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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

MULHERES NO MASP

A foto foi tirada de longe para evitar
problemas com os moradores de rua
.
Era uma quarta-feira pela manhã quando saí do hotel com destino a Avenida Paulista para visitar o Museu de Arte de São Paulo. Lá chegando me deparei com uma cena hoje comum nas principais capitais do mundo que é a presença de vários moradores de rua, inclusive muitos doentes mentais e drogados. Os moradores de rua enrolados nos seus edredons sujos estavam em vários cantos do amplo vão livre debaixo do belo prédio projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi. Fazia cerca de 18 graus, frio para mim que vinha do Nordeste, imagine para aquelas pessoas que passaram a noite ali. Eram umas dez horas da manhã e havia uma pequena fila em frente as bilheterias para a compra dos ingressos a R$ 40,00 reais a inteira e meia R$20,00. Já estive várias vezes no MASP, mas cada vez que vou para a Capital paulista não deixo de visitá-lo e me deslumbrar com as obras do seu rico acervo. O que me chamou a atenção foi o número de pessoas que àquela hora da manhã em poucos minutos lotou o salão principal da exposição. Aqui os nossos museus vivem à míngua porque os que hoje governam o Estado acham que a arte que está nos museus é uma arte burguesa.

O cartaz grotesco no salão do MASP.
Conheço museus franceses, italianos, espanhóis, suíços, americanos, portugueses, e de muitos
outros países que já visitei e em cada um deles guardo pequenas recordações de como reagi me emocionando com a beleza e a grandiosidade das obras. Lembro por exemplo que em Florença, na Itália, fiquei realmente paralisado com a escultura de David criada pelo gênio Michelangelo. Vi dezenas de pessoas rodeadas extasiadas com aquela obra e imaginando como este homem conseguiu realizá-la naquela época utilizando instrumentos rudimentares. A arte tem este poder inexplicável de emocionar, embora hoje alguns idiotas defendam que a arte tem que chocar, provocar indignação. Arte para mim é beleza, é leveza, é para elevar o espírito e ao examinar cada obra embora às vezes fico em silêncio e não expresso o que estou sentindo. Isto acontece porque cada indivíduo reage de forma diferente. Alguns são eruditos, o que não é o meu caso, outros têm mais ou menos informações e assim por diante. Se a pessoa já gosta de apreciar uma obra de arte já fico feliz.

Vemos as obras de grandes mestres da arte
universal e na frente a de Renoir chamada
Rosa e Azul ou As Meninas Cahen d'Anvers.
É claro que ao examinar uma obra de arte temos que ver em que contexto foi feita, e muitas delas que resistiram ao tempo foram criadas antes da descoberta do Brasil. Portanto, a arte também mudou com o tempo e hoje estamos diante da arte chamada de contemporânea com suas várias correntes. Feitas estas considerações vamos aos fatos. Depois de apreciar obras de Renoir, Degas, Matisse, Modigliani, Toulouse Lautrec, Paul Gauguin, dentre muitos outros você se depara na mesma sala com obras de um movimento das chamadas minorias que hoje tomou conta das universidades, entretimentos e até do vetusto MASP. Você vê logo um cartaz grotesco onde tem inserida uma pergunta se mulher para entrar naquele museu precisa tirar a roupa. A pergunta faz alusão a inúmeras obras clássicas onde aparecem mulheres nuas que serviram de modelos aos grandes mestres da arte universal. São os tais coletivos que lembram a velha Rússia comunista com seus coletivos da agricultura que mataram milhões de fome na Ucrânia e na China de Mao Tse Tung. Dizem uns que esta gente é desinformada. Pode ser. Muitas não. São na verdade militantes da destruição. Com certeza repetem mantras como papagaios falantes, não raciocinam. Aí fui ver as obras expostas e realmente é uma distância abissal entre o que o tal coletivo expõe em confronto com os grandes clássicos. Dá dó e atesta a ignorância. Evidente que não se pode comparar alhos com bugalhos, mas apenas fazer um exercício de consciência e valores. Sou defensor do mérito independente do gênero, da cor, do tamanho ou peso do autor ou autora.

                                                                  DUAS EXPOSIÇÕES

Uma das cerâmicas expostas .
No primeiro piso inferior tem uma bela exposição de objetos pré-colombianos datados dos séculos 2 acc. e 16 da coleção de Edith e Oscar Landmann que está lá em comodato. São inúmeras vitrines onde você aprecia os mais variados formatos desde urnas funerárias até objetos utilitários e de ornamentação. É um deleite para quem aprecia objetos de cerâmica porque você fica extasiado com as formas, expressões e cores. Vale a pena visitar e ao lado de cada vitrine tem textos explicativos de onde vieram aqueles objetos seculares. Aí vemos que o homem, mesmo em tempos imemoriais já produzia objetos utilitários e de ornamentação. São 721 objetos de 35 culturas entre elas Inca, Marajoara brasileira, Paracas. Nasca, etc. vindas do Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Panamá, México, Brasil e países caribenhos.

Vemos  a pureza da pintura do Joseca.
No segundo piso abaixo tem uma bela exposição do índio yanomami  Sheroanane Hakihiiwe , Joseca Yanomami,  (Sheroana) Venezuela, 1971. Atualmente ele vive na aldeia de Mahekoto Theri, no município de Alto Orinoco, na Venezuela, e faz fronteira com Roraima, no Brasil. Estão expostas várias pinturas corporais e faciais e a representação de plantas, animais e objetos que eles utilizam no seu dia a dia. Muito mais interessante de se ver do que as obras do coletivo das mulheres. São 48 obras feitas em papel e mostra uma leveza e uma incrível capacidade criativa intuitiva deste índio yanomami. Consta na página do MASP uma declaração feita pelo artista que diz: “Tudo isto somos nós. Vivemos todos lá, e não é só nós. Lá tem grandes rios, grandes lagoas, os animais, todos os insetos. Vou resgatando tudo que está lá onde vivo”.  Acho importante este registro porque ele está colocando tudo em cadernos e no futuro poderão ser apreciados e estudados.

 


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