texto Reynivaldo Brito
Depois de viver 13 anos na Filadélfia , nos Estados Unidos,o pintor baiano Ferjó, natural de Caculé, volta a expor em Salvador, na galeria O Cavalete, na avenida Presidente Vargas, número 2.338, loja 7, a partir do dia 9 de julho às 21 horas. Ferjó- cujos quadros seguem a linha hiper realista - foi estudar na Filadélfia, em 1974, e resolveu ficar por lá,concluindo o curso de Graduação em Artes Plásticas, na Universidade de Arte da Pensilvânia.Com a procura de seus trabalhos no mercado norte-americano, se estabilizou na cidade e abriu um estúdio. Hoje, recebe pedidos até da Califórnia, estado que fica no lado oposto de onde vive.Entre os convites que tem recebido para expor, o pintor destaca o da Roselyn Saylor Fine Arts, que quer também que ele seja representado por essa galeria, não só nos Estados Unidos, mas, igualmente, em outros países.Atualmente ele tem mais de 70 trabalhos reunidos nessa galeria, mais da metade comprada pela própria Roselyn Saylor, para ficar exposta permanentemente no local.
MONA LISA
Na Roselyn , Ferjó vai participar , ainda de uma grande exposição, que ocorrerá no início do inverno,com a presença de Jorge Amado (que fará uma palestra) e Burle Marx - que foi levado recentemente para os Estados Unidos, por um grupo folclórico brasileiro que mora em Nova Iorque.
No momento, Ferjó tem utilizado insistentemente , em seus quadros, a figura célebre da Mona Lisa, em situações diferentes. Já feza seis trabalhos nessa linha, dando os títulos mais diversos, como "Mona Lisa na Manhã", "Mona Lisa Fazendo Exercícios" e "Mona Lisa e os Passarinhos". Desses, apenas dois quadros ainda permanecem com ele.
Ferjó - que retrata muitas pessoas - conta que essa inspiração veio em seu contato com um artista norte-americano, J. Wyath, que pintou uma alemã, que era sua vizinha durante 15 anos. " Ai pensei", justifica, "por que não posso usar também Mona Lisa, por exemplo".
COLEÇÕES PRIVADAS
O pintor conta que, a princípio, foi difícil se adaptar aos Estados Unidos, só conseguindo conquistar o mercado já no terceiro ano do curso. Com um prêmio que recebeu, seu trabalho foi comentado em alguns jornais e começou a procura de seus quadros. A universidade lhe possibilitou, também, uma viagem de três meses pela Europa.
Desde 1964, Ferjó já ganhava prêmios no Brasil, mas foi em 1976 que o mercado internacional " abriu as portas" para ele, com a distinção que a Universidade da Pensilvânia lhe ofereceu, considerando-o "estudante avançado" e criando para ele um estúdio privado, que passou a usar em vez de fazer seus trabalhos na classe, como os outros. " Passei a trabalhar mais a sério e competir", lembra, " e os pedidos dos colecionadores começaram a chover, cerca de seis a oito cartas por mês".
Algumas obras de Ferjó estão em coleções privadas de países bem diversos, como Argentina, China e Estados Unidos.
Recebeu, recentemente, um convite para expor no Rio de Janeiro, mas não pôde aceitá-lo por que já tem uma exposição marcada para Nova Iorque. Há pouco tempo, aliás, participou da Exposição de Nova Iorque, cuja importância compara a da Bienal de São Paulo.
Segundo a definição do próprio pintor, sua obra sempre sugere mistério, contrapondo elementos diferentes, o que lhe confere uma aura inusitada. Ele revela que nessa exposição está incluído um quadro que retrata a filha do ex-governador Luiz Viana Filho, que foi mulher deste, D. Juju, que patrocinou sua primeira exposição, na Galeria 114, em 1969, depois de tê-la retratado também.
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