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sábado, 18 de agosto de 2018

TRAGÉDIA DE MARIANA NUMA VISÃO POÉTICA DA FOTOGRAFIA


Este sapato feminino que enfeitava e protegia
o pé de  uma mulher dá uma dimensão da
tragédia dá uma ideia das perdas .
As pacatas vilas de Bento Gonçalves e Paracatu de Baixo que existiam no entorno da barragem de resíduos do Fundão  da mineradora Samarco, em Mariana, no estado de Minas Gerais , foram cobertas pela avalanche de lama em poucas horas. Por onde aquele rio de lama passou em novembro de 2015 deixou para trás tragédias e destruição. Vidas que se foram, histórias e lembranças sepultadas na imensidão de muitas toneladas de lama composta de barro e resíduos tóxicos de mineração que foram cair no rio e depois no mar poluindo tudo. 
Restam as lembranças orais e imagens cobertas de lama fixadas pela mídia e por profissionais que se dedicam a documentar e fotografar estas tragédias, para que não sejam esquecidas e que nunca jamais se repita. Com certeza foi a maior tragédia ambiental no Brasil dos últimos séculos.
Lembrei da passagem do Gênesis cap 3, v 19 quando Deus diz a Adão e Eva após comerem o fruto proibido:"Com o suor de teu rosto comerás teu pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado.Pois tu és pó e ao pó tornarás".
A imagem que tanto foi
reverenciada pelos fiéis
agora coberta de lama.
Sob o título Mariana o fotógrafo Christian Cravo  está expondo 28 fotografias que ele fez no local onde podemos sentir em cada uma delas a dor da perda de entes queridos, de suas casinhas erguidas com tanto sacrifício, e que serviam de porto seguro para àquelas famílias.Até a imagem de Nossa Senhora que ficava na igrejinha encontra-se parcialmente coberta de lama.
O sentimento não é apenas de perdas. O sentimento é semelhante àquele que vivenciamos quando um ente querido desaparece e não é mais encontrado. Aqui alguns entes queridos, as casinhas , suas histórias e relações foram ceifadas, e o que restou é imprestável .Cada vez que olhamos aumenta  a tristeza.
O texto de apresentação é  do talentoso Bené Fonteles .Uma poesia à parte: "Christian foi à Mariana ,à terra de Maria, a mãe que agora coberta de lama vaza na imagem profanada e em tantas outras coisas impedidas de ser de referências afetivas de gente e espaço..."
Restaram um rio poluído e uma terra sem alma, e pessoas sem referências. Restou principalmente a dor indescritível e incapaz de ser captada pela lente de uma câmara, por mais sofisticada que seja.
A exposição Mariana está na Caixa Cultural até o dia 21 de outubro . O endereço é Rua Carlos Gomes ,número 57,Centro , prédio onde funcionava a antiga sede dos Diários Associados.


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