ARTES VISUAIS Reynivaldo Brito

Este blog se propõe a divulgar o movimento de artes visuais na Bahia, no país, e o que acontecer de significativo no exterior.Também resgatará matérias e críticas que escrevi durante mais de três décadas. Espero contar com a participação de artistas, galeristas e promotores de eventos de artes visuais informando de exposições e outros eventos. Contato britoreynivaldo@gmail.com Se você quiser trocar sua foto por uma colorida é só enviar por e-mail.

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quarta-feira, 20 de março de 2019

BAIANOS E ALEMÃES EXPÕEM NO MUSEU DE ARTE DA BAHIA

Uma imagem da abertura da exposição BerlinBahia. Espero
que o Governo do Estado procure dotar o Museu de Arte da
Bahia de ar condicionado em suas salas de exposições.
Foi uma noite alegre e importante para a arte da Bahia a abertura da exposição BerlinBahia que reúne artistas baianos e alemães. Este projeto objetiva documentar o desenvolvimento de relações criativas em uma série de exposições no Brasil e na Europa. É uma iniciativa aberta, e a primeira mostra aconteceu na Galerie Alte Schule, em Berlim.
O historiador de cultura e musicólogo Tiago de Oliveira Pinto aplica o conceito de afinidade ao intercâmbio: "A transferência cultural , para ter êxito, necessita de referências em comum. Tais afinidades culturais surgem inesperadas. Também, podem ser rastreadas intencionalmente ou ser construídas sistematicamente .Todo intercâmbio cultural confia em afinidades.Visto assim, a globalização é o maior entreposto para trocar elementos afins".
Hoje, com a facilidade de comunicação, inclusive das redes sociais  e da mobilidade social esta interação existe com mais intensidade. Lembro que aqui desembarcou o Hansen que depois até adotou o nome de Hansen Bahia, optando por morar  e depois em Cachoeira , onde faleceu. Ele trouxe sua técnica da Alemanha e  criou seu universo influenciado pela cultura baiana com obras em xilogravura que são referência em todo o mundo.
O Almandrade contente com a receptividade
às suas obras
Vou começar a falar sobre os nossos artistas. Encontrei o Almandrade - Antônio Luiz Morais de Andrade .Artista e arquiteto , suas obras já expostas  em vários estados e no exterior trazem a marca da arquitetura com seus traços e espaços bem definidos, que nos levam a pensar. Almandrade já fez várias performances e sua obra tem uma unidade , clareza e a limpidez  e estrutura  arquitetônica.
Já o Bel Borba apresenta alguns óleos sobre tela . Bel é conhecido por suas intervenções urbanas em Salvador e outras cidades. Escultor, pintor, gravador, muralista e intervencionista urbano o Bel é o exemplo do artista inquieto que sempre enxerga uma possibilidade de mostrar a sua arte.
Caetano Dias - Alberto Caetano Dias Rodrigues começou pintando seus quadros a óleo e atualmente trabalha com vídeo, pintura, obras tridimensionais e fotografia digital. Artista multimídia realizou em 1988 a performance "Hormônios de uma Cidade", no teatro ACBEU, e assina a pintura mural na praça de Oxum no Terreiro da Casa Branca.
Sérgio Rabinovitz tendo ao lado sua obra Galo
 de Briga, uma das que me agradou na exposição.
O artista Sergio Rabinovitz é desenhista, gravador, fotógrafo, pintor e ilustrador e desde 1970 trabalha com arte, sendo  ex-aluno de Calazans Neto, o nosso saudoso Calá. Estudou arte em Nova York , durante dois anos e realizou sua primeira mostra na Galeria Acbeu , em 1975. Uma das obras mais representativas da mostra acredito ser a tela "Galo de Briga", de sua autoria.
Escultura de Hans
Scheib "A poeta"
Finalmente, o cineasta e artista plástico Walter Lima  participa da mostra com algumas telas. Ele estudou pintura com Ivan Serpa, no MAM do Rio de Janeiro e cinema com Walter da Silveira, este grande incentivador do cinema na Bahia. Walter Lima criou o movimento artístico de vanguarda "Delirismo" conceito que vem realizando nos seus trabalhos de cinema e pintura.
Entre os alemães destaca-se o escultor Hans Scheib  ,nascido em Postdam, é graduado em pintura pela Academia de Belas Artes de Dresden. em 1976 foi morar em Berlin e já fez exposições em vários países, inclusive na China. Suas esculturas em madeira mostram um traço quase ingênuo, e lembra escultores que trabalham com madeira em nosso país. Me chamou a atenção a escultura "A Poeta", com seus olhos vivos a nos observar.
Também, as obras de Volker Henze, valem ser vistas com parcimônia. Natural da ex-Alemanha oriental, também estudou em Dresden e realizou exposições em vários países europeus. A vídeo instalação de Volker está numa sala separada. O que notei é que as pessoas ficavam pouco tempo nesta sala devido ao calor insuportável. Aliás, é um ponto negativo e inconcebível que  Museu de Arte da Bahia, ainda não tenha ar condicionado nas salas de suas exposições.  O governo do Estado precisa voltar os  olhos para os museus baianos.
"Visão de Mundo", é a vídeo instalação do
artista alemão Volker Hense. Vale a pena ver
 Expõem ainda Reinhard Stangel com suas telas em óleo sobre tela .Também nasceu na Alemanha Oriental e mora em Berlin. Já Strawalde é artista plástico e cineasta expõe óleo sobre tela. Finalmente, a paulista Cristina Barroso , que estudou em São Francisco, na Califórnia e desde 1988 mora em Stuttgart , na Alemanha.

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sexta-feira, 15 de março de 2019

SEPULTADO O ARTISTA JOSÉ ARTHUR

Obra de Zé Arthur que me
 presenteou há muitos anos
Mais um pintor baiano que nos deixa . Trata-se de José Arthur uma pessoa que tinha por
característica a gentileza. Um batalhador incansável sempre procurando mostrar sua arte, nesta terra sem memória,onde as pessoas talentosas são esquecidas em pouco tempo . Ele tinha um grande talento, e sempre aparecia na redação do jornal A Tarde , onde trabalhei por mais de trinta anos , todas às vezes que ia fazer uma nova exposição ou mesmo quando encontrava novas formas de criação. 
Depois que me afastei da redação, o encontrei algumas vezes , e percebi que ele havia sumido das vernissages de outros colegas de sua profissão. Ontem, através da artista Anna Georgina, da Panorama Galeria de Arte, soube do seu falecimento , e hoje, às 11 horas , compareci ao Jardim da Saudade para dar-lhe o último adeus. Confesso que fiquei emocionado e triste com o desaparecimento precoce de Zé Arthur. Ele não tinha alcançado a casa dos 70 anos, e da última vez que estivemos juntos me  pareceu bem saudável , levando sua arte com muito prazer. 
Lembro de seu belo mural que criou para o então Aeroporto Dois de Julho, hoje, Aeroporto  Luiz Eduardo Magalhães , com motivos da cultura popular. Também, me veio à memória as reportagens de capa da revista do Centro Industrial de Aratu, o Cia, onde ele trabalhou no período áureo deste centro industrial, atualmente  quase esquecido pela  administração estadual. 
Fui  pesquisar neste nosso blog  e  encontrei várias matérias e registros de sua atuação como artista plástico, entre as quais esta datada de 9 de junho de 1992, que republico em homenagem à sua memória. Vejam.


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quarta-feira, 13 de março de 2019

COMO A CULTURA É ADMINISTRADA NA BAHIA

O Solar do Unhão, onde funciona o Mam-Ba , um dos mais belos
conjuntos arquitetônicos do país  corre sério  risco de incêndio.
Defendo que o mérito deve ser o principal critério para a escolha de alguém como administrador (a) de um órgão público. Escolher um gestor porque é negro, branco, amarelo, até mesmo por ser gay ou mulher é um demérito inclusive para quem é designado(a). Mas, na Bahia este critério esdrúxulo tem prevalecido, seguindo a cartilha retrógrada da esquerda.
Antes, a esquerda condenava  as indicações feitas por políticos , que colocavam pessoas sem qualquer condições como gestores. Era o tal QI ou seja, valia Quem Indicou. Ao assumir o poder a esquerda trocou o QI pelo critério da cor da pele ou do gênero. Assim, este critério  continua prevalecendo, e o que vemos são administrações desastrosas, como já constatamos na Secretaria da Cultura, dentre vários outros órgãos. Vou me fixar nesta pasta porquê quero falar da exoneração do artista Zivé Gíudice que vinha fazendo um trabalho razoável à frente do  Museu de Arte Moderna da Bahia - Mam-Ba. Digo razoável, porque presenciei algumas vezes a total falta de recursos para empreender um trabalho digno de elogio. 
O píer antes usado por  turistas para
visitar o museu está interditado
.
Os museus e outras instituições culturais na Bahia estão carentes de tudo,evidente que a ideologia dos atuais  dirigentes despreza  a arte que chamam de tradicional ou mainstrain, e apoiam performances semelhantes àquelas da peça "Macaquinhos"; do homem nu sendo apalpado por criancinhas apresentada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, chamada de "La Bête" ou a exposição que foi montada no Instituto Goethe, em Salvador,  sobre o ânus,  patrocinada pelo Governo do Estado. É a desconstrução, e a tentativa de nivelar tudo por baixo. 
O MAM-Ba está localizado num prédio tombado pelo Patrimônio Histórico, que é o belíssimo Solar do Unhão. Lá foi iniciada uma pequena reforma e a construção de uma subestação de eletricidade há cerca de 6 anos . Até hoje está lá sem ser concluída,colocando em risco àquele patrimônio arquitetônico tão importante para o Bahia e o Brasil.
Este barracão da subestação tem seis anos ,e representa
risco de incêndio para  todo o conjunto do Solar do Unhão.
Este patrimônio pode ser consumido pelo fogo de uma hora para outra. A obra está paralisada porquê o Governo do Estado não pagou a empreiteira.
Zivé conduzia o museu com dignidade, e de quando em vez  batia de frente com  tentativas de apresentar determinadas "atrações" que não mereciam e nem merecem ocupar aquele espaço. Contava com a assessoria de outros colegas, também artistas plásticos . Resultando na segunda queda do Zivé . Não recebeu um real para um novo projeto. O MAM-Ba vive à míngua.
Conheço o Zivé há muitos anos. Sei do seu temperamento italiano, e de sua fácil verbalização em defesa de algo que acredita. Com sua saída perdem os artistas e a cultura da Bahia. 
Ele fez uma longa Carta Inventário que publico na íntegra para ficar aqui registrada como um documento a ser visto por quem se propor a ler ou pesquisar no futuro.

O artista Zivé Gíudice

Carta Inventário :

( MAM, o mais importante equipamento de cultura do estado da Bahia)

O tempo é implacável, e tão implacável quanto o tempo é a experiência pessoal, íntima, que ele torna possível. Como ela, não há como nos escondermos em subterfúgios e, por causa dela, somos colocados frente a frente com o que somos. Talvez até aqui não consigam intuir o propósito desse texto, mas, se eu não fracassar na exposição dos motivos que me fazem escrevê-lo, tudo ficará em seu devido lugar.

Da primeira vez que fui exonerado do cargo de Diretor do MAM, Museu de Arte Moderna – BA, elaborei um documento em que relatava, com tom enérgico, as causas de meu desligamento. O texto, mirando o nervo, acertou a veia da não docilidade, da insubordinação de quem se pensa autônomo, de quem se expressa por um modo de pensar autônomo. Hoje, depois de, em junho de 2017, ter retornado à anterior função de diretor do MAM, recebo com surpresa a notícia de minha exoneração.

Desta vez, a acidez do antigo texto já mencionado dará lugar à temperança da sabedoria que cabe a alguém que não tem como se furtar ao peso incontornável de quase 67 anos de vida. Poderão pensar alguns que isso é, na verdade, o esconderijo de uma covardia ou modéstia, lugar dos hipócritas. No meu caso, é antes o contrário. Covardes não agem, covardes silenciam perante injustiças. Minha natureza não abre brechas a esse tipo de comportamento. Pensando nisso, é para a sociedade civil, a quem aqui presto contas, que passarei a expor uma espécie de inventário das mais importantes ações realizadas por mim em nome do MAM. Caberá a ela ajuizar pela justiça ou injustiça desse desligamento.

O primeiro gesto que fiz, tão logo reconduzido à Diretoria do MAM, foi buscar no viço próprio da juventude os novos nomes das artes visuais baianas. Dessa pesquisa, nasceu o projeto da exposição Pertencentes (setembro a outubro de 2017), cuja realização alavancou a produção de dezenove artistas de indiscutível qualidade.

Esse foi o estopim para a condução de uma gestão que primasse por visibilizar o olhar contemporâneo da arte, sem, no entanto, esquecer os artistas de outrora que pavimentaram o caminho por onde os mais novos passam agora. Com vistas a isso, a ideia era ativar o novo e presentear a comunidade com as amostras daquilo que a arte brasileira, constitutiva do gigantesco acervo permanente do MAM, tinha brilhantemente produzido.

Não entendia o porquê de tantas obras repousarem na poeira dos arquivos, longe dos olhares de um povo que MERECE e, mais do que isso, de um povo que tem o direito de conhecer sua história também na perspectiva da arte, a mais revolucionária demonstração de força e empoderamento que a experiência humana pode engendrar! Pensei e penso nos museus, mais especificamente no MAM, como espaço de pertencimento sociocultural, para o qual é preciso, em um primeiro momento, haver o chamamento da sociedade, um convite expresso dirigido a todas e todas, sem quaisquer distinções, para que procedessem a apropriação de equipamentos de cultura; o MAM devém, assim, um espaço de ressignificação social. Daí, consolidaram-se as seguintes exposições:

• Da Razão ao Informalismo (agosto de 2017, com obras de oito artistas);
·   Mostra Gráficas 3 (agosto de 2017, com obras de professores e alunos da Escola de Belas Artes da UFBA);
·   Um Recorte da Figuração do Acervo do MAM (dezembro de 2017, com participação de 11 artistas);
• Escultores contemporâneos brasileiros (janeiro de 2018, com participação de 17 artistas);
·   Acervo dos Salões do MAM (fevereiro de 2018, com obras de 19 artistas);
·   ALFREDO VOLPI (março a julho de 2018);
·   Arte Eletrônica Indígena (agosto a setembro de 2018, com obras cocriadas por indígenas brasileiros e artista da Bolívia, Reino Unido e Brasil);
·   Acervo do MAM (outubro a novembro de 2018, com obras de 11 artistas brasileiros, em homenagem a Mário Cravo Júnior);
·   MESTRE DIDI, Ancestralidade e resistência (outubro a novembro de 2018);
·   Vértice (dezembro de 2018 a abril de 2019, com obras de 20 artistas); e
·   AURELINO DOS SANTOS, A letra que faz o mundo (dezembro de 2018 a abril de 2019).


Para algumas dessas exposições, contei com parcerias decisivas. Entre as colaboradoras mais frequentes, destacam-se a Galeria Paulo Darzé e a Roberto Alban Galeria, ambas sediadas em Salvador/BA, e a Almeida & Dale, de São Paulo. A elas, meu agradecimento especial. Da mesma forma, serei eternamente grato às pessoas de Bel Borba, Caetano Dias, Almandrade e Sérgio Rabinovitz, membros do Conselho Curatorial, pela intransigente defesa de que o MAM, como equipamento de cultura, deve mesmo é alinhar-se com as artes visuais, o mais importante objeto de compromisso do museu.

E não é só! O MAM, na esteira do que se estabeleceu, no decorrer deste século, como conceito de museus de arte, abriu-se a outros domínios, ultrapassou a fronteira da arte visual para afinar-se com outras expressões que se estreitassem ao propósito do museu, a saber: PRODUZIR ARTE. Os exemplos disso são:

·   20 edições do Projeto MAM abraça as crianças, com público total estimado em 20.000 pessoas. Esse projeto é, no âmbito pessoal, especialmente valoroso, pois trouxe ao Museu pessoas que jamais se sentiram convidadas a frequentar suas instalações, jamais se sentiram contempladas em usar um equipamento público voltado à uma arte historicamente usufruída por especialistas . Nessas 20 edições, muitas crianças e jovens descobriam o quanto a arte pode ser combativa, porta-voz das demandas populares silenciadas covardemente por aqueles que só querem negar o novo, negar a mudança dos tempos. ( Esse projeto acontecia aos domingos. Os funcionários e alguns voluntários, chegavam às 8h da manhã. Dedicavam com sacrifícios, dois domingos a cada mês para fazerem acontecer as oficinas com as crianças. O MAM oferecia almoço a todos. Tínhamos que providenciar o retorno de todos às suas casas. Todas essas despesas feitas com as possíveis contrapartidas, ou, nós artistas, nos cotizávamos para garantir o evento)
·   Participação efetiva na revisão do projeto de reforma das instalações do MAM, com o objetivo de evitar a descaracterização dos espaços e, com isso, mostrar-se rigorosamente obediente ao Protocolo de funcionamento da instituição. Quanto a esse ponto, cabe uma importante indagação: queremos um Museu que, pela sua localização privilegiada e pelo acervo arquitetônico que lhe constitui, funcione apenas como local “pitoresco” de um restaurante, ou o restaurante ser um elemento indexado a um projeto de cultura? Em outras palavras, queremos um Museu em que ocorrem oficinas, mostras artísticas, espetáculos culturais no qual há, também, um restaurante, como lugar de convivência, ou queremos um Restaurante que se utiliza, luxuosamente, de um Museu? Em uma pergunta: Qual deve ser o atrativo do MAM? Não creio que haja outro atrativo para o MAM além dele mesmo. Como tenho dito há anos, O ATRATIVO DO MAM É O MAM!!!!
Ainda quanto ao processo de reforma, o vasto período pelo qual se arrasta constituiu, devo dizer, outro elemento constritor para a gestão. Exemplo disso é a limitação espacial do Casarão em virtude da interdição de seu pavimento superior. Ainda sobre a questão da reestruturação do MAM, assim como, indiretamente, de todos os museus, havia recebido do Governador Rui Costa a incumbência de coordenar,junto com a Secretária, o processo de retirada desses equipamentos dos domínios do IPAC, por incompatibilidades conceituais. Fizemos esse pleito em um documento entregue ao governador, assinado por dezenas de artistas, intelectuais, galeristas e curadores, na ocasião de um encontro do governador com artistas representantes de diversas linguagens. Não obstante o governador ter determinado a mudança, a Secretaria da cultura nada fez e, se fez, nós - museus e artistas – não tomamos conhecimento.
·   Reativação das oficinas de litogravura, xilogravura e gravura em metal, cujo formato reduzido (já que não se expandiram para outras técnicas) deu-se pela limitação espacial provocada pela reforma do galpão destinado a essa atividade.
·   Criação do Projeto Acústicos do MAM, em que se apresentaram, em quatro edições, importantes artistas da música brasileira e local. Esse projeto foi executado pela E33 Entretenimento, a quem agradeço na pessoa de seu diretor Eduardo Mattos. Além de fomentar a cultura musical, esse projeto funcionou como forma de captação de recursos econômicos para viabilizar importantes ações. De duas das quatro edições, as contrapartidas ( todas arbitradas pela gestão do Museu, com a participação do Conselho de Curadoria, e posteriormente admitidas pelo órgão dessa competência) permitiram a aquisição dos seguintes materiais e equipamentos permanentes e de manutenção:

1.     criação da marca “Acústicos no MAM”;
2.     02 (dois) aparelhos de computador (Notebook);
3.     01 (uma) furadeira;
4.     01 (uma) parafusadeira;
5.     10(dez) folhas de compensados naval de 15mm
6.     01 (um) rolo para litrogravura;
7.     01 (um) kit de 60 (sessenta) brocas;
8.     03 (três) latas de 18 (dezoito) litros de tinta branca (destinado ao MAB para exposição Berlim-Bahia);
9.     01 (uma) lata de massa corrida de 18 (dezoito) litros (destinado ao MAB para exposição Berlim-Bahia);
10. 02 (dois) rolos de lã para pintura (destinado ao MAB para exposição Berlim-Bahia) ;
11. 10 (dez) folhas de lixa (destinado ao MAB para exposição Berlim-Bahia);
12. 03 (três) rolos de fita adesiva (destinado ao MAB para exposição Berlim-Bahia);
13. 40 (quarenta) refletores com lâmpada PA 38 para as salas de exposição;
14. 40 (quarenta) lâmpadas LED;
15. 20 (vinte) lâmpadas (PA 38) especiais para exposições;
16. 400 (quatrocentos) parafusos para montagem das exposições;
17. produção de conteúdo para as exposições de Aurelino dos Santos, A letra que faz o mundo, e Vértice, sob a forma de: plotagem, banners, logomarca de identificação das amostras e convites eletrônicos;
18. material e insumos destinados à execução da 17ª edição do MAM abraça as crianças.
A julgar pelo tempo em que vivemos, a julgar pelo lugar conferido à cultura pelos órgãos e autoridades governamentais, pouco importando aqui qual seja sua inclinação ideológica, os leitores dessa carta-inventário, assim espero(!), serão conduzidos a pensar ser essa, muitas vezes, a única estratégia de sobrevivência dos atuais equipamentos de cultura. Vale ressaltar que as aquisições mencionadas acima referem-se às duas primeiras edições do Projeto Acústicos. As duas últimas contrapartidas do Acústicos ainda estão por serem demandadas. Essas contrapartidas se constituíram na única fonte de recursos do MAM.

Exposto isso, a esses mesmos leitores talvez seja pertinente perguntar: Fez pouco, em 18 meses, quem realizou essas ações sem dispor de qualquer recurso institucional? Contribuiu pouco com a cultura aquele que empunhou essas bandeiras? É claro e natural que ocorreram críticas à gestão, principalmente pela condução rigorosa, que não transigiu, sob nenhuma alegação, seja ela de cunho pessoal ou institucional, a proteção do Museu e, consequentemente, da função social com a qual está relacionado. Infelizmente, não é possível agradar a todos, por mais bem intencionados que sejam; não é possível atender a todas as demandas, mesmo que legítimas. Mesmo assim, tais perguntas objetivas precisam ser feitas e pude fazê-las a tempo de esse acontecimento não ser, ardilosamente por alguns, colocado no limbo do esquecimento, nesse lugar de não memória. Aqui é preciso não esquecer o momento inoportuno do desligamento: a notícia de minha exoneração veio no dia da abertura das festas carnavalescas. Por que será? É delírio pensar que se tratou de uma estratégia de inviabilizar qualquer discussão sobre causas que motivaram a exoneração, à revelia da comunidade geral e, mais estritamente, da comunidade artística?

Todos que compartilharam ou estiveram próximos da minha gestão compreendiam e apoiavam a minha resistência e a minha recusa em dar voz àqueles que, a despeito dos seus cargos, nada tinham de substancioso para colaborar com o projeto de ressignificação do MAM. Não se tratava de iconoclastia ou irreverência, mas, antes, de criar proteção contra pessoas que nada conhecem do objeto arte.



Chegando perto do fim dessa carta, misto de manifesto e inventário, é sobre o futuro, a memória do futuro, que quero tratar agora. Nesses últimos meses, foram muitas as discussões acerca do ano em que o MAM completa 60 anos de existência com a consequente concepção do calendário de comemorações. Resta-nos saber se as ações programadas em minha gestão serão levadas a cabo. Entre elas, ressalto:

·   exposição de Adriana Varejão (com início previsto para abril);
·   exposição de Ana Elisa Egreja (prevista para junho);
·   exposição do artista Vik Muniz (prevista para julho);
·   exposição de Mariana Palma (ainda com data indefinida );
·   exposição Geração 70 com respectivo lançamento de livro (previstos para setembro);
·   exposição de Leda Catunda (prevista para dezembro);
·   além de outras em fase de ajuste no calendário.

Convicto de que cumpri, junto à sociedade, com aquilo que deve ser obrigação de toda pessoa à frente da execução de serviços públicos, resta-me agora agradecer o decisivo incentivo de familiares e amigos durante essa jornada. Aos colegas de trabalho, meu muito obrigado pela preciosa contribuição com o MAM e por NUNCA se furtarem a servir aos projetos executados pelo e no museu. Que todos saudemos a arte, centro indiscutível disso que chamamos cultura!!









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