A LIÇÃO DE VITALIDADE NAS
ESCULTURAS DE MÁRIO CRAVO
Mais
uma exposição do escultor Mário Cravo Júnior, sendo que desta vez é composta de
dois grupos de esculturas. No primeiro grupo ele apresenta trabalhos realizados
ao longo da década de 70 e no segundo, o que produziu no ano passado.
Ovulante IV , de resina poliester e madeira |
E,
assim, vai o mestre Mário Cravo falando da sua obra, aliás, mais uma de suas
qualidades é que ele é capaz de falar e falar muito sobre sua própria obra.
Algumas esculturas que Mário apresenta são de pedra-talco, oriundas de várias
regiões da Bahia em tons verdes e cremes.
De
repente, quando a gente abre o catálogo de sua exposição, depara-se com uma
escultura em forma oval, onde a luminosidade dirigida para que fosse
fotografada nos dá uma sensação de vida!
O
translúcido da cor amarelada bate forte em nossa sensibilidade como se
estivéssemos diante de um ser prestes a partir em busca de novos horizontes. Na
página seguinte, uma pomba repousa suavemente na esperança que terminem estes
conflitos, que se iniciam em nossos lares e desaguam nos gabinetes refrigerados
dos beligerantes chefes de Estado. Vai mudando de materiais, da pedra-talco
para a madeira, a resina de poliéster e na mistura de materiais surge o
“Ovulante IV”
Aí
á a presença da vida, que vai despertando com o “Germinante”, com a
“Fecundação”, até o “Recém-Nascido”. Mais uma vez Mário Cravo nos dá uma lição
de vida, um homem capaz de transformar uma pedra inerte num ser que desperta
emoções em nossos sentidos.
“Envolvo,
pego, seguro e corro/Trago,
levo, troco, tiro/ Balanço falo enquanto furo/Olho, cheiro, toco, mordo/Sinto a
cor, o corpo, a forma/E danço, acaricio e corto/Penetro, arranco, boto e miro/
E suo../E resfolego e ando.../Vejo!... Olho, meto e viro/Esfrego, lixo e
acaricio/Choro.../Renasce o corpo e alma/No espaço de novo giro./”Este poema de
Mário Cravo é suficiente para a gente entender este seu envolvimento mágico de
transformar a resina, a madeira ou uma fria pedra num ser que vive para nos
ofertar momentos de beleza.
Mário
mistura e sua, corta e arranca, mas ao contrário do que mutila ele cria novas
formas que nos envolve de magia. Com seu temperamento extrovertido e sua
simplicidade que choca os mais refinados, ele curte este seu mundo misturando
suor com poeira e os transformando numa arte forte, nova e eterna.
Participei
de um jantar no Bistrô do Luís, quando várias pessoas ligadas ao jornalismo
foram convidadas pela empresa que patrocina a sua exposição, a Ciquine, na
Galeria Época, a partir do próximo dia 4, e lá estava Mário falando de sua
arte. Parabéns também para esta empresa, que passa a incentivar a arte. Peço a
seus dirigentes que também lembrem-se nos novos artistas que precisam de
incentivo, como forma de renovação do próprio movimento artístico baiano.
HIPERREALISMO
DE MASO NO MUSEU DE ARTE DA BAHIA
Maso enaltece as formas e plasticidade da mulher. |
Estava
envolvido com minha função de editor quando chega Maso trazendo alguns quadros
para que pudesse apreciá-los e evidente divulgar a sua exposição.
Quando dei por conta a redação estava
praticamente parada e todos, principalmente os homens, estavam concentrados
diante de seus quadros. Não precisa dizer que os quadros de Maso tinham como
temática a mulher que era apresentada em detalhes em belos e sensuais recortes.
De repete surgem as opiniões, divergentes, fora da realidade, mas sinceras, das
pessoas que estavam entusiasmadas com suas telas. Que perfeição! Isto é
fotografia? Que mulher boa! Enfim, cada uma dava a sua opinião de acordo com
seu universo de conhecimento que permitia a leitura das obras.
Lembro que um dos colegas chegou a colocar uma dose de erotismo e sensualidade em suas observações e ficou muito constrangido quando alguém em tom de brincadeira disse que a modelo era parente, próxima do artista. Daí todos voltaram à sua rotina e pude conversar com Maso.
Lembro que um dos colegas chegou a colocar uma dose de erotismo e sensualidade em suas observações e ficou muito constrangido quando alguém em tom de brincadeira disse que a modelo era parente, próxima do artista. Daí todos voltaram à sua rotina e pude conversar com Maso.
Este
fato que conto acima reflete exatamente o que pode ocorrer quando uma pessoa
desavisada está diante de uma tela deste artista que cada vez mais se aproxima
da realidade. Suas mulheres assemelham-se àquelas das fotografias que vemos nas
revistas em circulação, especialmente as voltadas para o público masculino.
Esta
semelhança demonstra exatamente a influência marcante da figuração e do
realismo que nos cerca no nosso dia-a-dia. “A fotografia, cada vez mais
presente, marcou profundamente o surgimento de um novo realismo virtuosístico,
tipicamente americano, o hiperrealismo”, estas palavras de Maso são suficientes
para a gente entender a presença da fotografia em sua arte. Hoje, nós que trabalhamos
no jornalismo diário estamos impregnados desta influência das imagens que são
captadas imediatamente e que ficam, encarregadas de documentar para a
posterioridade flagrantes de uma vida que passa rapidamente e que vai
atropelando os mais fracos. Nesta confusão de imagens Maso capta o que existe
de mais belo e transporta para suas telas num clima de sensualidade.
As
cores suaves funcionam como um elemento envolvente deixando sobressair em
primeiro plano as formas de sensualidade feminina. Diria que Maso enaltece a
mulher, porque coloca a mulher num plano de sensualidade que foge do grosseiro
de algumas revistas masculinas. A sua intenção é exatamente enaltecer o lado
estético feminino e não simplesmente o lado erótico. Aqui a arte se apresenta
como catalizadora, resgatando esta essência para que possamos ver suas figuras
dentro de uma visão estética plástica.
Quero
aproveitar para aplaudir a presença de mais uma empresa no setor de arte que é
o Lloyds Bank, que já patrocinou outras mostras, e agora, esta no Maso que será
aberta a partir de amanhã às 20 horas no Museu de Arte da Bahia.
AS
GARÇAS DE GIL MÁRIO VÃO POUSAR NA NOGUEIROL
Gil Mário expõe na Galeria Nogueirol. |
A
temática é variada e vai desde a figura humana á natureza morta conservando os
elementos básicos de sua personalidade pictórica. Agora, Gil nos apresenta a
exuberância da nossa flora e fauna com suas cores inconfundíveis. É verdade que
embora nesta mostra predomine uma temática ligada à natureza propriamente dita,
nem sempre é preocupação perene na obra deste artista. No momento da criação,
Gil percorre caminhos inimagináveis, estradas desconhecidas em busca de novas
emoções que são expressas através de suas obras.
É
verdade também que Gil tem conhecimento do desenho e sabe jogar com as cores.
Não é um artista de vanguarda, mas nem por isto seus trabalhos deixam de ser
qualitativos. Gil tem uma produção qualitativa regular e as figuras que concebe
vão ao encontro do gosto dos apreciadores da arte. Podemos afirmar que suas
telas, não tem apenas aqueles elementos que normalmente levam os leigos a
classificar de “bonito”. Seus quadros podem figurar em qualquer coleção,
convivendo com trabalhos de vanguarda e até servindo de parâmetro entre estes
dois momentos de criação. Gil brinca com as cores criando situações que
poderíamos classificar de o imaginário moderno. Tanto as florestas os animais obedecem
a se posicionam de acordo com o gosto do seu pincel. “Estas palavras estão
inseridas no catálogo da exposição que Gil Mário abre a partir do próximo dia
18, na Nogueirol Galeria de Arte, que fica numa das lojas do Salvador Praia
Hotel.
Gil
já realizou várias exposições e sua atividade principal é na Faculdade de Feira
de Santana. Inclusive é um artista que sempre está procurando incentivar as
artes, inclusive os novos talentos. É uma pessoa aberta ao diálogo e
profissional no seu ofício. Lembro o cuidado em desenhar o próprio catálogo de
sua exposição, na escolha da melhor tela para integrar a capa do catálogo, e as
demais que foram dispostas em outras páginas.
Ele nasceu em Salvador, formou-se em Licenciatura de Desenho e Plástica pela Escola
de Belas Artes da Bahia em 1979.Atualmente
reside em Feira de Santana onde é professor titular da Universidade estadual de
Feira de Santana.
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