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domingo, 28 de outubro de 2012

A SENSUALIDADE DA MULHER EM 20 QUADROS DE MASO - 21 DE SETEMBRO DE 1987


JORNAL A TARDE SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 21 DE SETEMBRO DE 1987

A SENSUALIDADE DA MULHER EM 20 QUADROS DE MASO


O resultado de três meses de trabalho incessante do artista Maso está sendo mostrado na Galeria Mato Grosso 50, em São Paulo. São vinte pinturas a óleo, onde o artista mostra toda a sensualidade da mulher. Nos corpos retorcidos ressaem detalhes do tronco e das coxas em movimentos devidamente estudados. Uma pintura limpa, onde o espectador fica procurando olhar com mais cuidado alguns-detalhes, como os pelos, distribuídos pelo corpo, uma gotícula de água estrategicamente colocada. Enfim, neste jogo de luz e sombra, Maso vai construindo o seu mundo pictórico entre a fotografia, base de sua arte, e a pintura. Ele consegue colocar as pinturas muito realismo, ao ponto de provocar excitações em algumas pessoas mais sensíveis.
Prefiro vê-las pelo lado da arte, da poética, da sensualidade que evoca situações de contemplação, imagino a técnica, o desenho, a fotografia sendo revelada e transportada para a tela branca. Imagino as primeiras pinceladas, as fases posteriores, onde as formas começam a se definir até que toda a sensualidade chegue e se fixe forte e bela nos olhos de quem sabe enxergar. Com uma tranqüilidade invejável, Maso vai seguindo por este labirinto de corpos nus. Porém uma nudez celestial, romântica até, que não choca. Apenas eleva os sentimentos, principalmente daqueles que gostam e apreciam a beleza da mulher.

           UMA OBRA DIVIDIDA ENTRE O BEM E O MAL QUE NOS CERCAM

Familiarizado rapidamente com os pincéis da vida, os que lhe dão colorido e os que também pintam a lúgubre amargura da alma, já aos 13 anos Carlos Araújo representava o Brasil em uma exposição internacional realizada em 1963, em Bruxelas.
“Alegoria do Carnaval” foi o painel que o fez saltar pela primeira vez as fronteiras brasileiras.
Dez anos mais tarde, voltou a participar, em Bruxelas, na exposição “Imagens do Brasil”, mas ao contrário do que se podia acreditar, Carlos de Araújo nunca sentiu maior desejo de abandonar sua terra para tornar mais amplo seu universo artístico.
Embora já tenha trabalhado em Nova Iorque no início do gigantesco painel América (15 metros X 14 metros), destinado a expressar em pintura a força telúrica do continente americano, somente agora sentiu um desejo maior de divulgar seu trabalho em todos os continentes.
Em Paris, decidiu aceitar a edição de um livro sobre sua obra e também programar uma série de grandes exposições européias e interamericanas.
O Museu de Arte de São Paulo parecia estar monopolizando até agora o produto da esotérica obra de Carlos de Araújo Filho.Pintor figurativo, este artista brasileiro já tem em seu cofre uma obra de 1.300 quadros.
Eu sou minha pintura. Minha pintura é uma ambigüidade. Pessoas divididas entre o bem e o mal.
A eterna luta do homem, disse o brasileiro ao classificar sua obra.Aos 13 anos, fiz uma de minhas obras mais fortes, pois tinha maior liberdade de expressão. Não tinha compromisso algum com a sociedade, nem com a própria pintura.Estava livre de influências, explicou.
Se ele sempre se considerou um pintor figurativo, com uma marcante influência renascentista, por suas origens italianas e porque estudou a fundo este movimento produzido na Europa nos séculos XV e XVI, agora tem o desejo, “ a capacidade e a força” para tornar-se um “pintor político-social”. O Renascimento deu uma libertação quase absoluta ao artista da época, embora respeitando a forma e os cânones clássicos e com a noite dos tempos, muitos pintores e escultores, logicamente, herdaram tal liberdade, na busca da beleza mais exigente.
Carlos de Araújo se sente renascentista.
Quero ser um cronista de minha época. Sinto-me preparado para refletir em minha obra a realidade próxima da pobreza espiritual, que por sua vez está refletida na pobreza material do homem, explicou.
O esotérico e o terreno. A ambigüidade de um pintor moderno.

LIANE KATSUKI COM MUITAS ATIVIDADES NA HOLANDA

  Liana Katsuki trabalha muito.
O sol voltou a brilhar no início deste mês na Holanda e Liane Katsuki manda notícias sobre suas atividades. Diz ela que o verão foi horrível com muito frio, dias cinzas e chuvosos. “Os raríssimos dias de sol, só fizeram aumentar as saudades do meu País, e acelerar meu desejo de logo estar aí”.
Vemos, portanto, uma Liane saudosa deste sol que brilha com intensidade nesta Bahia cheia de dengo e alegria. Mesmo nos tempos de vacas magras, que vivemos, os que teimam em destruí-la não conseguem, tal a sua presença forte.
Atualmente ela está no Teatro Smedery (na New Jonker Street) fazendo uma performance de suas jóias e desenhos com um grupo de dançarinos. A coreografia é baseada no projeto de Liane que trabalhou inclusive todo o cenário. Está ainda mostrando seus trabalhos em Amsterdam, na Galeria da Vila Baranka, juntamente com 22 mulheres sul-americanas.                              
O nome desta mostra é Dochters Van Moeder Aarde.
Dia 22 a inquieta Liane estará com seus desenhos e esculturas na Galeria Mediation Art Today, em Amsterdam. Ela trabalha ainda para uma fábrica e uma escola de computadores.
Diz ainda Liane que presenciou um movimento muito significativo na cidade de Emmen, onde está residindo. Toda a cidade foi povoada de esculturas monumentais colocadas estrategicamente nos parques, lagos, em frente aos edifícios públicos, nos jardins, e os lojistas convidaram os artistas a expor seus quadros nas vitrines.
Tanto os artistas amadores como os profissionais participaram do evento que contou com o apoio da prefeitura municipal. Lembra a artista baiana que temos tanto espaço e tantos lugares bonitos  em Salvador que seria  um boa ideia um movimento deste nível envolvendo toda a comunidade.
Mas minha cara Liane a distância entre os elos de cultura e civilização da Holanda e o Brasil é muito grande. Estamos num país carente de tudo. De caráter, de comida, de transporte, de escola, de educação, de cultura, enfim aqui tudo está por chegar. Quando se consegue fazer um movimento na área cultural é quase um milagre. As dificuldades são imensas. A falta de apoio uma razão muito forte ao desestímulo.
Enfim, vamos continuar teimando em realizar.

                               LINA BO BARDI TRARÁ SUA EXPERIÊNCIA PARA A BAHIA

Dentro de poucos meses estarão concluídas as obras de restauração de quatro casas no quarteirão da Misericórdia. O projeto, que prevê a permanência dos moradores da área, além do funcionamento de centro comercial e restaurante nos casarões, será a primeira grande experiência de recuperação do Centro Histórico do Salvador na atual administração municipal. A depender dos resultados, obras semelhantes poderão ser executadas em toda a área tombada como patrimônio da humanidade pela UNESCO, órgão cultural da Organização das Nações Unidas.

                                                                               
      Lina reencontra a Bahia 
depois de 22 anos.
A informação  é da arquiteta Lina Bo Bardi, autora do projeto que vai utilizar a tecnologia de argamassa armada, desenvolvida pela Fábrica de Equipamentos Comunitários da Prefeitura. Criadora, em 1959, do Museu de Arte Moderna da Bahia, entre outros projetos arrojados da Arquitetura contemporânea, Lina Bo Bardi foi entrevistada no programa, o presidente da  Fundação Gregório de Mattos, Gilberto Gil, falou sobre a importância da arquiteta Lina Bo Bardi no desenvolvimento cultural da Bahia.
É mais uma das muitas promessas que os moradores do centro e mesmo de Salvador estão cansados de ouvir. Estamos registrando e futuramente vamos cobrar. A memória do brasileiro costuma ser curta.
Mas vamos fazer força para cobrar sempre.



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