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segunda-feira, 8 de julho de 2013

SÉRGIO VELLOSO EVOLUIU

JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 1977

Os Arlequins do artista Sérgio Velloso
Venho acompanhando há algum tempo o trabalho pictórico de Sérgio Velloso, este jovem de 22 anos de idade. Depois de estudar Desenho e Pintura no Curso Livre da Escola de Belas Artes partiu para a profissionalização e dai o seu trabalho vem melhorando de qualidade e buscando uma temática que lhe possibilitasse uma maior expressão.
A procura resultou no encontro dos palhaços e arlequins, figuras indefinidas que hoje preenchem e dão um colorido especial às suas telas.
Uma pintura singela, tranqüila e devagar como diriam os mais avançados.As cores são tão tênues que tivemos dificuldade em fotografar os seus quadros. O desenho surge apenas para dar ligeiras formas das figuras humanas porque os espaços são preenchidos principalmente por tonalidades esbranquiçadas. É como afirma Sérgio: " Estes novos trabalhos, acredito que estão numa etapa superior aos anteriores em termos de qualidade. É uma evolução do meu trabalho e também da minha personalidade artística. A gente muda e estou transmitindo aquilo que sempre gostei de fazer. Sei que inicialmente o público reage porque está acostumado a consumir quadros onde as cores fortes predominam e agradam fácil. Uma prova disto é que vendi pouco na última exposição que realizei recentemente na Galeria Panorama na Barra.Compreendo perfeitamente esta reação do público, mas acredito que com o passar do tempo a minha pintura venha a ser disputada.Continuo trabalhando na mesma linha que norteou minha última mostra."
É claro que o retraimento não deve significar o fim, uma volta ao passado e sim um incentivo para uma busca mais profunda em termos de qualidade e de definição de uma temática.
Como falei acima a leveza dos traços e das cores utilizadas por Sérgio revelam a sua personalidade quieta.
O quadro intitulado Braços Abertos, um dos adquiridos realmente expressa tudo que poderia falar sobre o seu trabalho. É que o artista está de braços abertos em busca de uma definição e assim o público deve recebê-lo. Sérgio é um dos bons artistas jovens de Salvador e tem uma importante aliada que é a obstinação em acertar.
O quadro Braços Abertos é simples e me chamou a atenção a disposição dos cinco palhaços que compõem a composição. Eles foram concedidos com vestes folgadas e adequadas com um traço fino que nos dão a impressão de liberdade de uma partida para o infinito.
Os palhaços contemplam o espaço, o horizonte como eu estou a contemplá-lo.
Alem disto temos que destacar que Sérgio Velloso tem consciência de artista, atributo tão essencial mas que infelizmente falta em muitos que existem por aí afora.
Sua consciência profissional existe e tem ciência de suas limitações e qualidades.
Quanto ao mercado de arte para o jovem artista ele considera Salvador um péssimo mercado. É muito difícil para um estreante ou mesmo um artista jovem que realizou algumas exposições viver exclusivamente de arte.
No entanto, sou de opinião que o mercado existe porque estamos vivendo numa cidade com mais de um milhão e cem mil habitantes.
O que é preciso é um maior incentivo no campo das artes plásticas pelas autoridades encarregadas de nossa política cultural. Quanto a questão de crédito do público ao jovem eu sou de opinião que se o trabalho é bom, é bem feito, tem conteúdo, ele agrada mesmo que seja feito por um artista desconhecido. Mas a distância do bom trabalho para uma sobrevivência digna de seu autor é muito grande, folgadas e adequadas com um traço fino que nos dão a impressão de liberdade de uma partida para o infinito.
Os palhaços contemplam o espaço, o horizonte como eu estou a contemplá-lo.
Além disto temos que destacar que Sérgio Velloso tem consciência de artista, atributo tão essencial mas que infelizmente falta em muitos que existe por aí afora.
Sua consciência profissional existe e têm ciência de suas limitações e qualidades.
Quanto ao mercado de arte para o jovem artista ele considera Salvador um péssimo mercado. ´[E muito difícil para um estreante ou mesmo um artista jovem que realizou algumas exposições viver exclusivamente de arte.
No entanto ou de opinião que o mercado existe porque estamos vivendo numa cidade com mais de um milhão e cem mil habitantes.
O que é preciso é um maior incentivo no campo das artes plásticas pelas autoridades encarregadas de nossa política cultural. Quanto a questão de crédito do público ao jovem eu sou de opinião que se o trabalho é bom, é bom feito, tem conteúdo, ele agrada mesmo que seja feito por um artista desconhecido. Mas a distância do bom trabalho para uma sobrevivência digna de seu autor é muito grande.

                        ECOLOGIA DA ROSA CABRAL

Rosa refletindo sobre a Ecologia
Uma mulher sensível e dotada de grande dom artístico seria uma definição ligeira da artista Rosa Cabral. Frágil como o seu nome, ela vai lutando e vencendo obstáculos quase intransponíveis. Tem uma imensa vontade de realizar um trabalho artístico sério e que seja reconhecido por todos. Agora vai deixar a Bahia pois ganhou uma bolsa numa universidade alemã e por lá ficará durante um ano e meio. Mas antes de partir ele resolveu brindar os baianos com apresentações de um audiovisual sobre Ecologia, sua atual preocupação. A primeira apresentação já aconteceu na quarta-feira passada, mas na próxima quarta-feira lá estará a Rosa Cabral no Cinerante do Icba, mostrando o seu trabalho. Ela apresenta o verde em três dimensões dentro da arquitetura, a ativação de áreas verdes na metrópole e jardins, residências e florestamento.
Rosa vive preocupada com modificação da paisagem natural devido a especulação imobiliário e a remoção indisciplinada da vegetação nativa. Suas imagens são poéticas com força de denúncia porque ele mostra a crueldade com que esta paisagem é descaracterizada e a presença de pequenas manchas de verde em locais ás vezes considerados inacessíveis.
Rosa denuncia a remoção das nossas dunas brancas e belas e o abate indiscriminado dos coqueirais do litoral  de Salvador dando lugar a uma vegetação superficial. Como fundo ela utilizou em seu audiovisual canções interpretadas por violeiros nordestinos. Este audiovisual deverá ser apresentado também na Faculdade Arquitetura de Recife, seguido de debate com os estudantes.

INDEPENDENTES

Cerca de 50 trabalhos entre aquarelas e serigrafias estão sendo mostrados no Icba, de autoria do Grupo  Kwarz, da Alemanha. A mostra, segundo alguns artistas do grupo, visa divulgar o trabalho e descobrir afinidades e analogias com artistas baianos. Assim, eles esperam receber e captar subsídios para a feitura de novos trabalhos que serão desenvolvidos na oficina de serigrafia do Icba.
Segundo Pette Feeller, membro do grupo, "independente das técnicas de elaboração de trabalhos em si esperamos conseguir um treinamento e um conteúdo através do aproveitamento de artistas baianos. No final do curso pretendemos realizar uma exposição e aí teremos condições de saber quais as afinidades existentes entre nós, alemães, e os artistas baianos."
O Grupo Kwarz é formado por seis artistas e três deles estão em Salvador: Petter Feeller, Janek Sylla e Warner Reister.
Feeller estendeu as suas paisagens de molduras ornamentais com caráter construtivista. Faz algum tempo que ele reside num prédio, nas proximidades da fronteira com a República Federal e a vista através da janela do seu apartamento descortina a paisagem fronteiriça a qual ele joga em seus trabalhos. Os céus apresentam-se com formações de escadas e variações de espaço.
Werner Reister trabalha as suas variações e colagens com disfarçada crítica e ironia social, ao passo que Janek Sylla com suas imensas planícies sugere uma distância inalcançável, o mais baixo possível, sobre o qual se eleva um vasto céu em tonalidades sutis de cor e povoado por criações de uma outra esfera de ideias.

            INSTRUMENTO DE  RAIMUNDO PALLES

O pincel e a espátula são os instrumentos de trabalho do artista Raimundo Palles (R.Palles) que há cinco anos vem desenvolvendo uma técnica mista, que certamente proporciona melhores efeitos. Agora o artista participará de três exposições uma individual no Hotel do Farol, a segunda, no III Concurso Nacional de Belas Artes, em Goiânia e, finalmente, no Museu de Arte e Ciência na cidade de Itapetinga, interior da Bahia. Palles é aluno da Escola de Belas Artes, tendo feito anteriormente um curso livre de Iniciação às Artes Plásticas.

                                 PAINEL

SALÃO - Participando do II Salão da Independência, promovido pela Associação dos Artistas Plásticos do Distrito Federal, a artista Gabriela Dantés, foi agraciada com uma Medalha de Prata, por sua escultura em gesso, imitando bronze intitulado Inanição e Menção Honrosa por sua tela Feira de São Joaquim. Um detalhe curioso deste salão é que não foi convidado para integrar o júri nenhum crítico de arte, porque na opinião do seu organizador, Sr. Roberto Amaro de Lucena " é de conhecimento geral, o fracasso das bienais e similares, onde bujões de gás, pias entupidas, carrinhos de tijolos, montes de lenha e outras aberrações são premiadas. Tudo é arte, gritam os pseudo-entendidos. Existe ainda os que procuram termos rebuscados para dar definição ao nada ". Os que estão de acordo com o Sr. Lucena, certamente estão definindo e fazendo o NADA! Na foto, o trabalho de Gabriela Dantés -Inanição- que recebeu a Medalha de Prata.



PARA ESTUDANTES - As inscrições para o I Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas para desenho e gravura, estão abertas até o dia 14 de novembro próximo, na Delegacia do MEC. Os candidatos poderão inscrever-se nas duas categorias, sendo obrigatória  apresentação de três trabalhos para cada categoria. Os prêmios são CR$15 mil para o 1º colocado; CR$10 mil para o 2º; CR$5 mil para os 3.o, 4.o, 5.o e 6.o lugares.

JÁ VAI O CALÁ -Novamente Calasans Neto vai expor nos States, sendo que desta vez a convite do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores. Além desta, ele realizará mais duas exposições na Galeria Internacional de Nova Iorque e outra em Nova Orleans, onde se inspirou para confecção do álbum De Jazz. Sobre o álbum Itapuã Céu, já comentei demorosamente.

BOA COTAÇÃO- Os leiloeiros estão ficando cada vez mais sabidos. Agora um deles realizou um levantamento do mercado de arte e chega a conclusão que maiores lances já conseguidos por estes artistas foram: Portinari CR$950 mil; Di Cavalcanti CR$390 mil; Visconti CR$280 mil; Pancetti CR$156 mil, Volpi CR$130 mil; Bonadei CR$64.500; Teruz CR$ 49 mil e Marysia CR$28 mil. No entanto ele fez uma ressalva: o levantamento refere-se ao 1º semestre do corrente ano.

BAIANOS EM SERGIPE - Eis que Ivo Vellame segue para São Cristovão, levando trabalhos de Juarez Paraíso, Therezinha Dumet, Edson Barbosa,Graça Ramos, Edson Luz, Roberval Marinho e Renato Viana para integrar o V Festival de Arte de São Cristovão, um dos mais importantes do país.

CÉSAR ROMERO – Inaugurou ontem a exposição da Pousada do Carmo, intitulada Abordagem. Psiquiatra de formação ele utiliza os símbolos para falar dos problemas do homem.

OS PÁSSAROS DE CRISTIANO – Uma exposição de nível está sendo apresentada aos baianos pela Galeria Panorama. Trata-se dos trabalhos do artista Cristiano, jornalista e ilustrador mineiro. De posse do catálogo, fiquei impressionado com as cores e os movimentos do seus pássaros de asas abertas, em busca da liberdade, dos espaços. Seus pássaros voam com segurança através de pinceladas definidas na profusão de cores.



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