A TARDE SEGUNDA-FEIRA, 22 DE DEZEMBRO DE 1997
Foi um ano atípico para as artes
plásticas. Apesar da resistência com o surgimento de espaços culturais
alternativos, lançamentos de livros, exposições importantes, o resultado
comercial foi baixo e, com isto, muitos artistas e galeristas tiveram que
“apertar o cinto”. O Parque das Esculturas, no Solar do Unhão, foi o
acontecimento mais importante do setor, na Bahia, que perdeu alguns de seus
mais importantes representantes: Carybé. Além das mortes de Manabu Mabe, Robert Rauschenberg e Roy
Lichtenstein.
Foto ao lado de Carybé,um mestre insubstituível na cena plástica brasileira.
JANEIRO
Almandrade, em São Paulo , juntamente
com outros dezessete artistas, expõem no Centro Cultural São Paulo. O artista
Antônio Rebouças, do alto de sua experiência de vida, mostra sua produção
recente, com obras baseadas nas viagens que empreendeu ao Nordeste e à
Amazônia, preocupado que está com o desmatamento desenfreado nas regiões.
FEVEREIRO
Época do Carnaval. As roupas
ficam mais leves e as pessoas, mais sensuais. Isto inspira a argentina Lili
Sanchez, que expõe no Instituto Mauá, enfocando a festa. Leonel Mattos
denuncia, em instalação, o abandono da igreja de Humaitá, enquanto Wasghinton
Santana mostra-se indignado com a atitude da Prefeitura, de retirar suas
esculturas, às escondidas, da Avenida Paralela.
MARÇO
Vários gravadores, entre os quais
Calasans Neto, realizaram uma mostra na Galeria Cañizares, na tentativa de
soerguer a produção de gravura que a Bahia tinha. Maria Adair expõe 60 telas no
Museu de Arte Moderna da Bahia, resultado de estudos viabilizados por uma bolsa
oferecida pela Fundação Rockfeller. A Copene patrocina três projetos na área.
ABRIL
Antonello L’Abatte, responsável
pelo renascimento da gravura, expõe na Acbeu. Na Escola de Belas Artes, Fernando
Freitas Pinto lança a idéia de um painel da obra de professores e artistas.
Hilda Oliveira é lembrada, merecidamente. Ferjó (residindo nos EUA) acerta contrato com a Perry Art Gallery, para
distribuir sua produção nos States.
Yuriko e Martinesi expõem. Dois
mundos: o chinês e o espanhol. No museu Carlos Costa Pinto, a arte oriental.
MAIO
A NR Galeria traz José Goiana, ou
Zezito, como é mais conhecido: um arquiteto que também se revela bom pintor.
Uma idéia interessante de um grupo de artistas, que faz exposição com as obras
em forma de pizza, na Bonna Pizza. O filho do governador de Pernambuco, Miguel
Arraes, expõe na Galeria Frazão. A mineira Jucira traz a arte milenar da
cerâmica, com peças muito criativas, na Acbeu.
JUNHO
A Fundação Hansen Bahia renasce e
a tela de Antônio Parreira, chamada 25 e cinco de junho, fica exposta por lá. É
um espaço entre Cachoeira e São Félix que merece ser visitado. Um museu dentro
de uma fazenda. O artista Carlos Bastos faz uma bela exposição na Galeria Anarte, que
encerra, temporariamente, suas atividades. O IV Salão Mam-Ba abre inscrições.
Jamison Pedra ganha o prêmio Copene.
JULHO
Calasans Neto coloca uma
escultura chamada Sol Dourado no Parque Costa Azul.Chegam notícias de Luiz Ferraz,
que expõe nas cidades de Paris e Los Angeles. No dia 18, o Museu de Arte da Bahia
inaugura a exposição Vieira e a Bahia do Seu Tempo, com trabalhos
contemporâneos sobre a vida do missionário jesuíta. O sucesso é grande.Ponto para Sylvia Athayde.
AGOSTO
O artista plástico Jenner Augusto
é homenageado na Casa Cor, instalada no belo palacete que, outrora, abrigou o Colégio Sophia Costa Pinto. O ator e pintor Guilherme Leme expõe Peles, em
Salvador, na NR Galeria de Arte, com grande tietagem. As pinturas mostram sua
preocupação com a ecologia. Bons efeitos visuais e texturas que convidam ao
toque.
SETEMBRO
Cláudia Toscano usa materiais extraídos dos coqueiros para criar esculturas. Fernando Oberlaender mostra 30
trabalhos, com traço forte. Jacy Brito faz leilão do que restou de sua saudosa
galeria, O Cavalete. Edson Calmon rompe com novos trabalhos. Murilo conta
estórias, com seu lirismo peculiar. No Mam-Ba a exposição de Goya. E o Salão
do museu bate recorde, com 1.143 inscritos.
OUTUBRO
Floriano Teixeira faz uma
miniretrospectiva de sua obra e pinta Savonarola, um fervoroso reformador.
Henrique Passos pinta as paisagens bucólicas baianas. Itamar Espinheira mostra
sua produção dos últimos 40 anos - das espátulas, com suas texturas densas, à pintura acrílica, na Galeria Atrivm. Zivé, que está exilado em Brasília, apresenta a
evolução de sua arte, na Galeria de Arte Casa Thomas Jefferson.
NOVEMBRO
Isa Moniz celebra 50 anos de
arte.Uma produção rica e o
despojamento em repassar para os jovens o que sabe : Desenhar. Os professores
aposentados da Escola de Belas Artes da Ufba, Ailton Lima e Ana Maria Villar,
abrem escola no Caminho das Árvores. Zu Campos inaugura espaço cultural, na
cervejaria Okka Bier.João Augusto Bonfim ensina arte
em seu ateliê, na Rua Frederico Costa.Salvador celebra a arte africana.
DEZEMBRO
Leonel Matos expõe na Galeria
Arte Abaporu. Raimundo Nonato mostra arte primitiva na Okka Bier Artistas fazem
exposição utilizando o giz. Realizada a feira de gravuras, no Espaço Cultural
Calasans Neto (Uec /Pituba). Os museus Carlos Costa Pinto e de Arte da Bahia lançam
livros, com seus acervos. Aplausos para Mercedes Rosa e Sylvia Athayde. Chico
Liberato expõe seus Orixás. O Mam-Ba inaugura o IV Salão.
MUNDO & BRASIL
Exposição de Monet, em São Paulo e Rio de
Janeiro, atrai milhares de pessoas, com filas de jovens e pessoas, do povo
interessados em ver a pintura do mestre.
As obras de Camille Claudel,
em São Paulo ,
levam muita gente para apreciar suas belas esculturas. Estes dois eventos são
provas incontestáveis de que boas exposições e mídia levam o povo ao museu.
A exposição de obras de
Michelangelo Buonarroti (no Masp, encerrada em 13 de novembro) é outro evento de destaque no Brasil.
No Moma, em Nova Iorque , faz
grande sucesso a exposição de Egon Schiele, chocando algumas pessoas, com uma
obra onde o artista se masturba.
O baiano Mário Cravo Neto ganha
matéria de destaque no The New York Times, elogiando a exposição de suas fotos
na Witkin Galery, em Nova Iorque. No
Brasil, ganha prêmio no Panorama das Artes Brasileiras.
O escultor baiano Paulo Pereira é
outro nome premiado pelo Panorama das Artes Brasileiras, no Museu de Arte
Moderna de São Paulo.
OS CINCO MELHORES
2- Exposição de Goya, no Museu de Arte Moderna da Bahia,
trazendo para a Bahia desenhos importantes deste grande mestre da arte, dando
oportunidade aos menos favorecidos de conhecer a obra do artista.
3- Livros com os acervos dos museus Carlos Costa Pinto e
de Arte da Bahia. Iniciativas que vieram preencher uma lacuna. Já existia o
livro do Museu de Arte Sacra. Os demais museus devem se mobilizar para editar
os seus.
4- Exposição de Carlos Bastos, na Anarte. Há anos sem
fazer individual, mostra sua arte participando, como personagem, de várias
telas. Dentre elas, destaque para a tela em que aparece
sentado diante de uma bela mesa.
5- A bela
exposição de Floriano Teixeira, pela primeira vez, empenhado no sucesso de uma mostra. É, na realidade,
uma ligeira passada sobre sua obra, uma espécie de miniretrospectiva.
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