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sábado, 10 de agosto de 2013

UMA EXPLOSÃO DE LULA QUEIROZ

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO, 25 DE NOVEMBRO DE 1978.


A mostra de Lula Queiroz na capela do Solar do Unhão é uma comprovação da capacidade criativa deste jovem artista que explode em cores, formas e ideias. Evidente que ainda não encontramos um artista lapidado e uma prova disto são alguns quadros expostos que poderiam não figurar numa seleção mais rigorosa. Porém, o que me deixou alegre foi a qualidade da maioria dos trabalhos expostos e também a grande quantidade de ideias. Lula é sem dúvida um artista nato que explode com toda a força de sua juventude. Quem o conhece não imagina o potencial e a capacidade de trabalho que esconde por trás de sua figura tranquila.
 A capela do Solar do Unhão estava lotada de gente que foi para lá prestigiar a mostra de Lula Queiroz e teve oportunidade de conversar com algumas pessoas que não pouparam elogios às telas a óleo, as pinturas feitas em papel e principalmente ao conjunto de obras apresentadas. Espero que Lula esqueça algumas soluções como aquelas dos barcos, já desgastadas, e que não refletem a sua técnica. No entanto outras idéias a exemplo de muitas telas que estão localizadas ao centro da capela na nave central devem ser buriladas porque acredito que aquele é o seu caminho.
Conversando com o artista sobre seu trabalho ele disse que os feitos em papel  são fruto de uma experiência que vem desenvolvendo há algum tempo da qual espera soluções ainda mais gratificantes.

                         O ION AGRADECE AOS ARTISTAS 

Cento e vinte e cinco quadros foram doados por artistas baianos e radicados na Bahia que foram expostos nos dias e passados no Centro Espanhol em benefício das obras assistenciais do ION. Esta é a segunda exposição que é organizada pela diretoria do Instituto de Organização Neurológica da Bahia- ION que realiza um trabalho digno de elogios em prol da criança excepcional. O dinheiro arrecadado com a venda dos quadros será aplicado nesta obra que beneficia dezenas de crianças baianas oferecendo uma educação especializada.
 A primeira exposição do ION foi realizada em 1973 e teve o mesmo sucesso com grande número de artistas doando seus quadros que foram vendidos e revertidos em obras de grande importância para as crianças que são assistidas pela entidade.
Foto da abertura da exposição promovida pelo ION
Quero especialmente agradecer em meu nome do ION a todos àqueles que mais uma vez se despojaram de suas obras e doaram para esta instituição. Isto porque estive cooperando na medida do possível para a concretização desta mostra que visa beneficiar muitas crianças. Neste mundo competitivo onde os mais aptos sobrevivem e os menos aptos por problemas individuais mão conseguem, é preciso que estejamos atentos para dar-lhes as mãos. E é exatamente nas mãos dadas que está o sucesso do ION. Um punhado de pessoas que dá parte de sua vida e seu tempo precioso para atender àquelas crianças que precisam mais que as outras de carinho e apoio.
Esses artistas abaixo relacionados fazem parte deste punhado de gente que dá o seu tempo e o fruto de seu trabalho em benefício dessas crianças. Eis os artistas: Ângelo Rebouças, Antônio Lobo de Souza, Amália Tude, Azize Nadin Awad., Affonso Garrido, Antônio Murilo Ribeiro, Amélia Fernandes, Ângela Lemos Sampaio, Avany Oliveira, Antoneto, Anita Dantas, Ana Georgina, Almiro Borges, Arlindo Gomes, Benedito Barreto, Bartira, Bel Borba, Bernadeto Cal, Clara, O. Souza, Carlos Affonso Garrido, Clara, Meiro, Candoca, Carlos Bandeira, Celina Gordilho, Carmem Peixinho, Capelotti, Carl Brussel, Carmem Barreto, Caribe, Calixto Sales, Costa Lima, Carlos Vilas Boas Pinto, Carlos Bastos, Calazans Neto, Djalma Souza, Dulce Schaeppi, Diana Mota Ramos Azevedo, Eugênio Roberto, Emanoel Araújo, Emília Moreno, Edmilson Ribeiro, Edvaldo Gato, Elze Matos, Esse Pimenta, Emiles, Elizete Ventura, Eckenberg, Experidião Mattos, Fernando Coelho, Farid Awar, Floriano Teixeira, Fred Shaeppi, Graça Ramos, Gilberto Apê, Guel, Glaucia Lemos, Giuseprina, Heloiza Nagen Cardoso, Helena Chaves, Hans Tosta Schaeppi, Ivan Lopes, Ivo Neto, Itamar Espinheira, Jorge Mendes, José Bahia, José Tiago, Jenner Augusto, Justino Marinho, José Carrera, Jessé Acioly, José Artur, Jorge Cabral, Luís Fernando Pinto, Laurinha Seabra, Luciana Pereira, Licurgo, Leila Saraiva, Lau, Lila Bouzas, Luciano Luciani, Lafita, Maria Monteserrat Silva, Mário Cravo Neto, M. Valença, Maria Gordilho, Manoel Duran, Maria Adair, Maria Augusta Mongerrot, Manoel Gerônimo, Nélson Pereira Júnior, Nide, N. Dias, Norma Gaeta, Nolita, Odete Valente, Osvaldo Oliveira, Olga Paixão Papito, Rúbico, Raymundo Aguiar, Rosita Dubois, Riolan Coutinho, Rômulo Serrano, Rosa Cravo, Sante Scaldaferri, Sônia Maciel, Terezinha Lima, Tuty, Urban, Waldelice Pinkus, Wasghinton Sales, Walmiro Almeida Pedreira Filho e Zu Campos.

                      GRAVURAS DE NOÉLIA DE PAULA

 A Galeria da Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia abrirá suas portas ao público baiano para mostrar as gravuras de Noélia de Paula, baiana, natural de Salvador, viveu no Rio de Janeiro com atelier instalado na Bartolomeu Mitre, no Leblon, viajou pela Europa onde também residiu. Ausente da Bahia durante 9 anos.
Exatamente há dez anos passados, na Galeria 114 em Salvador, Noélia de Paula iniciava a sua carreira profissional alcançando um sucesso da época em público e vendagem de obras. A A Tarde acreditou nessa artista pelo talento, dinamismo e seriedade com que encarava o trabalho que propunha fazer. Toda a imprensa e meios de comunicação     passaram a ver em Noélia de Paula uma promessa para as artes na Bahia. Agora Noélia de Paula, após 10 anos de lutas e sucessos, confirma com seu currículo e afirmativas críticas a visão da imprensa baiana de 1968. Vejamos abaixo a conversa com a artista:

R- Noélia de Paula, como você se sente retornando à Bahia e por que voltou?
NP- Sinto-me em casa e aos poucos readaptando-me. Voltei por duas razões: uma familiar, já solucionada, e outra pensando em trabalhar aqui na Bahia na área de Restauração da Fundação. Acabei indo trabalhar na Arte-Final da Empresa Gráfica da Bahia assumindo a chefia. Em junho deste ano passei para a Fundação, Cultural onde estou, à disposição.
R- Você acredita que sua exposição será o mesmo sucesso de 68?
NP- Sucesso para mim não existe nos termos comuns: venda ou aplausos.Quando exponho o faço de maneira profissional sem visar nada além do que prestar contas do meu trabalho para àquelas pessoas que gostam ou que culturalmente se interessam pela arte.
R- O que você acha do local onde expõe?
NP- Todos os lugares são bons e sinto-me honrada em poder atender o convite da Diretoria da Fundação expondo na sua Galeria. Tenho certeza de que a Bahia social já atingiu a maturidade metropolitana e não mais marginaliza uma área que ela mesma apresenta ao turista como ponto e roteiro da nossa velha cidade. Seria um contrasenso nós não valorizarmos uma área que faz parte da nossa história.
R- Como você situa a arte baiana no cenário nacional?
NP-A nossa arte é bem representada por poucos artistas contemporâneos de real valor. São artistas sérios, que trabalham e pesquisam, aprimoram técnicas e criam.
R- E arte primitiva?
NP- A arte primitiva eu divido em duas etapas. Uma que é a arte primitiva autêntica, uma forma de expressão popular, realizada por pessoas de sensibilidade nata mas que,por força das circunstâncias, são analfabetas e incultas.Acho belíssima a linguagem popular autêntica. Do outro lado, está a arte-falsa primitiva ou engodo.Essa é a maior picaretagem e é uma vergonha, pois são executadas por fazedores de quadros que apenas querem o dinheiro. Inegavelmente são pessoas de  classe natural baixa. Porém tiradas e sabidas. É lamentável que isso aconteça.
R-Você ficará de vez na Bahia?
NP- Depende das circunstâncias. Gosto da Bahia e penso em ficar, mas no Rio, São Paulo, até mesmo na Europa as chances de trabalho são bem maiores. Fora daqui sou conhecida e todo mundo me respeita como profissional das artes plásticas e como restauradora de obras de arte. Aqui tenho enfrentado certos problemas que mesmo que não me afetando profissionalmente deixa transparecer uma carência muito grande de conhecimentos e atualização de arte.Aprendi a respeitar trabalhando e trabalhar respeitando a obra, o ser humano, a terra e a vida.

                            PAINEL

 AMOSTRAGEM SERGIPE 78- O Superintendente da TV Sergipe, Mozart Santos é o grande incentivador das artes em Sergipe e a estação está dedicando diariamente 5 minutos do Programa Hoje para promover artistas locais. Agora ele traz à Bahia trabalhos de Anselmo, Allosa, Anete, Abelardo, Adauto, Beto, Barinhas, Bel, Carrera, Caã, Ceiça, Cachoba, Cesart, Daniel, Dionéa, Erê, Fernandes, Gime, Gervásio, Gleide Selma, Gêmeos, Hortência, Ivone; Inácio, Jorge Luiz, Jane, Jussara, Jô, Judito, Joubert, Lucimar, Marinho, Melciades, Maria Feliciana, Olidina, Pithiu, Queiroz, Raimundo, Rezende e Wellington que estão expostos desde ontem no foyer do Teatro Castro Alves. A apresentação é de Ivo Vellame, que também sergipano. Foto I



JOSÉ ARTUR- está expondo na Galeria Grossman mostrando o seu lirismo através de figuras que ele idealiza.
Destaco os longos pescoços e os olhos grandes como uma influência da gente nordestina, embora sua pintura não tenha a marca patente do real. José Artur é um dos mais conceituados pintores desta nova geração baiana. Foto II





SÍLVIO PAMPLONA RIBEIRO- pintor paulista está expondo na Galeria da Pousada do Carmo até o próximo dia 30. Tem um trabalho reconhecido e, inclusive, obras de sua autoria figuram em museus e coleções particulares. Foto III



ESTERGHILDA MENICUCCI- expõe na Galeria Panorama até o dia 6.
São imagens etéreas em dimensões mágicas. As figuras estão envolvidas por nuvens de tintas que se espalham com equilíbrio.

ECKENER- expõe no Gabinete Português de Leitura. De tanto trabalhar pelos artistas resolveu também pintar. São trinta óleos de temática variada. Alagoano de  nascimento e radicado em Salvador há muito tempo Eckener muito tem feito pelas artes baianas.

NOITE DE GRAVURAS- Kompasso Galeria de Arte, rua Amazonas, na Pituba está expondo gravuras de Calasans Neto, Clara O. Souza, Duda, Gérson M. Lima, Ione Passo, Juarez Paraíso, Márcia Magno, Roberval Marinho, Terezinha Lima e Waldelice Pinkus.

TROQUEI AS BOLAS- Na semana passada fiz uma avaliação do trabalho de Gervásio Teixeira que está expondo na Galeria O Cavalete.Porém, inadevertidamente chamei-o de Gilberto. Por que? Não sei.
Mas a culpa foi minha.Geralmente os erros são atribuídos a outras pessoas. Mas faço questão de assumir. Errei. O nome do artista é Gervásio Teixeira, um sergipano que promete.



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