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A Selma Calheira com alguns dos seus Homens de Barro. |
Vou
falar hoje de uma mulher com pouco mais de 1,60 que nasceu numa fazenda de
cacau na época em que a produção baiana era respeitada e a comoditie tinha uma
alta valorização no mercado internacional. O dinheiro não era problema para os cacauicultores
baianos que viviam viajando entre o Rio de Janeiro e Paris como fossem tomar um
ônibus ou trem para a periferia de Salvador ou outra cidade brasileira.
Foi neste ambiente que nasceu em quatro de janeiro de 1958 a Selma Abdon
Calheira filha de Rômulo Teotônio Calheira e d. Enésia Abdon Calheira. Eles
moravam numa fazenda chamada de Terra Boa e ela tinha mais seis irmãos. Seus
avôs eram imigrantes libaneses e na época chovia muito na região do município
de Ibirataia, localizado na região cacaueira, distante 344 Km de Salvador. Selma
lembra da dificuldade de frequentar a escola primária porque iam da fazenda até
a cidade montados em burros e cavalos para estudar o primário, isto por volta
da década de 60. Então sua mãe decidiu morar na cidade e dois anos depois veio
a falecer, e Selma tinha apenas nove anos de idade. Assim seu pai se viu com a
dupla missão de tocar os negócios da fazenda e também cuidar de sete filhos
menores. Foi então que os filhos maiores passaram a ajudar a cuidar dos
menores, e lembra que ela cuidou de três irmãos menores por algum tempo. Como
seu pai tinha certo prestígio os amigos e políticos locais o incentivaram a se
candidatar a prefeito e depois de alguma relutância ele resolveu aceitar o
desafio e tornou-se prefeito. Com quinze anos de idade era a Selma Calheira
quem acompanhava o pai nas solenidades fazendo o papel da primeira dama.
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Selma em cima de um andaime trabalhando na cabeça de uma das esculturas. |
Quando
perguntei de onde veio este dom artístico de dar vida ao barro inerte, transformando em esculturas monumentais e objetos de design foi aí que a Selma
Calheira lembrou que sua genitora Enésia Abdon Calheira sempre procurava fazer
belos arranjos utilizando materiais que encontrava na fazenda como flores,
palhas, ramos, gravetos e folhas de palmeira. “Ela fazia arranjos incríveis e a
nossa casa sempre vivia arrumada como se fosse um dia de festa”, falou com um
misto de orgulho e saudade de sua mãe. Ela também quando criança começou a se
interessar pelo barro como acontece com muitas crianças da zona rural que fazem
panelinhas, bois, cachorros e outros animais que têm contato para brincar. Este
contato com o barro desde criança para a maioria se perde no tempo, mas a Selma
ao contrário quando adulta foi se reencontrar com o barro e nunca mais parou.
Hoje é uma ceramista de nome nacional e internacional.
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Pessoal que trabalha na cerâmica durante a cerimônia da Queima que faz anualmente. |
Voltando
ao pai prefeito ela bem jovem decidiu criar uma biblioteca para que as crianças
da Cidade e mesmo os adultos encontrassem livros para aumentar seus
conhecimentos. Foi assim que fundou a primeira biblioteca pública de Ibirataia,
interior da Bahia, e passou a dirigir de 1975 a 1977. De lá para cá a
biblioteca foi mudando de lugar a cada nova administração municipal até que a
fecharam. Selma ficou muito chateada, mas soube recentemente que vão criar um
Centro Cultural na Cidade e que a biblioteca vai voltar a funcionar. Ela não
tem ideia se o acervo da antiga biblioteca ainda existe guardado em algum
lugar.
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Esculturas de negras. Selma sofre com as cópias de suas obras por inescrupulosos.
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Já morando em Salvador enquanto
estudava o segundo grau fez alguns cursos livres de pintura na Galeria Panorama
e em seguida estudou na Escola Baiana de Arte e Decoração – Ebade, em 1977.
Depois foi morar no Rio de Janeiro na casa de um amigo de seu pai o médico
Othon Fernandes que a recebeu como uma filha, conta ela. O objetivo era o vestibular para Arquitetura, terminou cursando Licenciatura em Educação
Artística, na Faculdades Benett, no Rio de Janeiro, turma de 1982. Como o
triste episódio da vassoura de bruxa arruinou a produção de cacau na Bahia seu
pai enfrentou alguma dificuldade financeira e a Selma se viu forçada a voltar.
Foi aí que começa a sua saga. Ela não voltou. Passou a procurar emprego, e foi
vender livros, mas não gostou deste trabalho. Resolveu fazer pequenos objetos
de cerâmica e também a comprar alguns produtos para revender. Assim foi
sobrevivendo até que um dia procurou a direção da Faculdades Integradas Benett
e tentou uma bolsa de estudos para terminar o seu curso. Conseguiu uma bolsa
parcial e em troca trabalhar numa espécie de ong o Instituto Cultural do Povo,
em 1982, que funcionava o bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro, localizado atrás
da Central do Brasil e era mantido pela faculdade ligada à igreja metodista. No
Instituto tinham oficinas de várias profissões e lá encontrou-se com a
ceramista Rosa Werneck e passou a trabalhar e ensinar aos alunos como mexer com
a argila.
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Um dos amplos galpões da área de produção de sua cerâmica na cidade de Ibirataia-Ba. |
Foi se empolgando e partiu em
1981 para o Parque Lage onde sempre são oferecidos cursos livres de pintura,
escultura, cerâmica e outras atividades artísticas.
Queria
estudar com a professora e ceramista Celeida Tostes. Como acontece na vida
sempre as coisas não acontecem como a gente espera. Não havia mais vaga. Então
se matriculou no curso de escultura com Jayme Sampaio. Porém, pelas suas
habilidades ganhou a confiança do professor que ensinava no turno matutino e a
Celeida Tostes no vespertino. Assim passou a ser assistente de Jayme
Sampaio e o professor deixava as chaves da oficina com ela que ficava
trabalhando e entrava pelo turno vespertino. Com esta sua disposição e
demonstração de suas habilidades na arte da cerâmica terminou conseguindo
estudar com a Celeide Tostes e também a ser sua assistente, o que ela tanto
almejava. A professora Celeida veio a falecer em 1995 aos 74 anos de idade.
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Selma trabalha no torno em uma das suas esculturas. |
Trabalhou muito pesquisando
argilas e decidiu participar de exposições. Criou a Oficina Arte do Fogo e
passou a trabalhar com alguns ajudantes. Foi nesta época em 1983 que o famoso
cineasta brasileiro Cacá Diegues estava montando sua equipe para as filmagens
de Quilombo. Por sorte procuraram a Celeida Tostes que a indicou, e o pessoal
da produção do filme a procurou porque ele queria fazer vários objetos para
servir de cenário para as filmagens. Ela foi para o bairro do Xerém, no Rio de
Janeiro, onde estava o set de filmagens e partiu em busca de oleiros para
encontrar a argila apropriada para produção das peças, além de convidar
ferreiros, cesteiros e outros artesãos para compor o grupo afim de produzir,
potes, gamelas, moringas, cestas de vários tipos e objetos de ferro. O filme de Cacá Diegues é uma
coprodução brasileira e francesa e foi concluído em 1984. O roteiro é baseado
nos livros Ganga Zumba, de João Felício dos Santos e Palmares, de Décio de
Freitas. Teve um razoável sucesso de bilheteria.
Por causa do trabalho foi
conversar com a Diretora das Faculdades Integradas Benett a professora Maria
Augusta no sentido de conciliar as atividades do curso com o trabalho na
produção das filmagens. Porém, dois professores não concordaram e ela teve que
trancar a matrícula na faculdade. Passou sete meses no
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Em cima do andaime Selma e trabalha numa das esculturas da série dos Homens de Barro. |
set das filmagens,
porque chovia muito na região e surgiram outros problemas. O filme foi se
arrastando e dois meses antes de sua conclusão ela saiu. Decidiu com
o dinheiro que ganhou nas filmagens comprar alguns equipamentos e passou a
colocar seus produtos em lojas de design e decoração. Foi quando sofreu um
acidente ao manipular uma das máquinas, perdendo um dedo. Mas, isto não o
desestimulou. Juntamente com a artista plástica Milú Byington abriu em 1984 um
ateliê no bairro da Barra da Tijuca, que esta época era pouco habitada e por lá
passaram três anos. Chamou o ateliê de Cores da Terra onde fizeram muitos
eventos, seminários sobre cerâmica primitiva e elementos naturais. Era um ponto
de encontro de artistas e intelectuais. Houve uma divergência com a sócia e
resolveram acabar com o ateliê. Diz que produziu esculturas imensas, que não
sabe o seu paradeiro, depois da ocupação das terras onde ficava o ateliê. Já
durante o governo de Leonel Brizola em 1984 foi convidada pelo Serviço Social
do Comércio – SESC para participar do Projeto Emprego e Renda com o objetivo de
identificar talentos na favela do Borel e Rio das Pedras, em Jacarepaguá Nesta
época foi morar no Rio das Pedras, que fica perto do Borel, e lá conheceu uma
senhora nordestina de 70 anos, chamada Maria do Barro que viajava para várias
partes do país fazendo oficinas de cerâmicas ensinando os jovens e adultos a
trabalhar com o barro. Forneceu a ela uma máquina e outros materiais e confessa
que esta convivência foi uma experiência
muito rica. Maria de Lourdes Cândido, a Maria do Barro, morreu
aos 82 anos de idade em 2021.
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Seis Homens de Barro. |
Existe
uma penitenciária feminina que fica no bairro de Bangu chamada de Talavera Bruce onde permaneceu ensinando por um período Programa de Ressocialização.
Depois foi trabalhar no bairro de Valença, no Rio de Janeiro, no resgate das
culturas perdidas pesquisando e ensinando manejar o barro. Disposta como sempre
alugou em 1987 um sítio localizado em Pedra de Guaratiba, que é um bairro que
fica na zona oeste do Rio de Janeiro e lá construiu um forno e passou a
produzir. Logo depois foi procurar as lojas chics de design e apresentava e
expunha as suas peças, principalmente nas lojas localizadas em São Conrado, no
Rio de Janeiro, e em seguida expandiu sua ação até São Paulo. Isto garantia a
sua sobrevivência com dignidade até que conheceu o seu marido, o alemão Franz
Rzehak e ficou grávida. Outra mudança drástica. Resolveu voltar em 1989 para
sua terra natal Ibirataia e sua grande preocupação era como iria escoar a sua
produção, ou seja, como as peças que ia produzir chegariam às lojas de decoração e design do eixo
Rio-São Paulo? Mas, foi em frente e com ela vieram cinco caminhões carregados
com suas tralhas, máquinas, fornos, barro e uma infinidade de coisas. Lembra
Selma Calheira que o acesso a fazenda era problemático porque chovia muito na
região e as estradas de terra ficavam intransitáveis com tanta lama. Foi quando um primo
seu lhe ofereceu de empréstimo uma casa no distrito de Japumirim, município de
Itagibá. Recomeçou a fazer colares, pequenas esculturas, contratou alguns
ajudantes e passou a vender em Salvador e outras cidades brasileiras. Não
contava com qualquer logística e tinha que embalar, etiquetar, tirar notas
fiscais etc.
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Esculturas em tamanhos diferentes que apresentou numa feira recente no Centro de Convenções em Salvador. |
Disse que foi muito difícil este recomeço, principalmente
porque estava com uma criança para cuidar. Ia pegar caixas vazias em lojas e
supermercados para colocar suas peças para entregar aos clientes. Numa dessas
viagens para São Paulo a fim de mostrar suas esculturas de barro em casas de
design e decoração conseguiu vender as Lojas Evolução que comprou quase tudo
que ela levou e fez outro pedido. Em 1990 decide juntamente com o marido Franz
Rzehak criar a empresa Cores da Terra, na Fazenda Barra do Sapucaia, em
Ibirataia, município baiano, com a intenção de fomentar a cultura da cerâmica,
o desenvolvimento de múltiplos em cerâmica e ferro, dando também início ao
processo de formação e capacitação de novos profissionais. Foi participar da
Feira do Sebrae, em Alagoas. Era um evento a céu aberto no estacionamento de um
shopping Center. Vendeu tudo que levou. Foi novamente para São Paulo participar
da Feira Profissional e foi um sucesso. Já tinha doze assistentes, inclusive
alguns deles eram menores aprendizes. Daí em diante em
1992 participou da Feira Grifttes-92 que era a principal feira de design e em
1994 foi para Nova York e a princípio não tinha conseguido vender ou receber
uma encomenda porque não havia compradores.
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Selma mostra alguns objetos produzidos; |
Foi quando um jornalista a
descobriu e fez contato com alguém da famosa loja de departamento
Bloomingdale’s. Selma foi lá com um irmão mostrar suas peças e gostaram dos objetos e fizeram um pedido grande a
ponto do irmão que o acompanhava perguntar: Você vai ter condições de
entregar tudo isto? Voltaram e trabalharam muito e entregaram todo o pedido.
Decidiu que deveria continuar participando das feiras e voltou nos anos 94 e
1995. Atualmente na medida do possível sempre retorna porque lá faz contatos
com grandes clientes da área do design. Cresceu tanto que chegou a empregar 350
pessoas. Começaram a surgir alguns problemas inclusive de cópias de suas peças
aqui e no exterior. Entrou com alguns processos, porém a Justiça é muito lenta
e só lhe trouxe prejuízos até agora. Disse que em 2019 na Feira Maison &
Objet, em Paris, encontrou cópias de suas peças em três stands , sendo dois de origem
indiana e ucraniana.
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Uma visão do stand no Centro de Convenções. |
Continua
participando de feiras aqui no Brasil como as feiras Home & Gift e a
Têxtil & Home, em São Paulo, que “são feiras dedicadas a promover as
últimas tendências do mercado, conectar expositores e profissionais do ramo,
além de fornecer um ambiente propício para a realização de negócios e parcerias
comerciais.” Foi participando de uma feira em Nova York que ela conseguiu
contato com um fornecedor de Bruxelas que hoje é um grande comprador e que leva
suas obras para lojas de vários países europeus e dos Estados Unidos. Já fez peças para uma
empresa brasileira de perfumes com milhares de peças e hoje exporta através a
Design-Gardeco para o continente europeu. Resolveu diminuir a sua produção e
hoje trabalha com cerca de sessenta assistentes. Conta hoje com a ajuda de seu
filho Igor Calheira Rzehak que é físico e resolveu assumir a direção da
empresa. Sua preocupação maior é fazer grandes esculturas de barro de até cinco
metros ou mais. São os Homens de Barro e ela disse que já fez oitenta e que
pretende fazer mais. É o seu projeto de criar a Cidade dos Homens de Barro, um
museu a céu aberto onde as pessoas poderão visitar e que pretende realizar no
seu atual espaço uma espécie de centro cultural.
OS HOMENS
DE BARRO
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Foto aérea do complexo Cores da Terra. |
Sua
cerâmica tem cerca de 2.800 metros quadrados de área construída com galpões
apropriados para a produção de múltiplos e toda uma estrutura necessária. Hoje
ela trabalha com cerca de sessenta pessoas e vem produzindo e enviando suas peças
para várias cidades brasileiras e para a Europa e Estados Unidos. Porém, seu
sonho maior ainda não se realizou totalmente. O objeto é a construção da Cidade dos
Homens de Barro onde ela pretende colocar mais de uma centena de grandes
esculturas que chama de “esculturas figurativas primitivas” com até mais de
seis metros de altura e outras menores para que possa ser uma atração turística
de contemplação das cerâmicas como obras de arte num ambiente arborizado e
preservado que é um pedacinho da Mata
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A ceramista e algumas esculturas da série Homens de Barro. |
Atlântica e com toda a estrutura
necessária para uma visitação pública. As esculturas na sua visão representam poeticamente o protótipo de um ser de muita força. Foram e são
desenhados por ela e retratam a história fictícia de pessoas simples e
corajosas que enfrentam muitas dificuldades para manter uma sobrevivência com
dignidade. Selma faz questão de afirmar que respeita os materiais e usa
pigmentos naturais criados em seu ateliê. Será um espaço
aberto para visitação das esculturas gigantes que funcionará como um platô ou
mirante das artes, onde o visitante terá uma visão privilegiada do ponto
urbanizado e mais alto da cidade. É
importante ressaltar que todo este grandioso trabalho é feito artesanalmente e
ela investe muito no aprendizado das pessoas da cidade de Ibirataia e de cidades vizinhas. E "as técnicas de modelagem e queima, têm suas origens em resgates
culturais, como a cultura indígena e a valorização da natureza nativas o que
vem gerando resultados belíssimos”. Informa a Selma Calheira que algumas tintas
utilizadas antes do objeto ir à queima são originadas de diferentes tipos de
argilas, fruto de pesquisas realizadas pelos designers.”
Que espetáculo!!!
ResponderExcluirUma artista de fôlego e persistência que soube dar a volta por cima e nesse caminho encontrou, alimentou e pôs em prática o seu dom artístico.
ResponderExcluirA sua trajetória em si é uma história de superação e sucesso. Uma saga, como tão bem Reynivaldo nomeou este belo texto.
Selma Calheira uma revelação para muitos, enquanto suas obras de grandes dimensões gritam de braços abertos para o mundo.
Obrigada, Rey por mais uma primorosa e necessária matéria reveladora de artistas baianos.
Trabalho e história muito boa! Parabéns, Selma!
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