeria da Aliança Francesa , Salvador- BA;  2013 -Triangulações, Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Brasília -DF ;  Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, MAMAM, Recife-PE; Paulo Darzé Galeria de Arte. Salvador-BA ;  Triangulações, Palacete das Artes, Salvador-BA; Catt Parede, Paulo Darzé Galeria de Arte. Salvador- BA; Circuito Das Artes, Palacete das Artes.Salvador-BA ;2012 – Circuito Das Artes; Palacete das Artes, Salvador- BA; 2011- Sérgio Rabinovitz e Maria Adair, Museu da Misericórdia, Salvador-BA ; 2010 – arte Contemporânea, Galeria Projecto. Cerveira – Portugal; 14 Obras de Misericórdia, Museu da Misericórdia, Salvador-BA; Open France Brésil; Atelier Grognard, Rueil-Malmaison - França; Santana, Museu de Arte da Bahia, Salvador-BA ; 2009 – Doce de Santo, Galeria ACBEU, Salvador-BA; Open Art França – Brasil, Centro Cultural Correios, Salvador-BA; 2007 – Mulheres em Movimento, Galeria Cañizares, Salvador-BA; 2005 – Afetos Roubados no Tempo, Caixa Cultural. Salvador-BA, Faculdade Santa Mônica, SP; Museu Théo Brandão. Maceió. AL, Galeria Capibaribe. Recife. PE, Goethe Institute. Salvado- BA; 2004 – Arte em Revezamento , EBEC Galeria de Arte, Salvador-BA; 2003 -1º Salão de Arte,  Consulado da Holanda, Salvador-BA; 2002 – Exposição de Arte, Galeria Banco de Arte, São Paulo-SP ; 150 Anos da  EBA-UFBA,  Centro Cultural Correios, Salvador-BA ; Exposição de Inauguração ,  Galeria Mercado das Artes, Salvador-BA ;  Exposição de Inauguração,  Galeria da Cidade, Salvador- BA - ; 2000 – Arte – Arte Salvador 450 ANOS, Padrão do Descobrimento, Lisboa; Museu de Arte Primitiva Moderna, Guimarães – Portugal; Museu de Arte de Macau, Macau – China;  Mestras da Arte Baiana, Museu Náutico, Salvador-BA ; 1999 - 19 Exposição Do Leilão de Arte GACC, Museu de Arte Moderna, Salvador-BA ;Arte -Arte Salvador 450 Anos, Museu de Arte Moderna, Salvador-Ba; Curitiba-.PR; Museu da Cidade 
Obra saudando Orixá pintada
em papel .
Rio de Janeiro-RJ ; 1998- Bahia à Paris,  Artes Plastiques D’Aujourd’hui, Galerie Modus, Paris – França; Arte-Arte Salvador 450 Anos, Museu de Arte Moderna. Salvador-BA ; 1997 – 8 Exposições, Ada Galeria de Arte, Salvado- BA; 1994 – Exu, Fundação Casa de Jorge Amado, Salvador- BA; Les Couleurs Du Brésil Em Homenage Au Maitre Bajado, UNESCO, Paris; 1993 – Internacional Contemporary Furniture Fair, Jacob Javitz Convention Center, New York – USA; 1992 - Interpretando A América, Galeria ACBEU, Salvado- BA; 1990 – Quinzaine Bresil, Rotonde du Théâtre Municipal, Rennes – França; Brazilian Festival; Westin Galeria Ballroom. Houston, Texas- USA; 1989 – Introspective Contemporary Art Bry Americans And Brazilians Of African Descent, California Afro American Museum. Los Angeles.CA – USA; 1991 - Bronx Museum. New York – USA; 1988 - A Mão Afrobrasileira, Museu de Arte Contemporânea, São Paulo-SP; Brésil Hexagonal, Union de Banques a Paris, França; Pinturas e Esculturas, Escritório de Arte da Bahia e Prova do Artista, Salvado- BA; Sisters Of The Américas, Muse Gallery. Philadelphia-PA – USA; 1987 – Exposição de Verão, Rodin Galeria de Arte, Salvador-BA; 35 Artistes Bresiliens, Abbay du Bois de Nottonville – França; 1986 – Exposição de Verão, Museu do Cacau. ilhéus-BA; 1984 – Três Artistas Baianos, Galeria J. Inácio, Aracaju-SE; 1983 – Graphites Brésiliens, Maison du Brésil. Paris – França;1982 – Multimidia Show, Stephen Edward Galleries, New York City – USA; 1981- Brazil Expo 81, Carlow Colege. Pittsburgh-PA – USA; 1979 – Exposição de Abertura, Galeria Geraldo Rocha. Vitória da Conquista-BA; Exposição Cadastro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvado- BA ; 1978 – Mostra Recentes Aquisições, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador-BA ; Salão de Arte da  FUNCISA, Museu de Arte da Bahia, Salvador-BA ; Images / Messeges D’Amerrique Latine, Center Cultural Municipal de Villeparisis, Villeparisis-França; 1977 - Exposição Centenário de Fundação da Escola de Belas Artes da Bahia, Museu de Arte Moderna – Salvador-BA ;19º Salão de Verão da Bahia, Museu de Arte Moderna, Salvador-BA ;1976 -9 Artistas Baianas,  Museu Regional de Feira de Santana, Feira de Santana-BA.

sábado, 7 de setembro de 2024

CÉSAR ROMERO E SUA ARTE INSPIRADA NA CULTURA POPULAR

César Romero ao lado de uma de suas 
recentes obras de  faixas emblemáticas.
O artista César Romero está na estrada há mais de cinquenta anos e sua pintura tem uma ligação intrínseca com a cultura popular, tanto com as manifestações religiosas e profanas através das suas fotografias e pinturas. Ele já fotografou e pintou   tambOretes das barracas de festas populares, as platibandas e janelas das casinhas do interior, as arraias ou pipas , as urdiduras e o imaginário,  principalmente as fitas emblemáticas que  trabalha com uma maestria invulgar . Transforma uma simples fitinha usada nas festas religiosas e aqui muito disseminadas por ser um item de oferenda que serve para os fiéis pedirem graças ao Senhor do Bonfim em um elemento erudito na sua pintura rica em movimentos, cores e composições. Quando examinamos de perto a composição de suas pinturas notamos um entrelaçamento das fitas e trazem na sua estrutura camadas, sombras e vários símbolos da nossa cultura popular. O mais interessante é que as cores, os movimentos e as composições não se repetem usando como inspiração as mesmas fitinhas que nós baianos e os turistas costumam amarrar no gradil em frente ao templo do Senhor do Bonfim, o Oxalá para o povo de santo. Enquanto em Paris os namorados e turistas deixam no gradil da Pont Des Arts os cadeados pedindo amor eterno e outras graças aqui deixamos as fitas com suas cores vibrantes e variadas. Já fez mais de 500 coletivas e 47 individuais no Brasil. No exterior 50 coletivas e 12 individuais. Ganhou vários prêmios inclusive cinco deles pela Associação Brasileira de Críticos de Arte -ABCA. Tem livros escritos pelos críticos Geraldo Edson de Andrade –“ César Romero – 50 Anos -Um Resumo”, “A Brasilidade na Pintura de César Romero”, de Miriam de Carvalho e  “A Escritura do Brasil”, por Jacob Klintowitz.

Com a mesma temática César não se repete.
Na Bahia onde o sincretismo religioso é muito forte as fitas do Senhor do Bonfim têm cores variadas que representam os orixás do candomblé e cada uma delas traz um significado simbólico, espiritual e estético. Na Umbanda também. O branco é de Oxalá, criador do universo, símbolo da paz, o Senhor do Bonfim. A fitinha azul-claro é de Iemanjá, a Rainha do Mar e protetora dos pescadores. No catolicismo é sincretizada com Nossa Senhora do Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria. A de cor amarela é de Oxum, a deusa do ouro, representa prosperidade e para os católicos Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora de Aparecida. A azul-escuro é de Ogum, o orixá guerreiro, o São Jorge e São Sebastião. A de cor rosa é dos Ibeji e Oxumaré, sendo Ibeji os gêmeos na igreja católica São Cosme e São Damião, e Oxumaré símbolo da continuidade e permanência é São Bartolomeu. A fita verde de Ossaim para os católicos é de São Benedito um santo negro, e também de Oxóssi para o povo Ketu que é o deus das florestas. A de cor vermelha é de Iansã, Santa Bárbara orixá ligado aos ventos, tempestades, relâmpagos e raios. Portanto, as fitinhas são verdadeiros amuletos para os que acreditam em santos e orixás. Muitos amarram no pulso para se protegerem e deixam até que a fitinha solte com o tempo. Vemos então que este elemento icônico que inspira o pintor César Romero tem uma significância muito importante para milhões de pessoas e sua arte carrega consigo este sincretismo e ganha erudição.

                                               OUTRAS OBRAS

Obra  da série Imaginária
datada de 1969-1975.
O artista César Romero além de pintor é médico psiquiatra e exerce também a profissão há muitos anos. O psiquiatra normalmente é uma pessoa que ouve como um padre num confessionário as histórias boas e ruins dos seus fiéis e clientes. É preciso ouvir e ouvir com muita atenção os desabafos para depois falar alguma coisa que venha confortar aquele indivíduo. Tanto o psiquiatra quanto o padre além de necessariamente serem bons ouvintes são também observadores. O César Romero observa o que se passa ao seu redor, em sua cidade.  De olhos e ouvidos abertos ele enxerga os detalhes das manifestações de seu povo a geometria das construções simples, dos bancos com seus desenhos coloridos geometrizados das antigas barracas das festas populares. Numa entrevista que deu definiu a arte como sendo “invenção e transfiguração”. Disse que explora a cor até a exaustão e também as possibilidades de combinações, os ajustes, as entonações, as potencialidades cromáticas. Realmente ele faz o seu trabalho calcado no popular onde busca inspiração como matriz e registra as “marcas que o povo criou, seja na religiosidade afro-brasileira, na católica, nos brinquedos populares, na cerâmica, nas festas do povo e lendas do Nordeste”, e em seguida faz sua reinterpretação do que viu e vivenciou com uma metalinguagem.

O artista iniciou pintando igrejas 
e casario.
Seu contato com a pintura teve início no Colégio Maristas quando se preparava para fazer o vestibular para Medicina . Tinha um colega e amigo Frederico Gondim que estudava para fazer Engenharia foi quando observou que ele desenhava e pintava. Perguntou ao Fred como pintar e ele respondeu. “Compre umas telas, tintas e terebentina. Compre poucas tintas porque você está começando”. Aquilo lhe tocou de perto a ponto de comprar  telas e tintas e passou a desenhar e pintar. Meses depois foi organizada uma mostra chamada de Exposição Intercolegial de Artes Plásticas - ECAP com obras de estudantes no Gabinete Português de Leitura. Participaram estudantes dos colégios Maristas, Dois de Julho, Antônio Vieira, Sacramentinas, Doroteias e os jurados foram Mercedes Kruschewisky, o mestre Rescála, Riolan Coutinho e Juarez Paraíso. O César Romero pintou um casario com uma casa amarela, outra azul e no meio uma igreja vermelha. Quando os colegas viram fizeram a maior gozação: isto é uma igreja ou o Corpo de Bombeiros? "Fiquei com muita vergonha. Voltei para os Maristas e pintei a igreja vermelha de branco", lembrou César Romero rindo. Como as inscrições estavam prestes a terminar ele foi apresentar a obra para exposição. Enrolou o quadro com a tinta ainda fresca numa folha de papel manteiga e quando chegou que desenrolou viu que o papel estava colocado na tela e ao retirar saiu um

Série Gravuras de 1977-1988.
pouco de tinta no papel. Ficou apreensivo, mas decidiu deixar a obra para ser avaliada, foi aceita e até premiada. Isto porque o incidente deu à pintura um aspecto de envelhecimento pelo tempo . Tinha descoberto acidentalmente  uma maneira nova de envelhecimento da pintura. Foi premiado e o prêmio foi entregue pelo então governador Luiz Vianna Filho. O evento foi publicado nos jornais locais e o pai de César ao ler num jornal de Salvador  a notícia rumou para cá com toda a família para lhe tirar a ideia da cabeça de continuar pintando. Para seu pai  não era uma profissão que lhe sustentasse e sim uma profissão de boêmios. Então o irmão diretor do Colégio Maristas Capiles Capim convenceu a sua família que a profissão não era tão mal assim .César Romero manteve firme a ideia de continuar pintando. Estávamos no ano de 1967 portanto há cinquenta e sete anos . De lá para cá não houve um ano que deixei de fazer exposição. Costumo fazer individuais de cinco em cinco anos. Começou pintando o casario da Bahia e algumas vezes do Recôncavo. Fez algumas marinhas e imaginária porque estudava no Colégio  Maristas e lá tinha muitas imagens que lhe inspiraram.  Disse que muitas coisas com ele acontecem por acaso e que costuma aproveitar os acasos para criar.

Obra da série Selos Comemorativos
no período de 1975-1980.
Confessa que não é bom em desenho linear até hoje! Gosta mais do desenho
geométrico e que desenha suas faixas na mão livre, na mão grande, como se diz no popular. César Romero se considera um construtivista lírico. O construtivismo foi um movimento que surgiu na Rússia por volta de 1913 e a pintura e a escultura são criadas como construções e não como representações. Tem uma relação próxima com a arquitetura em termos de materiais , procedimentos e objetivos. Lembram os relevos tridimensionais. No Brasil o escultor Amílcar de Castro com suas esculturas de aço é considerado um construtivista. Mas, o César Romero disse que sua arte tem uma conotação lírica que foge da crueza do construtivismo original. “Faço uma arte agradável aos olhos. Não tem bruteza no que crio”.

                                           COERÊNCIA

O artista César Romero disse que seu único tema é o Nordeste brasileiro com suas manifestações populares religiosas e profanas. E que sua pintura é a representação delas e fruto de observações que vem fazendo ao longo do tempo. Quando estamos conversando com os artistas eles sempre falam em fases de sua

Fotos de Tamboretes de
 Festas Populares - 1981-1992.
trajetória como pintor. Já o César Romero prefere falar de cronologia temática seguindo a abordagem que o crítico Geraldo Edson de Andrade escreveu no livro César Romero – 50 Anos de Arte. Portanto vou seguir esta cronologia para entendermos melhor sua evolução. De 1966 a 1969 pintou casarios principalmente de Salvador e do Recôncavo baiano. De 1969 a 1975 pintou o imaginário inspirado nas imagens da capela do Colégio Maristas e nas igrejas de Salvador. Visitava a capela e as igrejas desenhava e representava a seu modo. De 1975 a 1980 passou a pintar selos comemorativos tinha uma faixa contornando as laterais com picotes arredondados como os selos dos Correios. Depois vieram as litografias e serigrafias nos anos 1977 a 1988 com imagens da fase Imaginárias e arraias emblemáticas. Vieram de 1981 a 1987 paisagens com faixas emblemáticas. Se inspirou, segundo disse ao crítico Geraldo Edson de Andrade após uma visita que fez com amigos à Lagoa do Abaeté e viu um varal com roupas coloridas secando e o vento movimentando as peças. Ao voltar para casa fez um desenho de uma colcha colorida e uma paisagem na parte inferior da tela. Daí apareceram as faixas voando e embaixo paisagens litorâneas e até da caatinga. Em seguida vieram 215 fotografias inspiradas nos tamboretes das barracas de festas de largo de 1981 a 1992. Hoje são um documento especial porque os tamboretes foram substituídos por cadeiras de plástico. Saindo das fotografias passou a pintar a geometria dos tamboretes em telas em tinta acrílica de 1986 a 1992.

As Arraias Emblemáticas
de 1986-1993.
Vieram as arraias emblemáticas de 1986 a 1993. Disse que passou a criar a geometrização inspirado nas arraias que via durante a sua infância em Feira de Santana e que empinava muitas delas pintando de púrpura, violeta e cinza. Já eram suas pinturas bailando nos céus. De 1987 a 1991 fez também os Enigmas que são as transfigurações das ferramentas e armas dos orixás de 1988 a 1992 viajando pelo interior da Bahia observou a beleza das platibandas das casinhas coloridas. Fotografou muitas delas e em seguida passou a pintá-las e expô-las. Também observou as janelas e criou as Janelas Emblemáticas de 2007-2009 e o que mais lhe chamou a atenção além dos recortes foi o forte colorido. Numa evolução natural surgiram os totens tridimensionais. São obras tridimensionais, esculturas em blocos de madeira maciça, sobre a qual ele fez suas pinturas da série Faixas Emblemáticas. Também fez colagens de vários materiais nestas esculturas.  De 2009 a 2015 vieram as Urdiduras- Desenhos tudo sempre tendo por base a cultura popular. Assim apareceram os panos de bandeja e pão, porta-copos, arte do fuxico guardanapos, centro e caminhos de mesa, bico de metro toalhas de lavabo, jogos de cama e outros apresentados em outra realidade. De 2013 a 2015 ainda com as urdiduras só que nas pinturas, com a experiências dos desenhos de nanquim, lápis aquarelável, guache e grafite sobre o papel decidiram transportá-los para a tela em tinta acrílica. Buscou segundo ainda o crítico valorizar volumes texturas, entonações e claro-escuro. Finalmente desaguou nas faixas emblemáticas de 1984 até os dias de hoje. São uma marca sua que está presente na pintura de nosso país e podemos dizer que fixou a sua originalidade. Hoje as composições estão muito mais sofisticadas com o entrelaçamento, as sombras sutis e a introdução de elementos afro-brasileiros.

                                                              BAHIA FRACA

César defende a necessidade dos artistas
 baianos investirem mais nos mercados
de arte do sul do país .
Entende César Romero que a Bahia está frágil em representatividade plástico visual. Acha que houve a primeira geração de Mário Cravo, Carlos Bastos, Rubem Valentim, Genaro de Carvalho, Carybé dentre outros e esta geração foi muito divulgada e tinha representação e prestígio no Brasil inteiro. A segunda geração intermediária que não teve a mesma ressonância da primeira. Esta composta de Edison da Luz, Juarez Paraíso, Riolan Coutinho, professor Rescala, Sante Scaldaferri, Calasans Neto, Antônio Rebouças e Lygia Sampaio. Depois veio a minha geração que não teve muita disposição e oportunidade de enfrentar o mercado do sul do país. Muitos se acostumaram a trabalhar com galerias locais com exclusividade. Ele entende que a exclusividade só é válida quando o contratante promove ao artista uma maneira digna de viver. O artista não pode precisar de fazer outro trabalho senão o seu ofício. Aí vale a pena. Compra a obra do artista por um preço justo a revende por outro preço do mercado. Assim todos ganham. Existem muitas queixas nesta relação”, diz César Romero;

Quanto ao mercado de arte baiano disse também que é fraco. Existem poucos colecionadores na Bahia, pouca gente querendo investir em arte e quando compram geralmente são obras de artistas do Rio de Janeiro e São Paulo. Também falou sobre a arte moderna quando discorreu sobre o francês Marcel Duchamp que nasceu  28 de julho de 1887 e faleceu em  2 de outubro de 1968, Neuilly-sur-Seine, França. Ele foi o artista que deu um choque na arte contemporânea com seus readymades, especialmente com o mictório que expôs como obra de arte. Mas, nos Estados Unidos ele ficou conhecido também por suas pinturas e só foi reconhecido este seu lado artístico na França após uma retrospectiva feita em 2014 no Beaubourg, em Paris, quando sua pintura foi realçada. Criticou “artistas que penduram giletes, fios de cabelo e expõe,m vaso sanitário e dizem que isto é contemporâneo. Eu não acho. Acho uma bobagem, perda de tempo”. Ao lado obras da série Enigmas que ele pintou de 1987-1991.

                                                           QUEM É

O artista César Romero nasceu em Feira de Santana-BA, em 18 de outubro de 1950, e passou sua infância na cidade. É filho de Alaide de Oliveira Cordeiro, professora primária, e de Hamilton de Lima Cordeiro, pecuarista. Seu pai era muito

Uma curiosidade é que César Romero não 
gosta de utilizar cavalete para pintar.
conhecido na região por suas atividades agropecuárias. pois possuía dezesseis fazendas. Disse que não era muito de brincar na rua e que junto com sua mãe assistia muitos filmes que tinham algum interesse cultural e também os programas populares. Fez o primário na Escola Maria Quitéria e depois foi prestar o Admissão no Colégio Santanópolis - fundado em 1933 e extinto em 1984 - era administrado pelo deputado e educador Áureo Filho. Ao terminar o ginásio veio estudar no Colégio Maristas, em Salvador-Ba onde cursou o colegial e se preparou para o vestibular de Medicina passando em 11º lugar. Foi uma boa colocação porque centenas de alunos disputavam as 180 vagas disponíveis. Na nossa conversa ele disse que uma das coisas desagradáveis que lembra do tempo da faculdade foi o trote que os chamados veteranos davam nos calouros que chegavam. Pintavam os corpos, lambuzavam de farinha com água, colocavam no “coliseu”, um espaço de forma circular que tem no imponente prédio da antiga Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus. Em seguida improvisavam duas traves e colocavam um limão para os calouros jogarem com as bundas o cubol, enquanto os veteranos gritavam assistindo do alto.  No mais o curso transcorreu normalmente fez boas amizades com colegas e numa dessas conversas com a colega Telma Tavares ela disse “Por que você não faz especialidade em Psiquiatria?”. Isto porque eu sempre estava disposto a ouvir as pessoas ao meu redor. Foi aí que decidi seguir esta especialidade da Medicina que considero encantadora porque a pessoa é que escolhe o seu psiquiatra ou alguém escolhe por ele porque confia. Sim, as pessoas relatam suas intimidades, seus problemas e isto tem que ter um alto nível de confiança e por outro lado o psiquiatra a exemplo do sacerdote tem que guardar o sigilo eterno", disse César Romero.

Falando de sua atividade na medicina considera um privilégio ter a capacidade de escutar as pessoas com a atenção que merecem. Para ele hoje em dia as pessoas vivem nos seus celulares ou são muito individualistas e no dia-a-dia não param para ouvir ninguém. Além do corre corre da vida na luta pela sobrevivência muitos já têm seus problemas e não querem saber dos problemas dos outros. Assim o psiquiatra é o ouvinte atento e sempre tem uma palavra de conforto orientação. Disse que depois da pandemia do Covid 19 aumentou muito o número de pessoas com problemas. E que é muito importante ter uma pessoa para conversar quer seja um psiquiatra, psicólogo ou um religioso.

                                                      TRAJETÓRIA E EXPOSIÇÕES

O artista feirense César Romero nasceu e Feira de Santana, Bahia, no ano de 1950. Autodidata, iniciou-se em artes plásticas em 1967. É pintor, fotógrafo, curador e crítico de arte. Vive e trabalha em Salvador desde 1966. Formado em Medicina, em 1974, pela Universidade Federal da Bahia, optou pela Psiquiatria, especializando-se em Psicoterapia Individual e Grupal, com intensa atividade clínica. 
 Janelas Emblemáticas que
criou de 2007-2009
Participou de mais de 500 coletivas e 47 individuais no Brasil. No exterior, teve 50  coletivas e 12 individuais. Mostrou seu trabalho em: As Neves, Barcelona, Berlim,  Bilbao, Buenos Aires, Bragança, Cayenne, Chiasso, Chaves, Coimbra, Colônia, Düsseldorf, Espinho, Fort-de-France, Granada, Hannover, Honolulu, Lisboa, Los Angeles,  Lousã, Leiria, Madrid, Marsailles, Miami, Montevideo, New York, Paris, Porto, Punta  Del Este, San Francisco, Santiago, Washington, Bordeaux, Sorde L'Abbaye, Guimarães,  Santarém, Oñati, Macau, Orthez, Monein, Lourdes, Tarbes, Saint Savin, Pau, Dax, San  Sebastian, Jaca, Sabiñanigo, Saragossa, Sevilha e em Pamplona. Fez parte dos principais Salões Oficiais realizados no Brasil. Obteve 43 prêmios de pintura, 5 de fotografia e 4 Salas Especiais. Possui trabalhos em 48 museus brasileiros e estrangeiros, inúmeras referências nacionais e internacionais sobre suas obras em livros, de países lusófonos e Espanha. 

Foi membro de júri em vários concursos e Salões Oficiais de artes plásticas no Brasil e alvo de 12 conferências sobre seu trabalho por críticos de arte e historiadores. Em seus 42 anos que escreve sobre arte - um esforço provavelmente sem igual em nosso país, de divulgação da arte brasileira - publicou cerca de 900 artigos e aproximadamente 350 textos de apresentação
Pinturas de Urdiduras que 
criou de 2013-2015.
em catálogos e livros. Proferiu dezenas de palestras, participou de diversos congressos e debates sobre artes plásticas e o papel da crítica de arte, ressaltando-se duas Bienais de São Paulo e o V Congresso Nacional da ABPA - Associação Brasileira de Pesquisadores de Arte, São Paulo. Realizou trabalhos teóricos
Aracaju (SE); O Exercício Livre da Memória - Adilson Santos - P55 Edições - 2013- Salvador-(BA); 50 anos de Arte na Bahia - Uma Homenagem a Matilde Matos - Edições  EPP- MCM -2013-Salvador - (BA); Um sentir sobre as artes visuais de Sergipe - 50  artistas - Coleção Mario Brito - Ed. Jornal O Capital LTDA - ME - 2013 - Aracaju (SE);  Riolan- Desenhos, Gravuras e Pinturas - Edição Faz Cultura do Governo do Estado da  Bahia -2013 - Salvador - (BA); Jenner Augusto - Cores de Uma Vida - Org. Mario Britto  e Zeca Fernandes - Ed. Sociedade Semear - Banco do Brasil - 2012; Güell Silveira- Verdades do Inconsciente - Ed. Santa Marta - 2011 - Salvador - (BA); Antônio Maia - Ex-voto , Alma e Raiz - Ed. Export. 2015 Salvador, 2016 Rio de Janeiro e São Paulo. Nos últimos anos, César Romero tem recebido inúmeras honrarias e ocupado cargos ligados à crítica e às artes visuais, no país e no exterior. Entre tantas: Ordem Municipal  do Mérito de Feira de Santana, Membro regular na Classe de Oficial - Medalha de Mérito; - Academia de Letras e Artes de Feira de Santana (ALAFS); Ordem do Muyrakytä  - Embaixador no Estado da Bahia- Rio de Janeiro; Associação dos Artistas Plásticos  Modernos da Bahia (Arplamb); Sala César Romero - Museu de Arte Contemporânea  Raimundo Oliveira - Feira de Santana - BA; Prêmio TOP OF Quality - Destaque - OPB  - Ordem dos Parlamentos do Brasil - Brasília - DF; Associação Brasileira de Pesquisadores em Artes - São Paulo; Membro do Instituto Preste João-Lisboa - Portugal; Comenda Maria Quitéria - Câmara Municipal de Feira de Santana; Acadêmico de Mérito  da Academia Portuguesa de Ex-Líbres - Lisboa - Portugal;; Membro da Academia Feirense de Letras - Feira  de Santana; Acadêmico Estrangeiro da Academia de Letras e Artes de Portugal - Monte  Estoril - Portugal; Cidadão da Cidade do Salvador - Câmara Municipal de Salvador; III  Prêmio Homem do Ano - 2005 - Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São  aulo; Medalha Thomé de Souza - Câmara Municipal de Salvador - 2016. 
É membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e da Associação internacional de Críticos de Arte (AICA) - ONG reconhecida pela UNESCO com sede em Paris.  Tem 43 prêmios em sua carreira, sendo os mais importantes os cinco que recebeu da ABCA: Por duas vezes o Prêmio Mario Pedrosa (artista de linguagem contemporânea).