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quarta-feira, 31 de julho de 2013

GILBERTO SALVADOR : A OBRA E O HOMEM

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO 30 DE SETEMBRO DE 1978

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Existe uma comunhão entre a obra e a pessoa de Gilberto salvador. Uma união onde não podemos conceber a obra sem  o complemento de sua consciência profissional em defesa do artista e de princípios nobres da profissionalização. Um artista que está devidamente consciente do seu papel dentro da sociedade e principalmente sobre a utilização da arte plástica como meio de expressar suas ideias. Seu trabalho portanto é fundamentado num discurso e  para isto é preciso decodificá-lo, pois assim descobrimos muitas afirmações ali contidas.
Conversei algum tempo com Gilberto Salvador em casa de seu amigo, e também artista, Leonel Brayner. Discutimos vários pontos de vista e chegamos a muitas conclusões comuns aos três. Tudo gerou em termos da arte, mercado baiano, a arte feita na Bahia, Bienal Latino-Americana e outros assuntos. Em cada ponto Gilberto sempre apresentava uma posição coerente com seu trabalho e seu modo de encarar a realidade.
Este artista é um dos mais consagrados em São Paulo. É arquiteto e paisagista formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo e já participou de bienais e várias coletivas e individuais. É ainda professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos. Já ganhou prêmios em bienais e salões.
Além de sua atividade como artista plástico, Gilberto Salvador teve um período de trabalho ligado à arquitetura, que influiu muito em sua obra artística.
Foram pesquisas de materiais para paisagismo, a partir do levantamento junto aos índios caiçaras, na região de Bertioga e São Sebastião, assim como Serra do Mar, Baixada Santista e Planalto.
Nesta mostra da Galeria O Cavalete observamos o quanto essas fases de pesquisas influenciaram em sua temática, que se volta para a natureza recriada inventivamente com desenhos realísticos de mistura a outras imaginárias.
Em suma, as obras deste artista constituem-se numa síntese de suas experiências vivenciais e artísticas.Gilberto Salvador faz uso de técnicas mistas,  nas quais entram colagens, fotografias, desenhos e pinturas com diferentes pigmentos sobre suportes lisos ou ásperos, mostrando-se o tempo todo em muito bom nível, de quadro para quadro a qualidade permanece.
Afirma Gilberto que "a arte é um elemento de transformação. Eu vejo a obra de arte como uma pequena semente. Mesmo a televisão nesse sentido, deveria ser uma expressão de arte, mas teria que ser mais livre e menos compromissada, para se dar como tal, pois a arte deve nascer com as pessoas, por esse motivo, eu não aceito nem a arte oficial nem oficiosa. Ela deve ser, acima de tudo, o elemento de motivação ao nível do sensível. E na pode ser barrada por nenhum preconceito ou censura."
Esta declaração do artista Gilberto Salvador reflete bem as intenções de sua obra que não tem um caráter meramente decorativo ou ilustrativo, mas sim, como elemento de transformação e de enriquecimento nossa arte.
Gilberto Salvador dá uma imagem de que o pintor, o artista plástico e outras designações à "la old fashioned way" estão em plena solidariedade social e política."E, simultaneamente, contemporiza com o passado: "Elementos estes que continuam incorporados à minha sensibilidade, mas de uma imparcial e cristalina".
decadência, por este motivo é que o pintor relembra 1965 e sua primeira individual, na Galeria do Teatro de Arena, como um momento panfletário na sua obra, e explica : "Na verdade, seria mesmo um engano conceitual com o qual me envolvi, mais pelo sentimento de grandes angústias e por uma forte
E, à medida em que coloca, em seu trabalho,  a constante preocupação no sentido novo, Gilberto Salvador fica ainda mais distante de qualquer forma artística acadêmica: "Não há academicismo, desde o momento em que se é dinâmico, em que se atua num sentido de quebrar fórmulas. O que não quero é, deixando de ser acadêmico, cair em um maneirismo. É discutindo, correndo o risco de mostrar, de ser criticado e absorver tudo isto, que fico impedido de cair num ritmo maneirista. Acho esta palavra bem acertada para o caso."
É um dos artistas convidados para participar da lª Bienal Latino-Americana vem se destacando por um trabalho totalmente voltado para o aspecto da preservação. As últimas exposições do artista  emfocavam aspectos da natureza e seus prolongamentos, tais como plantas, pássaros e o indígena entrou como um prosseguimento natural destes prosseguimentos atingindo uma área que é hoje uma das mais passíveis de destruição pela sistemática de aproveitamento do solo que se faz no Brasil. Neste aspecto diz Gilberto Salvador: "O meu trabalho vem se desenvolvendo na área da preservação do meio ambiente e o indígena brasileiro não foge a esta regra, ou melhor dizendo, é o que mais sofre pelo fato de seu habitat estar vulnerável a interesses que estão acima da memória e do respeito pela qualidade de vida no Brasil, interesses estes que foram sempre subsidiados, direta ou indiretamente, pelo sistema, dentro deste panorama é fácil localizar a devastação cultural e ambiental por que passam os indígenas. De uma forma ou outra isto me sensibiliza e como artista plástico reajo com o meu trabalho, aproximando-me o máximo possível de aspectos da memória indígena que vão de encontro à linguagem plástica os meus trabalhos, logo estes trabalhos que apresento agora são uma seqüência direta do que vem se desenvolvendo, mas marcadamente da mostra da última Bienal de São Paulo (1977) onde homenageei os irmãos Orlando e Cláudio Villas Boas, com quatro painéis sobre a temática indígena."

                  NOVA GALERIA EM NOSSA CIDADE 

Uma exposição coletiva de professores da Escola de Belas Arte da UBba., marcou ontem a inauguração da Kompasso Galeria de Arte, na Rua Amazonas, 1.315, Pituba. Esta será, provavelmente, uma mostra importante, pois reúne trabalhos de 26 professores da Escola de Belas Artes, Incluindo pintura, escultura, cerâmica, gravura e desenho. Dos expositores participantes, os destaques são para os professores Juarez Paraiso, Mário Cravo Júnior, Réscala, Riolan Coutinho, Emídio Magalhães, Graça Ramos, Jamison e August Buck.
A galeria é parte da Kompasso Escola de Arte, que já funciona com vários cursos livres e, além de pretender constituir este local como estímulo para futuras exposições de trabalhos dos seus alunos, quer passar a ser um novo ponto de encontro das pessoas ligadas á arte na Bahia. Em verdade, a metodologia do ensino de artes que a Kompasso vem pretendendo imprimir já chega a ser bastante inovador, pois, como afirma uma de suas diretoras, a professora Else Coutinho Matos, partimos da ideia de que todas as manifestações artísticas, embora distinguindo-se características próprias em cada uma delas, originam-se em poucos comuns: forma, espaço, tempo. Assim, a integração Artística é uma das atividades básicas para os alunos da Kompasso, independente do curso que freqüentam: dança moderna, ballet, jazz, discoteca, decoração e, mais recentemente, Curso de Preparação para o Teste de Aptidão Artística de vestibular da UFBa.

            ESCULTURA DE FERRO DE MARK DI SUVERO

Isis, uma escultura pesando 35 toneladas e totalmente feita com fragmentos de ferro, obra de autoria do artista Mark di Suvero, encontra-se exposta na parte externa do Museu Hirshhorn, em Washington. Esse primeiro trabalho, encomendado pelo museu, foi doado pelo Instituto de Sucata de Ferro e Aço, dos EUA, por ocasião de seu 50º aniversário. Os componentes da escultura incluem parte da proa de um navio pedendo da corrente de uma âncora, partes da estrutura de um submarino e outras peças menores. A nova ecultura estabelece um contraste marcante com a arquitetura do museu, e tem despertado a curiosidade dos visitantes. Ao fundo, à esquerda, está situado o Museu Nacional do Ar e do Espaço, também conhecido como Museu da NASA. O escultor Di Suvero, nascido na China, é filho de diplomata italiano cuja família emigrou para os Estados Unidos em 1941.

                              PAINEL

CESARIO- O artista Edson Cesario fez uma exposição no Gabinete Português de leitura onde mostrou alguns de seus novos trabalhos com temática paisagens e interiores. É um jovem bem intencionado que começa a trabalhar com os pincéis, mas ainda tem muito o que apurar sua técnica. Foto



SALÃO- Um coquetel marca hoje o encerramento do I Encontro de Arte da Fumcisa, quando será lançado o livro Zé Limeira, Poeta do Absurdo, do escritor paraibano Orlando Tejo. A promoção é da Fundação Museu da Cidade.

DOCUMENTÁRIOS- A Associação Cultural Brasil-Estados Unidos e o Clube de Cinema da Bahia estão convidando para a mostra de quatro documentários, de origem norte-americana, premiados no Festival do Filme Científico-1978. No dia 3 de outubro das 19 às 21 horas serão exibidos os filmes no ICBA: Marte Sem Mito, da Churchill, de Rita R. Colwell; Bioluminescência: a Luz no Mar, de Thomas Craven Film Production, e Vulcão: o Nascimento de Uma Montanha, de Bert Van Bork.

FOTOBAHIA-78- Termina hoje a mostra dos fotógrafos baianos reunidos na FotoBahia-78 no foyer do Teatro Castro Alves. Vale a pena aproveitar e dar uma olhada. Parabéns aos fotógrafos pela qualidade do trabalho apresentado, especialmente quando visto em conjunto.

ESCOLA TÉCNICA- Promoveu a Artexpoema com exposição de poemas e artes plásticas, ontem pela manhã.

TROFÉU IMPRENSA- Hoje, em Ilhéus, vários jornalistas estão recebendo o Troféu Imprensa e paralelamente será realizada uma exposição promovida por Roberto Araújo, da  ex-galeria Rag, que permanecerá aberta até o próximo dia 10 de outubro. Reúne trabalhos de Antoneto, Ademar Lopes, José Artur, Juarez Paraíso, Edson da Luz, Joel Estácio, Edmundo Simas, Enele, Nidi, Maria Elvira, Benedito Barreto, Prates, Calixto Sales, dentre muitos outros.

ALBERTO ELIAS- Abriu mostra com patrocínio da Le Dome Galeria de Arte no Gabinete Português de Leitura. São trinta trabalhos em entalhes. 


JOSÉ CARRERA- Está expondo marinhas na Galeria Panorama.

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