JORNAL A TARDE, SALVADOR , 05 DE NOVEMBRO DE 1984.
GÊNIO VAN GOGH NO MUSEU METROPOLITANO
A bela de Van Gogh Crepúsculo em Arles que pertence ao Museu de Kunst, Winterthur |
Se
a alguém lhe perguntasse que artista pintou 200 telas e 100 desenhos e
aquarelas em 63 semanas, provavelmente, responderia Picasso, a resposta certa deve
ser: “Van Gogh pintou esse número em Arles”.
Picasso
pode possuir a marca da prodigalidade na arte do século XX, mas Van Gogh tem a
marca para o século XIX e o período de Arles foi o mais produtivo, e
qualitativamente o melhor, de sua breve carreira como pintor, que se estendeu
por pouco mais de uma década.
A
exposição do Museu Metropolitano de Nova Iorque , que não será vista em nenhuma outra cidade
dos Estados Unidos, inclui 75 pinturas de Artes e 68 desenhos, como as obras
estão por empréstimos de muitos museus e de uns poucos colecionadores
particulares, essa tão grande seleção de telas de Artes provavelmente nunca
voltará a ser vista.
Por
essa razão, as entradas venderam-se em todo o País através de empresas de
computação desde princípios de setembro. A diretoria do museu colocou a venda
cerca de 430.000 ingressos para a exibição que se prolongará até 31 de
dezembro.
O
MET reservou uma grande suíte de galerias para esta exposição única. Cada
pintura, aquarelas e desenho recebeu um espaço amplo, sem precedentes, no
recinto e está fixada um pouco acima do nível dos olhos para que dessa forma
todos possam admirá-la sem que percam a visão obstruída pelos que estão na
frente.
A
exibição começa com umas poucas pinturas que Van Gogh fez em Paris pouco antes
de transferir-se para Artes, na Provença, a somente 40 quilômetros do
Mediterrâneo, em 1888, para encontrar a terra de tons azuis e cores vivas” que
disse ter estampado em telas.
Vicent Van Gogh - pós-Impressionista |
Paisagens
brilhantemente nevadas, seguidas por vistas de frutas que floresciam na
Primavera, compõem a primeira seção do período de Artes. Van Gogh havia absorvido
o calor e o brilho da região central e, literalmente, os refletiu sobre suas
obras.
Depois
seguem-se outras seções representando cenas de colheitas com oceanos de trigo
dourado, paisagens de pontes, parques públicos e um cemitério romano, paisagens
marinhas e barcos de pesca, interiores de cafés, salões de baile, a austera
sala de Van Gogh e uma de suas grandes naturezas mortas, Oleanders
Nenhum
dos estudos de papoulas de Van Gogh, as mais populares das pinturas de Arles
porque são o melhor exemplo de liberdade de suas obras em pincel e brilho de
sua cor,incluíram-se pelas restrições de empréstimos e viagem.
A tela Oleanders, de Van Gogh |
Entretanto,
a exposição é rica em retratos dos amigos que fez Van Gogh em Arles : o soldado
em seu exótico uniforme argelino, o carteiro Joseph Roulin em uniforme azul e
com gorro, sua esposa ruiva e seu filho Armand, o Dr. Rey com barbicha, a
intelectual madame Ginoux e um jardineiro com calça azul.
Também
há alguns maravilhosos auto-retratos, inclusive um mostrando Van Gogh em um
chapéu com viseira de pele com uma venda sobre a orelha esquerda, que cortou,
parcialmente, na véspera do Natal de 1888.
Seu
estado mental se havia exacerbado pelas divergências com seu amigo Paul Gauguin
que o visitou por dois meses em Arles.Van
Gogh passou três semanas no Hospital de Arles, um prelúdio de seu eventual
internamento num asilo que o levou ao suicídio.
A
exposição também inclui algumas das pinturas que fez Gauguin em Arles , entre as
quais se contam vários temas compartilhados pelos dois artistas. Em comparação
com as dinâmicas telas de Van Gogh, que encerram impacto emocional imediato, as
pinturas de Gauguin em tons pastel parecem serenas e contemplativas.
APENAS 5 BAIANOS ESTÃO ENTRE 230 SELECIONADOS
O
Salão Nacional de Artes Plásticas passa a ser compreendido como um processo e
um momento que transcende a simples mostra dos artistas plásticos nele
selecionados. O Salão deve se tornar então um processo de discussão de arte
brasileira e da produção das regiões com efetivo benefício para os estados de
todo o país. Seu conjunto de atividades deve significar uma descentralização e
sua presença simultânea em todos os estados.
Para
tanto, foram programadas as atividades paralelas que variam de porte. Este ano,
foram privilegiadas as questões das regiões Norte e Nordeste. Os eventos podem
ser agrupados em seminários e debates, destacando-se: Artes Visuais na Amazônia
(Manaus); Cinco conferências sobre a Arte Brasileira no Nordeste (Fortaleza);
400 Anos de Artes Visuais na Paraíba; Encontros com a Arte Brasileira
(Salvador); Seminário sobre Crítica de Arte (São Paulo)
Dentro
do programa de exposição haverá coletivas como Brasil Desenho (Belo Horizonte);
Novos Artistas de Alagoas (Maceió); Premiados do Centro-Oeste no Salão Nacional
(Brasília e Goiânia). Para o Piauí o Instituto Nacional de Artes Plásticas
enviará exposição com obras de artistas brasileiros que os artistas piauienses
mais queriam ver.
Dentre
as individuais o Inap/Funarte está propondo levar de volta aos seus estados,
artistas que aí nunca expuseram. O paraense Aluísio Carvão está expondo em
Belém do Pará, este mês e serão promovidas ainda Antônio Maia, em Sergipe, e
Carlos Mascarenhas, no Espírito Santo, todos premiados no Salão Nacional. Em
alguns estados como Rondônia, Acre e Maranhão serão oferecidos cursos de acordo
com as necessidades locais.
Em
Pernambuco será feita a primeira exposição de Lasar Segall (obra gráfica), no
Nordeste. De lá, essa mostra que inaugura o programa de circuitos estaduais do
Inap, percorrerá cidades do interior do estado, como tentativa de um trabalho
permanente da Funarte nas cidades interioranas.
Alguns
desses eventos contam com o apoio da Petrobrás (Espírito Santo, Rio Grande do
Norte e Paraná). No Pará, a firma Estacon Engenharia S.A promoveu a ida de
Aluísio Carvão. Em todos os estados o Inap/Funarte buscou entidades locais para
definição do programa e co-participação nos eventos.
BAIANOS
SELECIONADOS
Sante , uma seleção merecida |
Os
1.175 artistas inscritos para o 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
representam quase a média exata de todos os salões, tendo aumentado o número de
inscritos nos estados do Sul, Centro-Oeste e da Região Norte. O Rio de Janeiro
foi o estado que teve a maior queda de inscrição.
Do
total de candidatos para o 7º SNAP foram selecionados 230 e a esses número
serão acrescidos trabalhos de vídeo-tapes, e audiovisual. Entre os
selecionados, a nova pintura, o papel artesanal, a Região Norte, primitivos e
fotografia são algumas das principais tendências ou preocupações representadas
neste Salão.
A
2ª etapa de seleção será realizada nos dias 12 e 13 de novembro, enquanto a
premiação será no dia 14. A
inauguração do 7º, SNAP está marcada para o dia 7 de dezembro, no Rio. A
Subcomissão de Seleção e Premiação é formada por Abelardo Zaluar (RJ), Glauco
Pinto de Morais (SP) e Antônio Henrique Amaral (SP), eleitos pelos artistas
inscritos e Osmar Pinheiro (PA), Aline Figueiredo (MS) e José Alberto Nemer
(MG) indicados pela Comissão Nacional de Artes Plásticas. O presidente da comissão
é o diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte, Paulo
Estellita Herkenhoff.
Foram
os seguintes os artistas selecionados, nos estados da Bahia e Pernambuco para a
2º etapa do 7º. SNAP :
BAHIA: César Romero, Sante Scaldaferri, Carlos Fragoso Senra, Márcia Magno e Juraci Dórea.
Pernambuco: Sebastião Lucena- Rejane Zaverucha, Silvio Malinconico, Raul Córdula Filho, Jairo Arcoverde, Paulo Roberto Barbosa Brusk, Maria Luíza M. Lins e Ana Elisabeth Vaz.
BAHIA: César Romero, Sante Scaldaferri, Carlos Fragoso Senra, Márcia Magno e Juraci Dórea.
Pernambuco: Sebastião Lucena- Rejane Zaverucha, Silvio Malinconico, Raul Córdula Filho, Jairo Arcoverde, Paulo Roberto Barbosa Brusk, Maria Luíza M. Lins e Ana Elisabeth Vaz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário