Edvon mostra sua xilo . |
Os moradores e comerciantes do Centro Histórico, especialmente do Pelourinho e Terreiro de Jesus já se acostumaram com aquele senhor idoso e negro todo arrumado de roupa branca e chapéu Panamá ou com seu boné em estilo português andando lentamente pelas ruas com uma pasta nas mãos cheia de gravuras de sua autoria. Ao avistar um turista que acredita poder mostrar a sua arte se aproxima e tenta dialogar. Alguns evitam e saem apressados, pois foram avisados pelos agentes de turismo de seus países e mesmo daqui sobre o perigo que correm durante essas abordagens. Outros procuram ouvir atentamente e quando Edvon descobre a sua origem se é americano, francês , inglês, italiano ou de outro país europeu, oriental ou latino ele arranha algumas palavras na sua tentativa de se comunicar. Não fala língua estrangeira, mas pronuncia algumas poucas palavras e frases curtas em inglês, italiano e espanhol , e assim tenta vender suas gravuras. Recebe uma parca aposentadoria de pouco mais de um mil reais e para pagar as despesas de suas "netas", como ele chama em tom jocoso as empresas de luz, água, telefone e internet, além das de alimentação. Tem que vender as suas gravuras para sobreviver com o mínimo de dignidade , onde retrata os velhos casarões e tipos populares que habitam a região. Seu nome é Edmundo Oliveira Santos , nasceu em 7 de julho de 1935 nas imediações da Usina Terra Nova, município do mesmo nome, onde moravam seu pai Manoel Elesbão Ferreira e sua mãe Maria de São Pedro Oliveira. Reside atualmente na Rua Guedes de Brito, numa casa colonial de moradia coletiva fornecida pelo Estado.
Lembra que seu pai Manoel Elesbão era um dos mecânicos da Usina Terra Nova, de propriedade da família Magalhães e o líder era Raimundo Magalhães , que está em ruínas só restando de pé, uma imensa chaminé furando o horizonte, localizada no município de Terra Nova. Quando nasceu os pais não o registraram imediatamente. Antigamente iam registrar os filhos dias depois, muitas vezes por falta de tempo e dinheiro para pagar o cartório. Foi assim que aconteceu com o casal Manoel Elesbão e Maria de São Pedro quando foram registrar o Edvon no município de Santo Amaro. Alguns anos depois
Edvon com uma cerâmica de sua autoria . |
SUA TRAJETÓRIA
Edvon o artista que vende suas obras nas ruas do Centro Histórico. |
Sempre buscando terminar seus estudos quando veio para Salvador estudou no Ginásio Domingos Silva, no Pelourinho, e no Colégio Severino Vieira, no bairro de Nazaré, fez um Curso de Turismo durante três anos seguidos. Frequentou vários cursos de arte realizados pelo Museu de Arte Moderna, o MAM, as conhecidas Oficinas do MAM onde eram ministradas aulas de várias técnicas como pintura a óleo, aquarela e pastel; gravura em metal, litografia e xilo; escultura; cerâmica. Enfim, as Oficinas realmente incentivaram e ensinaram a muitos artistas várias técnicas de arte.
LUTA PELA VIDA
Casario e tipos populares do Centro Histórico de Salvador, de Edvon. |
Lembra que morava numa pequena invasão aos fundos da antiga Faculdade de Medicina numa localidade chamada de Rocinha do Pelourinho, porque ali antes da ocupação os malandros iam fumar maconha. Porém, ele trabalhava com um pequeno comerciante de artigos de artesanato chamado Sergio Leão, já falecido, que tinha feito uma construção no local e como estava em dificuldades para pagar o aluguel o patrão cedeu para que pudesse morar. Foi aí que morou por bom tempo e cultivou muitas flores e outras plantas até que a Conder e o IPAC resolveram realocar ele e os
Disse
que chegou a Salvador em 1944 em plena Segunda Guerra Mundial e lembra que
assistiu da balaustrada do Elevador Lacerda os recrutas tomando o elevador para
embarcarem em navios que o esperavam no porto. Edvon contou que eles partiam com
muita esperança e patriotismo cantando o Hino Nacional, o Hino da Bahia, da
Independência , o de homenagem a Getúlio Vargas, e também o Cisne Branco. “Foi
uma cena inesquecível e emocionante!” Ao lado uma gravura em metal de sua autoria retratando A Mulher de Roxo.
Domingos Dantas Brito
ResponderExcluirUm homem simples que fez sua história de vida.
Maria Helena Morais Barreto
ResponderExcluirObrigada amigo, sempre é maravilhoso ler seus textos e suas matérias.
Pietro Jacobina Britto Britto
ResponderExcluirSensacional!
Liane Katsuki
ResponderExcluirMuito obrigada. Sempre por seus maravilhosos texto..que nos ensinam tantas coisas!!!!
Coleção de cédulas e moedas do Ivo Neto
ResponderExcluir·
Parabéns amigo Reynivaldo Brito pelo belíssimo trabalho de divulgar os artistas plásticos do nosso estado da Bahia 👏🏽👏🏽
InterAtléticas
ResponderExcluir·
Poeticamente eleva arte
Salomão Zalcbergas
ResponderExcluirMuito legal ..a história de um artista q vive Pelourinho!
Edicarlos Santana
ResponderExcluirParabéns seu Reinivaldo pelo Belo trabalho
Hilda Nogueira
ResponderExcluirParabéns pelo trabaho
Elisandro Lima
ResponderExcluirMais uma bela homenagem através da escrita de um excelente ser humano e profissional do jornalismo respeitável. Gratidão pelo conteúdo, Sr. Reynivaldo Brito . Abs
Graça Gama
ResponderExcluirMais uma bela descoberta. Parabéns 🙌🙌👏👏
Félix Sampaio
ResponderExcluirUma história que relata o passado e o presente enriquecendo ainda mais nossa cultura. Parabéns Sr. Edvon e a Reynivaldo Brito por nos presentear com esse belo texto.👏👏👏👏
Maria Das Graças Santana
ResponderExcluirHistória linda de vida da vontade de vencer pelas as artes . Parabéns e sucesso
Angela Lisboa Dabush
ResponderExcluirParabéns Reynivaldo Brito . Você é nota dez
Berenice Carvalho
ResponderExcluirParabéns Rey pelo seu trabalho!
Você trás felicidade para os artistas!
Lucia Bacelar
ResponderExcluirVocê é o Cara! parabéns pelo seu grande e belo trabalho.
Terezinha Brandão
ResponderExcluirMuito bom !
Lurdes Jacobina
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho!!Li com Roberto e êle gosto muito.
Este sim, um verdadeiro artista. Ama a arte. E o texto é maravilhoso. Parabéns, Professor!
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