JORNAL A TARDE,SALVADOR, SÁBADO 21 DE
OUTUBRO DE 1978
Estou de acordo com algumas das
considerações estampadas num manifesto distribuído pelos estudantes da Escola
de Belas Artes contra a realização da exposição dos médicos pintores, por
entender que o mercado de arte na Bahia já está quase que saturado tal o número
de artistas. Digo isto e exemplifico: se algum diretor de cinema vier filmar em
Salvador e necessitar de alguns bandidos para integrar o elenco de extras, certamente
que não vai encontrar. Aqui todo mundo é artista. São milhares que pegam o
pincel, sujam as alvas telas e quando nem se espera já tentam vender trabalhos
de arte.
Evidente que muitas profissões
estão sendo invadidas por profissionais de outras áreas.Jornalismo é talvez a que mais
sofre com esta interferência estranha, mas felizmente ultimamente temos
assistido a presença quase maciça nas redações de jovens provindos das escolas de
Comunicação. Porém, acho que ninguém está ou deve estar proibido de pintar ou
escrever. A diferença está apenas em comercializar.Em tornar-se profissional.
Lembro aqui o caso de Rubens que era diplomata e grande artista.Acontece que hoje estamos
tendendo cada vez mais à profissionalização e é neste ponto que está a
verdadeira razão dos estudantes. Os médicos poderiam ter feito a mostra sem
qualquer interesse em vender quadros, porque a maioria deles não precisa
vendê-los. Seria o caso de realizar uma mostra para uma confraternização da
classe.
Assim evitaria que apareçam exposições
de psicólogos pintores, operários pintores, jornalistas pintores e até
delegados de polícia pintores.
Mas, para melhor compreensão do
que afirmo, publico na íntegra o manifesto dos estudantes da Escola de Belas Artes
mostrando que estão coerentes com o que defendem e que não pretendem atacar
ninguém, e, sim defender sua profissão. Vejamos:
DIAGNÓSTICO
"Nós artistas plásticos,
estudantes, diante de um mercado cada vez mais difícil e restrito ao artista
plástico, onde a sua profissão ainda não encontra-se regulamentada, vimos nos
posicionar contra a convivência das galerias de arte, que possibilitam e
permitem a interferência de profissionais de outras áreas, no mercado do
profissional Artista Plástico, o que constitui por um lado num cerceamento do
mercado e por outro, numa falta de ética e respeito profissional, a partir do
momento em que a interferência de um profissional de uma área, na do outro.
Observando-se porém que a recíproca poderia ser verdadeira.
Não questionamos aqui a validade
artística do trabalho de quem quer que seja, apenas indagamos:
a)
Estariam agindo corretamente as galerias em abrir o
mercado a outros profissionais?
b)
Estariam agindo corretamente estes profissionais em
interferir, no nosso mercado?
c)
Como esses profissionais agiriam diante da possibilidade de uma interferência recíproca?
d)
Isso não contribuiria para um enfraquecimento à
organização de classes?
Pela regulamentação da profissão do Artista Plástico
Diretórios Setoriais de Artes Plásticas e Licenciatura em Desenho e Plástica
Diretórios Setoriais de Artes Plásticas e Licenciatura em Desenho e Plástica
III SALÃO DA NORDESTE EXPÕE BRECHERET E MANOEL MARTINS!
Uma dúzia de
esculturas de Victor Brecheret darão ênfase à escultura, no III Salão da
Noroeste, que se inaugura a 21 de outubro, com a participação de pintores de
renome como Marysia Portinari, Aldemir Martins, Volpi, Chico da Silva, Manoel
Martins, José Antônio da Silva, Rebolo, Fúlvio Pennacchi, Quissac Júnior,
Walter Levy e Grassman.
O Salão
promove um verdadeiro encontro de
escultores, com a participação de Bruno Giorgi, Alfredo Ceschiatti,
Vasco Prado, Caciporé Torres, Calabrone, Stokinger, Vlavianos, Frans Waissman.
Paralelamente
ao Salão, será apresentada importante série de espetáculos: dia 25, concerto da
Orquestra Sinfônica de Campinas; dia 26 espetáculo do Grupo Andança; dia 27,
concerto de piano de Pietro Maranca; dia $$, apresentação do Ballé Stagium.
Obra de Martins mostrando a cidade de São Paulo |
A Fundação Educacional de Penápolis, promotora do Salão, contou com a colaboração do
Ministério da Educação, da Funarte, da Prefeitura de Penápolis, da Secretaria
de Cultura do Estado, da Secretaria da Fazenda do Estado do Banespa. O Ministro
Euro Brandão, da Educação, é o patrono do Salão.
Cerca-se de
particular interesse, a apresentação dos quadros de crítica urbana de Manoel
Martins, o mestre do Grupo Santa Helena, e os 5 óleos de Marysia, um dos quais
mostrando a Travessia da Boiada no Rio Baguaçu, em Araçatuba, onde a pintora
nasceu.
Na foto, à direita, vemos
o pintor Manoel Martins ao lado do cavalete, em seu atelier da Rua Afonso
Celso, em São Paulo.
VICCO MOSTRA
CERÂMICA PEDRA
Esta obra integra o Memorial do artista |
Vicco nasceu
em Guaxupé, MG, em 1944, de onde mudou-se para São Paulo. Foi operário,
bancário, faminto, estudante noturno e publicitário. Em 67 estudou desenho com
o Prof. Hertas Diaz e participa de uma exposição coletiva, e em 69 monta um
estúdio gráfico onde permanece até 74. Começa a trabalhar com cerâmica e viaja
para o interior de São Paulo com um grupo de amigos que mais tarde montariam um
atelier em Cunha, SP. Em 76 transfere-se para Teresópolis com o propósito de
fazer cerâmica, e monta um novo atelier, rudimentar, com o torno acionado pelo
pé e o forno a lenha com o qual passa a fazer cerâmica pedra, uma arte oriental
de muita precisão.
A cerâmica é
uma arte milenar, que pode ser dividida em duas categorias: a cerâmica terra,
de baixa temperatura, e a cerâmica pedra de alta temperatura 1250/1320ºC que
deve sua descoberta aos chineses. O barro em estado bruto é socado, peneirado e
decantado, misturado e amassado até ser exposto á secagem. A queima é realizada
em duas etapas que duram até 25 horas e a esmaltagem é realizada através de
componentes naturais derivados de rochas comuns. O resultado desse extenso
trabalho é o que o artista Vicco irá mostrar, acompanhado de um audiovisual
detalhado todas as etapas do processo artesanal..
O SALÃO
NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS
Os trabalhos
selecionados para a mostra concorrerão a nove prêmios, assim classificados: 4
Prêmios de Viagem ao Estrangeiro, no valor de CR$150 mil cruzeiros cada; 4
Prêmios de Viagem ao País, no valor de 50 mil cruzeiros cada, além do Prêmio
Especial Gustavo Capanema, a ser conferido ao autor do melhor conjunto de obras
expostas no salão, no valor de 30 mil cruzeiros. Não haverá prêmios de
aquisição de obras.
No momento a
Comissão Nacional de Artes Plásticas está selecionando os nomes dos três
elementos que irão compor a Comissão Julgadora, a serem escolhidos entre as
mais importantes personalidades ligadas ás artes plásticas e á cultura no
Brasil. Além deles, a Comissão Julgadora será composta também por três pessoas
escolhidas pelos artistas inscritos, por votação em maioria simples. Cada
artista, na Ficha de Inscrição, escreve os nomes de sua preferência, e a
apuração será feita no próximo dia 24 de outubro. Já no dia seguinte a Comissão
Julgadora liderada pelo Presidente da Funarte, José Cândido de Carvalho, entra
em atividade, selecionando as obras que irão participar do Salão e as
premiadas.
O Salão
Nacional de Artes Plásticas consequência da fusão dos extintos
Salão Nacional de Belas Artes e Salão Nacional de Arte Moderna é
realizado pela primeira vez no Brasil.
Ele visa dar
uma visão atualizada das tendências e pesquisas artísticas nacionais e
internacionais de nossa época. Neste sentido, o salão está aceitando trabalhos
tradicionais, pintura, escultura, desenho e gravura e também obras
experimentais e conceituais, inclusive as que se utilizem de técnicas de
foto-linguagem fotografia audiovisual e cinema de super-oito, além de trabalhos
de natureza antropológica, sociológica, ecológica, ou mesmo propostas que
incluam performances e animações corporais.
PAINEL
PORTO RICO-
cerca de 52 artistas de Porto Rico e do exterior participarão da I Bienal da Sociedade Portorriquenha de Música Contemporânea a ser realizada em San Juan durante todo o
mês de novembro, segundo informa Rafael Aponte Ledee, presidente do evento.
A Bienal
apresentará concertos, exposições e encenação de peças teatrais além de
realização de quatro conferências sobre arte.
EDELWEISS- a Diretoria de Turismo e Comunicações da Prefeitura de Florianópolis está promovendo a exposição de pintura de Edelweiss.
VILMA RIBEIRO- expõe na Galeria da Pousada do Carmo. Paulista e concluiu seu curso na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, passando depois de 10 anos sem pintar. Nos últimos sete anos tem participado de várias exposições individuais e coletivas. Foto
GILDA BASBAUM está expondo no Museu de Arte Moderna, Solar do Unhão com o patrocínio da Casa da Bahia, Rio de Janeiro. Depois falarei sobre seu trabalho.
COLETIVA - Alberto Elias, Almir Barros, Almiro Borges, Benedito Pomponet, Botelho Pedrosa,
Costa Lima, Eckener, Edson Cezário, Halmiro, José Bonfim, José Francisco de
Souza, Manoel Neto, Misael Santana, Octávio Araújo, Raymundo Aguiar ,Raymundo Valladão,
Rômulo Serrano, Sérgio Sampaio, Sidney Roberto, Túlio Oliver e Wilton de
Souza. A exposição é promovida pela Associação Atlética do Banco do Brasil que
visa incentivar o mercado. Esta aberta diariamente, das 16 ás 22 horas na Rua
Barão de Itapuã, Barra, sede da AABB. Foto um quadro de José Bonfim.
MÉDICOS PINTORES- na Galeria Cañizares estão expondo Affonso Roberto Martins Garrido, Artur Ventura de Matos, Carlos Gilberto Widmer, Carlos Lopes Bittencourt, César Romero, Dulce Serrano Schaeppi, Eduardo Araújo Filho, Fernando Fortuna Guimarães, Flanklin Witz Leite Neto, Geraldo Bastos Guimarães, Gilberto Apê, Gilberto Carvalhal ,França Gomes, Humberto R. V. Peixoto, Italvar Cruz Rios, Jaime Nunes da Silva, Jessé Acioly; José Mirabeau Sampaio, José Pedreira Carrera, José Stanchi Correia, Lourival Burgos Muccini, Nancy Carvalho Cruz, Nelson Hart Madureira, Osvaldo Leal e Rodolfo Dantas Júnior. Expondo esculturas: Luís Fernando Pinto e Luís Carlos Medrado Sampaio. Vemos portanto, que são mais conhecidos pela dedicação às artes plásticas do que pela medicina...
MYRA- expondo até o dia 26 do corrente na Galeria Panorama foi premiada em 1971 com Medalha de Ouro, do Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro. Expõe 17 telas pertencentes a primeira fase e 17 quadros de sua mais recente produção Foto ao lado
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