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terça-feira, 23 de julho de 2013

OS SEGREDOS DE UM QUADRO

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO, 29 DE ABRIL DE 1978


A grandiosa obra de Veronese que está na National Gallery, de Londres e uma das mais admiradas 
 Num dia do mês julho de 1573, pintor, Paolo Veronese foi intimado a comparecer perante o Tribunal da Inquisição, em Veneza e, num gesto de grande coragem para aqueles tempos terríveis, declarou que "o artista tem o direito de usar sua imaginação, mesmo ao pintar cenas da vida."
O mundo deve a este interrogatório uma das grandes obras do mestre. Devido ao processo de inquisição, Veronese achou mais prudente sair de Veneza e ir para a pequena cidade de Este, onde foi acolhido no Palazzo da família Pisani.
Em reconhecimento pela hospitalidade recebida. Veronese pintou para a família o quadro conhecido como A Família de Dario perante Alexandre. Alguns críticos a consideram como talvez a pintura mais estupenda existente na Inglaterra. A Galeria Nacional de Londres comprou o quadro por aproximadamente 65 mil dólares em 1857, mas hoje a obra vale milhões, embora com toda a certeza jamais será posta a venda. Grande número de amantes da arte vão à Galeria para ver esta obra-prima conhecida e famosa há vários séculos.
Todos os gênios, tem seus segredos e Veronese sem dúvida alguma tinha também os seus. Num esforço para descobrir tais segredos, para proveito dos estudantes e amantes da arte. A Galeria decidiu recentemente fazer uma radiografia completa de grande tela de Veronese. Depois a chapa de raio X foi pendurada numa sala separada ao lado do grande quadro, de 4,7 metros de largura, para que os visitantes pudessem fazer suas observações. Trata-se da maior radiografia de uma obra de arte feita até hoje.
Veronese escolheu como tema um incidente citado por vários escritores clássicos. Depois da batalha de Issus, Alexandre, O Grande, num gesto de cavalheirismo, foi confortar as mulheres da família de Dario seu inimigo derrotado. Alexandre foi acompanhado por seu amigo Heféstio fez com que a mãe de Dario o confundisse com Alexandre e lhe prestasse sua homenagem.
Mesmo para os olhos inexperientes e evidentes, como revela o exame de raios X que Veronese sabia muito bem como conseguir o efeito de amardura polida com grande economia de pinceladas.
Cecil Gould, um dos especialistas que examinaram a chapa dos raios X, constatou que Veronese ainda estava modificando e equilibrando o desenho muito depois de ter pintado o quadro, principalmente o segundo plano que mostra uma fonte, tendo ao lado um terraço de mármore onde aparecem várias pessoas contemplando a cena mais em baixo.
A figura mais impressionante revelada  pela chapa de Raio X é uma figura humana colocada no alto  direita da fonte central, disse Gould. Esta figura, cuja forma não é claramente definida, poderia pertencer a uma tela anterior, visto que muitas vezes as trelas eram reaproveitadas.
Mas poderia também significar que Veronese tinha primitivamente o plano de pintar um grupo de pessoas em forma de pirâmide, pois esta figura está situada num plano mais alto que as outras que aparecem no terraço.
Entre os detalhes interessantes revelados pelos Raios-X, além do esforço de Veronese para modificar sempre o desenho, surgiu também a prova de que há muito tempo um restaurador tentou modificar o terraço, projetando-o parcialmente mais para a frente.
Isso foi descoberto e corrigido da melhor forma possível em 1958. Não se conhece o nome desse presunçoso intrometido.
Observando que Alexandre aparece limpo e alinhado demais para um homem que acabava de chegar de uma batalha. Gould lembrou que, de acordo com o antigo escritor Pitarco, o Conquistador Alexandre tomou um banho antes de ir visitar a mãe de Dario, pois seu corpo estava com um cheiro muito forte.
Mas mesmo sem esta justificativa, disse Gould, pode-se duvidar se Veronese teria pintado Alexandre de forma diferente.

O DESESPERO E AGRESSÃO CONTRA OBRA DE VAN GOGH

O pintor holandês que atacou o auto-retrato de Vincent Van Gogh, em Amsterdã, informou às autoridades que cometeu o atentado numa fase de depressão e pediu para ser submetido a tratamento psiquiátrico.
Um porta-voz da polícia que o pintor, de 32 anos, identificado apenas pelas iniciais M.R. perdeu há algum tempo, a pensão dada pelo governo holandês, a artistas, e ficou em dificuldades financeiras.
Depois de ser despejado por falta de pagamento, foi internado num manicômio. Liberado, voltou várias vezes ao local, pedindo para ser internado novamente, mas foi atendido.
O pintor fez dois cortes profundos na tela da obra Auto-Retrato com Chapéu Cinza, no Museu Van Gogh, de Amsterdã. Os diretores do Museu ainda não sabem quanto tempo será exibido pela restauração.
No dia 5 deste, outro pintor. P.L de 31 anos, cometeu um atentado semelhante contra La Berceuse, outra obra de Van Gogh, no Museu Municipal ,de Amsterdã, que fica ao lado do Museu Van Gogh.

ARQUITETURA E PATRIMÔNIO SÃO TEMAS DE CONCURSOS

Dois prêmios no valor de cinqüenta mil cruzeiros cada um serão destinados aos vencedores dos dois concursos de monografias sobre os temas Arquitetura no Brasil e Patrimônio Histórico Brasileiro, promovido pelo Instituto Nacional de Artes Plásticas, Funarte, com o apoio e colaboração do Instituto de Arquitetos do Brasil. Os concursos serão destinados a premiar trabalhos inéditos, elaborados por arquitetos brasileiros, natos ou naturalizados.
O objetivo dos dois concursos é permitir aos arquitetos brasileiros um canal para a divulgação de seus trabalhos teóricos de tese, pesquisa e análise, que normalmente não encontram meios de serem publicados. Dentro dos dois temas propôs os que há uma enorme variedade de assuntos que podem ser explorados: história da arquitetura, urbanismo,novas técnicas para a restauração de prédios tombados, política habitacional e estilos arquitetônicos. Com isso será enriquecida a bibliografia brasileira ligada aos dois assuntos e será possível, tanto à Funarte quanto aos estudiosos e interessados por esta área do conhecimento humano, ter um quadro fiel da situação da arquitetura no Brasil e de seu inestimável patrimônio histórico, feito por mais entende do assunto entre nós: os arquitetos.
Os trabalhos vencedores serão editados pela Funarte, numa tiragem máxima de 3.000 exemplares. Além dos dois vencedores serão concedidos quatro menções honrosas duas para concurso premiando monografias que também poderão vir a ser adiadas.
As inscrições irão até o dia 31 de agosto e serão feitas mediante a entrega do trabalho ou seu envio pelo correio para a sede do INAP, Funarte, Rua Araújo  Porto Alegre, 80, Centro, Rio ou para o Instituto de Arquitetos do Brasil, Rua Conde de Irajá, 112, Botafogo, Rio.
Cada concorrente poderá inscrever um trabalho de sua autoria em cada um dos concursos, com um mínimo de 90 páginas datilografadas em espaço dois, papel A/4, cinco vias, sendo livre a parte Iconográfica. Os trabalhos deverão vir sem título, sem nome do autor apenas com um pseudônimo. Junto, deverá ser entregue um envelope lacrado, com o título do trabalho e o pseudônimo do autor. Dentro do envelope, as informações básicas: nome completo do autor, endereço e fotocópia ou xerox do registro do CREA e do CPF.
A Comissão Julgadora contará com cinco participantes: dois da Funarte, dois do IAB e o Diretor do INAP, que terá o voto de desempate. O resultado do concurso deverá ser divulgado 30 dias após o término das inscrições.

                    TAPEÇARIAS E FORMAS TECIDAS


A Galeria Morada vai realizar a coletiva Tapeçarias e Formas Tecidas, reunindo 18 trabalhos de 6 artistas, quase inéditos para o público brasileiro.
Arlinda Nunes Volpato, Eva Soban, Joana de Azevedo Moura, Sônia Moeller, Maria Helena Graça Aranha e MX- Michel e Xtiano, mostram nessa exposição praticamente todas as técnicas em tapeçaria, com trabalhos em macramê, diferentes tipos de teares ou bastidores, bordados sobre talagarça e trançados, crochê,técnicas mistas de montagem com rolos de madeira, além de grande variedades de formas e materiais, em diferentes estilos.
A coordenação da mostra está a cargo de Rita Cáurio e a vernissage será no dia 3 de maio, às 20:30 na Galeria Morada, Rua Visconde de Pirajá 234. A exposição irá ato o dia 26 de maio.




 RECUPERADAS DEZ OBRAS DE PINTORES FLAMENGOS
 
 As três Graças, de Rubens,recuperada
A Polícia italiana já recuperou dez obras de arte de pintores flamengos, avaliadas em um milhão e cem mil dólares, roubadas de um dos mais famosos museus da Itália, disseram fontes do Governo.
O ministro da Herança Cultural, Dário Antoniozzi, disse que os policiais recuperaram as pinturas, inclusive a famosa telas das As Três Graças, de Paul Peter Rubens.
A Polícia de Florença informou anteriormente ter prendido três pessoas para interrogá-las em relação a esse roubo.
Os ladrões, agindo provavelmente a mandado de outros e com informações fornecidas por pessoas do próprio museu, entraram na famosa Galeria Pitti, de Florença, seguindo um longo e complicado itinerário para escapar á vigilância dos quatro guardas noturnos. Os ladrões chegaram à sala onde se encontravam as pinturas flamengas, relativamente pequenas e fáceis de carregar.
Os carabineiros de Florença disseram aos repórteres que as pinturas foram encontradas no porta-malas de um carro pertencente a um dos três suspeitos presos pela Polícia.
Dois dos presos eram os verdadeiros ladrões e o proprietário do carro era sócio deles. Todos três foram acusados de roubo com  circunstâncias agravantes.

    MUSEU IMPERIAL LEMBRA 90 ANOS DA LEI ÁUREA
 
Exemplar comemorativo da
assinatura da Lei Aúrea
O mais importante e detalhado acervo já reunido no Brasil sobre os tempos da escravidão e todo processo que levou à assinatura da Lei Áurea estará sendo exposto a partir de 13 de maio no Museu Imperial de Petrópolis. É a Exposição Comemorativa dos 90 anos da Abolição  da Escravatura, promoção conjunta do Museu do Departamento de Assuntos Culturais do MEC e da Funarte.
Cerca de 300 peças estarão expostas, entre elas o original da Lei Áurea, recibos de compra e venda de escravos, cartas de alforria, jornais e documentos da época, roupas e objetos pessoais: o levantamento de um terraço. A mostra terá o apoio de diversas instituições oficiais e coleções particulares, que cederam peças de seus acervos. Assim, do Arquivo Nacional irão os originais da Lei Áurea; da Biblioteca Nacional, os principais jornais abolicionistas como o  A Cidade do Rio, de José de Patrocínio, que era impresso em seda, e a Revista Ilustrada, considerada a Bíblia da Abolição pois,com suas bem humoradas caricaturas, conta como foi o processo abolicionista: as lutas palacianas, as discussões, a opinião pública. Como uma história em quadrinhos.
Reprodução da Lei Aúrea

Também virão documentos do Museu Histórico Nacional, da Fundação Raimundo de Castro Maia, da Casa de Rui Barbosa; recibos de venda e matrícula de escravos, cartas de alforria, anúncios de negros fugidos instrumentos musicais e objetos que fazem parte do cotidiano dos escravos, peças usadas nos rituais religiosos, roupas de santos.
Numa outra sala serão mostrados objetos de uso pessoal da princesa Isabel, cedidos pelos príncipes herdeiros  da família Orleans e Bragança : os brinquedos da princesa-criança, seu berço, suas roupas, a caneta de ouro com a qual ela assinou a Lei Áurea, a mesa de mármore sobre a qual a lei foi assinada, além da mais completa coleção de iconografia existente sobre a princesa. As aquarelas originais de Debret  os desenhos de Rugendas, memória visual daqueles tempos de Império, poderão ser apreciados na mostra, além das jóias, medalhas e condecorações, comemorativas da Abolição.

A mostra será inaugurada no dia 13 de maio, quando se festeja os 90 anos de Assinatura da Lei que acabou com a escravidão no Brasil. Serão várias as comemorações, em Petrópolis: às dez da manhã, Te-Deum na Catedral; de tarde, sessão cívica nos parques do Museu; às oito da noite, inauguração da exposição, com  apresentação de um jogral recitando, poesias abolicionistas de Castro Alves.

A Exposição Comemorativa dos 90 Anos da Abolição da Escravatura estará no Museu Imperial de Petrópolis até julho, aberta ao público de terça-feira a domingo, das 12 às 18 horas.
Ao lado a foto da Princesa Isabel, que assinou a Lei Aúrea.

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