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sábado, 30 de março de 2024

BETH SOUSA UMA NEOEXPRESSIONISTA BAIANA

 Beth Sousa no ateliê com obras recentes .
Depois de algumas décadas reencontro a artista Beth Sousa uma das artistas que trabalha em seu ateliê no bairro do Rio Vermelho sem a pressa de atender aos modismos do mercado. Ela vai construindo a sua trajetória com calma e a delicadeza de uma mulher que foi uma rebelde na juventude e agora já madura leva sua vida em outro ritmo, com outra vibe, procurando fazer uma arte seguindo os caminhos dos seus sentimentos. Desde jovem que frequentava os cursos livres na Escola de Belas Artes e as Oficinas do MAM-Ba. Preferia muito mais estar nestes ambientes artísticos do que na escola formal onde ainda estudava o segundo grau. Inclusive me disse que andava com os jovens artistas da época, principalmente com os da Geração 70, os quais reuni numa exposição que fizemos e foi um grande sucesso no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória, em Salvador. Foi sua irmã mais velha Neuza Sousa que vendo que ela estava criando algum desconforto em seus pais que eram evangélicos perguntou o que queria fazer da vida. Prontamente respondeu que queria fazer arte. Foi aí que Neuza Sousa se informou sobre os cursos livres e a direcionou para que frequentasse. Também falou da necessidade de concluir o segundo grau para que pudesse fazer o vestibular para a Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. Assim a Beth Sousa se emprenhou em terminar o segundo grau, prestou vestibular e passou a cursar. Lembra que quando estava na EBA participou de feiras e sempre procurando comercializar seus trabalhos. Foi com o dinheiro de venda de suas primeiras obras e a ajuda da família que ela decidiu ir para a Alemanha.
Tem hoje uma forte influência do neoexpressionismo alemão e na conversa que tivemos contou o impacto e a sua emoção ao se ver diante das obras imensas de Anselm Kiefer, num museu na cidade de Karlsruhe, na Alemanha. O artista alemão Anselm Kiefer, nascido em 1945 é pintor e escultor e suas obras incorporam materiais diversos como argila, palha, goma-laca, cinza, dentre outros. Ele trata em suas obras do horror do Holocausto e também os conceitos espirituais da Cabala. Gosta ainda de abordar temas passados e recentes sem
Obra da Série Soft, inspirada nos cilindros
do papel higiênico, iniciada no ano 2000.

fugir das controvérsias.  Também Beth Sousa lembra dos impactos das obras de Antoni Tàpies (1923-2012) foi um pintor espanhol nascido em Barcelona, considerado um dos expoentes da arte do século XX, com seus trabalhos gestuais. E finalmente citou o francês 
 
Bernard Buffet (10 de julho de 1928 - 4 de outubro de 1999) . Ele estudou arte na Escola Nacional Superior de Belas Artes em Paris e trabalhou no ateliê de Eugêne Narbonne juntamente com outros artistas. Fez várias exposições períodicas e produziu algumas naturezas mortas, retratos e paisagens. Pintou também os horrores da guerra. No final da vida foi acometido pela doença de Parkinson e se suicidou com um saco plástico envolvido na cabeça. Disse Beth que as pinturas e as figuras em quadrinhos dos personagens de Buffet com os dentinhos lhe impressionaram bastante. Assim ela vem fazendo suas experiências depois desses contatos que teve com obras destes importantes artistas durante os dois anos que passou na Alemanha. Beth ficava tanto tempo extasiada com as obras dos museus alemães que em algumas ocasiões os funcionários a convidavam para sair porque eles iam encerrar as atividades naquele dia. “Inclusive, por mais de uma vez os funcionários dos museus ficavam impressionados porque eu gostava tanto de frequentar e olhar as mesmas obras”, disse Beth Sousa.

Obra inspirada nos versos do
poeta Manoel de Barros, 2022.
Além de frequentar com muita assiduidade os museus alemães em Karlsruhe, cidade onde morou, e também em outras que visitou ela participou de um curso livre de pintura de arte contemporânea, e paralelamente estudava a língua alemã. Beth Sousa  foi para a Alemanha porque na época as universidades no Brasil tinham greves duradouras e surgiu uma oportunidade de ir e ficar hospedada com a amiga que tinha uma bolsa para estudar artes plásticas a Suzana Nazaré Andrade que já estava por lá a algum tempo. Sua amiga se formou também em Economia e Jornalismo, e são amigas até hoje. Beth Sousa foi para a Alemanha em 1989 e lá trabalhou como garçonete, babá e outras profissões para se manter enquanto buscava mais informações e estudar a arte que lhe interessava. Foi para ficar apenas três meses, mas foi ficando. Disse que voltou com a cabeça completamente mudada e que a razão da volta foi porque já tinha dois anos fora e estava sendo ameaçada de ser jubilada da EBA.  O jubilamento foi um dispositivo criado durante o regime militar para expulsar do meio universitário estudantes chamados de “profissionais” que ficavam anos a fio militando participando da política estudantil e não frequentavam as aulas regularmente.

                                                    PENSAR ANTES

Obras atuais da Série Rejeitos de Mineração
inspirada na tragédia de Brumadinho que
destruiu povoado,matou dezenas de pessoas
 e causou grandes prejuizos à população
da área, em Minas Gerais, em 2019.
Antes do ato de pintar a Beth Sousa disse que passa por um processo de pensar bastante, e o que virá será uma consequência. Gosta de pintar ouvindo música de qualidade e enquanto estive em seu ateliê uma música jazzística embalava nossas conversas.   Terminou a Escola de Belas Artes e começou a expor e participar de salões ao mesmo tempo enquanto estudava. Lembra que na década de 90 mandou um trabalho para o Salão de Arte na Cidade de São Cristóvão, em Sergipe e foi premiada. Também foi premiada na I Bienal do Recôncavo, inclusive sua obra foi adquirida pelo cônsul holandês que promovia o evento. Quando ensinava nos cursos livres tanto na Escola de Belas Artes e nas Oficinas do MAM-Ba sempre motivou seus alunos a pensar antes de começar a utilizar os pincéis e tintas. Gosta de experimentar e disse que para chegar onde está ralou muito e desde antes de 1994 que vem construindo a sua história como artista. Percebi que Beth Sousa é muito consciente do que faz e que procura na medida do possível organizar sua trajetória, e tem uma certa organização de tudo que foi publicado sobre sua produção e sabe localizar com facilidade de acordo com os anos e as fases que foram importantes na sua vida de artista.

                                                             A TEMÁTICA

Beth com  obras  denunciando o perigo dos
Rejeitos de Mineração   no Brasil.
Quando estava na Alemanha lembra que foi assistir uma palestra do Secretário do Meio Ambiente, do Governo Fernando Collor de Mello, José Antônio Lutzenberger  (1926-2002) quando ele questionou os alemães que acusavam muito o Brasil de desmatamento e queimadas na Amazônia e outros crimes ambientais. O Secretário retrucou dizendo mais ou menos assim: vocês são também responsáveis porque compram madeira e os minérios, principalmente o alumínio para fabricar os seus móveis, carros e máquinas. Sua preocupação com o meio ambiente é antiga basta dizer que a primeira individual que fez foi no Instituto Cultural Brasil-Alemanha - ICBA, em Salvador-Ba, em 1994 chamada Paisagens Áridas. Ela não pintou a paisagem pela paisagem e sim pela pintura, pela cor e talvez a sua primeira apreciação foi feita por mim e publicada na coluna Artes Visuais, no Jornal A Tarde. Até hoje guarda este recorte do jornal, aliás ela tem também vários recortes, inclusive de outros jornais. Vi alguns com ilustrações que fez para um amigo que escrevia sobre música clássica no Caderno Cultural de A Tarde.  Lembrou que entre estas experiências que fez ia para a marmoraria pegar pó de mármore e nas serrarias coletar pó de serra e tudo isto colocava em suas obras. Jogava a tela no chão,ainda sem os chassis e fazia todo aquele processo que tinha visto nas obras do espanhol  Antoni Tàpies. Assim a Beth Sousa pintou suas paisagens áridas e corpos amorfos fugindo dos clichês que apresenta a paisagem pela paisagem. Aqui a cor e a expressividade ganham destaque com uma conjunção cromática predominando os tons ocres, laranjas, dentre outros criando uma atmosfera própria. Vi em seu ateliê uma tela com quase dois metros de comprimento onde Beth Sousa pintou uma paisagem imaginária e quando você fica diante da obra vai construindo mentalmente a sua própria paisagem, vai olhando aqueles pequenos traços horizontais que se multiplicam por todo o espaço e leva você a se afastar, a se afastar novamente para sentir a força desta obra e construir sua narrativa. Não as narrativas falsas que vemos se multiplicar na política atual, mas uma narrativa baseada no que está vendo, nas informações que possui e em seus sentimentos diante daquela obra. Lembra quando falei acima que a Beth Sousa se emocionava e até chorava quando via as obras dos grandes mestres do neoexpressionismo alemão? Não é preciso chorar, basta se emocionar!

O neoexpressionismo que ela se identifica nasceu como uma resposta de alguns artistas à arte moderna especialmente ao concretismo e ao minimalismo que se caracterizam pelo design e também pela simplicidade. Surgiu na década de 70 na Alemanha e se espalhou por todo o Continente europeu a partir da década de 80 até atingir os Estados Unidos, este grande mercado de arte. Os alemães costumam chamar de Neue Wild que significa Novos Selvagens e nos Estados Unidos de Bad Painting, pintura ruim ou suja. Mas, o importante é que hoje é um estilo concretizado e respeitado principalmente na pintura pela liberdade e o seu caleidoscópio de cores fortes e vibrantes.

                                           REBELDIA

Beth Sousa pintando um mural no
do bairro do Rio Vermelho
.
A jovem Elisabete Regina Conceição Sousa é filha do casal evangélico José Brito de Sousa e Isolina Conceição Sousa. Nasceu em onze de outubro de 1965, no bairro do Barbalho, em Salvador. O primário cursou na Escola Santo Antônio, uma escolinha particular, que funcionava no bairro onde morava. Estudou o ginásio dois anos no Instituto Feminino da Bahia e depois foi para o Colégio Serra Valle, na Pituba, onde concluiu o ginásio e o segundo grau. No colégio sempre foi uma aluna com certa rebeldia e desde esta época que passou a se interessar por arte. Ia para as Oficinas do MAM-Ba e depois para os cursos livres da Escola de Belas Artes, procurando se entrosar com os estudantes de arte daquela época. Adiantou que durante sua adolescência gostava mais de andar pelo Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM-BA. Estudou por lá e lembrou que o que sabe de gravura aprendeu com Paulo Rufino, estudou ainda com Guache Marques e Florival Oliveira no MAM-Ba e na EBA com o professor Luiz Gonzaga. Batia de frente com a rigidez de horários e outras exigências formais das escolas onde estudava.

Mesmo antes de se formar em Belas Artes começou a participar de exposições coletivas, e de salões que naquela época eram realizados em Salvador, especialmente no Museu de Arte Moderna da Bahia e também os salões universitários dos quais fui jurado em alguns deles. Beth Sousa disse que estava neste processo de mudança e passou a receber convites para expor. Ia para o campo para fotografar a paisagens e lá disse que encontrou outros elementos como alguns fósseis que passou a incluir em suas obras. Terminou expondo na França, Portugal e na Espanha juntamente com outros artistas. Nesta época estava estudando e experimentando as cores e os tons. Ficou buscando pintar com ausência do figurativo. 

Obra da série Paisagens Áridas, 1993.
Vamos dar um passeio sobre os momentos da arte de Beth Sousa a começar pela sua  Série Paisagens Áridas onde podemos sentir a influência direta de Anselm Kiefer .
Ela priorizou a policromia e direcionou o tema para o seu próprio contexto social.  Diz a artista que sobre os trabalhos da Série Paisagens Áridas: “A partir de 1993, já́ em Salvador, dei início a uma pintura com elementos amorfos, inspirada nas paisagens áridas do Nordeste da Bahia, com sua vegetaçã
rareada, pontuada de cactos, mandacarus e palmas. Dentro desta concepção, a vegetação, a terra e os animais carcomidos pelo tempo passaram a ser representados através de densas camadas de tinta acrílica com a sobreposição de materiais diversos como juta, placas de papel e imagens de revistas coladas sobre a tela. As paisagens, sempre retratadas sem a indefectível linha do horizonte, faziam com que os seus elementos se confundissem entre figura e fundo, instigando a percepção do observador e evitando uma leitura paisagística convencional.” E finaliza dizendo que os trabalhos realizados nesta série apresentavam figuras lânguidas, distorcidas e indefinidas que reproduziam a tragédia dos que “sobreviviam sob o sol causticante que o aquecimento global só́ tenderia a tornar ainda mais dramático.”

Obras da Série Fósseis, 1998.
Em seguida volta em 1998 Beth Sousa agora com a Série Fósseis depois de observar que este clima insípido do sertão nordestino resultava em mortes de alguns animais os quais deixavam nos seus restos mortais vestígios de sua passagem por aquela região. Disse Beth Sousa que “0 registro do processo de decomposição me instigou a desenvolver a Série Fósseis, mesmo sem a intenção de me aprofundar no estudo da Paleontologia. Ao incursionar pelo interior da sua massa corpórea, descobri a plasticidade das espinhas e do esqueleto fossilizados e de suas partículas, esta estrutura de ossos e esqueletos sem os quais o corpo seria uma massa amorfa, por sua correlação com o fim, a morte, tende a ser associado ao feio, repelente, aterrador.”

O que lhe interessava era a plasticidade das formas e os tons monocromáticos, valorizando o branco e eliminando os elementos que conjugavam a composição da fase anterior. Ainda com o mesmo estilo na representação dos elementos, a dualidade das imagens que se confundem com o fundo em um figurativo abstrato deixa a critério de cada espectador entrar na obra para formar as imagens de acordo com sua própria percepção”, declara.

Vemos uma obra da Série Soft inspirada na
plasticidade do cilindro do papel higiênico,
 2000/2006.
A terceira fase que ela denominou de Série Soft vai de 2000 a 2006 depois de quase uma década de “pesquisa de materiais, novas formas e temas emergiram e o que era amorfo começou a se definir. As figuras apareciam naquela ocasião com uma nova poética, ao pinçar elementos do cotidiano, captando sua essência plástica e elevando-os à dimensão de obra para a contemplação artística. Esta nova temática passou a compor os trabalhos de então com o resgate de objetos do dia a dia, a valorização da sua utilidade e conversão em tema para a representação artística é o ponto de partida” é bom salientar diz Beth Sousa que “é a plasticidade destes elementos que vai determinar a escolha como elemento central da composição. A opção de trabalhar privilegiando o papel higiênico se insere neste contexto. A partir daí́, no início da década de 2000, comecei uma nova série em grandes dimensões, intitulada Soft.”Lembra que “nos primeiros trabalhos, a imagem do rolo de papel ainda era indefinida, a percepção era concomitantemente visível e invisível, isto é, o elemento central da pintura era o rolo de papel higiênico solto no espaço, transpassado horizontalmente por um objeto cilíndrico, fora do seu contexto habitual. No entanto, desviei-me do caráter figurativo, narrativo ou ilustrativo da forma, neutralizando a representação.”

Objetos feitos de bonequinhos  plásticos,
que foram queimados para representar
as crianças chacinadas em 1993 no pátio
da Igreja da Candelária, RJ.
Os acontecimentos políticos, sociais e ambientais da sociedade brasileiras sempre são motivos para a artista se expressar através da sua arte engajada. Agora ela se debruçou sobre a chacina de crianças em frente à igreja da Candelária no Rio de Janeiro, Brasil e produziu a série Chacina utilizando linguagens diversas como esculturas, instalações e objetos. Guardou tudo isto durante a década de 1990 e seus trabalhos tridimensionais finalmente apareceram ao público na Série Chacina que curte e gosta de arte. Escreveu Beth Sousa que “eles surgiram como tradução da violência social brasileira, como representação de pessoas que se arvoravam de coragem para enfrentar as durezas da vida, daquelas que morreram na chacina da Candelária, enfim, do conturbado cotidiano da época. As terríveis imagens da chacina da Candelária em 1993 ficaram gravadas na minha mente, por muito tempo, trazidas pelas manchetes de todos os jornais e revistas que a ela se reportavam. Os trabalhos representados são de figuras mórbidas que retratam a imagem de um povo que sobrevive em condições sub-humanas”.Diz ter utilizado este conjunto de materiais simples como os pequenos bonecos de plástico com 10 cm de tamanho adquiridos em feiras e pequenas lojas populares de miudezas, São bonecos utilizados muitos por artesão como aqueles que conhecemos e são largamente vendidos aos turistas vestidos em traje típico de baianas.

Fotos do vídeo da Série Quem tem Medo
das Ginas, exibido no MAM-Ba, em 2012.
Finalmente temos a Série Quem Tem Medo das Ginas produzida entre 2008 a 2015 quando ela se utiliza da imagem de uma mulher loira e de olhos azuis, cabelos lisos para contestar este padrão estético de Gina pela mídia tradicional. “Confessa que “a partir da análise da imagem original estampada em uma caixa de palitos de dente questiono, ainda, estes ideais de beleza almejados pelas mulheres que, de um modo geral, procura incessantemente artifícios oferecidos pelo mercado para imitar as pops stars.” 
Diz ainda que “a pintura   já́ não me satisfazia plenamente enquanto forma de expressão, daí́ a necessidade de como  experimentar outras linguagens a fotografia, a videoarte, e novas web-artes surgiram através das formulações dos planos de aula, ainda como professora substituta da Escola de Belas Artes da UFBA (2008 /2010). Circundada por essas questões, atentei para o corpo e as tensões e cobranças que permeiam o universo feminino e fiz alguns laboratórios, na tentativa de me expressar através da imagem em movimento. A partir daí́, as reflexões deram encaminhamento a minha pesquisa teórico-prática, cujo tema foi o fio condutor para o desenvolvimento de uma poética.”

“A partir dessa experiência, senti a necessidade de maiores investigações sobre a corporeidade na arte contemporânea através das artistas precursoras da Body Art e de destacar as que subverteram os limites do corpo.” O contexto do vídeo feito em 2012 “trata de três personagens Gina, Regina e Efésios. As moças moram em um apartamento antigo no centro da cidade de Salvador, onde compartilham um cotidiano nefasto e uma semelhança em suas histórias de vida. Regina é modelo, 18 anos, negra, rosto infantil, olhar triste, alta e anoréxica. Sua personagem chama a atenção para a exploração do feminino pelas mídias e pela publicidade quando mostra a esqualidez do seu corpo. A representação do corpo feminino anoréxico é uma reflexão da cultura lipofobia, o culto ao corpo e a tirania midiática determinada pelo mecanismo do mercado como contragolpe as manifestações dos anos setenta. As maiores vítimas da obsessão à magreza são as adolescentes, alvos de preferência do mercado. As jovens que sonham em conseguir um lugar no pódio como top model, influenciadas pelas falsas promessas ilusórias da mídia, submetem-se as dietas exageradas que, muitas vezes, as levam à morte.”

                                PRÊMIOS E EXPOSIÇÕES

Obra exposta na 2ª bienal de Gaia,
 Portugal,2017. Acrílica sobre tela.
Em 2012 - Contemplada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Fundo de Cultura) com o Projeto “Quem Tem Medo das Ginas”; 1991 - Menção Especial l Bienal do Recôncavo, São Félix-Ba, Centro Cultural Dannemann e em 1991 – 1º Prêmio do Vll Salão FASC de Artes Plásticas, São Cristóvão - SE, Universidade Federal de Sergipe. 

Já fez três exposições individuais sendo a primeira em 2012 – Quem Tem Medo das Ginas – Museu de Arte Moderna da Bahia; 2005 - Arte Soft no  Hotel Sofitel – Salvador BA) e 1994 - Beth Sousa (Galeria ACBEU – Salvador – BA).  Participou de  exposições coletivas aqui e fora do país. Vejamos em 2020 – Arte Como Respiro – Itaú Cultural – SP; 2020 – 20º Salão Nacional de Pequenos Formatos de Britânia - GO; 2018 – Arte de Passagem – Itinerância pela Arte Contemporânea da Bahia (Museu de Arte da Bahia); 2018 – II Feira de Arte de Goiás (Fargo), (Vila Cultural Cora Coralina - Goiânia – Go); 2017 – 2ª Bienal Internacional de Arte Gaia. (Gaia-Portugal) ; 2011- Entre Folhas Galeria Cañizares - Salvador - BA); 2010 - Corredores Digital /Curadoria com Caetano Dias (CASACOR BAHIA); 2010 - Entre Folhas (Centro Cultural Dannemann); 2009 - Circuito das Artes ( Galeria ACBEU – Salvador - BA); 2009 - Lançamento do Catálogo do Acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA); 2009 - Mulheres em Movimento (Galeria Cañizares – Salvador - BA);  2009 - Circuito das Artes (Galeria ACBEU - Salvador - BA); 2007 - Circuito das Artes, (Palacete das Artes); 2006 - Nove de Fora, (Galeria Por Amor à Arte – Porto - Portugal); 2006 - Olhar Contemporâneo , (Galeria de Artes Paulo Darzé́; Salvador – BA); 2005 - Bahia à Fora (Galeria Terra Fértil - Buenos Aires); 2004 - Coletiva , (Galeria ACBEU –Salvador – BA); 2003 - Exposição Coletiva ICBA - Instituto Cultural Brasil Alemanha  ;   2003 – Exposição Lançamento do Catálogo do Acervo da Galeria ACBEU , (Galeria ACBEU - Salvador – BA); 2002 - Exposição Coletiva , (Galeria de Artes Paulo Darzé́ - Salvador - BA);  2002 - IV Mercado Cultural , (Galeria ACBEU - Salvador - BA); 2002 - Pintura Bahia 2002 (MAM-BA); 2001 - Exposição Coletiva , (Galeria ACBEU Salvador Bahia ); 2001 - 14 Fragmentos Contemporâneos, (Galeria 57 – Leiria - Portugal);  2000 - Exposição Coletiva , (Galeria ACBEU Salvador Bahia); 2000 - Exposição Coletiva  , (Galeria Moacir Moreno Salvador -BA); 2000 - Exposições Comemorativas aos 25 anos da Galeria ACBEU (Galeria ACBEU Salvador Bahia); 1999 - Exposição Arte Salvador 450 anos (MAM-BA); 1999 - Pintura Contemporânea da Bahia (Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães Recife - Pernambuco);1999 - 100 Artistas Contemporâneos da Bahia (Museu de Arte Sacra- BA)  ; 1998 - Arte Salvador 450 Anos (MAM-BA); 1998 – Exposição Ba - Go Brasil ,(Fundação Jaime Câmara – Goiás); 1998 - Bahia à Paris, (Galeria Magnan – Paris - França); 1998 - Pintura Contemporânea da Bahia - (Galeria Arvore – Porto- Portugal). 1998 - Tropicália 30 anos (MAM-BA); 1997 - 7 Artistas Contemporâneos Baianos (Central Hispano – Barcelona- Espanha);1997 – Exposição Porto da Barra (Espaço Cultural Telebahia – Salvador - BA); 1996 - lll Salão MAM Bahia de Artes Plásticas (MAM-BA); 1996 – Exposição Ararinha Azul (MAM-BA); 1995 - Exposição Comemorativa 20 anos da Galeria ACBEU, (Galeria ACBEU - Salvador) ;1995 - lI Salão MAM Bahia de Artes Praticas (MAM-BA); 1995 - lll Bienal Do Recôncavo (Centro Cultural Dannemann – São Felix- BA); 1995 - UFBA Traduz Bahia (Galeria Cañizares – Salvador-Ba); 1994 - Artistas Emergentes da Bahia ; 1994 – X Salão FASC de Artes Plásticas (Centro de Cultura e Artes – Universidade Federal de Sergipe); 1991 - Exposição dos Artistas Premiados da l Bienal do Recôncavo (Fundação Gregório de Mattos Salvador Bahia) e em 1991 - I Bienal do Recôncavo (Espaço Cultural Dannemann São Felix – BA).


 

sábado, 23 de março de 2024

MÁRIO BRITTO SE EXPRESSA INFLUENCIADO PELA POP ART

Mário tendo atrás  obra de 
sua autoria de uma mulher
oriental.
O artista baiano Mário Britto é pintor, desenhista, ilustrador, muralista, restaurador e educador. Desde os quatro anos de idade que começou a desenhar e era um preocupação para a família porque se tivesse um lápis ou uma caneta nas mãos ia desenhando em tudo que encontrasse pela frente. Em sua casa tinha um conjunto de móveis forrado de napa  e ali ele se jogou e desenhou tudo que vinha na cabeça. Seus pais ficaram aborrecidos, mas o seu talento foi defendido por um tio que era arquiteto e trabalhava na tradicional Loja Oswaldo Araújo, que vendia materiais para arquitetos e engenheiros, situada na Rua Carlos Gomes, no Centro de Salvador-Ba. Seu pai tinha uma pequena escola chamada de Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, que funcionava num imóvel perto do cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, e foi lá que concluiu seu curso primário e o ginasial na Escola São José, localizada na Rua da Imperatriz, e em seguida foi fazer o segundo grau no João Florêncio Gomes, no bairro Ribeira, em Salvador-Ba. Sua família morava próximo no bairro da Boa Viagem onde passou sua infância, mas confessa que não teve muita liberdade porque seus pais não deixavam que fosse brincar na rua com receio da violência, que já começava a assustar as famílias baianas. Seu pai tinha a escola, mas também exercia a função de escrivão na Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Talvez pela proximidade com as ocorrências policiais ele protegia mais os filhos e evitava muita exposição nas ruas. Já sua mãe Noely Pessoa Gomes era enfermeira e trabalhava no Hospital das Clínicas, da UFBA.
Vemos uma bela natureza morta
onde a leveza encanta os olhos.

O seu tio Wilson Pessoa Gomes passou a lhe fornecer cadernos e lápis de cor para que desenhasse até que ao terminar o segundo grau no Colégio João Florêncio Gomes, no bairro da Ribeira, em Salvador-Ba, ele decidiu que queria fazer vestibular para a Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. Porém, seu tio e os pais pressionaram para que fizesse para arquitetura, e assim ele se inscreveu e foi aprovado na segunda opção que foi Geografia. Em 1989 o vestibulando tinha que colocar três opções quando iria fazer o vestibular. Começou a frequentar, mas sentiu que não era a sua praia porque o que mais lhe assustou é que o curso de Geografia tinha muita Matemática, disciplina que muitos evitam. Porém, saía todos os dias de casa para a faculdade e pouco frequentava as aulas de Geografia. Isto até que o ano acabou e sem ninguém saber se inscreveu para um novo vestibular desta vez para a Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia, sendo aprovado e foi aí que realmente se encontrou com seus desejos e aptidões.

                                                        SONHO REALIZADO

Página do Jornal A Tarde
 da História em Quadrinhos
da Batalha de Pirajá.
Disse Mário Britto que aí seu sonho começou a se realizar e lembra que teve bons professores como a Graça Ramos, os saudosos Ailton Lima e Riolan Coutinho, dentre outros. Seu gosto pelo desenho o ajudou nas disciplinas e sempre era um dos mais destacados nos exercícios e trabalhos da EBA, onde se formou em 1995. Mas, ao terminar a Escola de Belas Artes e foi enfrentar o mercado sentiu muito as dificuldades e a falta de apoio que encontram os jovens artistas em nosso país, e particularmente na Bahia. Lembro que nos anos 70 e 80 existiam em Salvador-Ba um número considerável de galerias e outros espaços culturais que davam oportunidades aos jovens artistas, inclusive buscavam empresas para ajudar no patrocínio do convite, do coquetel e outras despesas para a realização de uma exposição. Fez trabalhos de restauração em obras de arte da Associação Comercial da Bahia dentre outras e também algumas curadorias.

O Mário Britto fez sua primeira exposição na Galeria do Aluno  da EBA, em 1993, local onde os alunos  dão os primeiros passos visualizando o aprendizado e o mercado de arte. Nesta estreia eles vêm a reação do público, os elogios fáceis de parentes e amigos e algumas críticas positivas ou não para que possam corrigir e melhorar seu desenho, sua pintura. Porém, com Mário aconteceu diferente porque quando ele ainda estudava o primário da Escola Sítio da Petizada, com onze anos de idade   participou de um concurso promovido

Obras de Mário Britto com
rostos de mulheres,tema que
ele aprecia muito pintar.
pela rede de supermercados o Paes Mendonça, que era proprietária dos principais mercados de Salvador, e foi vencedor . Isto foi no ano 1979 quando a rede de supermercados foi inaugurar a loja no bairro do Pirajá, local onde se desenrolou a famosa Batalha de Pirajá ocorrida em 8 de novembro de 1822. Porém, os baianos só expulsaram definitivamente os invasores portugueses em 2 de julho de 1823, consolidando definitivamente a Independência do Brasil. A empresa de publicidade Publivendas que atendia a conta do Supermercado Paes Mendonça, dirigida pelo saudoso Fernando Carvalho, teve a ideia de realizar este concurso e a premiação era uma viagem à Disney do estudante vencedor oriundo de um colégio público com direito a levar um acompanhante com todas as despesas pagas pela empresa. Era um concurso de redação sobre a Batalha de Pirajá. Porém, o Mário Britto teve uma sacada diferente e fez seu trabalho com uma História em Quadrinhos contando a saga dos baianos naquela batalha sangrenta onde saíram vencedores. A comissão gostou da ideia e o premiou.
Como podemos observar Mário Britto tem uma predileção por pintar a mulher  me disse que isto acontece devido "a beleza, a plasticidades  e a inteligência das mulheres". Fez algumas exposições com a temática baseada na pintora mexicana Frida Khalo e devido a ter feito essas exposições homenageando a feminista alguns insistiam em chamá-lo de "o pintor de Frida Khalo", coisa que ele acha normal, mas não concorda porque sua obra é  versátil e abrangente.Todo seu processo pictórico parte do  imaginário , mas ele tem uma pegada de influência da Pop Art que surgiu nos anos 50 e se espalhou pelo mundo tendo o Andy Wahol como um dos seus mais conhecidos representantes. Este movimento se  identifica com temas relacionados ao consumo, a publicidade e ao estilo de vida americano. No entanto, esta denominação surgiu em 1950 na Inglaterra. Vemos portanto, que as mulheres de Mário Britto têm uma semelhança com personagens de Histórias em Quadrinhos e desenhos publicitários. O colorido é forte, os traços livres e um pouco caricaturescos, mas a sua arte tem a influência também na cultura baiana . É preciso ter um bom domínio do desenho para se chegar a este nível de pintura.

                                                                         GALERIA 13

Mário Britto ao lado do galerista
e performático Deraldo Lima
.
Foi a icônica Galeria 13 localizada na Rua das Laranjeiras, 13, no Centro Histórico de Salvador-Bahia criada pelo artista  performático Deraldo Lima onde ele fez a primeira exposição num espaço comercial. É bom dizer que o Deraldo quase não queria receber nada dos artistas, era um homem completamente desconectado com dinheiro. Gostava de estar no meio dos colegas artistas e sempre procurava fazer suas performances e até chegou a pintar. O Mário Britto faz questão de dizer que Deraldo Lima foi fundamental para que ele continuasse como artista porque “a Galeria 13 era um espaço democrático e lá a gente encontrava muitos colegas e também alguns malucos do bem! O Deraldo Lima confiou no meu trabalho, sendo eu um artista iniciante, e quando vendi algumas obras ele não queria receber a comissão, mas fiz questão de pagar, porque sabia da dificuldade e dos custos para manter uma galeria em funcionamento," disse Mário Britto. 

Xilogravura colorida 
de Mário Brito.

“Depois fiquei sabendo que ele tinha herdado uns imóveis na área e que recebia aluguéis, mas  resolveu vende-los e comprou um sítio no subúrbio nas bandas de Periperi. Porém, anos depois ele vendeu e retornou para o Gravatá, que foi onde permaaneceu  morando por mais tempo em Salvador. Infelizmente foi consertar o telhado e subiu numa escada e terminou caindo e falecendo desta queda”, disse Mário Britto.

Fez exposições individuais: 2018 – Bazar /Artes do Artista Visual Mário Britto, na Galeria Pousada Solar das Artes na Rua das Laranjeiras, Pelourinho, Salvador/Ba; 2015 – Exposição Devaneios sobre Frida Kahlo, na Pousada Solar das Artes, no Pelourinho, Centro Histórico, Salvador - Ba; 2013 – Exposição Frida Kahlo in Neverland, na Casa 14 Galeria, no Centro Histórico. Salvador – Ba; 2012 Exposição   Dois Mundos, no Teatro XVIII, no Centro Histórico, Salvador – Ba; 2011 Exposição Frida Face’s, no Teatro do Gamboa Nova em Salvador-Ba; 2008 Exposição “Frida Kahlo na Livraria  Siciliano , no Shopping Iguatemi, Salvador – Ba; 2007  Exposição Fixação e Ficções Sobre Frida Khalo, na Galeria Nelson Dahia, no espaço SENAC – Pelourinho ,  Salvador – Ba; 2006  Exposição Frida Kahlo e o Deserto de Cactos Amarelos, na Galeria de Arte Carlo Barbosa, em Feira de Santana – Ba; 2004 Exposição Revisitando Frida Kahlo, na Galeria Moacir Moreno ,Teatro XVIII, Salvador – Ba; 1998 a Exposição  Aeroanjos, na Galeria XIII no Centro Histórico, Salvador- Ba e em 1993 a Exposição Darkness, na Galeria do Aluno, Escola de Belas Artes, bairro do Canela, Salvador – Ba.

Um dos quatro murais que Mário fez
para o Shopping Liberdade em 2003.
Entre as várias exposições coletivas que participou destaco: 2020 a Expô Coletiva , na Pousada Solar das Artes, Centro Histórico, Salvador, Bahia; 2016 A Exposição Imago Mundi, por .Luciano Benetton Collection, em Veneza, Itália; 2014 - Reabertura da Galeria 13, na Casa de Batatinha, numa Homenagem a Deraldo Lima no Bar Toalhas da Saudade, Ladeira dos Aflitos, Salvador-Ba; 2010 A Exposição Divas & Amp Pin Up’s, Galeria Moacir Moreno, no Theatro XVIII, no Centro Histórico, Pelourinho, Salvador-Ba; 2009;  Exposição Melleril , Retrospectiva Sincrética, no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira (MAC), em Feira de Santana -Ba; 2009 a Exposição APRAZ -  A paz Sincrética, na Biblioteca Juracy Magalhães Junior, Ilha de Itaparica – Ba; 2008 Exposição Coletiva Caminhos Plásticos, Casa do Benin, Salvador-Ba; 2008 a mostra  Paisagem Urbana -  Intestino da Cidade III, Espaço Solução Visual, Salvador-Ba; 2007  a Exposição Intestino da Cidade II, Curadoria  da professora Graça Ramos, na Galeria de Arte Pouso da Palavra, em Cachoeira, no Recôncavo -Ba; 2007  Exposição Intestino da Cidade, no Centro Cultural Dannemamm, na cidade de São Felix-Ba; 2007 a Exposição coletiva Transgenias Virtuosas , na Associação Cultural Brasil-Estados Unidos - ACBEU – Pátio das Artes, Stiep , Salvador- Ba; 2007 - Exposição Psilocibina, Visões Sincréticas dos Paraísos Artificiais, no SESC- Casa do Comércio, Salvador-Ba;

Cartaz-convite da exposição
 Bazar das Artes.
2006 a Exposição Corpus Híbridus, Galeria do EBEC, Pituba, Salvador-Ba; 2005 a Exposição coletiva Excesso na Galeria Pierre Verger, nos Barris, Salvador-Ba; 2003 Exposição Todas as Mulheres do Mundo, Galeria do Bar Quixabeira, nos Barris, Salvador-Ba; 2000 A Primeira Mostra de Arte Solidária, no Conjunto Cultural da Caixa Econômica, Salvador-Ba; 1999 a Primeira Exposição Leilão de Arte do GACC , no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador-Ba; 1998  a Exposição 89 Revisto, no Bar Alambique, no bairro do Rio Vermelho, Salvador-Ba; 1998   a coletiva Ave Crist , na Galeria Pedro Archanjo, Centro Histórico, Salvador – Ba; 1998  a Exposição coletiva Belos e Malditos, na Galeria XIII , no Centro Histórico, Salvador-Ba; 1997 a mostra Linguagem do Caos, na Galeria XIII; 1995 a Opus 40, no Teatro Gregório de Mattos, Salvador-Ba e em 1995 participou da coletiva Fragmentum, no Shopping Barra, Salvador – Ba. Participou ainda em 2009 dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia com o coletivo Arte Sincrética, em Porto Seguro, Bahia e em 2005 do XXXI Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia.

                                                           RESTAURADOR E MURALISTA

Mário Brito pintando o mural no
porto  "Berimbaus ao Mar".
.
Já trabalhou na restauração de várias obras de arte em Salvador como na coleção da Associação Comercial da Bahia e na restauração do belo e grande painel de Lênio Braga, na Estação Rodoviária, de Feira de Santana, Bahia. Em 2004 trabalhou na restauração de imagens na igreja de São Francisco, em Salvador, dentre outros trabalhos de restauro. Executou em 2003 quatro murais nas paredes do Shopping Liberdade, no bairro do mesmo nome em Salvador -Ba com os nomes de Visões Aquáticas I e II, Baiana na Lavagem e Capoeiristas em Mosaico. Em 2002 executou um mural na parte de embarque no Terminal Marítimo de São Joaquim, em Salvador. Em 1998 participou do projeto de Execução de murais no porto de Salvador quando foi um dos selecionados pela Companhia de Navegação Baiana – CODEBA quando pintou o mural Berimbaus ao Mar.

quinta-feira, 21 de março de 2024

COLUNA ARTES VSUAIS DE 8 DE AGOSTO DE 1994 - JORNAL A TARDE- SALVADOR -BAHIA

 


sábado, 16 de março de 2024

ANA CASTRO E SUA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE

Ana com obra que ainda está esticada
 em seu ateliê.
Fui ao encontro de uma arquiteta inquieta e criativa que enxerga o que está acontecendo ao seu redor e também bem longe daqui. Trata-se de Ana Castro que já fez sete exposições individuais e participou outras coletivas mostrando que é preciso cuidar do Planeta e principalmente de nosso entorno onde vivemos e devemos preservar a natureza e toda sua exuberância para a nossa sobrevivência. Seu trabalho podemos dizer que é visceral, forte e único. Ela deixa de lado a sua visão cartesiana de arquiteta das linhas e espaços medidos e planejados para se jogar diante de telas brancas e grandes sem nada planejar. As ideias vão fluindo como notas de uma música que ouvimos pela primeira vez sem saber o que vem pela frente. Viajada e experiente tendo morado em várias cidades ela tem uma visão aberta para as novidades que se apresentam e como uma ave noturna prefere dar seus voos quando o sol vai se pondo até a hora que aguentar ou for necessário. 

Obra da série Soltando os Bichos, 2004.
Seu estúdio guarda obras que já deveriam ter sido expostas para dividir conosco a beleza e a grandiosidade das suas composições, das suas cores vibrantes e de suas ideias para que possamos nos deleitar e aprender com as viagens pelas paisagens do Universo Sideral, da Chapada Diamantina, e dos mares daqui e de outros lugares distantes do nosso Planeta Azul. Ela sempre quando nos apresenta toda esta gama da natureza que nos cerca chama a nossa atenção que é urgente cuidar e diz que um simples copo de plástico que deixamos cair na rua ou nas praias vai terminar poluindo nossos rios, lagos ou o mar.  Pesquisou as ilhas de plásticos que já se formaram nos oceanos e uma delas localizada no Pacifico Norte entre a Califórnia e o Havai tem 1, 6 milhão de Km quadrados de extensão, mais de dez metros de fundura e pesa 80 mil toneladas. Existem cinco ilhas de plásticos sendo duas no Atlântico Sul e Norte, duas no Pacífico Sul e Norte e uma no Oceano Índico e são dispersados microplásticos nas águas dos oceanos que se desprendem das embalagens de plásticos que se acumulam levados pelas correntes marinhas. Isto é muito prejudicial à saúde dos animais marinhos e também dos humanos.

Ana ao lado de uma tela em acílico 
da série Mixórdia, 2006.
Desde os anos noventa que trabalha com artes gráficas e digitais e até os convites de suas exposições são feitos por Ana Castro. Chegou até a trabalhar numa agência de publicidade. “Não virei artista de uma hora para outra porque desde criança que desenho, e sempre fiz algo de pintura sem qualquer preocupação profissional. Porém em 2000 decidi pintar e passei a me dedicar e não mais parei. Já se vão quase vinte e quatro anos.” É autodidata e foi fazendo esta transição de arquiteta para artista visual paulatinamente. “Ela diz que são coisas diferentes porque quando trabalha como arquiteta tem que ficar ali focada, cartesiana, muita coisa técnica e ficar ali concentrada. A arte me trouxe mais liberdade. O que pinto é o que sinto naquele momento. Não tenho um processo especial para pintar. Sou autoral”, completa Ana Castro. É como uma fotografia que eterniza aquele instante que não volta mais. Não tem aquele processo de pensar muito sobre. “Venho sentindo aquela vontade de fazer uma pintura daquele jeito e aí sento e faço.”

Obra em acrílica sobre tela, da série
 Natureza Morta, 2013.
As coisas vão fluindo naturalmente para ela como as águas de um regato descendo num vale e de repente tem uma depressão e as águas se lançam do alto até fluírem novamente, suavemente até encontrar um rio ou mar onde deságuam. Ela disse que é hiperativa e autoral, fica querendo fazer as coisas sozinhas. Mas que tem horas de mansidão,de calmaria.            Começou a pintar e desenvolver a sua linguagem com nanquim que usava na arquitetura. Não gosta de pintar em telas pequenas, porque segundo me disse lhe causa uma certa ansiedade. Já com as telas maiores se joga, se sente mais livre e viaja na sua pintura entre as cores vibrantes que se entrecruzam e criam paisagens rurais ou marítimas e até do Universo. Gosta de esticar a tela na parede e começar a pintar.

Obra inspirada no Universo da série 
Princípio Uno, 2012.
Casou em 2001 e foi morar em Petrópolis onde passou três anos. Continuou fazendo online uns trabalhos de arquitetura que tinha começado, mas lá não conseguiu continuar sua carreira de arquiteta. Ela acha que na cidade serrana carioca a sociedade é muito fechada e o novo morador não consegue um entrosamento com a facilidade com o que acontece aqui. Fez um estúdio na casa que tinha alugado em Petrópolis e passou a pintar. Ocorreu que perdeu uma irmã jovem num acidente de carro e resolveu voltar para dar atenção ao seu pai, que já tinha também perdido a esposa, sua mãe, em outro acidente de carro. Logo depois em 2004 resolveu expor as obras que tinha pintado em Petrópolis e assim o fez no período de 4 de novembro a 4 de dezembro, no Restaurante Miscelânia Chic, localizado na Rua Ilhéus, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador-Ba. Foi ela que fez o convite,
Um anjo branco da série
Mixórdia, 2006.
escolheu as fotos para ilustrar e deu o nome a mostra de Soltando os Bichos, quase uma catarse querendo passar uma borracha em algumas coisas desagradáveis que aconteceram. E conseguiu. Ela descreveu a sua mostra como “um passeio pelo imaginário, às vezes lúdico, às vezes dramático, explorando insistente e instintivamente formas, movimentos e cores. Percebendo a natureza de uma maneira simbiótica, transformando plantas e bichos, peixes em flores, num sentido metafórico, do abstrato ao figurativo. Dando vazão ao puro prazer de pintar, Bichos que existem no subconsciente, assim procuro definir a minha pintura”. A exposição foi um sucesso vendeu um bom número de telas e isto a encorajou a continuar pintando e pensar em mostrar outras obras. Foi quando o galerista e homem do comércio o Nino Nogueira chamou para expor em 2006, na rua da Paciência, 259, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. A exposição aconteceu de 23 de maio a 23 de junho de 2006 e deu o nome de Mixórdia e encontramos no dicionário Michaelis que mixórdia é um substantivo feminino que significa “mistura de coisas variadas; maçarocada, mexerufada, mistifório, salsada, tiborna. 2 Situação confusa ou atrapalhada; balbúrdia, complicação, embrulhada.” Ana Castro explica no convite da exposição que ao definir o título buscou coerência com o que apresentou ao público, ou seja, “uma mistura de vários temas, símbolos e signos diversos, sem muito compromisso com a unidade do conjunto”. Ela imaginou como se fosse uma exposição coletiva de vários artistas pintando cada um ao seu estilo e segundo ela isto pode ser entendido como um reflexo da própria personalidade “onde coexistem várias Anas o tempo todo...”.

Embora nada tenha sido planejado vemos que ela vem mantendo uma sequência de expor de dois em dois anos. Chegamos a 2008 e ela retorna com a exposição Nem Tão Verde Assim, também a convite de Nino Nogueira já em sua galeria/casa de decoração na Rua Timbó,198, no bairro Caminho das Árvores, em Salvador. O convite traz um poema de seu irmão André Castro chamado de Amazônia Burning. Sabemos que Burning significa ardente, queimando. Esta veia poética que também a Ana Castro tem, vem de longe dos seus antepassados porque são parentes do grande poeta baiano Antônio de Castro Alves. O poema: “Ouve o canto metálico estridente/Das mórbidas serras afiadas/E dos seus assombrosos dentes/Cravados em vidas ceifadas. / Vê as veredas abertas repletas / De tocos, multidão de amputados /Das lindas frondosas florestas/Vê seus corpos mutilados. /Sente o cheiro do óleo diesel /Do maldito motor sujo? E o gás venenoso invisível/Cede ao pulso do venal jugo. / Desfruta do luxo morto/Que envaidece a nobre dama/E cobre o burguês conforto/Espoja-se nessa lasciva cama. /Festeja ao redor da fogueira/Da velha árvore ao broto criança/Navega no mar da poeira/ Sepulta qualquer esperança. / Corta precisa, motoserra, a veia/Deita machado, à esmo, incerto/ Que jorre sangue, que sangre a seiva/ Abram-se os veios deste deserto.”

Ana envolvida nas estampas das obras  
e de sua veste na exposição da série
Estampa, de 2010, que fez em sua casa.
 “Como definir uma coisa que não cabe definição? Impressões do cotidiano, natureza viva,
velocidade, luminosos, suavidade da seda, sobreposição de cores, abuso de pincel... Estampa. Minha pintura é entendida pelo olhar. Não consigo explicar com palavras o sentimento e energia transferidos às telas. É visceral, forte e intenso. Uma entrega, uma catarse”, escreveu Ana Castro na sua nova exposição que deu o nome de Estampa, que fez na sua própria casa no Caminho das Árvores. Retirou tudo da sala principal e pendurou suas imensas telas e abriu para receber seus convidados de 9 de novembro 11 de dezembro de 2010. Ela fez esta exposição depois de retornar uma viagem ao Japão, quando teve a oportunidade de conhecer várias cidades e um pouco da cultura do povo japonês. E sua amiga Lígia Aguiar escreveu: “Ao retornar neste ano de uma viagem ao Japão, Ana mudou sem perceber, a sua paleta de cores. Antes, a suavidade imperava em suas diáfanas e delicadas tonalidades. Nas últimas telas a escala tonal revelou-se alta cm fortes pigmentos. Também pudera, ao conviver com o agito da Terra do Sol Nascente, a artista assimilou o ritmo veloz e colorido da sua cultura tradicional, mesclada com a popular modernidade dos mangás, mas conservou a sua integridade. Isso só fez reforçar o conceito inicial da sua proposta”.

Talvez sobre a influência do esposo Clemente Tanajura que é PhD em Meteorologia e estudioso de outros assuntos ligados ao Universo ela mergulhou seu olhar para os corpos celestiais e passou a observar as galáxias, planetas, satélites, estrelas, nebulosas e quasares. Quando fazemos esta observação vemos a pequenez do ser humano diante destes corpos celestiais e de nosso próprio Planeta e a fragilidade da vida. Encantada com as formas e cores pintou uma série de telas com esta temática e denominou de Princípio Uno e decidiu expor na Nino Nogueira Décor, na rua da Paciência, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, isto de 4 de outubro a 20 de outubro de 2012. Num pensamento que o Clemente escreveu com o título de Princípio Uno. Vejamos: Elo de tudo / matéria e antimatéria / éter e espírito/ tempo e espaço/ tudo é diferente / não há nada igual / nunca houve e nunca haverá, /mas tudo é feito da mesma / coisa e tem a mesma origem, /portanto / tudo é igual / TUDO É UM”.

Obra "Cardume", da série Amaromar,
ano de 2017.
A artista Ana Castro nos encanta  novamente ao viajar neste mundo fantástico onde ficamos extasiados quando observamos com cuidado este Universo onde estamos inseridos. Com seu pincel ela passa a nos mostrar as explosões, as cores em profusão, as pequenas partículas , a escuridão, a luminosidade. 
Como escreveu seu saudoso irmão André Castro : "Ana Castro surpreende ao viajar pelo fantástico./Embalada por um pincel,/cavalga as tintas sobre aquarelas e golpeia as telas,/ num doido galope pela imensidão./Na sua pintura ela brinca de  Deus,/ desenha mapas estelares/como se pontilhasse o céu,/ semeando grãos na escuridão,/ rebrilhando sóis, brotando quasares/ que 
solitários vagueiam ao léu./Às vezes ela faz um voo inverso,/ cria histórias fabulosas e pinta estrelas,/ borra nebulosas, constrói seu próprio universo/ e o aprisiona com sua gravidade,/ onde a idade não tem mais idade / e o tempo é só relatividade”.

"Alegria é pra ficar expansiva, dá risadas. Para pintar preciso está nostálgica, com minhas carências e assim me entrego a minha arte. Aluguei uma casa toda de pedra em Igatu. Coloquei um rack no carro e muitas telas e material de pintura. E levei meu cachorro um husky siberiano", disse Ana.Começou a andar muito com seu cachorro e passou a observar as flores, as cachoeiras, os arbustos, etc. Mudou completamente sem sentir a sua maneira de pintar. Passou a pintar mais abstrato. Igatu fica na Chapada Diamantina. Foi um mês enriquecedor e assim fez estas obras mais para o estilo abstracionista.

Ana Castro rindo  com o resultado da série
Natureza Abstrata que expôs em 2014.
Volta a expor em setembro de 2014 na Nino Nogueira Galeria de Arte, na Rua da Paciência, no bairro do Rio Vermelho, em Salvado-Ba com grandes telas em acrílica inspiradas na natureza daí o nome da exposição Natureza Abstrata. Numa total liberdade ela faz uma catarse com a força de suas pinceladas num tema que lhe é muito gratificante porque  tem uma preocupação visceral com a natureza que lhes cerca. Aqui se mostra mais livre para passear pelo branco das telas deixando suas pegadas como se fosse um animal solitário que vai trilhando o seu caminho em busca da sobrevivência. Ana Castro de repente retrata uma árvore frondosa e num passo seguinte encontra umas misteriosas flores vermelhas e em seguida tudo se mistura poeticamente. As obras não têm títulos, deixa ao observador atento nominá-las. Vemos aí a pintura pela pintura na sua verdadeira essência e nossos olhos começam a passear nesta natureza imaginária e virgem , passamos a descobrir coisas , formas e de repente somos interrompidos por espaços escuros. É hora de refletir sobre esta natureza pujante, mas que vem sendo agredida diuturnamente pelo homem com seus instrumentos potentes ou mesmo pelo simples e prejudicial gesto de jogar uma embalagem de plástico onde não deveria.

Instalação "Ilha de Plástico",
 feita de garrafas plásticas e
tiras de alumínio,  da série
 Amaromar, 2017.
Na conversa que tivemos e mesmo no catálogo convite Ana diz que foram morar em Santa Cruz, na Califórnia, Estados Unidos, onde seu esposo foi realizar um trabalho durante um ano de abril de 2013 a abril de 2014 e lá alugaram uma casa. Ela forrou as paredes e o chão e fez um dos ambientes o seu estúdio provisório, isto porque as multas nos contratos de aluguel nos Estados Unidos são significativas por qualquer dano que o inquilino possa ter feito ao imóvel. O tempo ainda estava frio e quando veio a primavera foi uma explosão  com muitas cores e flores. Aquilo lhe tocou de perto porque lá as estações são muito bem definidas. Portanto, enquanto na exposição anterior viajou pelo Cosmo agora com os pés fincados no chão passou a observar e retratar as belezas da terra. Pintou uma série de obras abstratas onde seu gestual é presença forte e lhe permitiu fluir. Revela que não tem a preocupação em seguir parâmetros, movimentos e tendências, porque é uma fiel defensora da liberdade de expressão do artista. Suas obras nos revelam também que Ana Castro dispõe de uma carga de energia muito significativa e assim ela transforma este potencial energético em belas obras para deleite de nossos olhos. São obras abstratas com fortes pinceladas e quando a gente fixa o olhar com mais atenção parece que as formas abstratas estão num constante processo de movimentação. Uma sensação de que ali tem vida, são as flores, as árvores, arbustos, ou seja, a vegetação em sua mais pura concepção plástica.

Ana mostra contentamento ao 
falar  sobre sua trajetória
 no mundo das artes visuais
.
Finalmente em 2017 faz sua última exposição no Palacete das Artes, e muitas outras virão. Esta mostra chamou de Amaromar e  escreveu:

Duas obras da série Nem  Tão Verde Assim,
de 2008, inspiradas na Chapada Diamantina.
“meu coração não é de plástico/ sou água, sou sal/ sou mar”. Também fez outra viagem e imersão desta vez na ilha de Boipeba, na localidade de Moreré. Alugou uma casinha simples e ficou por lá um mês em contato permanente com o mar e as pessoas simples que moram por lá. Passou a ficar incomodada com a poluição principalmente das embalagens plásticas que são jogadas no mar ou nas praias. Inquieta passou a recolher o que podia no entorno da casa onde estava. Com a preocupação que tinha com o meio ambiente com este contato direto passou a pintar várias telas inspiradas nesta agressão aos mares. Foi  pesquisar e descobriu as ilhas de plásticos imensas  que existem poluindo os oceanos e que as maiores em número de cinco tem uma delas tem 1,6 milhões de km2 , dez metros de fundura, pesa 80 mil toneladas e fica entre a Califórnia e o Havai no Oceano Atlântico Norte.

O elefante que antes encatava as crianças
no circo, da série Mixórdia, de 2006.
Também ficou sabendo que os copos plásticos e garrafas jogadas na praia perto da sua casa que tinha alugado eram deixados na praia por garotos que jogavam diariamente futebol ali perto. Foi até o mercado onde eles adquiriam os refrigerantes Dolly e solicitou da atendente que não desse copos plásticos porque eles estavam poluindo a praia. A moça não atendeu o seu pedido e a poluição continuava, daí ela decidiu  recolher as garrafas e copos plásticos. Foi aí que veio a ideia de usar este material em suas obras e assim fez tartarugas, pequenos peixes e até um tubarão com as garrafas e os envolveu com uma liga de alumínio para fazer as formas. Pediu a outras pessoas que juntassem este lixo plástico e recebeu alguns sacos cheios do material. Porém, teve que descartá-los porque alguns estavam com organismos marinhos que apodreceram e ficou um mal cheiro insuportável. Ela escreveu que “nesta exposição me aventuro na construção de esculturas de grande porte feitas de alumínio e do plástico que, inevitavelmente, seriam atirados nos lixões ou no mar.”

A Ana Cristina Paula Leite de Castro nasceu em Salvador no dia vinte e quatro de setembro de 1962. É filha de Hernani Silveira Castro e Ondina Paula Leite de Castro, que foi fundadora do Orfanato Ajuda Social à Criança Desamparada, que ficava no bairro do Rio Vermelho, em Salvador-Bahia, próximo a extinta maternidade Anita Costa, onde chegou a ter 130 crianças assistidas. Ela é arquiteta, artista visual, cenógrafa, designer gráfico, e produtora artística.

                                                       EXPOSIÇÔES    

Bela obra em acrílica sobre tela da série
Amaromar,de 2017, onde a cor amarela
sobressai exuberante.
Em 2022 participou da coletiva Recorte  da Produção Diversa e Contemporânea na Bahia, no Museu Rodin, Palacete das Artes, Salvador-Ba; em 2017 exposição individual Amaromar de pinturas, instalação e esculturas denunciando a poluição dos oceanos. Em 2014 volta a expor individualmente obras baseadas na natureza e deu o nome de Natureza Abstrata, inspirada nas paisagens da Chapada Diamantina, na Nino Nogueira Galeria de Arte, no bairro do Rio Vermelho, e Salvador-Bahia. Em 2013 participou de uma coletiva chamada Pancakes & Booze Art Show, com pinturas em acrílica sobre tela no Mezzanine Galery Jessie St. San Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Em 2012 fez uma individual chamada Princípio
Obra "Hiroshima", da série
Estampa, de 2010, inspirada 
na viagem que fez ao Japão.
Uno inspirada no Universo na Nino Galeria de Arte. Em 2010 volta a expor em Salvador desta vez em sua residência no Caminho das Árvores quando transformou a sala principal numa galeria de arte, com uma individual chamada Estampa com obras inspiradas numa viagem que fez ao Japão. Em 2009 participou de uma coletiva chamada Exposição 2.234 com objeto-madeira e de alumínio, aço carbono no Casarão, no Largo de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador-Ba. Em 2008 volta a expor individualmente na Nino Nogueira Arte Décor, no Caminho das Árvores, com a mostra Nem Tão Verde Assim resultado de sua estadia na Chapada Diamantina. Em 2006 faz a exposição Mixórdia, na Nino Galeria de Arte, no Rio Vermelho, Salvador-Ba, onde mistura figurativo com abstrato que ela chamou de uma mistura desordenada. Em 2005 participa de uma coletiva durante a Semana do Meio Ambiente na Faculdade da UNEB, em Salvador-Ba e finalmente em 2004 expôs individualmente na Miscelânea Chic-Bar, Café e Arte, no Rio Vermelho, Salvador-Ba, quando fez um passeio pelo imaginário. Tem realizado trabalhos de cenografia como assistente e também em voo solo.