Translate

quinta-feira, 17 de março de 2022

AS HISTÓRIAS PLÁSTICAS DE MURILO RIBEIRO

Vemos ai no dia da abertura da exposição o artista Murilo
Ribeiro recebendo convidados e verbalizando suas histórias.
 Estive visitando a exposição de Murilo Ribeiro que está até o dia 16 de abril no Museu de Arte da Bahia, que fica no Corredor da Vitória. São 59 telas em óleo sobre tela que ele produziu durante a pandemia aproveitando a reclusão forçada para pesquisar os grandes mestres da pintura e até da Literatura.Em seguida partiu para pintar suas obras utilizando uma técnica apurada superpondo leves camadas de tintas que deu um resultado muito bom e uma unidade nas cores e nas formas no conjunto das obras expostas. O artista assumiu a postura de um contador de histórias criando narrativas através das figuras que foi desenhando e pintando, e também nas situações que os envolve. Realmente é um jogo entre a fantasia e a realidade, como que brincando de um teatro que navega nos universos  da comédia e do drama. Os personagens criados ou imaginados por Murilo Ribeiro surgem dentro deste clima de camadas de tintas  dando  um ar mais adequado ao tempo em que viveram neste mundo.  Ele conseguiu elaborar  uma pintura fosca através um verniz que acrescentou após pintar suas telas a óleo. Desde 2008 que Murilo Ribeiro  não expunha suas obras sendo que esta  exposição foi realizada  no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal. Faz questão de afirmar que suas pinturas atuais não são ilustrações, as imagens que pintou traduzem as histórias que queria contar. São histórias que surgiram dentro de sua liberdade criativa, quase não tem nada a ver com as pinturas ou livros onde foi buscar sua inspiração. Foram apenas simples referências. Esta busca foi  um start para daí começar a criar  suas próprias histórias, embora os personagens possam estar numa obra de um grande pintor clássico ou moderno e na Literatura. Murilo Ribeiro pintou cento e quatro  telas, mas o espaço do Museu de Arte da Bahia só lhe permitiu expor 59 obras , e ele pretende ainda levá-las para expor em Atlanta, onde reside sua única filha, e  também em outra galeria em São Paulo. Com suas leituras e pesquisas, inclusive nas redes sociais ele criou uma pléiade de personagens e situações que passou a desenvolver nas telas. Notamos que as obras têm espaços escuros, cores mais densas e variados tons superpostos.

                                    ALGUMAS DAS HISTÓRIAS PINTADAS  PELO ARTISTA

"A chegada de Vincent em Paris", cidade que gostava muito.

O artista Vincent van Gogh já tinha feito algumas viagens à Paris quando trabalhava na galeria de seu tio dos 16 aos 27 anos , porém em fevereiro de 1886 voltou sem avisar ao seu irmão Theo, e depois pediu desculpas por não te-lo avisado. Nesta sua viagem conheceu obras de pintores impressionistas que haviam deixado de lado seus ateliers e passaram a pintar em parques, ruas, bosques e a vida cotidiana  em busca de mais luminosidade e cores. Com isto mudou sua forma de pintar que vinha realizando na Holanda basicamente inspirado em cenas de bares, no campo com os trabalhadores rurais utilizando cores mais escuras. Desta vez ele permaneceu dois anos em Paris, e certo dia  teria se manifestado assim: "Paris é Paris, só há uma Paris. E por mais dura a vida aqui possa estar, e mesmo se ficasse ainda pior e mais dura, o ar francês  mantém lúcido o espírito e faz-nos bem, infnitamente bem!". O Museu de d´Orsay tem mais de 2 mil esculturas e obras dos impressionistas e pontilhistas franceses e de outros países. Vincent  van Gogh tem  lá muitas obas  expostas atualmente. Obras que ele fez nos arredores, parques e nas ruas de Paris. E o Murilo Ribeiro criou uma história desta  viagem de Vincent à Paris que reproduzo uma foto do sua tela feita em acrílica. 

"A Ovelha Negra ", obra em óleo sobre tela.
Outra história contada por Murilo através de sua arte é o da Ovelha Negra baseada  na fábula criada
pelo escritor hondurenho Augusto Monterroso, que residiu na Nicarágua alguns anos e depois no México. Dizem que ele reinventou este gênero literário criando várias fábulas . No livro "A Ovelha Negra e outras fábulas", estão reunidas 40 delas. São curtas e cheias de metáforas e ironias que nos levam a refletir sobre várias situações vivenciadas pelo homem . Reflexões que tratam da condição humana,da  injustiça social,  política, inveja, vaidade,vergonha, orgulho, amor e ódio, perdão. Enfim, das situações criadas pelo ser humano. O curioso é que ele sempre escolhia um animal como seu personagem para expressar o que pretendia.  Esta fábula da Ovelha Negra que Murilo escolheu para criar sua história plástica  trata de um homem honesto que resolveu mudar para um certo povoado e lá passou a viver. Os moradores costumavam  roubar uns aos outros, e assim mantinham o equilíbrio do lugar. Acontece que o novo morador dificilmente saía e como sua casa não podia ser roubada por ele estar sempre presente provocou um desequilíbrio.O novo morador passou a não ser desprezado e hostilizado. Na fábula de Moterroso  a ovelha ficou triste e saiu pelo bosque onde terminou adormecendo. Quando acordou estava branca igual as demais . Tem outros detalhes da fábula, mas o objetivo é falar sobre a importância da honestidade. Vale a pena ler as fábulas do Monterroso.
"A Chegada dos Pintores Venezianos àToledo", na Espanha.
A
qui Murilo representou dentro de sua visão "A Chegada dos Pintores Venezianos à Toledo", na Espanha. Sabemos  El Grecco que era natural da ilha de Creta, que na época pertencia ao principado de Veneza. Ele morou em Veneza  onde trabalhava como pintor e arquiteto , e em seguida foi para Toledo , e aí pintou grande parte de suas obras. Chamava-se Doménikos Theotokópoulos e assinava suas obras com este nome original.
Outro que migrou foi Tintoretto, nascido em Veneza em 1518 batizado como  Giovanni Battista Robusti levou o apelido de Tintoretto porque seu pai tinha uma lavanderia e tinturaria. Era também chamado de O Furioso devido suas obras apresentarem dramaticidade e efeitos de luz. Foi um dos precursores do barroco. Outros pintores também migraram para Toledo , mas vamos ficar por aqui.
O incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro no dia 2 de setembro de 2018, num domingo à noite,  foi  uma tragédia anunciada porque toda a comunidade intelectual sabia da precariedade de suas instalações marcadas pela falta de uma manutenção adequada por parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na época o reitor era Roberto Lehrer, um militante de esquerda conhecido. Já haviam sido publicadas na imprensa fotos mostrando as gambiarras dentro das dependências do Museu e os recursos empregados na sua manutenção eram insuficentes, embora o governo de então, e os  ministros  da Educação e da Cultura soubessem que ali estavam guardadas e expostas 20 milhões de peças que eram parte da História do nosso país.
"Os Fantasmas do Museu Nacional Abandonam o Museu".
 Hoje técnicos estão trabalhando na recuperação ou reconstituição de peças danificadas pelo fogo. Milhares de outras foram perdidas entre elas o fóssil de Luzia, o mais antigo fóssil humano já encontrado.Calcula-se a idade em 11 mil anos. A metade do acervo do museu foi consumida pelo fogo.
As chamas começaram depois das 19 horas quando foram encerradas as visitas. Haviam apenas quatro vigilantes de plantão e o fogo foi  intenso e se alastrou rapidamente porque havia muita madeira na composição do prédio e também objetos de fácil combustão. Por isto,  praticamente a ação dos bombeiros não surtiu o efeito esperado. Os bombeiros ainda tiveram dificuldades para utilizar a água para apagar o fogo. 
O museu foi criado em 1818 por D. João VI e tinha completado 200 anos de existência. Foi neste prédio que a princesa Leopoldina , casada com d. Pedro I, assinou  a Declaração de Independência do Brasil, em 1822. Anos depois foi palco da primeira Assembleia  Constituinte da República nos anos 1890/91, marcando o fim do Império no Brasil.
Sensibilizado com esta tragédia Murilo Ribeiro pintou 
"Os Fantasmas do Museu Nacional Abandonam o Museu". Realmente os administradores fantasmas não foram competentes e diligentes a ponto de evitar que esta tragédia destruisse grande parte da cultura e da História de nosso país com o desaparecimento de milhares de peças colecionadas e guardadas através dos duzentos anos. 
"Assédio"e o abuso no universo do politicamente correto.
 Ele também tratou em sua exposição de um assunto que hoje está presente nos noticiários dos telejornais, nos jornais impressos, nos rádios e redes sociais que é o exagero do politicamente corrreto que transformou uma simples paquera em assédio sexual. Agora temos assédio moral, assédio disto e daquilo inibindo o relacionamento saudável entre as pessoas.
Diz o Dicionário que o " assédio pode ser configurado como condutas abusivas exaradas por meio de palavras, comportamentos, atos, gestos, escritos que podem trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo o seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho." E chegam a classificar os tipos de assédio moral,sexual e virtual.  O assédio moral ocorre com a exposição de uma pessoa a situações de constrangimento, humilhação e perseguição de forma contínua e prolongada. 2. Agressões psicológicas. O assédio psicológico é uma violência emocional. ...
  • 3.Assédio sexual está tipificado no Artigo 216-A do Código Penal — constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício do emprego, cargo ou função. Pena: detenção de 1(um) a 2 (dois) anos. 4. Assédio virtual, onde as tecnologias de informação e comunicação, como  as redes sociais, são utilizadas como ferramentas para importunar, intimidar, perseguir, ofender ou hostilizar alguém.Portanto, hoje é preciso ter muito cuidado ao abordar alguém numa paquera e tornou-se perigoso insistir num amor não correspondido à primeira vista porque você pode ser enquadrado num dispositivo legal. 
  • NR- Quero agradecer a jornalista Cleide Nunes e ao fotógrafo Fernando Barbosa, da Ascom,  do Museu de Arte da Bahia, pelas fotos que publico ilustrando este texto.



segunda-feira, 14 de março de 2022

ALMANDRADE EXPÕE EM SÃO PAULO E LANÇA LIVRO

Foto 1.Sobrecapa e capa do livro
Foto 2. Projetos de esculturas.
O artista baiano Almandrade o maior expoente da arte conceitual e construtivista na Bahia estará expondo  a partir do dia 16 até o dia 20, a Oca, no Parque Ibirabuera, em São Paulo, juntamente com Montez Magno, que é  de Timbaúba, em Pernambuco, e está com 88 anos de idade. Também serão expostas obras de  Sérvulo Esmeraldo, cearense, falecido em  2017. O nome da exposição é Geometria Sensível. A mostra foi organizada pela Acervo Galeria de Arte, de Salvador, que reuniu obras desses três artistas nordestinos unidos pela geometria, precisão e a lógica . São trabalhos concebidos dentro de um rigor conceitual, mas que trazem no seu conjunto forte dose de sensibilidade, poesia e criatividade.

A curadora Denise Mattar na sua apresentação afirma que "o conjunto deixa nítido o quanto a produção artística abstrata do Nordeste se reveste de características particulares, mais próximas da produção latino-americana, da chamada geometria sensível de artistas como Torres-Garcia Carmelo Arden Quin ou Jesus Soto, do que o concretismo europeu de Theo van Doesburg ou Max Bill. São muitas as razões históricas e culturais que levaram a este resultado".

Voltando para o Almandrade, batizado como Antônio Luiz Morais de Andrade, arquiteto, polêmico, artista plástico e mestre em desenho urbano, professor de Teoria da Arte, é natural de São Felipe, interior da Bahia onde nasceu em 1953. Tem ainda dois projetos de livros em andamento. Um pela Fundação Getúlio Vargas  que seria publicado através de recursos provenientes da Lei Rouanet, e outro aqui na Bahia sob a coordenação da Marco Peltier com patrocinador baiano. Mas, ele não tem ideia de quando esses livros poderão ser publicados. Por isto, que ele fez este dos 50 Anos de Arte e classificou como Volume I.

Desde a década de 1970 que  vinha produzindo uma obra completamente distanciada da grande maioria dos artistas baianos que se apresentava através de outras formas como o figurativo e o expressionismo. Os seus trabalhos ao serem observados mostram o rigor do desenho e a sutileza dos traços e espaços deixando claro que por trás está um arquiteto conscio deste jogo permeado de sensibilidade. São obras que exigem do espectador um olhar mais sutil,mais demorado para que possa deixar penetrar as imagens a serem decodificadas de acordo com as informações que cada um dispõe.Neste livro estão inseridos vários textos, inclusive este de minha autoria que transcrevo:

"Almandrade

Obra O Horizonte do Quarto, acrílica sobre tela, de 1990
Venho acompanhando a sua trajetória há alguns anos. Ele começou figurativo e num processo gradual
de somar informações desaguou na arte conceitual. Evidente que sua formação de arquiteto contribuiu para isto de forma definitiva .Nos anos 70 Almandrade já mostrava suas obras, numa Salvador ainda distante de absorver este tipo de arte. Agora ele retorna à pintura com esta mosta, revelando que isto ocorre desde a metade dos anos 90, defendendo que as possibilidades da pintura ainda não se esgotaram. Fiquei feliz em reencontrar um Almandrade cada vez mais reflexivo e flexível. A chegada dos anos vai nos pondo com o olhar mas generoso mais crítico é verdade, porém, disposto a dialogar , e notar que as diferenças existem e que elas andam e vivem fora de nosso mundo ou dos nossos traços e círculos .O que não podemos abrir mão é da nossa capacidade crítica e de reflexão. Ninguém é proprietário da verdade. Ninguém deve ser condenado por pintar de um jeito ou de outro. Cada um deve se expressar como entender que deve, cabendo ao marchand, ao colecionador ao crítico e ao próprio mercado prover e enaltecer com seus instrumentos a produção de arte. 

Àqueles que mesmo com talento, ficarem ou estejam momentaneamente fora do mercado, certamente um dia serão reconhecidos e colocados nos seus devidos lugares. Esta é a marcha da vida, esta é a dinâmica que norteia todas as profissões. Relendo um texto escrito por Almandrade no ano 2000 onde ele defende : "A independência da obra de arte com relação ao repertório de um público principalmente, criou uma expectativa em torno de sua leitura. Hoje em dia, o artista é solicitado a prestar esclarecimentos sobre o significado de sua obra, como se fosse possível alguma tradução verbal". Acredito que isto acontece quando o observador não tem informações que lhes assegurem a compreensão da obra de arte. Como estamos num país de pouca leitura, onde a obra de arte ainda é muito limitada a museus, exposições e colecionadores abastados é evidente que existe uma dificuldade quase generalizada, principalmente se você não produz uma arte figurativa de fácil entendimento. A decodificação depende de cada um de nós. Se fizermos um exercício mandando algumas pessoas lerem um conto, e em seguida solicitarmos que revelem suas interpretações sobre o texto lido vamos ter surpresas agradáveis. E, isto é compreensível e importante pela capacidade de cada uma das pessoas de absorverem e decodificarem ou não as informações ali contidas. É por esta razão que na juventude Almandrade ficava inquieto com a falta de compreensão do público com suas obras.

Obra Poema-Objeto, acrílica sobre madeira, 1973
Almandrade possui uma formação intelectual acima da  maioria dos artistas baianos, e isto contribui ainda hoje para
aguçar suas inquietações. Ele tem posição firme contra a  ditadura do mercado, o que considero compreensível.  Também, discordo das regras do mercado e devemos  continuar lutando contra elas. Porém, o mais importante de  tudo isto é que reecontrei um Almandrade maduro, mais  compreensivo com as coisas da vida, acima de tudo um  artista,  que mesmo enfrentando todas as dificuldades  pessoais  interpostas pelo mercado e pela dificuldade de  compreensão imediata de sua arte, ele prossegue firme  aprimorando a qualidade de sua produção. "

Já o Alexandre Bonfim fez também um texto que  Almandrade inseriu no livro com o título sobre a poesia do  artista: "Os malabarismos de uma consciência intensamente  lírica" que diz :"A poesia de Almandrade faz-se, antes de  tudo,  daqueles temas essenciais da condição humana, tão  preciosos para os homens do nosso tempo, distanciados da  razão de existir. Uma perplexidade em constante estado de  nascimento acorda, aos olhos do leitor, uma realidade múltipla e absurdo. Ao lermos os textos do poeta baiano, deparamo-nos com a densidade real e com todos os seus limites e frustrações:"cidade perplexa / embalagem hostil / inútil divertimento". O eu lírico dos poemas de Almandrade gasta-se nas arestas do mundo, rasga-se nos ângulos dessa realidade limitada, em um viver de raríssimas possibilidades de salvação ou transcedência  ( encontradas, como veremos a seguir, apenas no erotismo e na epifania da palavra lírica): "o andarilho inocente / repete o caminho / sem encontrar / uma saída". Esse esgotamento das possibilidades do real lembra-nos dos angustiosos labirintos kafkianos, em que todas as direções nos encaminham , na verdade, para lugar nenhum. O mesmo clima de abafamento, de aprisionamento, entrevisto na ficção de Kafka, pode ser percebido nesses poemas de agudeza existencial. Drummondiano, sem deixar de possuir sua voz própria e peculiar, Almandrade recria , portanto, aquele clima claustrofóbico da poesia do autor itabirano, tão bem expresso pela persona inventada por Drummond, ou seja , o seu famoso José".

                                        TRAJETÓRIA

Obra Poema Visual em nanquim - 21x30cm, de 2013.
 Conta no livro Almandrade que deu início ao seu trabalho   entre a literatura e as artes visuais em 1972 ainda no colégio   quando participou de um salão estudantil. A poesia veio   primeiro e em seguida se interessou pelas artes plásticas.   Através da poesia concreta chegou ao concretismo e depois   à  arte conceitual movimento que teve seu auge na década   de  1970. A partir de então passou a utilizar vários suportes   para se expressar como o desenho, pintura, escultura,   instalação, poema visual dentro da opção estética . Isto já se   vão 50 anos !

 Diz ainda Almandrade que depois dos primeiros ensaios   figurativos nos anos 1970 e 1971 decidiu pela geometria ,   "desenvolvendo um produto ora pictórico, ora linguístico,   como um lugar de reflexão,solitário,à margem do circuito   baiano. A experi|ência gráfica proveniente do curso de arquitetura foi decisiva na formalização do projeto gráfico no poema e em outros suportes. E finaliza dizendo que "esta publicação é apenas um pequeno recorte que registra o meu compromisso com a linguagem desde os anos 70 ,no silêncio do circuito de arte. Hoje mantenho meu projeto, entre o conceitual, o construtivo e a poesia visual . É sempre a busca do impossível".