Translate

sábado, 4 de janeiro de 2025

EURO PIRES DECIDIDO A PRIORIZAR A SUA PINTURA

O artista Euro Pires ultimando uma obra 
inspirada na festa de Iemanjá
.

 Fui encontrar o artista plástico  e cenógrafo premiado  Euro Pires em sua casa   onde tem o seu ateliê. Sempre procuro entrevistar os artistas em seus ambientes de trabalho para sentir de perto como criam e conhecer um pouco de todo o processo de criação. O Euro Pires mora numa rua tranquila chamada de Edgard Barros, próximo da igreja de São José, no bairro de Amaralina, Salvador, Bahia. É um artista autodidata multifacetado que faz cenografias, figurinos, adereços, decorações para eventos e festas populares, esculturas e pinturas. É verdade que dedicou grande parte de sua vida à cenografia, figurino e decorações para as festas populares.  Porém, declarou que enquanto criava a cenografia para o espetáculo de dança "Ser Tão Encantado"  reencontrou o caminho da pintura. Isto aconteceu durante a pandemia e foi como acordar de um sono profundo e  decidiu que a partir daquele dia a pintura deveria ser seu objetivo principal. Atualmente vem intensificando a criação de inúmeras obras, muitas de grande porte, tendo por ponto de partida a arte naif, mas com uma pegada mais elaborada por ser uma pessoa culta, informada e ter um desenho apurado. A história de vida de  Euro Pires tem ainda uma particularidade curiosa. Ele estudou até o quarto ano na Escola Bahiana de Medicina e chegou a trabalhar como assistente de um grande especialista em cirurgia plástica facial nos hospitais Espanhol e Português. Integrava uma equipe que fazia muitas cirurgias diariamente e sua vida era praticamente dentro de um centro cirúrgico. De repente decidiu que não era aquilo que queria e partiu para se dedicar às artes plásticas. 

Vemos quatro obras de Euro Pires com  
apurada técnica de pintura e composição
.
Quando abandonou a carreira promissora de Medicina disse que passou momentos de indecisão e  frequentou muitas vezes a Catedral Basílica, no Terreiro de Jesus, refletindo e pedindo ajuda para encontrar o seu caminho. Ficou dois anos nesta dúvida até que sua mãe tomou conhecimento através de um primo de que ele tinha desistido de ser médico e que não estava frequentando a Faculdade. Sua mãe decidiu que ele teria que sair de casa e procurar resolver sua vida. Foi quando viajou para Itamaraju e por lá ficou um ano e meio trabalhando com o pai e fazendo algumas pinturas. Estávamos no ano de 1979 quando decidiu retornar a Salvador e passou a frequentar as Oficinas de Expressão Artística do Museu de Arte Moderna e foi estudar litografia com o artista e professor Paulo Rufino. Já era um artista que sabia pintar e desenhar. Conversando com o professor Juarez Paraíso disse que tinha largado a Faculdade de Medicina este o aconselhou a continuar dizendo mais ou menos assim: “com o diploma de médico você vai para qualquer lugar e encontra trabalho. Com Belas Artes não tem nada garantido.” Mas, ele estava decidido e ficou cerca de quatro anos frequentando aulas esporádicas e fazendo trabalhos com Juarez Paraíso e outros artistas como as decorações de carnavais e de ruas para outras festas populares.

                                                   QUEM É

Euro  falando de sua trajetória.
O Euro Pires Sampaio Filho nasceu em 21 de agosto de 1957, na cidade de Itapetinga, que dista 562 Km de Salvador e está localizada na região centro-sul da Bahia. É filho de Euro Pires Sampaio e Edila Carvalho Sampaio. Seu pai era gerente do Banco Econômico da Bahia e depois Banco Bamerindus. De Itapetinga a família mudou para Itambé, Castro Alves e onde o Euro Pires fez o segundo ano primário. A família novamente mudou de domicílio tudo isto por conta da atividade de seu pai que era transferido para estruturar as agências bancárias. Foram para Ipiaú e estudou com as irmãs Nanci e Neide Marques, quando tinha oito anos de idade eram conhecidas educadoras da cidade. Depois foi estudar no Ginásio Agrícola Municipal de Ipiaú onde estudou parte do ginásio. Este ginásio foi estadualizado e ele continuou estudando até que sua família mudou para Ilhéus e lá concluiu o ginásio. Em 1972 veio para Salvador e foi estudar o colégio no tradicional Colégio da Bahia, e aí concluiu o segundo grau. Seu pai saiu do banco e abriu 0 posto de gasolina Bem-Te-Vi, na BR-101, perto da cidade de Itamaraju. Sua ideia era fazer vestibular para Arquitetura e terminou fazendo para Medicina, sendo aprovado na Escola Bahiana de Medicina e em Veterinária, na Universidade Federal da Bahia. Mas, decidiu estudar Medicina onde ficou durante cinco anos.

Nesta obra retratou  amigas da juventude.
Quando largou a Medicina para sobreviver desenhava e pintava roupas  para Amelinha Nogueira, de Juazeiro, que costurava e vendia aos lojistas.  Começou a trabalhar com cenografia  em 1983 trabalhou com Dilson Midlej ele desenhava e o Euro Pires pintava e executava as peças com os marceneiros. Fizemos algumas exposições juntos em 1986 no Museu de Arte da Bahia e em 1987 no Shopping Iguatemi. Mas, confessa que um grande aprendizado foi trabalhando nas decorações dos carnavais com a equipe de Juarez Paraíso, principalmente na armação das peças nas ruas, onde apareciam todo tipo de problema e tinham que buscar soluções.  Lembra que com o passar do tempo ele ficava responsável por corrigir as peças que tinham sido cortadas ou pintadas erradas. Isto criou nele um nível de exigência que o acompanha até hoje. Como procura de todas as formas evitar erros ficou conhecido por ser exigente, ou seja, um cenógrafo chato, brinca Euro Pires.
Trabalhou também algum tempo no ateliê de Babalu e com seu irmão J. Cunha que criou e ainda faz as fantasias e toda a indumentária do Bloco afro Ilê Aiyê. Mas, o teatro lhe puxou e dedicou vários anos a fazer figurinos e cenografias para as escolas de Balés e peças de teatro, onde trabalhou com vários diretores e foi premiado.

                                              EXPOSIÇÕES

Em 1980 - Genaro Galeria de Arte ; 1982/1984 - Exposições – Oficinas de Expressão Plástica – MAM ; 1984 - Expo Bahia Verão – Hotel Merídien – SSA ; 1985 -Exposição Ploft -Museu de Arte da Bahia ; 1986 -Exposição Coletiva – Shopping Piedade;  1987 – Exposição Argh! – Shopping Center Iguatemi ; 1989 - Arte Itapetinga – Loja Maçônica – Itapetinga ; 1991- Exposição Sedução - Zouk Santana Bar;  1992 - Feira de Arte de Vilas do Atlântico – Espaço Preamar ; 1995 - Bienal do Recôncavo – Museu Dannemann – São Félix – Bahia ; 2002 - Art Itapetinga 50 Anos - Itapetinga ; 2015 - A Arte e o Utilitário – Faculdade de Medicina da Bahia Terreiro de Jesus ; 2015 -  Exposição  Antônios – ME Ateliê – Ladeira do Boqueirão – Carmo ;  Exposição Manifesto Poético - Casa de Castro Alves ;  2022 – Exposição Encruzilhada – MAM – Salvador- Bahia .

                                                       CENOGRAFIAS

Cenografia do espetáculo de dança 
   Ser Tão Encantado.
Em 1985 o artista Euro Pires foi indicado como Destaque no Bahia Aplaude pela cenografia do espetáculo na “Na Selva das Cidades", considerado pela crítica e premiado como o Melhor Espetáculo do Ano. Ele disse que “a partir deste trabalho, os convites para novos cenários não pararam de acontecer e que foi premiado várias vezes.” Criou em 1987 executou os cenários de “A Bela e a Fera" e "Intimidades", dirigidos por Deolindo Checcucci; "Auê Um Programa Musical, Melhor Espetáculo Infantil - direção de Andrea Elisa; 1998 – “Cuida Bem de Mim", peça educacional do Liceu de Artes e Oficio da Bahia em parceria com a Secretária de Educação e Cultura do Estado da Bahia, direção de Luiz Marfuz. "Assis Valente - Um Musical Brasileiro" e "Abismo de Rosas", dirigidas por Fernando Guerreiro. "Lagrima de um Guarda-Chuva” sob a direção de Carmem Paternostro; "Equus" (Cenário e figurino) - direção de Fernando Guerreiro; "Angel City" - direção de Deolindo Checcucci , Prêmio de Melhor Cenário no XII Teatro Universitário de Blumenau- PR, ; "Isso Assim Assado no Inferno" (figurino) - direção de Hebe Alves; "Carne Fraca" - direção de Fernando Guerreiro; "Eu, Brecht" - direção de Deolindo Checcucci, 1998; "Prisioneiros da Balança" - direção de Elisa Mendes; "Clarices" - direção de Nadja Turenko; "Lábios Que Eu Beijei" , Melhor Espetáculo do Ano - direção de Paulo Henrique Alcântara; "O Palhaço Nu" - direção de Nelson Vilaronga; "Over Duplo" - direção de Elisa Mendes ;  Em 1999
Esta obra retrata uma
menina que se apaixonou
na infância. A mãe coloriu
seu cabelo de loiro.
- "Sonhos de Uma Noite de Verão" - direção de Márcio Meirelles ; "Idiotas Que Falam Outra Língua” - direção de Fernando Guerreiro, 1999; "Anjos no Espelho" (cenário e figurino) - direção de Tom Carneiro e Gideon Rosa; "Na Rua, na Lua, na Tua" - cenário e figurino , Prêmio COPENE de Melhor Espetáculo Infantil - direção Deolindo Checcucci; "De Alma Lavada" - direção de Adelice Souza, 1999; "Pró Míscua e Pró Fana" (cenário e figurino) - direção de Fernando Marinho; "Criação de Carros Alegóricos para desfile comemorativo dos 500 anos do Brasil; Cenário de Graxeira, Graças a Deus - direção de Fernando Marinho; 2000 - cenografia e figurino de adereços de "O Vôo da Asa Branca", espetáculo premiado com a COPENE de Teatro Ano 2000; 2001 - Cenografia dos shows do projeto Sua Nota é um show, "Rainhas em Xeque" em parceria com a artista plástico Bel Borba com direção de Carmem Panternostro; Figurino do espetáculo "Boca de Ouro" direção de Fernando Guerreiro, encenado num trem da Rede Ferroviária Metropolitana de Salvador; 2002 - cenário da peça teatral "Setembrina"  - direção de Paulo Dourado; cenografia do programa "Tenda Salvador" da TV Salvador cenografia do Programa "Todos os Tons" TV Salvador "cenografia do programa "Contra Plano" TV Salvador cenografia do programa "Baluarte". TV Salvador, cenário e figurino da peça teatral "A Boa" direção de Gil Vicente Tavares; 2003 - Cenário do programa "Aprovado" TV Bahia ; Cenografia do espetáculo infantil “A Turma da Caixola" direção João Lima –  cenografia e figurinos do espetáculo infantil "Flicts" – direção de Fernando Guerreiro - ; cenografia e figurino do espetáculo "O Sonho de Percival" - direção de André Actis; cenografia do filme "Snake King" - direção de arte Csaba Kertesz
Obra Cajus de Louças e Balas Perdidas.

- produção americana filmada na Bahia; 2004 -  Cenografia do espetáculo teatral "Vixe Maria, Deus e o Diabo na Bahia" espetáculo comemorativo dos trinta anos da Fundação Cultural do Estado da Bahia - Direção de Fernando Guerreiro; 2005 -  Palhaços! Quem? – Direção Rino Carvalho; 2008 - O Indignado – Direção de Fernando Guerreiro, e Os Javalis com direção de Gil Vicente Tavares; 2009 - Escândalo Com Fernando Guerreiro; 2010 - Luz Negra com Rino Carvalho. Trabalhou ainda como cenógrafo e figurinista do espetáculo "Irmã Dulce - O Anjo Bom da Bahia", "Inteiramente Nus" e "A Mulher de Roxo" todos sob a batuta de Deolindo Checcucci.