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Dumêt mostra díptico de sua autoria impresso em tecido. |
Acostumado a
entrevistar pessoas de todos os tipos, culturas, afazeres, de perfis religiosos
e ideológicos dos mais variados segmentos da sociedade desta vez fui ao
encontro de uma artista da segunda geração dos grandes nomes da Gravura na
Bahia. Trata-se de Terezinha Safe Dumêt ou simplesmente Terezinha Dumêt.
Marcamos nosso encontro em seu apartamento no bairro da Federação, e lá estava
ela uma senhorinha de pequena estatura, calma e meiga, rodeada de suas gravuras
que transmitem energia, uma força que aparentemente destoa da pessoa que estava
diante de mim. Esta senhorinha de setenta e dois anos de idade já criou obras que merecem
ser observadas e valorizadas pela qualidade intrínseca das composições
resultado dos sulcos firmes que ela faz nas matrizes de madeira utilizando suas
ferramentas de gravadora. São obras que trazem formas geométricas e silhuetas
de figuras humanas. Muitas delas são apresentadas em trípticos ou dípticos,
repetindo as mesmas imagens ou com pequenas variações. A maioria concebidas em
suportes verticalizados, impressos em panos ou papéis especiais, utilizando
duas ou no máximo três cores. São formas geométricas superpostas, que se cruzam
e permitem uma transparência de qualidade.
Passou grande parte de sua vida
na Escola de Belas Artes da UFBA onde se formou em Artes Plásticas e depois se
envolveu em outras atividades, concluiu o Mestrado em Artes Plásticas, em
1995. Fez curso de Especialização em
Geometria de Representação e Desenho Técnico, Exerceu a função de professora de
Desenho de Observação, Expressão Tridimensional e Gravura de 1974 à 1999, na
Eba. e
em seguida fez concurso para titular e continuou ministrando suas aulas até a
aposentadoria. No seu trabalho do Mestrado defendeu a tese Homem versus
Homem e apresentou uma série de vinte xilogravuras, dez objetos e uma
instalação. O tema do seu trabalho foca no homem moderno que vive estressado
com sua luta para sobreviver num ambiente competitivo e muitas vezes
desproporcional. Preocupada com a resistência do suporte que iria utilizar para
apresentar suas manifestações artísticas escolheu o tecido ou invés do papel
devido à grande umidade que existe em Salvador. Utilizou para construir seus
objetos as matrizes em madeira, que recortou, pintaram e assim surgiram obras
bidimensionais. Já a instalação mostrava o isolamento social e a degradação do
homem.
QUEM
É
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As imagens de Terezinha em três momentos na Escola de Belas Artes e em foto recente. |
A artista
Terezinha Safe Dumêt é filha da libanesa Jage Safe Dumêt e do paulista Antônio
Salomão Dumêt e nasceu 4 de junho de 1945, na cidade de Juazeiro, na Bahia, onde
seu pai era comerciante e tinha um bazar chamado de Bazar Royal que vendia os
mais variados produtos. Lembra bem que ele comercializava muitos brinquedos e
que durante sua infância ela e seus irmãos ganharam várias bonecas e carrinhos
e outros brinquedos da época.
Depois seu pai resolveu vir
morar em Salvador e um tio passou a cuidar do Bazar Royal, enquanto ele
comandava seus negócios de um escritório que abriu num daqueles casarões
coloniais próximo da igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia. Foi aí que
seus pais a matricularam no Colégio das Mercês, que funciona na Avenida Sete de
Setembro, e posteriormente foi estudar no Instituto Normal Isaias Alves, no
bairro do Barbalho, ambos em Salvador.
Logo que terminou seu curso de
Magistério foi trabalhar no Banco Mercantil de Minas Gerais que tinha uma
agência na zona do Comércio, na chamada Cidade Baixa, em Salvador. Mas, sua
vontade de fazer arte não desapareceu. Foi assim que resolveu fazer o
vestibular para a Escola de Belas Artes, sendo aprovada e passou a frequentar
as aulas ainda no antigo prédio da instituição que ficava na Rua 28 de
Setembro, em pleno Centro Histórico de Salvador. Sabemos que posteriormente a
EBA funcionou provisoriamente no Museu de Arte Sacra até se transferir para
onde se encontra até hoje no prédio que antes era ocupado pela Faculdade de
Geologia.
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Três belas gravuras de sua autoria onde destaco a força das imagens e a transparência. |
Passou a se interessar pela gravura de sua convivência com Edison da Luz, Hilda
de Oliveira, Vera Lima, Sônia Sacramento, Denise Pitágoras e outras. Disse que
nunca teve um ateliê próprio. Depois que se casou sempre morou em apartamentos
o que a impediu de ter uma prensa para imprimir suas gravuras. Hoje é
divorciada e tem dois filhos adultos, inclusive um deles mora com ela. Foi assim
que passou a frequentar ateliês de outros artistas que possuíam prensas como o
de Edison da Luz, Juarez Paraíso e principalmente faz suas impressões na Escola
de Belas Artes.
Lembrou que graças a boa vontade
do Eduardo França dos Reis, o Duda, ela imprimia juntamente com ele suas
gravuras. "Também nos ajudava indo comprar tintas e madeira para fazermos
nossas matrizes. Era uma boa convivência. Sem e ajuda dele a gente não
conseguia imprimir. Ele sempre estava ali imprimindo, aprendendo e trocando
experiências com os alunos e professores", disse Terezinha Dumêt.
EXPOSIÇÕES
REALIZADAS
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Terezinha imprimindo suas gravuras com Duda. |
Exposição de Arte Universitária, em Belo Horizonte, Minas Gerais em
1969; I Exposição Feminina de Artes Plásticas da Bahia, UFBA, em 1969; II
Salão Nacional de Artes plásticas no Ceará, 1969; Exposição Individual no
Instituto Cultural Brasil Alemanha - ICBA, 1970; Prévia da Pré-Bienal do
Nordeste, Recife , em 1970; I Salão dos Novos Artistas do Nordeste, Prêmio Menção
Honrosa, 1971; 1º Festival Aberto Firmino Rocha, em Itabuna, 1971; Exposição
Coletiva Gravadores da Bahia, Galeria de Arte da Bahia, 1971; Exposição de
Artistas Plásticos da Bahia, Clube de Engenharia, 1972; Exposição de Gravadores
Baianos, em Aracaju, Sergipe, 1073; Exposição de Gravadores com Homenagem a
Sônia Sacramento, na Galeria Cañizares, 1973; Participação na lª Exposição -
JUBS dos XXIV Jogos Universitários Brasileiros, em Belém do Pará, 1973; 1ª
Feira Gravura Coperarte - ICBA, em 1975; Exposição de Festival de Arte
Contemporânea da Bahia , na EBA, em 1975; 36 Artistas Brasileiros na Galeria
Amanda Costa Pinto, em Cachoeira, Bahia, 1975. Recentemente participou da
Exposição A Gravura na Bahia a partir da EBA/UFBA que reuniu mais de duzentas
gravuras de vários artistas, realizada em março de 2023, na Galeria Cañizares.
Desenvolveu pesquisa no campo híbrido na gravura sobre madeira “buscando um
sentido humano nos gestos artísticos. Seu trabalho caracteriza-se pela crítica
à sociedade de consumo e ao caos urbano. Pretende através da arte uma melhor
reflexão sobre as relações sociais contemporâneas".
SUA PRODUÇÃO
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Foto 1. Vemos um objeto composto de formas individuais pintadas na madeira e depois juntadas. Foto 2. Xilogravura verticalizada. |
Falando
sobre seu trabalho a sua colega Selma Fraga Costa, também professora da EBA,
disse “Tratemos aqui das qualidades e características específicas da gravura,
que põe em evidência o seu trabalho, ligando as exigências peculiares da
técnica. O desenho para a gravura é concebido com mais profundidade, Terezinha
utilizou com maestria a angulosidade e a rigidez das formas. A matriz foi
impressa sobre o tecido, o que permitiu maior extensão de superfície, a
exploração expressiva de suas tramas e maior brilho das cores, sem
descaracterizar a gravura. As formas geométricas, superpostas na composição,
exploram as transparências, o quadrado, o círculo e o triângulo, elementos
plásticos fundamentais, simbolizam a matéria, o sentimento e o intelecto,
forças básicas da criação.”
Ivo Neto Artes
ResponderExcluirMinha querida professora da EBA UFBA 👏👏👏
Maria Adelaide Dantas Costa Cruz
ResponderExcluir👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Domingos Dantas Brito
ResponderExcluirMuito interessante o trabalho dela.
Severina Ferreira Severina Ferreira
ResponderExcluirÉ um trabalho interessante, deveria ter um espaço nos shoppings para os artistas mostrarem os seus trabalhos, para que as pessoas possam apreciar.
Iara Brito
ResponderExcluir❤👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼☝️
Edicarlos Santana
ResponderExcluirBelo trabalho
Reni Andrade
ResponderExcluirLindo
Leonel R. Mattos
ResponderExcluirQue registro maravilhoso Reynivaldo, é um resgate e valorização a nossa história. Parabéns
Angela Lisboa Dabush
ResponderExcluirbravo!
Edna Silva
ResponderExcluirMuito interessante a arte dela.
Teresinha Nogueira
ResponderExcluirQue artista maravilhosa, lindo seu trabalho
Edsoleda Santos
ResponderExcluirMuito Forte a série de gravuras de Terezinha Dumet
Janete Maria Dos Reis
ResponderExcluirAmiga de infância belo trabalho
Hilda Nogueira
ResponderExcluirBonito trabalho
Maria Alair Cardoso
ResponderExcluirBelo registro.
Graça Gama
ResponderExcluirParabéns amigo e querido conterrâneo. Belo registro resgatando a arte baiana
Joao Brito
ResponderExcluirBoa 👏👏👏👏
Cristina Valença Salles Vita
ResponderExcluirParabéns! Linda homenagem!
Selma Costa
ResponderExcluirTerezinha Dumêt,uma das grandes gravadoras da Escola Baiana de Gravura,culta,modesta, inteligente.