Revista Neon Agosto de 1999.
Texto Reynivaldo Brito
Conheci
Rogéria Mattos
dando os primeiros passos no movimento
de arte baiano.
Revendo algum material que disponho sobre a carreira de Rogéria Mattos deparei-me com um catálogo de uma exposição que ela fez em julho de 1987 que traz uma apresentação primorosa de Wilson Rocha, este poeta maior, que vive quase enclausurado como um monge, no bairro do Rio vermelho. È ema exposição de escultura em granito.
TAMBÉM NA ESCULTURA
Escreveu Wilson que “ Rogéria concentra-se na essência da própria escultura- essa dinâmica da matéria e da forma, esse ritmo entre volume e espaço aliados ao caráter intuitivo necessário na obra de arte- onde a artista estabelece o diálogo entre a pedra e a linguagem antiga da escultura”. E preconizava que “Rogéria é uma escultora autêntica destinada a um futuro promissor com a realização de uma obra perdurável.
Sua juventude é capaz de oferecer essa quantidade adicional de vida que a arte nos dá.
Rogéria é uma artista generosa e consciente de que na aventura da criação, como na vida, só o sonho e a liberdade criam valores estáveis”. Estas palavras cheias de sabedoria gravadas por Wilson Rocha mostram um pouco do que esta artista batalhadora, mulher forte, que sozinha contínua trilhando o seu caminho.
Forte porque continua enfrentando os problemas superdimensionados na grande São Paulo ao lado de sua filha, sem deixar um instante que o cotidiano prejudique sua arte.
Beirando os 40 anos Rogéria Mattos está desde 1985 em São Paulo, é autoditada, fez teatro durante cinco anos.
Criou vários cenários para peças infantis e, depois partiu, para a pintura e a escultura.
Participou de inúmeras coletivas e foi premiada em salões entre os quais o prêmio de Aquisição no XIX Salão Nacional de Belo Horizonte, Prêmio Especial Medalha Pietro Maria Bardi, II Prêmio de Pintura Jovrm Pirelli-Masp.
Também foi selecionada e expôs três telas entre as 61 aprovadas no V Salão Paulista de Arte Contemporânea, em 1987, sendo alvo de várias matérias em jornais do sul do país.
Logo depois juntamente com Sérgio Guerini e Elizabeth Cortella, ambos residindo em São Paulo, realizaram uma exposição no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, apões a aprovação pelo Conselho Consultivo daquela instituição. Embora a mostra reunisse os três artistas suas obras vinham de vertentes de manifestações artísticas em que podemos salientar características até antagônicas, sob o ponto de vista da pintura contemporânea.
A propósito, na ocasião, Nilza Procopiak escreveu que a obra atual de Rogéria Mattos mostra um avanço no espaço da pintura, analisada pela artista mais como tratamentos que surgem em função do desenho, do que atrvés de texturas pictóricas.
Direcionada desta maneira, a pintura de Rogéria exacerba a cor pela totalidade cromática aplicada á tela, ás vezes como meandros, outras como zig-zags.
Com a exuberância de cor que lhe é característica, a artista sugere formas de animais, de selvas amazônicas, da flora e da fauna brasileiras, criando uma arte intuitiva que descreve nosso país no que ele tem de melhor a natureza”.
ARTE E EDUCAÇÃO
Mais recentemente ela expôs no Salão de Arte promovido pela Fundação Cultural do Estado quando apresentou telas grandes de cores fortes e vibrantes.
Foi um sucesso. Mas recentemente elaborou um projeto que batizou com o nome de “Projeto: Arte-Educação em Empresas Públicas/ projetos Sociais” incentivada pela atual disposição das empresas em investir na melhoria das condições de trabalho de seus funcionários. Diz ela que sua idéia “ é realizar cursos de artes com os funcionários, com o objetivo de despertar neles a sensibilidade e o olhar artístico.
Durante o curso eles poderão conhecer as várias linguagens artísticas com pintura, escultura, gravura, entre outras, também me proponho a realizar oficinas de arte para construção de brinquedos e de objetos em argila e, ainda, transmitir conhecimentos sobre técnicas de reciclagem de materiais. Com isso, eles poderão transformar sucata em obra de arte, por exemplo”.
Geralmente ela ministra estes cursos para coordenadores e funcionários de programas sociais. Em São Paulo ela ministrou cursos semelhantes na Casa de Passagem, Circo Escola, Arte Cidade e Oficinas Culturais, além de dar aulas particulares no seu atelier.
Nas empresas privadas, por sua vez, o curso pode ser ministrado para os funcionários, uma ou duas vezes por semana, Diz a artista que” a intenção é despertar a sensibilidade, a atenção e o ânimo do empregado, pontos fundamentais para que ele melhore seu desempenho e produtividade.
A tendência, com isso,é que ele desenvolva um novo olhar em relação ao trabalho social”.
Ela conclui seu raciocínio dizendo que “ entendo que através da educação e da arte o homem pode ser, de fato um ser humano transformador. E ainda, que as empresas podem ser agente ativos nesse processo”.
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