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Vemos ai no dia da abertura da exposição o artista Murilo Ribeiro recebendo convidados e verbalizando suas histórias. |
Estive visitando a exposição de Murilo Ribeiro que está até o dia 16 de abril no Museu de Arte da Bahia, que fica no Corredor da Vitória. São 59 telas em óleo sobre tela que ele produziu durante a pandemia aproveitando a reclusão forçada para pesquisar os grandes mestres da pintura e até da Literatura.Em seguida partiu para pintar suas obras utilizando uma técnica apurada superpondo leves camadas de tintas que deu um resultado muito bom e uma unidade nas cores e nas formas no conjunto das obras expostas. O artista assumiu a postura de um contador de histórias criando narrativas através das figuras que foi desenhando e pintando, e também nas situações que os envolve. Realmente é um jogo entre a fantasia e a realidade, como que brincando de um teatro que navega nos universos da comédia e do drama. Os personagens criados ou imaginados por Murilo Ribeiro surgem dentro deste clima de camadas de tintas dando um ar mais adequado ao tempo em que viveram neste mundo. Ele conseguiu elaborar uma pintura fosca através um verniz que acrescentou após pintar suas telas a óleo. Desde 2008 que Murilo Ribeiro não expunha suas obras sendo que esta exposição foi realizada no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal. Faz questão de afirmar que suas pinturas atuais não são ilustrações, as imagens que pintou traduzem as histórias que queria contar. São histórias que surgiram dentro de sua liberdade criativa, quase não tem nada a ver com as pinturas ou livros onde foi buscar sua inspiração. Foram apenas simples referências. Esta busca foi um start para daí começar a criar suas próprias histórias, embora os personagens possam estar numa obra de um grande pintor clássico ou moderno e na Literatura. Murilo Ribeiro pintou cento e quatro telas, mas o espaço do Museu de Arte da Bahia só lhe permitiu expor 59 obras , e ele pretende ainda levá-las para expor em Atlanta, onde reside sua única filha, e também em outra galeria em São Paulo. Com suas leituras e pesquisas, inclusive nas redes sociais ele criou uma pléiade de personagens e situações que passou a desenvolver nas telas. Notamos que as obras têm espaços escuros, cores mais densas e variados tons superpostos.
ALGUMAS DAS HISTÓRIAS PINTADAS PELO ARTISTA
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"A chegada de Vincent em Paris", cidade que gostava muito. |
O artista Vincent van Gogh já tinha feito algumas viagens à Paris quando trabalhava na galeria de seu tio dos 16 aos 27 anos , porém em fevereiro de 1886 voltou sem avisar ao seu irmão Theo, e depois pediu desculpas por não te-lo avisado. Nesta sua viagem conheceu obras de pintores impressionistas que haviam deixado de lado seus ateliers e passaram a pintar em parques, ruas, bosques e a vida cotidiana em busca de mais luminosidade e cores. Com isto mudou sua forma de pintar que vinha realizando na Holanda basicamente inspirado em cenas de bares, no campo com os trabalhadores rurais utilizando cores mais escuras. Desta vez ele permaneceu dois anos em Paris, e certo dia teria se manifestado assim: "Paris é Paris, só há uma Paris. E por mais dura a vida aqui possa estar, e mesmo se ficasse ainda pior e mais dura, o ar francês mantém lúcido o espírito e faz-nos bem, infnitamente bem!". O Museu de d´Orsay tem mais de 2 mil esculturas e obras dos impressionistas e pontilhistas franceses e de outros países. Vincent van Gogh tem lá muitas obas expostas atualmente. Obras que ele fez nos arredores, parques e nas ruas de Paris. E o Murilo Ribeiro criou uma história desta viagem de Vincent à Paris que reproduzo uma foto do sua tela feita em acrílica.
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"A Ovelha Negra ", obra em óleo sobre tela. |
Outra história contada por Murilo através de sua arte é o da Ovelha Negra baseada na fábula criada
pelo escritor hondurenho Augusto Monterroso, que residiu na Nicarágua alguns anos e depois no México. Dizem que ele reinventou este gênero literário criando várias fábulas . No livro "A Ovelha Negra e outras fábulas", estão reunidas 40 delas. São curtas e cheias de metáforas e ironias que nos levam a refletir sobre várias situações vivenciadas pelo homem . Reflexões que tratam da condição humana,da injustiça social, política, inveja, vaidade,vergonha, orgulho, amor e ódio, perdão. Enfim, das situações criadas pelo ser humano. O curioso é que ele sempre escolhia um animal como seu personagem para expressar o que pretendia. Esta fábula da Ovelha Negra que Murilo escolheu para criar sua história plástica trata de um homem honesto que resolveu mudar para um certo povoado e lá passou a viver. Os moradores costumavam roubar uns aos outros, e assim mantinham o equilíbrio do lugar. Acontece que o novo morador dificilmente saía e como sua casa não podia ser roubada por ele estar sempre presente provocou um desequilíbrio.O novo morador passou a não ser desprezado e hostilizado. Na fábula de Moterroso a ovelha ficou triste e saiu pelo bosque onde terminou adormecendo. Quando acordou estava branca igual as demais . Tem outros detalhes da fábula, mas o objetivo é falar sobre a importância da honestidade. Vale a pena ler as fábulas do Monterroso.
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"A Chegada dos Pintores Venezianos àToledo", na Espanha. |
Aqui Murilo representou dentro de sua visão "A Chegada dos Pintores Venezianos à Toledo", na Espanha. Sabemos El Grecco que era natural da ilha de Creta, que na época pertencia ao principado de Veneza. Ele morou em Veneza onde trabalhava como pintor e arquiteto , e em seguida foi para Toledo , e aí pintou grande parte de suas obras. Chamava-se Doménikos Theotokópoulos e assinava suas obras com este nome original.
Outro que migrou foi Tintoretto, nascido em Veneza em 1518 batizado como Giovanni Battista Robusti levou o apelido de Tintoretto porque seu pai tinha uma lavanderia e tinturaria. Era também chamado de O Furioso devido suas obras apresentarem dramaticidade e efeitos de luz. Foi um dos precursores do barroco. Outros pintores também migraram para Toledo , mas vamos ficar por aqui.
O incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro no dia 2 de setembro de 2018, num domingo à noite, foi uma tragédia anunciada porque toda a comunidade intelectual sabia da precariedade de suas instalações marcadas pela falta de uma manutenção adequada por parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na época o reitor era Roberto Lehrer, um militante de esquerda conhecido. Já haviam sido publicadas na imprensa fotos mostrando as gambiarras dentro das dependências do Museu e os recursos empregados na sua manutenção eram insuficentes, embora o governo de então, e os ministros da Educação e da Cultura soubessem que ali estavam guardadas e expostas 20 milhões de peças que eram parte da História do nosso país.
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"Os Fantasmas do Museu Nacional Abandonam o Museu". |
Hoje técnicos estão trabalhando na recuperação ou reconstituição de peças danificadas pelo fogo. Milhares de outras foram perdidas entre elas o fóssil de Luzia, o mais antigo fóssil humano já encontrado.Calcula-se a idade em 11 mil anos. A metade do acervo do museu foi consumida pelo fogo.
As chamas começaram depois das 19 horas quando foram encerradas as visitas. Haviam apenas quatro vigilantes de plantão e o fogo foi intenso e se alastrou rapidamente porque havia muita madeira na composição do prédio e também objetos de fácil combustão. Por isto, praticamente a ação dos bombeiros não surtiu o efeito esperado. Os bombeiros ainda tiveram dificuldades para utilizar a água para apagar o fogo.
O museu foi criado em 1818 por D. João VI e tinha completado 200 anos de existência. Foi neste prédio que a princesa Leopoldina , casada com d. Pedro I, assinou a Declaração de Independência do Brasil, em 1822. Anos depois foi palco da primeira Assembleia Constituinte da República nos anos 1890/91, marcando o fim do Império no Brasil.
Sensibilizado com esta tragédia Murilo Ribeiro pintou
"Os Fantasmas do Museu Nacional Abandonam o Museu". Realmente os administradores fantasmas não foram competentes e diligentes a ponto de evitar que esta tragédia destruisse grande parte da cultura e da História de nosso país com o desaparecimento de milhares de peças colecionadas e guardadas através dos duzentos anos.
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"Assédio"e o abuso no universo do politicamente correto. |
Ele também tratou em sua exposição de um assunto que hoje está presente nos noticiários dos telejornais, nos jornais impressos, nos rádios e redes sociais que é o exagero do politicamente corrreto que transformou uma simples paquera em assédio sexual. Agora temos assédio moral, assédio disto e daquilo inibindo o relacionamento saudável entre as pessoas.Diz o Dicionário que o " assédio pode ser configurado como condutas abusivas exaradas por meio de palavras, comportamentos, atos, gestos, escritos que podem trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo o seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho." E chegam a classificar os tipos de assédio moral,sexual e virtual. O assédio moral ocorre com a exposição de uma pessoa a situações de constrangimento, humilhação e perseguição de forma contínua e prolongada. 2. Agressões psicológicas. O assédio psicológico é uma violência emocional. ...
- 3.Assédio sexual está tipificado no Artigo 216-A do Código Penal — constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício do emprego, cargo ou função. Pena: detenção de 1(um) a 2 (dois) anos. 4. Assédio virtual, onde as tecnologias de informação e comunicação, como as redes sociais, são utilizadas como ferramentas para importunar, intimidar, perseguir, ofender ou hostilizar alguém.Portanto, hoje é preciso ter muito cuidado ao abordar alguém numa paquera e tornou-se perigoso insistir num amor não correspondido à primeira vista porque você pode ser enquadrado num dispositivo legal.
- NR- Quero agradecer a jornalista Cleide Nunes e ao fotógrafo Fernando Barbosa, da Ascom, do Museu de Arte da Bahia, pelas fotos que publico ilustrando este texto.
Só você, Rey, pra nos mostrar com seu talento, a importância da nossa prata da casa. Valeu. Parabéns pra Murilo.
ResponderExcluirNarrativas históricas via telas genialmente pintadas, e trazidas a nós, público, por um texto impecável. VAleu, Professor Reynivaldo!
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