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sábado, 29 de julho de 2023

LIGIA AGUIAR A ARTISTA DE MUITAS EXPERIÊNCIAS

Foto 1. Lígia Aguiar em foto atual. Foto 2. -
Lígia em 2010 quando fez 40 anos de arte.
Foto 3. Lígia nos anos 80.
Estou diante de uma artista multimídia que transita com maestria em diferentes segmentos da arte. Usa várias linguagens para se expressar como a cenografia, o figurino, a fotografia, instalação, vídeo arte, desenho gráfico, pintura e até a escultura. Tem experiência em televisão e em 2007 produziu seu primeiro vídeoarte recebendo o prêmio de Melhor Filme Experimental, no Percepções - Festival de Cinema e Vídeo de Muriaé, Minas Gerais. Enfim, uma artista que tem uma produção de qualidade e profícua e continua criando sem parar. Basta dizer que há oito anos vem fotografando o pôr do sol da janela de seu apartamento para depois escolher e realizar uma exposição dessas fotografias. Seu nome é Lígia Aguiar nasceu no Pelourinho, formou-se em Belas Artes em 1981 e de lá para cá vem trabalhando com muita disposição e vitalidade. Trabalhou mais de uma década no teatro produzindo cenários e figurinos. Lamenta ter se afastado do teatro porque as dificuldades de remuneração dos que produzem peças teatrais é muito complicada porque sempre há falta de dinheiro. Na sua opinião não existe um apoio de empresas e mesmo governamental para patrocinar como deveriam as produções teatrais. Foi proprietária da Galeria de Arte Abaporu de 1993 a 1998, no Pelourinho, na casa número 7, onde morou depois e por muitos anos funcionou o Cartório de Registro Civil do Paço do qual seu pai era titular. De 1986 a 1988 chefiou o Núcleo de Cenografia da Tv Educativa da Bahia, onde fez cenários, figurinos, clips poéticos e depois dirigiu programas 5 Minutos e TV Revista até 1995.

Duas obras da série Viva o Povo Brasileiro.
Participou de várias exposições aqui em outros estados e países entre os quais França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos.  Casou-se e foi morar em Ilhéus e depois vieram morar em Salvador. Sua mãe e a sogra a incentivaram a se inscrever no vestibular de Jornalismo sem comunicar ao marido, que estava fazendo um curso no Rio de Janeiro, promovido pela Petrobras, empresa onde trabalhava. Se inscreveu, mas infelizmente teve que abandonar porque o marido ficou muito aborrecido e não permitiu que continuasse estudando. Trabalhou quando jovem no cartório do pai transcrevendo as certidões e outros documentos "por isto que até hoje tenho uma letra bonita". Como tinha algum conhecimento de Inglês fez um teste no IURAM, que era um órgão ligado à Secretaria de Planejamento, do Governo do Estado. No Governo de Roberto Santos (1975-1979) trabalhou na Secretaria de Transportes e Comunicações do Estado com o então engenheiro Wellington Figueiredo, que acabara de chegar de uma especialização nos Estados Unidos e foi convidado a assumir a pasta. Só em 1976 depois de se divorciar conseguiu ingressar na Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. "Foi aí que vi que era meu meio." Recebeu dois  prêmios com os viodeoartes Água, que aborda o desperdício da ágiua no país,  no Festival de Muriaé, em Minas Gerais, e  Re-Produzidas , no Festival de Cinema Internacional se Arraial D'Ajuda , na Bahia, em 2010. Ela reconhece que estas premiações foram importantes porque abriram muitas portas .

                                                                   QUEM É 

Lígia durante a entrevista em seu apartamento na Amaralina.
Ligia Aguiar faz questão de dizer que "sou menina do Pelô porque nasci na casa de número 8, e o cartório que meu pai era titular ficava na de número 7, defronte e .  Nasceu em 12 de outubro de 1950 e viveu sua infância no Pelourinho juntamente com seus oito irmãos. Lembra que seus padrinhos Eduardo Fahel e sua esposa d. Alzira moravam ali também, eram árabes, e tinham uma loja de miudezas localizada nas imediações da igreja da Conceição da Praia. Tinham muitos imigrantes árabes, italianos e até russos morando no Pelourinho. Diz que vivia neste meio e lembrou do nome da russa d. Clara. Eram muitos imigrantes que aqui chegavam sem quase bens nenhum fugindo da guerra e aqui se estabeleciam. Mostra uma cicatriz que adquiriu de uma queda que tomou na infância e bateu com o nariz numa pedra que tem no Pelourinho marcando o lugar onde era fincado um poste de madeira para  os escravos serem presos e açoitados durante a triste página da escravidão em nosso país. Lembrou também do seu vizinho sr. Tanure que vendia comidas árabes e com isto em sua casa sua mãe aprendeu a fazer e lá comprava um docinho que chamava de açúcar cândi, que ela encontra todas às vezes que vai à São Paulo e visita o Mercadão.  Este açúcar cândi ainda é comercializado e consiste num pequeno tablete quadrado, duro, que vai se dissolvendo lentamente e liberando sua doçura, e é ideal para adoçar em cafés e chás. Estudou na escola da professora Epifânia da Silva, que funcionava nas dependências da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Ela
Foto 1. Galeria Abaporu  e sua fachada.
Foto 2. Uma visão interna da galeria.
Foto 3. Detalhe do convite padrão .

usava uma palmatória para castigar os alunos desobedientes e que faziam alguma traquinagem. Lembra que era uma senhora mulata "usava uma peruca que parecia uma bucha e saia rodada". Quando estava aborrecida costumava girar com sua saia rodada.  Depois os pais mudaram da Casa número 7, no Pelô, para no Santo António Além do Carmo, próximo a Cruz do Pascoal, e fui estudar na Escola Olímpio Cruz. Fez o exame de Admissão, que na época era exigido para entrar no ginásio .Como tinha apenas dez anos não pode entrar porque só entrava com 12 anos completos. Foram morar na Avenida Sete de Setembro, e  estudar no Colégio Ipiranga, que funcionava na Ladeira do Sodré, e depois estudou no Colégio Nossa Senhora da Salete. Disse que a madre diretora do colégio ficava na entrada sentada numa cadeira e quando as meninas iam chegando eram obrigadas a fazer uma circunflexão e dizer Bon jour ma mère. Segundo ela a madre era tão rígida que depois de muitas reclamações das famílias foi mandada de volta para a França, seu país de origem.

Paisagens feitas em nanquim sobre tela.
Como foram morar na Avenida Sete de Setembro ela conheceu o seu futuro marido que era da turma da Piedade. Naquela época em cada bairro ou localidade formavam as turmas que eram muito unidas e sempre faziam arruaças e brigavam. A turma da Piedade saia para brigar no Campo da Pólvora, a da Ribeira com a da Baixa do Bonfim, e assim por diante. No Campo da Pólvora tinha o famoso Berereco e na Piedade o Habib, e na Ribeira o Carmel. Os três eram bons de briga e muito respeitados nas turmas. Foi aí que seus país não aceitavam o relacionamento com "um moleque da Piedade", mas ela insistiu e se casou. Entre namoro, noivado e casamento o relacionamento durou dezessete anos, e não tiveram filhos. Como Ligia Aguiar insistia em estudar o desentendimento chegou ao limite e se separaram, o ex-marido já faleceu.  Disse que certo dia foi com sua mãe na Rua Carlos Gomes, em Salvador, e entraram numa loja que vendia tintas para pintura. Ela perguntou a um vendedor quais os materiais que necessitava para começar a pintar. Ele separou pincéis, tintas e outros materiais e sua mãe comprou e ela começou a desenhar com mais afinco. Lembra que quem primeiro a incentivou foi uma colega do curso de ginásio chamada Deise de Castro, que sabia desenhar . Tem uma imensa gratidão ao artista Paulo Rufino eacrecenta que "foi ele quem me introduziu no mundo das artes meensinando e falando sobre a História das Artes  etc."

Cartão de Natal que fez para
a Secretaria de Transportes.
Lígia fez um teste e foi trabalhar na Secretaria de Transportes e Comunicações secretariando o titular Wellington Figueiredo, e em 1976 é aprovada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Ele permitiu que ela estudasse e na época virou hippie. Para trabalhar pediu ao secretário uma farda e assim quando ia para a secretaria passava por uma verdadeira transformação. Prendia os cabelos, usava um conjunto de saia e blusão e sapatos altos. Logo que chegava à Escola de Belas Artes soltava e assanhava os cabelos, vestia roupas de hippie e pegava sua bolsa de couro. Conta dando gargalhada. Outra lembrança foi que durante alguns anos ela e a colega Sonia Regina Caldas sugeriram fazer os cartões de Natal de algumas secretarias e outros órgãos do Estado com desenhos inéditos e relacionados com cada uma das instituições. A sugestão foi  aceita e segundo Lígia Aguiar " na época ganhamos  um bom dinheiro". Disse que o pai trabalhava no Cartório  e era amigo do escritor Jorge Amado, do psiquiatra Rubim de Pinho e outros comunistas da época e que chegou a ser preso. Os amigos interferiram e conseguiram que o cartório ficasse sendo tocado por uma irmã que era de menor idade enquanto o pai estivesse  preso para sustentar  sua mãe e os nove filhos . Durante o governo de Antônio Carlos Magalhães os cartórios passaram a ser do Governo do Estado e mais recentemente voltaram a ser particulares, porém, sua irmã chegou à idade limite teve que se aposentar, e perdeu o dominio do Cartório. 

                                                    EXPOSIÇÕES

Catálogo da Exposição nos Correios comemorando
os seus quarenta anos dedicados às artes.
Já fez dezenas de exposições individuais e participou de mais de noventa entre elas a  saber: 2010 - Ligia Aguiar 4.0 , no Centro Cultural dos Correios, em Salvador; 2010-selecionada para a X Bienal do Recôncavo, com o videoarte RE-Produzidas; 2009 - Exposição 2.234 -Movimento pela Paz, no Casarão Santo Antônio, Salvador; 2009 - Participação da Mostra Artefacto, ambiente arquiteto Décio Viana; Participação Mostra Morar Mais com Menos ,em Salvador; Participação no Festival Nacional de Curtas Metragens do Vale do São Francisco, no Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro, na Bahia; Exposição Arte Comestível em Feira de Santana, Bahia, no Centro Cultural Amélio Amorim; 2008 - Exposição A Mão Afro da Bahia, painel de pinturas em pequenos formatos, no Teatro do IRDEB, em Salvador; 2008 - Selecionada para participar do Eco Bahia - Festival Internacional de Audiovisual Ambiental, com seu videoarte Água; 2008 -Selecionada para o I Mostra Nacional de Cinema Ambiental e Eco Cidadania, nas cidades do Crato e Juazeiro do Norte, no Ceará; 2008 - Exposição Arte Comestível na Galeria Buffone Arte Contemporânea; Exposição Grandes Artistas Pintam a Bahia em Pequeno Formato, coletiva no Museu Regional de Feira de Santana, Bahia; Exposição coletiva em Prol do Artista Chico Diabo, no EBEC Galeria de Arte; 2007 - Prêmio melhor vídeo Experimental no Percepções - Festival de Cinema e Vídeo de Muriaé - Minas Gerais; Coletiva Circuito das Artes na ACBEU; Coletiva Mulheres em Movimento, comemorativa dos 130 anos da Escola de Belas Artes; Exposição em homenagem ao cineasta Agnaldo Siri Azevedo; Exposição Afetos Roubados no Tempo, exposição itinerante ,reunindo 730 artesãos e artistas de diversos países da CEF Cultural em Salvador; Coletiva em homenagem a Matilde Mattos, no EBEC; 2006 - Participação no Painel Sobre a Peça Teatral Murmúrios ,;Participação do Painel na Sede do Detran, Bahia; 2005 - Coletiva em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher em Lauro de Freitas, Bahia; P2004 - Participação na IV Mostra de Banheiros  - Banho de Arte, em Salvador; 2003 - Exposição Nós Mulheres, na EBEC Galeria de Arte; 2002 - Coletiva o Sol do Vila, comemorativa dos 4 anos do novo Teatro Vila Velha; 2002 - Coletiva em Prol do Hospital Martagão Gesteira, em Salvador; 2001- Coletiva Itinerante 70 Artistas , em Porto, Portugal; 2201 - Coletiva Gestos de Paz, Salvador; 2000 - Participação Painel 80 artistas Plásticos Baianos, Salvador; 2000 - Coletiva Galeria Cuca, em Feira de Santana, Bahia; Coletiva no MAM em Prol da Casa da Criança com Câncer, em
Pintura de uma gordinha , 1986,
de sua exposição em Brasília.
Salvador; 1999 - Coletiva 100 Artistas Baianos , no Museu de Arte Sacra, em Salvador; Exposição Arte-Arte Salvador 450 anos, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro Anos  e no Museu de Arte Moderna da Bahia, comemorativa aos 450 anos da Cidade do Salvador; 1998 - 1ª Exposição de Arte Contemporânea , no Espaço Cultural do Forte de Monte  Serrat, em Salvador; 1998- Exposição no Espaço Cultural Bonna Pizza, em Salvador; 1998 - Instalação Altares de Santo Antônio na Escola de |Belas Artes, Salvador;1998 - Coletiva Tropicália no Museu de Arte Moderna da Bahia ; 1997 - Coletiva de Verão na Galeria de Arte Abaporu, em Salvador; Exposição Um Brinde ao Café , no Espaço Cafelier, em Salvador; 1997 - Instalação Pão de Santo Antônio! na mostra Tempo , Amor e Tradição, na Galeria Cañizares, Salvador; 1997 - Exposição Quando a Pizza é Arte, no Espaço de Arte Bonna Pizza, em Salvador; 1997 - Exposição Bahia de Todas as Cores  ,em Goiânia, Goiás ; 1996 - Coletiva Pinte no Pelô , no Segundo Festival de Arte do SEBRAE, em Salvador; 1996 - Coletiva na Galeria Abaporu, em Salvador; 1995 - Coletiva de Verão na Galeria Abaporu, Salvador; Sala Especial, Introdutória à Exposição sobre Candomblé no Musée de Art Naif de L'ille de France, Paris, França; 1995- Coletiva na Empresa Thomson, Paris, França; Participação no I Festival de Artes Visuais no Pelourinho, Salvador; Coletiva Artistas Pintam a Primavera, na Galeria Abaporu, em Salvador;1995 - Coletiva Nossa Senhora da Boa Morte, na Casa Jorge Amado, em Salvador; 1994 - Individual Le Sacré et Le Profane, no Aquarela - Bistrô Brésilien, Paris, França; 1994 - Coletiva  no Dia Internacional da
Foto 1 - Trípico Cabeças I, II e III. Foto 2 - obra em
nanquim sobre tela . Foto 3 - Paisagem -em nanquim.

Mulher, Fundação Gregório de Mattos, Salvador; Coletiva Brasil, Pequenos Formatos, Poucas Palavras, Galeria Documenta, São Paulo; Coletiva de Inauguração da Galeria de Arte Abaporu, Salvador; 1988 - Projeto Verão no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador; 1988 - Coletiva Galeria Fazarte, Salvador; 19988 - Coletiva A Criança na Visão do Adulto, no foyer do Teatro Castro Alves, Salvador; 1988 - Coletiva no Espaço Xis, Fundação Cultural da Bahia, Salvador; 1988 - Participação no Painel nas Dependências da Fundação Cultural da Bahia; 1987 - Coletiva na Galeria Fazarte, Salvador; 1986 - Exposição Individual Desenhos & Pinturas, no Instituto do Livro, em Brasília; Exposição de Desenhos & Pinturas na Galeria de Eventos Bonvivant, em Salvador ; 1983 - Mostra no Encontro de Lojistas do Norte e Nordeste, em Salvador; 1983 - Leilão de Arte promovido por Luiz Caetano Queiroz, no Hotel Meridien, em Salvador; 1982 - Coletiva da Oficina de Gravura do Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Exposição no III Congresso de Desenho e Plástica, em Salvador; 1982 - Exposição Desenhos, na Galeria O
 Cavalete, Salvador; 1981 - Mostra coletiva Desenho & Óleo, em Itabuna, Bahia; Exposição no Congresso de Cores, no Centro de Convenções da Bahia; 1981 - Coletiva Bahia de Todos os Santos, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador; 1981 - I Leilão de Arte da Galeria O Cavalete, no Clube Bahiano de Tênis, em Salvador; 1980 - Festival de Arte da Bahia, na Galeria Cañizares, em Salvador; 19980 - Exposição Coletiva Eparrei, na Galeria do Instituto Mauá, em Salvador; 1979 - Coletiva Simbiose, na Galeria Eucatexpo, em Salvador; 1979 - I Salão Universitário de Feira de Santana, Bahia; 1979 - Coletiva Seres , no Instituto Cultural Brasil - Alemanha, em Salvador; 1979 - Exposição Coletiva Cadastro, no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador;1978 - I Semana Experimental de Arte, na Escola de Belas Artes, da UFBA, Salvador;1977 - Exposição Didática, na Escola de Belas Artes da UFBA, Salvador; 1976 - I Exposição de Arte Experimental, na Escola de Belas Artes da UFBA, Salvador; 1971 - II Salão de Estreantes, na Galeria Panorama, em Salvador ; 1970 - I Salão de Estreantes, na Galeria Panorama, Salvador.

                                                             REFERÊNCIAS

Obra Adão e Eva  em nanquim
sobre papel, de 1976
.
Entre muitas referências de críticos e outros intelectuais transcrevo algumas delas e um poema escrito por seu pai em 1970 para ela. Vejamos: “À Uma Autodidata, foi o título do soneto de Aloísio Aguiar: “Executas em tinta? / Pintas em musica? / Do Tempo, na tela a pátina / se rendilha, musica. / Ritmo próprio, num crescendo de poesia. / Que sabes de tinta, Lígia / e tão íntima dela te mostra? / Desenho, composição, não / Imposição.../ da cor, tom e valor. / Mesmo que mudes a rota ou te baste / A singeleza inicial, adulta / o toque tema da manhã, ah, / Todo por de sol tem algo de auroral.”

 O Diretor de Teatro Márcio Meireles escreveu em abril de 1986: "Somos sempre obcecados por uma das faces de um dos espelhos que nos refletem: namoramos sempre a mesmas pessoas ainda que mudemos constantemente de parceiro, seguimos sempre os mesmos passos, contamos sempre, infinitamente, a mesma história. A nós, artistas foi dado o privilégio de colocar essa face do espelho que reflete a nossa alma, de frente para a plateia, tornar pública nossa obsessão. Assim encontramos nossos irmãos, os que se perderam de nós na torre de Babel, mas que ainda falam nossa língua primitiva. Generosamente também permitimos, no nosso espelho particular, o reencontro do mundo. O reagrupamento das partes num todo novo. Ligia Aguiar talvez seja um pouco mais generosa, ela se dá. Se mostra nuinha nas gordinhas sensuais, que desenha como quem sorri, que pinta como quem desenham que mostra como quem diz que as coisas podem ser mais fáceis. É só tentar. Nesse espelho, em que Lígia se reflete, poderíamos nos perder em fantasias, não fosse tão claro o caminho que ela mostra. Um caminho que, cansado de ser moderno, prefere a eternidade. E na eternidade dos colos, com cheiro de manga, de suas criaturas e criadora nos embala. "Ai, quem me dera...". É o que nos restas suspirar!"

Capas  de sua autoria de livros de amigos escritores.
Já seu amigo e colega Paulo Rufino em 2008 escreveu: "Utilizando-se do bico de pena, uma técnica de difícil domínio, ainda mais, sobre tela, Lígia Aguiar consegue desenvolver um trabalho forte, expressivo e original. Por sua particular sensibilidade, aliada a um apuro técnico, ao lado de um grande exercício plástico, as formas surgem delineando um trabalho incomum, na utilização das cores e nas referências à história da arte, verdadeiro na sua contemporaneidade".

O artista e psiquiatra César Romero escreveu em também em 2008 com o título Fragmentos da Vida: "De todo coração Ligia Aguiar reúne quarenta anos de seus guardados e os põe a exposição pública. Nesta nudez mostra sua pluralidade como artista, entendendo que o ofício não se restringe a uma só linguagem, nem escolas. Pode o artista se notabilizar por uma ou outra técnica, mas a essência são as possibilidades do fazer sensível. Diz-se de Picasso um pintor, mas foi capaz de construir uma trajetória com inúmeras técnicas, sendo magistral em todas. Era um artista. O mais importante do Século XX. Uma produção imensa, que nunca diminuiu seu valor de mercado. Lígia numa postura contemporânea trabalhou em desenho, aquarela, pastel, pintura, gravura, azulejo, escultura, fotografia, vídeo, cenografia e figurino. Versátil. Na formatação e sua trajetória referências do barroco pop-art, cubismo, surrealismo, abstracionismo. Este acúmulo de técnicas e escolas, lhe permitiu experimentos. O todo da carreira de um artista, são os fragmentos. Nas adições e adoções Lígia Aguiar realiza sua trajetória de segura pessoalidade ".....

 

23 comentários:

  1. Benjamin Brito Gama Junior
    Parabéns.👏👏👏👏👏👏

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  2. Silvério Guedes
    👏🏻👏🏻👏🏻🌺🍀🇧🇷

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  3. Marcia Magno
    Muito querida no meio artistico alem de ser uma grande artista!

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  4. Marcos Morais Brito
    👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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  5. Teresinha Nogueira
    Vc é muito especial sempre divulga artes maravilhosas da Bahia .Parabéns

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  6. Leonel R. Mattos
    Reynivaldo, a sua capacidade de captar o que o entrevistado fala é surpreendente parece que você tem um gravador na mente, considero isto uma genialidade para poucos. 🤗

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  7. Rogeriateixeiramattos Mattos
    Parabéns sucesso sempre

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  8. Hilda Maria
    Artista maravilhosa👏👏👏👏👏

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  9. Ivo Neto
    Belíssimo trabalho amigo Reynivaldo Brito e sempre divulgando artes visuais da Bahia

    ResponderExcluir
  10. Rizodete Ribeiro
    Responder
    1 d
    Ivo Neto
    Belíssimo trabalho amigo Reynivaldo Brito e sempre divulgando artes visuais da Bahia
    Responder
    1 d
    Ivo Neto
    clapping applause Sticker, o GIF pode conter transparent, clapping, applause, hands e han
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    1 d
    Hilda Maria
    Artista maravilhosa👏👏👏👏👏
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    1 d
    Zélia Alves
    Responder
    1 d
    Rogeriateixeiramattos Mattos
    Parabéns sucesso sempre
    Responder
    1 d
    Maria Das Graças Santana
    Responder
    1 d
    Leonel R. Mattos
    Reynivaldo, a sua capacidade de captar o que o entrevistado fala é surpreendente parece que você tem um gravador na mente, considero isto uma genialidade para poucos. 🤗
    Responder
    23 h
    Reynivaldo Brito
    Leonel R. Mattos obrigado compadre
    Responder
    23 h
    Teresinha Nogueira
    Vc é muito especial sempre divulga artes maravilhosas da Bahia .Parabéns
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    22 h
    Angela Lisboa Dabush
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    20 h
    Fernando Freitas Pinto
    Texto detalhado e apreciável de uma Artista de nossa Terra!! Parabéns amigo Reynivaldo. Abraços!!
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    19 h
    Edicarlos Santana
    Amém parabéns Belo trabalho
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    19 h
    Graça Gama
    👍👏👏👏👏👏👏
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    17 h
    Marcos Morais Brito
    👏👏👏👏👏👏👏👏👏
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    11 h
    Jandira França

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    9 h
    Julieta Cristina
    💯👏👏👏


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  11. Conceição Lima
    Que trajetória fabulosa!!Parabéns!!!Sucessosempre!!!!👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽

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