LEONEL MATTOS NO MASP NA SELEÇÃO HELENA RUBINSTEIN
Todos já ouvimos falar da mulher Helena Rubinstein que é hoje marca registrada de produtos de beleza. Mas é bom saber que ela foi amiga de muitos artistas, como Auguste Renoir, Toulouse Lautrec, Picasso, Matisse, Dali e Braque. Dizem que foi até modelo de Renoir. Na verdade foi uma grande incentivadora dos artistas e uma prova maior disto são seus retratos pintados por Dali, Maurice Laurencin, Duffy dentre outros, que integram o grande acervo que deixou na fundação que leva o seu nome.
Elenco Urbano , obra recente de Leonel Mattos. |
Objetivando
prosseguir esta sua obra em favor da arte, alguns descendentes de Helena
Rubinstein resolveram promover a 1ª Seleção de Arte jovem com vistas a
renovação das artes plásticas e a afirmação dos jovens pintores brasileiros.
Para nossa satisfação, integra este grupo o baiano Leonel Mattos, entre os 20
escolhidos por Jacob Klintowitz, que ora expõe no MASP.
O
grupo apresenta várias tendências, e como diz Pietro Maria Bardi: “Mais que
tendências idéias, preferências e improvisações que se manifestam, emergindo e
características de uma singular inventiva, enfim, a distinção individualista
que é o que vale e se preza neste tempo
de rupturas”.
Já
o Jacob Klintowitz explica:“esta
seleção permite uma comparação entre artistas jovens de até 35 anos,
selecionados segundo a sua capacidade expressiva, reunindo diversas regiões
brasileiras, tem o mérito imediato de nos mostrar um pouco do que nós somos.
Certamente esta mostra é a primeira de uma série, mas ela já nos pode dizer um
pouco da posição de nossos artistas em relação à forma ao suporte da arte, ao
espaço contemporâneo e da possibilidade de permanência do caráter mitológico da
imaginação brasileira”.
O
trabalho de Leonel Mattos traz muito desta imaginária brasileira. Ela cria
bichos fantásticos, como este da foto, que ora assemelha-se a um galo, tendo às
costas um estandarte, e ora um bicho que não se parece com coisa alguma. São
formas que surgem de sua capacidade de criar situações fantásticas e isto flui
com muita força, porque o Leonel Mattos é explosivo. As formas vão brotando com
a mesma força dos brotos das árvores que explodem por todos os lados. Lembro de
uma árvore de porte que é mutilada, tendo seu caule quase totalmente retirado
pelos especuladores da madeira e com uma chuva, por mais fraca que seja, o que
ficou do caule explode em novos brotos e a árvore teima em sobreviver e vence
seus mutiladores. É uma expressão de vida. Leonel Mattos é uma pessoa assim,
que rompe as dificuldades, qu demonstra, através de sua arte, que as pessoas
não são capazes de deixá-la passar despercebida. “A vida é um instrumento para
a realização. Vamos tocar”, escreve o artista no catálogo que me enviou de São
Paulo, onde fixou residência, e, assim, busca expor nos salões, nas coletivas,
onde exista espaço para mostrar a sua obra. É um jovem batalhador. Um
batalhador incansável que está vencendo.
Lembro
de uma experiência que fez nas ruas de Salvador levando imensos painéis de
madeirit e ali deixava que as pessoas que passavam pintassem. Fez vários desses
painéis, sem qualquer preocupação em comercializar.
Mesmo
enfrentando algumas dificuldades financeiras realizou o seu projeto e em
seguida doou a maioria desses painéis. O que mesmo desejava era a participação
do público em sua obra, e fez isto sem ajuda de qualquer organismo, quer seja
privado ou público. Leonel está expondo ao lado de Ivan Gomes Pinheiro Machado,
do Rio Grande do Sul; Alex Fleming, de São Paulo; Marcos Coelho Benjamin, de Minas;
Bernardo Krasniansky, do Paraguai; Jorge Gustavo Andrade Franco, de São Paulo;
Otávio Roth, São Paulo; Rubem Esmanhoto, Paraná; Carlos Otávio Fiúza Moreira,
Rio de Janeiro;Arlindo Daibert, Minas; Aprígio, Pernambuco; Alberto Lefebre,
São Paulo; Ester Grinspum, Pernambuco; Paulo Sayer, São Paulo; Helena Prado,
São Paulo; Luiz Antônio Pizarro Ferreira, Rio de Janeiro; Luiz Hermano Façanha
Farias, do Ceará; Décio Soncini, São Paulo; Carlos Matuck, São Paulo e Eneas
Valle, Amazonas.
VIGA
RESGATA MENSAGENS COLORIDAS DA INFÂNCIA
Maninho defende o meio ambiente. |
Ela
está envolvida com a educação infantil. Meiga e sensível vai recolhendo as
imagens, formas e cores carregadas da doçura infantil. No mundo mágico da
criança, onde os adultos não conseguem penetrar a fundo, Viga vai colorindo seus
caminhos. São fragmentos que são recolhidos, juntados, e cada quadro vira um
poema de cor. Maninho é um personagem que encerra exatamente esta sua
curiosidade em busca de entender melhor a linguagem infantil. Através de uma
estória ela brinca, como uma criança, com seus personagens plásticos: Maninho e
os dados. “Quem é você?”
-Eu
sou Marinho, /a Terra vim conhecer./ Enviado por um astronauta,/ que me disse
que ela é bonita e feliz: / Pessoas, casas e animais. / Como você, num dado eu
moro, /nele vemos tudo... / É o dado do faz-de-conta”.
Esta
é a apresentação de Maninho. Com sua cara gorducha e seus cabelos lisos ele
chega como um anjo em visita a esta Terra tão conturbada. A aquarelista e
colorista Viga é uma ilustradora de mão cheia de livros infantis. Utilizando
principalmente o verde, amarelo e o azul ela introduz Maninho em situações as
mais diversas. Numa delas Maninho protesta contra a falta de respeito para com
o meio ambiente, lembra das brincadeiras infantis, da roda, do chicotinho
queimado, do esconde-esconde, os quais foram substituídos por figuras grotescas
que dão tiros para todos o lados sob o pretexto de defender o bem e a
felicidade.
Porém,
Maria Virgínia Gordilho Martins, mãe e professora, ainda acredita que há
salvação. E para que isto aconteça ela tenta resgatar as brincadeiras infantis,
o relacionamento terno, através de suas estórias que são verdadeiros
poemas-plásticos. As cores e as formas são apenas suportes de suas mensagens de
amor em defesa da criança. Quer chamar a atenção dos adultos que a vida não é
feita somente de disputas. É preciso plantar e colher amor. Viga quer parar com
o barulho das moto-serras que derrubam as árvores indefesas, quer parar os
fuzis que mutilam e matam, quer colocar o Maria-Fumaça na linha para que continue
trazendo boas-novas às pequenas localidades quer ver o mundo girando com suas
florestas e seus rios despoluídos. Enfim, ela quer harmonia para esta vida tão
desarmoniosa que vivemos. Que surjam muitos Maninhos e que Viga continue dando
esta lição de vida por este País afora.
APOIO AOS ARTISTAS NOVOS
Uma
experiência interessante está realizando a Genesis Galeria de Arte com o Plano
Especial de Compra (PEC) destinado a colocar no mercado de obras de arte de
jovens artistas. Esta galeria só trabalha com artistas novos e é dirigida por
jovens.
Eles
criaram um clube, que intitularam Clube de Arte Genesis que vai promover
palestras, exibição de vídeos e mostras de arte de
novos artistas visando colocá-los definitivamente no circuito e no mercado de arte. Já integram o PEC os artistas Ângela Cunha, Bel Borba, Celuque, Florival Oliveira, Guache, Justino Marinho, Maria Adair, Maso, Murilo, Otaviano Moniz Barreto, Válber e Zivé.
novos artistas visando colocá-los definitivamente no circuito e no mercado de arte. Já integram o PEC os artistas Ângela Cunha, Bel Borba, Celuque, Florival Oliveira, Guache, Justino Marinho, Maria Adair, Maso, Murilo, Otaviano Moniz Barreto, Válber e Zivé.
A
Galeria Genesis fica no Boulevard do Rio Vermelho, na Rua Borges Reis, nº5, e
funciona das 10 até as 20 horas. Vamos torcer para dar certo esta iniciativa em
apoio dos artistas que ainda enfrentam algumas dificuldades para vencer neste
mercado tão disputado.
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