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sábado, 11 de maio de 2013

ENCERRAMENTO COM CHAVE DE OURO

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO, 06 DE AGOSTO DE 1977

         

Um dos bons momentos do Grupo Lama
apresentando sua mensagem
 O Salão Universitário Nordestino de Artes Plásticas foi encerrado ontem, com o lançamento do livro de poemas Réstia de Corte e Vidro, e entrega dos prêmios aos vencedores do Salão.
Volto a falar do Salão e de sua importância, tendo em vista a posição de um poucos que tentaram em vão colocar em plano secundário esta promoção vitoriosa.
Um Salão que ficará eternamente marcado numa das páginas da história das artes plásticas na Bahia pelo volume de concorrentes, pelos prêmios, pela oportunidade de revelar novos valores e especialmente pela qualidade dos trabalhos selecionados. Hoje, muitos já estão de posse dos catálogos que foram impressos na Gráfica da Universidade Federal da Bahia, que é um documento principalmente para aqueles nele incluídos.
Vida De Cachorro, óleo sobre duratex,  de Murilo
Quero divulgar não apenas os nomes dos premiados, mas também de todos os participantes do Salão.
Vejamos: 1) Prêmio Miguel Navarro Y Cañizares, no valor de CR$ 20 mil cruzeiros para o Grupo Lama, da Bahia; 2) prêmio João Francisco Lopes Rodrigues, de CR$ 15 mil cruzeiros, para Murilo Ribeiro, da Bahia; Prêmio Manoel Ignácio de Mendonça Filho, de CR$ 10 mil cruzeiros para Pedro Eymar, do Ceará; IV) Prêmio Escola de Belas Artes da UFba., ao estudante Manoel José do Conde, da Bahia no valor de CR$ 5 mil. Receberam ainda Mensão Honrosa: Raimundo Nonato de Oliveira, do Piauí; Eduardo Costa Lima Almeida, de Pernambuco e Geraldo Ribeiro de Santana, de Feira de Santana, Bahia.
Os demais participantes, com obras expostas no foyer do Teatro Castro Alves foram: Antônio L. Valente Figueredo, Ângela Fonseca Cunha, Áureo Caribe Azevedo, Bel Borba, César Dantas, Carlos Calvet, Clara O. Souza, Carlos Simas, Dil, Else M. Elvira M. N. Santos, Eduardo Almeida, Izabela Fiterman, Geraldo R. Santana, Guache, Grupo Lama, José Bonfim, Nildão, Carlos Lauria, Joelino, José Araripe, Lea Stosch, Botelho Pedrosa, Luís C. Tourinho, Mirtes Teixeira, Manoel José do Conde, Moacyr Dávila, Murilo, Maso, Maria do Socorro Dutra, Pedro Elymar B. Costa, Reginaldo Alcântara, Roberval Marinho, Roberto Wilson, Roberto Aranha, Renato Viana, Nonato, Valluizo B. Rodrigues, Valdir Freitas de Santana, Wilson R. C. dos Santos e Zivé.
Portanto, dos 130 concorrentes ao Salão a comissão julgadora resolveu retirar alguns, permanecendo 43 artistas com 92 obras.
Participaram representantes do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia o que demonstra que todos os objetivos foram alcançados, quais sejam, a promoção da produção artística universitária no Norte e Nordeste e proporcionar uma visão global desta produção.
Finalmente quero deixar claro que a Bahia foi também premiado com esta realização que poderá figurar como um dos eventos culturais da própria Universidade Federal para Bahia, para que a semente plantado pelo professor Ivo Vellame continue a dar frutos promissores como os que acabamos de colher.

VINTE E CINCO ANOS DE PINTURA

A exuberância das cores de Moacir Andrade
As belezas naturais da Amazônia são alvo de uma busca constante. Uma busca que remonta os séculos e até hoje a Amazônia é uma terra cobiçada por brasileiros e estrangeiros. Esta cobiça tem razão de ser devido ao grande potencial como detentora de riquezas, mas principalmente pela exuberância de sua flora e fauna. É dentro deste ambiente que vive um pintor singular chamado Moacir Andrade. Ele já morou no pequeno barco que  singrava as águas negras e barrentas dos diversos rios e riachos que cortam as terras verdes da Amazônia. Agora está comemorando 25 anos de atividade artística.
Um homem portanto que vive a um quarto de século pintando as coisas maravilhosas da Amazônia.
Suas cores, como não podia deixar de ser tão fortes e agradam porque retratam o colorido da floresta tropical. Sua primeira exposição ocorreu em 1952 e de lá para cá tem parado, inclusive possui obras em vários museus no Exterior.
Como disse em 1962 Jean Paul Sartre, " Moacir Andrade, registra nas belezas de suas telas, toda a grandeza do fabuloso Amazonas, o folclore, as  tradições mais caras, o calor humano representados na movimentação de seus folguedos populares, as lendas antigas memórias dos velhos casarões de azulejos portugueses tudo isso impregnado de muita paz amor e amoldurados pela sensibilidade da imaginação de um artista que muito cedo soube se impor no cenário intelectual de sua pátria."
O catálogo comemorativo de seus 25 anos de pintura é de alto nível, com reproduções de qualidade e traz ainda uma listagem de reportagens publicadas sobre sua obra em jornais e revistas nacionais e estrangeiras, alem de opiniões da crítica especializada.

   MORICONI: O ESPECTADOR DEVE SENTIR A ESCULTURA

Peso, impacto, equilíbrio no ponto zero e maior atmosfera como matéria, são os fenômenos segundo os quais o escultor Moriconi define os dezesseis volumes que compõem sua nova exposição individual, na Galeria Bonino, que ficará aberta até o próximo dia 20 do corrente.
Escultura para mim, afirma ele, é a projeção psíquica que uma vez cristalizada, projeta-se no psiquismo do espectador, encontrando o seu espaço.
Partindo do bidimensional, as obras de Moriconi tiram o espectador do campo gravitacional psíquico, o que lhe proporciona uma impressão de tridimensionalidade.
Numa das peças da exposição, Conceito Orbital, explica Moriconi, ela é representada por um ponto de fuga que, para o espectador perceber, deveria se colocar numa altura de seis metros, para melhor aprender o seu Impacto Visual.

VANGUARDA

Moriconi nasceu na Itália, mas desde 1953, vive e trabalha no Rio de Janeiro.Depois de pesquisa na pintura, que chegou a expor na Galeria dezon, em 1960, ele integraria o grupo de artistas cariocas ligados á vanguarda, realizando, em 1967, na Petite Galerie, a 1ª Feira Mundial de Sangue do Umbigo.
A exposição consistia na apresentação de garrafas cheias de líquido vermelho, pipas e barbantes, representando um sistema de vida uterina, na tentativa de um encontro fetal comigo próprio, acentua Moriconi.
A essa mostra, sucederia, em 1968, a Máquina I, apresentada na Petite Galerie e no MAM, no Rio, e em Nova Iorque, na verdade, o primeiro múltiplo feito no Brasil, conforme anunciava no próprio catálogo da exposição. Nesse mesmo ano, participaria da manifestação Arte no Aterro, na qual atirava bolas de soprar cheias de elementos formais que, quando explodiam criavam formas incidentais.
Moriconi iria ainda mais além nas suas participações na vanguarda carioca. No Salão Nacional de Artes Moderna, em 1969 expôs o Espaço Vazio, no qual, no espaço que lhe fora reservado para expor suas obras, um texto transmitido pelo gravador anunciava: este é o núcleo inicial do espaço total. Espaço-Tempo-Som. Visão-Olfato-Tato-interligados para detonar um acontecimento poético. Você é uma forma dinâmica no espaço. Você é a obra, tendo a atmosfera como suporte vivo de freqüências integradas ao museu humano.
O que, em suma, proporcionaria a Moriconi divulgar teorias proclamadas por Mondrian, segundo o qual um dia, casa indivíduo será o artista de si mesmo e descobrirá as formas poéticas sem a sofisticação dos artistas profissionais.
Nessa mostra de agora, a segunda que faz com seus anti/volumes, Moriconi prossegue na sua pesquisa de demostrar a possibilidade de moldar a atmosfera no sentido de construção da peça ser sentida por cada um dos espectadores.

                              PAINEL

ARTE EDUCAÇÃO - O I Encontro Municipal de Arte Educação, promovida pela Prefeitura da Cidade do Salvador, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura objetiva congregar especialistas ligados nessa área para juntos, vivendo vivenciarem a problemática da integração Arte Educação no que diz respeito á definição de objetivos de novas metodologias e de oportunidade para o desenvolvimento de potencialidades do indivíduo na descoberta de si mesmo, não como artista, mas como ser integrante de um grupo social que espera de cada elemento uma atitude participante e ativa na busca de sua auto realização. Um grupo de artistas plásticos, teatrólogos, estudiosos do folclore, dançarinos e músicos vão participar deste trabalho coletivo de grande importância. Do encontro, que será realizado de 21 a 27 do corrente mês, sairá a linha de ação a ser desenvolvida. Aguardem.


ADERBAL RODRIGUES E NILZA BARUDE - vão expor na  Mini-Galeria ACBEU de 12 a 19 de agosto suas telas e cerâmicas. A apresentação da ceramista Nilza é feita por Calasans Neto que diz: A preocupação por uma perfeita queima do esmalte multicolorido, nascido de um desenho bem pessoal é que faz de Nilza uma artista consciente da sua profissão. Mais admirável é a sua energia criadora pesquisando formas e cores transmitindo de uma forma desprendida aos mais jovens, seus segredos e saberes. (foto). Já Aderbal traz apresentação de Ivo Vellame, que fala do domínio do artista da temática afro-baiana, subordinando-a á sua visão onírica, criando um efeito plástico notável, interpretando as coisas dos candomblés através da sua notável personalidade de artista.

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