JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 18 DE
NOVEMBRO DE 1978
"Vi ontem um bicho / na imundice do pátio / catando comida entre detritos./ Quando achava alguma coisa,/ não examinava e nem cheirava : / Engolia com voracidade./ O bicho não era um cão,/ não era um gato, / não era um rato, / o bicho, meus Deus, era um homem."
Este poema de Manuel Bandeira que vem inserido no catálogo da exposição do sergipano Gilberto Teixeira que está aberta ao público na Galeria O Cavalete, no Rio Vermelho, reflete exatamente múltiplas imagens da cidade metrópole onde os homens são marginalizados, aleijados e mortos. A exposição campeia sob várias colorações e formas. O homem vai sendo aos poucos esmagado numa engrenagem que é azeitada dia-a-dia por instrumentos de grande poder. Assim o pintor, sensível e visionário observa que alguma coisa está errada. Esquece o pouco o bucolismo das paisagens e as linhas tortuosas do barroco e engendra pelos caminhos do real. Uma realidade palpável que outros pintores, seus colegas, fecham os olhos e criam apenas imagens belas e irreais. Vivem eternamente sonhando fora da realidade em que vivem vagando como as luzes de mercúrio instaladas no topo dos postes nas ruas desertas.
O medo de enfrentar a realidade e também o
preconceito criado de que a arte apenas ser bonita.O reflexo do belo está cegando
muita gente. Prefiro os humildes que enxergam.Aqueles que ao sentarem em seus
atelieres luxuosos ou quase luxuosos, e principalmente aqueles que vivem em
dificuldades e que ao abrir a janela descortinaram um homem-bicho.Sujo e caído numa marquise sem
qualquer projeto de vida. São marginalizados não por gosto ou escolha. Não,
eles nunca tiveram outra opção e nadavam contra a correnteza. São assim
lançados como pedaços de paus imprestáveis pelas águas caudalosas da engrenagem
da grande metrópole. Falo em grande metrópole porque os casos são mais
chocantes, pois como homem do interior, sei que por lá as pessoas ajudam um
pouco mais aqueles que caem em desgraça.
Mas vamos ao trabalho pictórico
de Gervásio Teixeira jovem sergipano que traz na pele o sangue curtido do
nordestino e mesmo residindo na metrópole carioca não esqueceu que seus
patrícios estão construindo o colossal metrô e outras obras grandiosas. São
verdadeiras formigas e a semelhança é maior porque moram até em buracos
provisoriamente feitos em
abrigos. Ao terminarem as obras muitas vezes nem pode entrar,
a exemplo de um prédio luxuoso na Avenida Vieira Souto. Assim a visão de
Gilberto é perfeitamente casada com este poema do saudoso Bandeira. Sensível,
ele enxergava as coisas e traduzia em versos. O Gilberto
traduz com as imagens que joga nas telas, esta desigualdade. O nordestino que
ao chegar na metrópole não perdeu suas características e seu trabalho apresenta
esta dualidade: o primitivo e o evoluído. A fábrica absorvendo em parte a
grande oferta da mão-de-obra que é barata.
O salário baixo, a vida mística e
as origens que muitas vezes são totalmente desvirtuadas, engolidas pelas novas
ofertas de consumo através das mensagens estereotipadas da televisão e de
outros meios de comunicação de massa.
ROCKWELL O PINTOR DAS PEQUENAS
CIDADES
Norman trabalhando em seu atelier |
O seu último quadro ficou, inacabado,
em seu estúdio, o antigo depósito de carruagens da Casa Branca, de duas
chaminés, para onde se mudou em 1952. Rockwell era o pintor das pequenas
cidades e de seus habitantes da região da nova Inglaterra. Sua ficava numa das
partes mais bonitas, desta região, os montes Berkshire.
O seu quadro mais conhecido Stockbridge Main Street at Christmas,( Foto abaixo) , pintado para uma edição de 1949 do Saturday Evening Post, procura captar o
ambiente dessa região.
Rockwell não chegou a terminar
seu último quadro, iniciado há alguns meses, e que tentava captar uma paisagem
de Stockbridge.
Qunado fez 80 anos, o pintor
disse: Eu quero morrer de repente, quando estiver pintando. Não quero passar o
dia numa cadeira ou ir para a Flórida. Este é o meu ideal. Rockwell e sua
mulher, Molly, eram figuras bastante populares de Stockbridge. Muitos de seus
dois mil habitantes serviram de modelo para os seus quadros.
Na cidade, fica a Old Corner House, u museu dedicado ao artista, com 80 trabalhos originais, rascunhos e objetos que pertenceram ao pintor. Cerca de 65 mil pessoas visitam por ano o museu. Rockwell, no entanto, era filho de uma metrópole. Nasceu
Certa vez Rockwell disse que não
tinha o objetivo de pintar um país onde tudo fosse bom e ensolarado. Mas seus
quadros, quase sempre, mostravam crianças de cabelos claros junto a avós com ar
de admiração, meninos se iniciando no beisebol e ansiosos para mostrar o rosto
ao pintor, cachorrinhos brincando entre as pernas de seus donos. No fim da
década de 1960, porém, profundamente influenciado pelas tensões desse período
nos Estados Unidos, Rockwell passou a mostrar situações de caráter mais social.
Quando tinha 75 anos, declarou:
Durante 47 anos, eu retratei o melhor dos mundos possíveis avós, cachorrinhos,
coisas assim. Isto agora acabou e acho que já era a hora.
Este período da obra do artista
ficou conhecido como o Angry Period. As obras mais famosas da época são os
retratos de três militantes da luta pelos direitos civis, assassinados no sul
do país, e a figura de uma menina negra, de rabo de cavalo, sendo acompanhada
para a escola por quatro agentes federais.
O público não reagiu bem a esta
mudança, mas ele afirmou: Eu me senti satisfeito quando fiz estes quadros.
Agora, temos problemas maiores. Estou contando minhas histórias num período de
pessimismo. Quem acompanhar minha obra, verá que gostei muito do espírito dos
velhos tempos. Mas, não quero ficar conhecido como um especialista, o homem que
pintou as capas do Post.
Até quase a sua morte, Rockwell
manteve uma rígida disciplina de trabalho.Pintava diariamente, seguindo-se
um período de exercícios e descanso.
Obra A Pata do Gaspar, de Norman Rockwell |
Rockwell teve três filhos e os
três são artistas: Jarvis é pintor abstrato, Tom é escritor e Peter é escultor.
O doutor Paddock informou que, devido a seus problemas de saúde, Rockwell não
pintava regularmente há dois anos. Procurou não descuidar de suas relações com
a comunidade mas não saía de casa há alguns meses. Os preparativs para os
funerais ainda não estão completos, mas provavelmente a cerimônia religiosa
será na igreja Episcopal de São Paulo e o enterro no pequeno cemitério de
Stockbridge.
Normalmente, um quadro original
de Rockwell custava 27 mil dólares, pouco antes de sua morte.
Ele, porém, afirmava que não era
um artista. Classificava-se de um Ilustrador, um contador de histórias.Seu pai era pintor de paisagens.
Rockwell deixou a escola com 16 anos e três anos depois era o diretor de arte
de revista Boys Life, que também publicou muitos de seus trabalhos.
PANORAMNA DE ESCULTURA E OBJETO
NO MAM-SP
Na foto objeto de Vilma Rabello Machado (1978). |
Conta o Panorama com o patrocínio do INAP- Instituto Nacional de Artes Plásticas: Funarte- Fundação Nacional de
Arte do Ministério da Educação e Cultura; e com o patrocínio do Governo do
Estado, através da Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia.O Panorama poderá ser visitado, a
partir de 24, nos horários: d terças às sextas, das 14 às 21h; sábados e
domingos, das 14 ás 18h.
MÓVEIS DE MARTIN ELSLER E ERNESTO WOLF
Móveis criados por Martin Eisler |
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