JORNAL A TARDE ,TERÇA-FEIRA , 21
DE MARÇO DE 2000
O FOTÓGRAFO JUAREZ PARAÍSO
É sabido que a fotografia vem
exercendo um fascínio entre os artistas plásticos, como uma importante
ferramenta para suas criações. Por outro lado, como lembra Juarez Paraíso, os
autores da fotografia pictórica no século XIX também almejavam ser pintores imitando-os, com as composições que
faziam para inserir os clientes. Neste século, os fatos mais marcantes têm sido
registrados e veiculados nos mais distantes rincões da Terra e, agora , mais
ainda, através da reprodução via Internet. A fotografia que fixa aquele
momento, que aprisiona aquele instante, imediatamente é escaneada e jogada na
tela do computador, ganhando ares universais.
Grandes nomes da fotografia
também já figuram na Internet. Inclusive , temos um fotógrafo brasileiro, Sebastião
Salgado, que tem feito importantes trabalhos, a exemplo do que focou as grandes
migrações de populações, ocorridas recentemente. Um fato importante é que a
fotografia se popularizou e, agora , só depende do querer fixar algum acontecimento,
tendo, naquele instante, uma máquina ou um celular nas mãos. Até a técnica tem
contribuído para melhorar a qualidade das fotos, até mesmo as caseiras, porque
os novos equipamentos permitem que o autor escolha o melhor ângulo, sem se
preocupar com a luz e outros detalhes, que são corrigidos pela máquina.
Conta Juarez Paraíso que as
primeiras fotos foram feitas numa Canon
e que nunca abriu mão do trabalho de laboratório, como uma extensão da criação,
pois permite melhor qualificação e
prolonga a identidade e a autoria da foto. Em 1970, já trabalhava com
foto 6 x 6, com uma Rolleiflex , e,
depois com uma Hasselblad 500c/M. Realizou fotomontagens, com
predominância de técnicas de laboratório, com a impressão de dois ou mais
negativos. A partir deste ano, a fotografia dele interage com outras técnicas.
Juarez Paraíso está expondo
fotografias na Galeria da Fotografia, recém-inaugurada e exclusivamente
dedicada à arte fotográfica. A iniciativa de Fernando Oliveira, Beto e irmãos vem suprir uma das deficiências
de Salvador nessa área. A produção fotográfica de Juarez Paraíso vem desde a
década de 1960 e pode ser classificada em fases bem distintas. São fotografias
sem nenhum tipo de manipulação, valorizando a composição, o corte, as
angulações e os contrastes de cor, de luz e de sombra mais expressivos, a
fotomontagem com a superposição de negativos previamente elaborados, a
fotomontagem mesclada com desenhos Fotodesign,
uma espécie mais sofisticada de fotomontagem, com imagens relacionadas pela
justaposição e com designs pré-definidos.
Com a Fotodesign, a imagem final é de
maior impacto gráfico e todos os contrastes são obtidos com recursos
fotográficos.
Finalmente, em 1990, Juarez
começa o trabalho com a fotografia digital, dispondo do computador e seus softwares. Vale salientar que, a partir
de 1970, Juarez Paraíso incorpora a experiência fotográfica nas experiências de
artista plástico, notadamente na xilogravura, litogravura em metal, pintura e
desenho. A sua experiência com a fotografia estende-se, também, a outras áreas,
tendo sido membro do júri, por várias oportunidades, de mostras e salões de
fotografia, desde 1968, quando fez parte do 1º Salão Baiano de Fotografia
Contemporânea, juntamente com Walter da Silveira, Silvio Robatto, Leão
Rozemberg e Carlos Alberto Gaudenzi ( Kabá). Já escreveu vários ensaios sobre
fotografia e organizou várias mostras, como a de Fernando Goldgaber, na Galeria
Convivium, em 1966, uma das primeiras individuais de fotografia em Salvador.
Organizou também os quatro Salões Nacionais de Fotografia, promovidos pela
Escola de Belas Artes , no período de 1992 a 1995.
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