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domingo, 21 de outubro de 2012

JURACI DÓREA VAI PARTICIPAR DA 19ª BIENAL DE SÃO PAULO - 20 DE ABRIL DE 1987

JORNAL A TARDE SEGUNDA-FEIRA 20 DE ABRIL DE 1987

             JURACI DÓREA VAI PARTICIPAR DA 19ª BIENAL DE SÃO PAULO

       A obra de Juraci Dórea será conhecida internacionalmente com a presença do artista na bienal paulista.

Uma representação nacional, incluindo 23 artistas do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerais, Bahia e Ceará, estará presente à 19º Bienal Internacional de São Paulo, ao lado de artistas de 39 países, confirmados até o momento. Foram escolhidos os seguintes artistas: Alexandre Pilis (RJ), Ângelo Venosa (RJ), Ana Tavares (SP), Arthur Lescher (SP), Antônio César Dornelas Brandão (MG), Cássio Michalany (SP), Cynthia Vasconcellos (RS), Dudi Maia Rosa (SP), Eliana Prolik (PR), Geórgia Creimer (SP), Heloísa Pini (SP), Ivens Machado (RJ), Iran Espírito Santo (SP), Juraci Dórea (BA), Karin Lambrect (RS), Luiz Zerbini (RJ), Luiz Hermano (CE), Márcia Grostein (SP), Milton Machado(RJ), Rogério Nazário/Telmo Lanes (RS), Sérgio Romágnolo (SP) e Tunga (RJ).
Esta composição de 23 artistas atende ao projeto geral da mostra e foi formada durante quatro meses de pesquisas que tiveram como subsídio 580 dossiês e propostas enviadas por artistas e instituições, além de indicações de críticos de arte de todo o Brasil. Complementando este trabalho, a Curadoria Geral da 19º BISP e assessores visitaram ateliês de artistas em diversos pontos do País, para conhecer sua produção.
ENCONTROS DE CRÍTICOS
A seção paulista da Associação Brasileira de Críticos de Arte e a Fundação Bienal de São Paulo promoverão, dias 3, 4 e 5 de outubro, semana de inauguração da 19ª Bienal, o Encontro Internacional de Críticos de arte.
Serão organizadas duas mesas com participação internacional sobre os seguintes temas: “ A Linguagem da Crítica: em Busca de uma Terminologia Comum” e o “ O Ofício do Crítico”, atendendo diversos aspectos, tais como: Crítica e Artista; Crítica e Poder; Crítica e educação; Crítica e Meios de Comunicação; Crítica e o Espaço da Crítica; Crítica e Mercado de Arte.
Uma terceira mesa, formada apenas por críticos brasileiros, discutirá “A Situação da Crítica no Brasil”.
O objetivo do encontro é a reunião crítica brasileira estrangeira presentes á abertura da 19ª Bienal Internacional de São Paulo, para um intercâmbio de idéias e reflexões.
A CASA DE ARTE BRASILEIRA REÚNE NAIFS NUMA MOSTRA

Pintores e escultores de Norte a Sul do Brasil estão participando de uma mostra naif  intitulada “Brasil Arte da Gente” na Casa de Arte Brasileira, em Campinas, São Paulo. O organizador é o batalhador Zé Cordeiro, que reuniu 70 obras dos artistas Aécio e Malu Delibo, de São Paulo; Josinaldo, de Guarulhos, conhecido também como pintor do Rio São Francisco; de Guarujá-SP, vem o escultor alagoano Zé Ribeiro, com 50 anos de escultura; Waldomiro de Deus, baiano que reside em Osasco-SP; Nerival, Pernambucano, de Garanhuns e que reside em Mogi das Cruzes-SP; Januário, mineiro de Dores de Guanhães, reside no Rio de Janeiro; João das Alagoas, de Capela-AL; Verônica, a menina pintora de Recife, o santeiro Zeus, que vive no Poço da Ribeira, na Serra de Itabaiana, em Sergipe; Armandos Sell, de Joinville, vem de Santa Catarina. Obra ao alto de Zé Cordeiro.
A apresentação é do artista Zé Cordeiro, que nos envia uma carta solicitando a divulgação do evento. Há anos que ele vem divulgando a arte naif  brasileira. Vejam o que ele fala desta exposição:
Da capital de São Paulo, temos Aécio e Malu Delibo muito conhecidos; de Guarulhos-SP vem Josinaldo, o pintor do Rio São Francisco, baiano que residiu em Paris; de Guarujá-SP o escultor alagoano Zé Ribeiro, 50 anos de esculturas, desde 1962 vem colecionando prêmios nos salões de São Paulo; Waldomiro de Deus, baiano que reside em Osasco-SP, é o artista brasileiro mais conhecido no exterior, já expôs em toda a parte do mundo; Nerival, pernambucano de Guaranhus é uma promessa no campo das artes plásticas, vivendo em Mogi das Cruzes-SP; Januário, mineiro de Dores de Guanhães, reside há muito tempo no Rio de Janeiro, começando a expor em 1963 no Salão dos Novos-RJ “conquistou o mundo em sua pintura impregnada de misticismo”; João das Alagoas, reside em Capela-AL, sertão de Alagoas, onde nasceu, sem nunca ter exposto é um artista nato, dotado de grande sensibilidade, sem recurso material, pinta sobre madeira, Eucatex, papelão ou qualquer coisa que lhe caia em mãos, obras marcantes pela pureza e singeleza, a arte para João é tão importante como o ar que se respira; sua obra, ainda tímida, é um embrião que brotará e crescerá sem dúvida alguma; Zito reside em Aracaju promete; Verônica, a menina pintora de recife, foi aos 10 anos de idade convidada a participar do X Salão dos Novos no Museu de Arte Contemporânea de Olinda-PE, menina prodígio que consegue pintar telas de bom tamanho como no jogo de “Amarelinha”: pinta brincando, e brincando pinta como gente grande. Será, sem dúvida alguma, uma grande artista; e o santeiro Zeus? Meu Deus, só mesmo um Zeus para conviver tão bem com 
São Francisco e conhecer tão bem Nossa Senhora da Conceição. É de Deus os santos do santeiro Zeus.Vive no Poço da Ribeira na serra de Itabaiana-SE e somente ele pode “pode retirar do âmago de uma umburana magnífica imagem de São Francisco”;Amandos Sell, de Joinville, Santa Catarina, estado onde a colonização alemã influenciou consideravelmente nos costumes e, na paisagem, mostrando um Brasil diferente do Norte, a paisagem com casas de cachamel dá-nos uma visão típica da Europa encravada nesta verdadeira colcha de retalhos, neste caldeirão que é o Brasil, onde as raças e culturas se misturam, amalgando-se e fundindo uma só raça e cultura. Ao lado a obra São Francisco,de Januário.
Quem duvidar da força, da imaginação, da capacidade criativa e artística do homem brasileiro, do homem comum, do matuto que vive esquecido, relegado e à margem de tudo, que venha ver, que venha conferir, e como escreveu Olney Kruse, crítico de arte do Jornal da Tarde, na apresentação do calendário Artistas da Terra da Copersucar 87:
“Peço, mais uma vez: deixem o Brasil existir sem opressão, repressão colonização. A Arte brasileira existe”

                         A DISPUTA DE CARGOS

Estamos assistindo movimentos corporativistas querendo impor nomes nos diversos escalões do governo estadual. É plausível esta movimentação que ora se desencadeia na sociedade brasileira e em particular na baiana, mas não podemos aceitar que todas as manifestações corporativistas sejam vitoriosas.
Agora o movimento chega aos museus. Com a possibilidade de escolha de um nome, de um jovem artista, integrante da Geração 70 para coordenar os museus baianos eis que corporativistas se agitam e levantam suas bandeiras, equivocadamente. Admito que para os cargos técnicos não se pode abrir mão da presença de técnicos, cada um dentro de sua especialidade. Mas a direção de uma coordenação ou mesmo de um museu, não necessita que seja um técnico do setor. O cargo tem também uma conotação política e é preciso mudar.
Acredito que as tão propaladas mudanças estão ameaçadas. Tenho informações de que existe a possibilidade da continuidade do marasmo que se abateu sobre o Museu de Arte Moderna, no Solar do Unhão. Talvez as marolas que batem preguiçosamente nas pedras que sustentam o velho casarão tenham contaminado todas as pessoas que lá fincaram os pés. Defendo uma mudança radical, defendo que as Oficina de Arte que lá funcionam precisam também de um novo tônico para que atraía gente nova e também o público. Os museus baianos não tem público.
Não tem porque os dirigentes nada fazem. Sou obrigado a lembrar que na mostra Geração 70 conseguimos levar o maior público que o Museu de Arte da Bahia, na Vitória, já teve.
Isto foi muito pouco! Acho que os futuros dirigentes têm que estar atentos às manifestações dos jovens artistas que se batem por espaços e terminam por expor suas idéias  em shoppings ou salões de recepção de hotéis, enquanto nossos museus ficam às moscas, porque não lhe dão espaço e não lhes atraem.
Os museus baianos são hoje simples depósitos de obras de arte! O que se faz é insignificante. Não existe um projeto de levar o público residente na capital e interior para ver as obras e mesmo qualquer atividade que venha atrair pessoas.Nas exposições realizadas só comparece aquele mesmo público, bem reduzidos os parentes dos expositores.
Quando viajo e visito museus na Europa e nos Estados Unidos fico imaginando como se poderia melhorar a freqüência dos nossos museus. Evidente, que para isto é preciso de verba. Não muita, porque os dirigentes têm que ter imaginação para arrecadar. Na venda de livros, de catálogos, na exploração de uma cantina, na realização de pequenos shows musicais. Enfim, existem muitas formas de se conseguir algum dinheiro para tocar o museu. É preciso ganhar público! É preciso criar no baiano o interesse pelos museus.
Quanto aos corporativistas, tenho notado que estão unidos apenas na revindicação de cargos. O que já fizeram pelos museus? Que tipo de ajuda , de projeto, já apresentaram para que os museus baianos se desenvolvam. Nada! Parece que a mudança está calcada na disputa por cargos. Com cargos ou não, é preciso cooperar. Daqui deste espaço tenho defendido maior atenção aos museus, tenho divulgado as poucas promoções que se realiza em seus salões e mesmo já promovi alguns eventos, todos vitoriosos. Acho que a mudança deve ser radical. Esta geração que não teve espaço até agora precisa ser convocada. Depois vamos cobrar a sua ação.




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