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Texto Reynivaldo Brito
Pintor Adelson do Prado |
IDEALISMO
O Euler de Pereira, artista de
profissão e proprietário da Galeria Panorama, é de opinião que "para se tiver
uma galeria de arte é necessário, acima de tudo, que a pessoa seja idealista e sonhadora.
Não recebemos nenhuma ajuda governamental e os órgãos encarregados do turismo
desconhecem as galerias de arte e, muito pior, distribuem roteiros turísticos
da Cidade sem constar o nome d galeria. Isto é uma situação ruim e prejudicial
para a cultura da Bahia".
Quanto ao problema de mercado
de arte na Bahia, o Euler de Pereira disse que "o turista, em geral, gosta
de arte barata. Um quadro para ser vendido ou comercializado pode custar mais
de Cr$300,00. Já o turista estrangeiro emprega mais dinheiro, porque sabe que é
um bom investimento. Mas, esses turistas são poucos. Os sulistas preferem um
berimbau, que custa vinte cruzeiros. O importante para eles é levar uma
lembrancinha da Bahia".
MERCADO
O Mercado de arte na Bahia é
considerado fraco pelos proprietários de galerias e entendidos de arte. Os
pintores são o que mais sofrem. Alguns de talentos excepcionais ficam aí a
"ver navios". O Euler de Pereira acrescentou que "o baiano
ainda não está acostumado com o consumo da arte plástica. A gente em Salvador
ainda entra numa casa suntuosa de gente rica e encontra uma gravura de uma
revista numa moldura ricamente confeccionada".
"E não precisa você
levantar-se desta cadeira para constatar o que afirmo: veja naquele belo
apartamento aquela gravura". E aponta para um edifício em frente à galeria,
onde realmente existe uma gravura de revista emoldurada.
Para ele a falta de idealismo é
a principal razão do fechamento de galerias em nossa cidade. Adianta:
"Muita gente pensa que montar uma galeria "é negócio da China" e
que vai ficar rico. Na realidade, isso no ocorre".
INTERMEDIÁRIOS
Euler de Pereira Cardoso. |
As galerias geralmente cobram
uma taxa para quem quiser expor. A taxa varia de acordo com a galeria e são
destinadas ao pagamento da luz, fotografias, garçons, coquetel, impressos, e despesa
com os Correios. Mas, os proprietários das galerias ainda cobram mais de 30%
por cada obra vendida durante a exposição. A duração de uma exposição
individual ou coletiva é de quinze a vinte dia e algumas deles não passam de
dez dias.
VIVER DE ARTE
O Euler de Pereira afirma
"que embora existam todas essas dificuldades, é possível se viver de arte
na Bahia. Falo como artista e dono de uma galeria, porque atualmente só vivo de
arte". Para que um pintor realize sua exposição em nossa galeria,
nós recebemos os seus trabalhos e entregamos a cinco professores que são
artistas plásticos para apreciarem os trabalhos. Caso a |Comissão goste e aprove,
ele expõe. Caso contrário, devolvemos os trabalhos. “Desde que fundamos esta
galeria, já devolvemos mais de cinquenta”.
NÃO HÁ GALERIA
Belo tapete de Renot. |
Para ele "A Bahia possui um mercado pequeno,
mas existe. O que não há é galeria de arte. Alguns pintores de talento estão
jogados e esta gente precisa ser aproveitada. Eu, agora, estou voltado para os
meus tapete-se os meus entalhes, de maneira que não posso mais promover
exposições. Já tenho um mercado no país e, agora estou abrindo novos no exterior.
Nesta minha viagem recente, vendi alguns trabalhos em Londres. Aliás, todos que
levei", frisou o tapeceiro Renot.
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