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terça-feira, 24 de setembro de 2013

A ESTÉTICA DA RECESSÃO

JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA 22/12/1997


Foi um ano atípico para as artes plásticas. Apesar da resistência com o surgimento de espaços culturais alternativos, lançamentos de livros, exposições importantes...-, o resultado comercial foi baixo e, com isto, muitos artistas e galeristas tiveram que apertar o cinto. O Parque das Esculturas, no Solar do Unhão, foi o acontecimento mais importante do setor, na Bahia, que perdeu alguns de seus mais importantes representantes   Mabe, Willem De Kooning, Robert Rauschenberg e Roy                      Lichenstein. Reynivaldo Brito.

A Imandrade, em São Paulo, juntamente com outros dezessete artistas expõe no Centro Cultural de São Paulo. O artista Antônio Rebouças, do alto de sua experiência de vida, mostra sua produção recente, com obras baseadas nas viagens que empreendeu ao Nordeste e á Amazônia, preocupado que está com o desmatamento desenfreado nas regiões.

Época do Carnaval. As roupas ficam mais leves e as pessoas, mais sensuais. Isto inspira a argentina Lili Sanchez, que expõe no Instituto Mauá, enfocando a festa. Leonel Mattos denuncia, em instalação, o abandono da igreja de Humaitá, enquanto Wasghinton Santana mostra-se indignado com a atitude da Prefeitura, de retirar suas esculturas, ás escondidas, da Avenida Paralela.

Vários gravadores, entre os quais Calasans Neto, realizam uma mostra na galeria Cañizares, na tentativa de soerguer a produção de gravura que a Bahia tinha. Maria Adair expõe 60 telas no Museu de Arte Moderna da Bahia, resultado de estudos viabilizados por uma bolsa oferecida pela Fundação Rockfeller. A Copene patrocina três projetos na área.

Antonello L’Abatte, responsável pelo nascimento da gravura, expõe na Acbeu. Na Escola de Belas Artes, Fernando Freitas Pinto lança a idéia de um painel da obra de professores e artistas. Hilda Oliveira é lembrada, merecidamente. Ferjó (residindo nos EUA) acerta contrato com a Perry Art Gallery, para distribuir sua produção nos States.
Yuriko e Martinesi expõem. No Museu Carlos Costa Pinto, a arte oriental.

A NR Galeria traz José Goiana, ou Zezito, como é mais conhecido: um arquiteto que também se revela bom pintor. Uma idéia interessante de um grupo de artistas, que faz exposição com as obras em forma de pizza, na Bonna Pizza. O filho do governador de Pernambuco. Miguel Arraes, expõe na galeria Frazão. A mineira Jucira traz a arte milenar da cerâmica, com peças muito criativas, na Acbeu.

A Fundação Hansen Bahia renasce e a tela de Antônio Parreira, chamada 25 e cinco de Junho, fica exposta por lá. É um espaço entre Cachoeira e São Félix que merece ser visitado. Um museu dentro de uma fazenda. O artista Carlos Bastos faz uma bela exposição na Anarte, que encerra, temporariamente, suas atividades. O IV Salão MAM-BA abre inscrições. Jamison Pedra ganha o prêmio Copene.

Calasans Neto coloca uma escultura chamada Sol Dourado no Parque Costa Azul.
Chegam notícias de Luiz Ferraz, que expõe nas cidades de Paris e Los Angeles. No dia 18, o Museu de Arte da Bahia inaugura a exposição Vieira e a Bahia do seu Tempo, om trabalhos contemporâneos sobre a vida do missionário jesuíta. O sucesso é grande.
Ponto para Sylvia Athayde.

O artista plástico Jenner Augusto é homenageado na Casa Cor, instalada no belo palacete que, outrora, abrigou o colégio Sophia Costa Pinto. O ator e pintor Guilherme Leme expõe Peles, em Salvador, na NR Galeria de Arte, com grande tietagem. As pinturas mostram sua preocupação com a ecologia. Bons efeitos visuais e texturas que convidam ao toque.

Cláudia Toscano usa materiais extraídos dos coqueiros para criar esculturas. Fernando Oberlaender mostra 30 trabalhos, com traço forte. Jacy Brito faz leilão do que restou de sua saudosa galeria, O Cavalete. Edson Calmon rompe com novos trabalhos. Murilo conta estórias, com seu lirismo peculiar. No MAM-BA, a exposição de Goya. E o salão do museu bate recorde, com 1.143 inscritos.

Floriano Teixeira faz um minirretrospectiva de sua obra e pinta Savonarola, um fervoroso reformador. Henrique Passos pinta as paisagens bucólicas baianas. Itamar Espinheira mostra sua produção dos últimos 40 anos das espátulas, com suas texturas densas, à pintura acrílica, na Atrivm. Zivé, que está exilado em Brasília, apresenta a evolução de sua arte, na Galeria de Arte Casa Thomas Jefferson.

Isa Muniz celebra 50 anos de arte.
Uma produção rica e o despojamento em repassar para os jovens o que sabe. Desenhar. Os professores aposentados da Escola de Belas Artes da UFBA, Ailton Lima e Ana Maria Villar, abrem escola no Caminho das Árvores, Zu Campos inaugura espaço cultural, na cervejaria Okka Bier. João Augusto Bonfim ensina arte em seu ateliê, na Rua Frederico Costa. Salvador celebra  a arte africana.

Leonel Matos expõe na Galeria Arte Abaporu. Raimundo Nonato mostra arte primitiva na Okka Bier. Artistas fazem exposição utilizando o giz. Realizada a feira de gravuras, no Espaço Cultural Calasans Neto (UEC/Pituba). Os museus Carlos Costa Pinto e de Arte da Bahia lançam livros, com seus acervos. Aplausos para Mercedes Rosa e Sylvia
Atahyde. Chico Liberato expõe seus Orixás. O MAM-BA inaugura o IV Salão.

MUNDO & BRASIL

Exposição de Monet, em São Paulo e Rio de Janeiro, atrai milhares de pessoas, com filas de jovens e pessoas do povo interessados em ver a pintura do mestre.

As obras de Camille Claudel, também em São Paulo, levam muita gente para apreciar suas belas esculturas. Estes dois eventos são provas incontestáveis de que boas exposições e mídia levam o povo ao museu.

A exposição de obras de Michelangelo Buonarroti (no MASP, encerrada em 13 de novembro) é outro evento de destaque no Brasil.

Faz grande sucesso a exposição de Egon Schiele, chocando algumas pessoas, com uma obra onde o artista se masturba.

O baiano Mário Cravo Neto ganha matéria de destaque no The New York Times, elogiando a exposição de suas fotos na Witkin Gallery, em Nova Iorque. No Brasil, ganha prêmio no Panorama das Artes Brasileiras.

O escultor baiano Paulo Pereira é outro nome premiado pelo Panorama das Artes Brasileiras, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

AO CINCO MELHORES

Criação do Parque de Esculturas do MAM-BA, no Solar do Unhão, com a retirada da favela e tratamento paisagístico da área. Espaço que precisava ser resgatado, para dar mais dignidade áquele conjunto arquitetônico.

Exposição de Goya, no Museu de Arte Moderna da Bahia desenhos importantes deste grande mestre da arte, dando oportunidade aos menos favorecidos de conhecer a obra do artista.

Livros com os acervos dos museus Carlos Costa Pinto e de Arte da Bahia. Iniciativas que vieram preencher uma lacuna. Já existia o livro do Museu de Arte Sacra. O s demais museus devem se mobilizar para editar os seus.

Exposição de Carlos Bastos, na Anarte. Há anos sem fazer individual, mostra sua arte participando, como personagem, de várias telas.
Dentre elas, destaque para a tela em que aparece sentado diante de uma bela mesa.


A bela exposição de Floriano Teixeira, pela primeira vez empenhado no sucesso de uma mostra. É, na realidade, uma ligeira passada sobre sua obra, uma espécie de minirrestropectiva.

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