O casarão onde funcionou a Galeria Le Dôme, antes da reforma feita pelos irmãos Cardoso.
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Conheci o artista José de Dome, em Curitiba ,nos anos 60. Estava hospedado num hotel e ao solicitar a chave do meu apartamento chegou ao balcão da recepção o artista sendo reconhecido por mim , e conversamos alguns minutos. À noite ao retornar ele tinha deixado uma aquarela de sua autoria na portaria do hotel para mim, a qual tenho até hoje no escritório . Este era o José de Dome uma pessoa amável e de grande talento. Nunca mais tive a oportunidade de encontrá-lo. Ele nasceu na cidade de Estância, em Sergipe, em 1921, e faleceu em Cabo Frio, Rio de Janeiro, em 1982. Seu nome era José Antônio dos Santos, e tinha este apelido porque sua mãe era uma tecelâ conhecida na cidade e chamava-se Dometila .No sertão costumam apelidar os filhos de José de sicrano, Maria de fulana etc.
O governador Lomanto Junior com os irmãos Cardoso. Eckener ,Euler -de cachimbo- e Publio, sócios da galeria |
Conta Anna Georgina que " tudo começou numa tarde de domingo, depois do almoço no apartamento de meu avô Alfredo Gomes Cardoso, no bairro do Canela, numa conversa entre meu pai Euler de Pereira Cardoso com os irmãos Publio e Eckener resolveram abrir uma galeria de arte.
Colocaram vários nomes para votação em família e Le Dôme Galeria de Arte venceu. Como nós morávamos no bairro do Garcia, em frente ao Colégio Antônio Vieira, meu pai saiu para procurar uma casa . Foi quando encontrou uma disponível para aluguel junto ao Colégio das Sacramentinas e resolveu alugar. Fez uma reforma , passamos a fazer o fichário das pessoas a serem convidadas para a inauguração e convidamos os artistas que iriam participar da coletiva de inauguração."
Ao lado a foto de alguns dos artistas que participaram da mostra de inauguração da Le Dôme: Oscar Caetano, Joceval Machado, Adilson Santos, João Carrera, Euler Cardoso, José Arthur, Sá Menezes, Vera Seabra, Odete Valente, Lúcia Good Grooves, Anna Georgina, Célia Azevedo e Margarida Alves. Tinha obras ainda de Genaro de Carvalho, Adam Finerkaes e Itamar Espinheira, que não aparecem na foto.
Conta Eduardo Evangelista em seu artigo " Primeiras Galerias", publicado no suplemento Cultural de A Tarde, em 28 de abril de 1990 , que para a inauguração foram distribuídos 4.500 convites ,quantidade que se repetiu em outras mostras, provocando um frenesi durante os vernissages com a galeria sempre cheia de convidados.
Ele diz textualmente que " os vernissages na então Galeria Le Dôme aconteciam num clima teatral, com todo um aparato de recepcionistas fardadas para atender o público, garçons em alvos uniformes , o grande salão de exposição apinhado de convidados e iluminado por um candelabro com 136 lâmpadas em forma de vela, além de uma feérica iluminação em spots voltados para o teto."
Conta Eduardo Evangelista em seu artigo " Primeiras Galerias", publicado no suplemento Cultural de A Tarde, em 28 de abril de 1990 , que para a inauguração foram distribuídos 4.500 convites ,quantidade que se repetiu em outras mostras, provocando um frenesi durante os vernissages com a galeria sempre cheia de convidados.
Ele diz textualmente que " os vernissages na então Galeria Le Dôme aconteciam num clima teatral, com todo um aparato de recepcionistas fardadas para atender o público, garçons em alvos uniformes , o grande salão de exposição apinhado de convidados e iluminado por um candelabro com 136 lâmpadas em forma de vela, além de uma feérica iluminação em spots voltados para o teto."
Rômulo Serrano e obra sua autoria. |
Ele descreve ainda o luxo de uma bela cortina de veludo vermelha fechando o fundo do salão e a escadaria que dava acesso ao primeiro andar, de onde por volta das 21 horas, o artista expositor descia a escada com toda a pompa de um espetáculo. Ai os fotógrafos espocavam seus flashes e o coquetel era servido aos convidados."
O primeiro artista a expor individualmente na Le Dôme foi Rômulo Serrano ,que era um bancário a exemplo dos irmãos Euler , Eckener e Públio Cardoso. A mostra teve a apresentação do escritor Jorge Amado. Durou pouco este luxo porque em 1967 os irmãos se separaram. A Le Dôme Galeria de Arte foi transferida para o Desterro e Euler fundou sua Panorama Galeria de Arte em 17 de julho de 1967.
A Panorama, no Largo Dois de Julho. |
Foi quando em 1970 em caráter emergencial se instalou na Praça Inocêncio Galvão, nº48, no Largo Dois de Julho ,defronte ao antigo Cinema Capri. Em 1973 mudou para o Jardim Brasil, na rua Belo Horizonte, nº 148, bairro da Barra Avenida. Teve dois endereços no Jardim Brasil. Daí voltou para o bairro do Garcia, na Rua Pacífico Pereira, nº 34, na Curva Grande . Finalmente, se estabeleceu em 1970 na rua Nelson Gallo, 19, no bairro do Rio Vermelho, até encerrar suas atividades em 2012, após 45 anos de presença no cenário artístico baiano.
PARTICIPAÇÃO
Anna Georgina e o crítico Wilson Rocha na exposição de tapeçarias da artista. |
O patrono da Panorama Galeria de Arte era o professor Emídio Magalhães, foi quem a inaugurou com uma exposição individual de suas obras. O logotipo foi desenhado por Carlos Estivallet, Também já falecido.
Lembra Anna Georgina que no primeiro ano fizeram ainda exposições de Herval Moreira, Alcides Naval ( Rio de Janeiro), Ana Maria Doria, Adam Finerkaes, Célia Azevedo, Jayme Hora, Newton Silva, Carlos Augusto Bandeira e o lançamento da revista DEC - Decora, Executa e Cria. Dezenas de outros artistas fizeram exposições na Panorama e promoveram o Salão de Arte Infantil; Salão dos Estreantes; Salão dos Novos; Festival de Arranjos Florais; Coletiva da Primavera e Natal; Exposição de Arte Sacra; Concurso da Marinha de Arte ; Salão Euler Cardoso e junto com a Caixa Econômica Federal fez a exposição Arte Mulher, no Shopping Barra.
Ela sempre teve muita disposição e um envolvimento com o fazer artístico ao lado de seus pais. Com o falecimento do Euler foi morar com sua mãe e juntas tocaram a galeria por alguns anos, até o seu encerramento. Foram 45 anos de muita luta e alegria que terminou com o fechamento da galeria em 2012.
Aí a casa, no Rio Vermelho, onde funcionou a Galeria Panorama. |
Ela sempre teve muita disposição e um envolvimento com o fazer artístico ao lado de seus pais. Com o falecimento do Euler foi morar com sua mãe e juntas tocaram a galeria por alguns anos, até o seu encerramento. Foram 45 anos de muita luta e alegria que terminou com o fechamento da galeria em 2012.
Após a morte de Euler a Anna e sua mãe d. Yolanda tocaram a galeria por vários anos. |
Que bom, professor e amigo. Eu me lembro da sua coluna em A Tarde. Em frente!
ResponderExcluirmuito lindo tada esta tragetoria relenbra todo passado legal parabens
ResponderExcluirSOU UMA LEMBRANÇA VIVA DA PANORAMA, SOU PINTOR GRAÇAS ANA GEORGINA. UM SALVE À TODOS.
ResponderExcluirMoises Sodré, relembra grandes participações e exposições com Georgina e sua fantastica mãe. Fico feliz em saber que houve uma grande evolução das artes atraves dessas pessoas. Moises Sodré. 19.04.2021. email: moisessodre@hotmail.com w app. 71 988352978. Abraços.
ResponderExcluirexcelente vou compartilhar esta postagem maravilhosa
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