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sábado, 27 de setembro de 2025

GUTEMBERG COELHO SUA PINTURA ENALTECE O PATRIMÔNIO DE NOSSO PAÍS

Gutemberg Coelho pintando árvores de uma
floresta imaginária
.
O artista baiano Gutemberg Coelho nasceu em Mar Grande, na ilha de Itaparica, em primeiro de maio de 1965, e desde cedo demonstrou um interesse especial pelo teatro e a dança. Nos anos noventa passou a observar seu irmão  Roque Coelho que já pintava e comercializava seus quadros naifs para turistas no Mercado Modelo onde tinha uma pequena loja , e atualmente reside em Pipa,  distrito do município de Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte. Começou ajudando seu irmão com uma pincelada aqui outra acolá até que tomou gosto pela pintura e passou a ser o objetivo de sua vida. Ele continua realizando exposições de suas obras naifs e também no estilo cubista figurativo moderno em várias cidades europeias. O estilo cubismo figurativo moderno de que fala Gutemberg Coelho refere-se “à fase do cubismo sintético, que foi uma reação à fragmentação extrema do cubismo analítico. Nesta fase, iniciada por volta de 1912, os artistas voltaram a criar figuras mais reconhecíveis, mas sem abandonar a abordagem geométrica e a representação de múltiplos pontos de vista.”

Um belo casario do artista.
Casou aos vinte e um anos de idade e para sustentar a família trabalhou como auxiliar de estatística na empresa de ônibus Água Branca, no Polo Petroquímico de Camaçari de auxiliar de operador químico e até como eletricista . Foi contratado para pintar uma casa no bairro da Barra, em Salvador onde estava hospedado um alemão que veio para cá  aprender a falar e escrever Português. Enquanto fazia seu trabalho de eletricista  o alemão procurava conversar com ele querendo saber o significado e como se pronunciava esta ou aquela palavra. Durante uma conversa revelou ao alemão que também pintava quadros. Foi aí que  pediu para levar alguns quadros para ele ver, e terminou o alemão adquirindo dois deles. A temática das obras era a floresta tropical,  os animais, e o assunto ecológico estava em alta. O gringo pagou duzentos dólares por cada pintura e Gutemberg Coelho nunca tinha visto tanto dinheiro. Com estes recursos decidiu viajar para o Rio de Janeiro,  sem qualquer previsibilidade de hospedagem, e mesmo se poderia chegar perto onde estava acontecendo a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em junho de 1992, a chamada ECO-92. Dormiu na praia e debaixo do tablado de palanque armado para os shows. Levou consigo trinta e quatro obras retratando paisagens rurais, florestas , pássaros e casario colonial.  Juntamente com alguns artistas baianos, que encontrou por lá, e de outros estados participou de uma exposição no Palácio da Cultura. Contou que em cinco dias vendeu todas as obras, a grande maioria paga em dólares e euros.

Obra Músicos, no estilo
cubista figurativo.
O Gutemberg Coelho é dessas pessoas que tem o espírito aventureiro e se joga. Ao término da ECO-92 retornou à Salvador, decidiu sair por aí visitando vários países do continente sul americano. Em seguida foi morar em Porto Seguro onde permaneceu até 2001.  Voltou à Europa, e em 2015 veio residir   em Porto das Galinhas, no estado de Pernambuco, onde arrendou um restaurante e permaneceu durante um ano. Resolveu viajar novamente para a Europa. Morou na Holanda, na capital Amsterdam e lá teve uma pequena galeria na   Brouwersgracht, durante um ano e meio. Já passou temporadas na Bélgica, Espanha e França. Depois aportou em Cascais, Portugal, onde já está por vinte e cinco anos, e em 2009 obteve a cidadania portuguesa. Ele continua realizando exposições de suas obras naifs e também no estilo cubista figurativo moderno em várias cidades europeias.  Atualmente está passando uma temporada em Barra de Itacimirim, no município de Camaçari, Bahia, numa casa que adquiriu, e em cujo quintal passa o rio Pojuca, foi de sua casa que conversamos sobre sua trajetória e sua arte.

                          CAMINHADA

Aqui vemos o casario colonial , o mar e
a floresta.
O seu nome de batismo é Raimundo Gutemberg Coelho,  nasceu em Mar Grande em primeiro de maio de 1965, filho de Fábio Abdon de Souza Coelho e d. Marinalva de Andrade Coelho. Tem onze irmãos e sua infância foi dividida entre as praias de Mar Grande e as ruas dos bairros de Nordeste de Amaralina e São Caetano, em Salvador. Estudou o primário na Escola Municipal Helena Magalhães, localizada na Boa Vista de São Caetano e o ginásio no Centro Estadual de Educação Profissional Luiz Pinto de Carvalho, que na época tinha cursos técnicos integrados. Aí se interessou pelo teatro e a dança e juntamente com alguns colegas chegaram a montar peças de teatro amador e fazer apresentações de dança no próprio colégio e para os moradores do bairro de São Caetano. Casou cedo , teve outros relacionamentos e tem quatro filhos maiores de idade.

Na obra Colheita do Cacau vemos a
simplificação das formas.
Disse ser muito grato ao diretor da entidade portuguesa Cooperação Internacional e Cultura – CIC que constrói pequenos hospitais, e outros equipamentos de infraestrutura, administra por um tempo e depois transfere para os locais.  Aqui na Bahia o distrito de Nova Alegria, em Itamaraju foi um dos beneficiados.  Eles fazem este trabalho nos países africanos de língua portuguesa e no Brasil. O presidente da instituição adquiriu algumas obras de Gutemberg Coelho em 1998. A instituição lhe deu hospedagem durante três meses em Portugal, onde eles mantêm em Lisboa um centro de recuperação de dependentes químicos, e também acolhem pessoas com deficiência física. Lá ele fez alguns workshops ensinando a usar as tintas e a pintar. A diretoria da entidade fez um jantar e convidou cento e cinquenta pessoas com o objetivo de apresentar Gutemberg Coelho aos portugueses , e  a partir daí começou a alçar voo próprio. De lá para cá fez  exposições na Espanha, Portugal, França , Bélgica e Holanda,  e tem obras em coleções particulares e em museus nacionais e internacionais.

                                          EXPOSIÇÕES

O artista Gutemberg Coelho terminando mais
uma obra retratando o casario colonial.

E2001 - Exposição na Real Fábrica, Lisboa, Portugal; Galeria O Baile,            Maçussa -Portugal; CIC, Lisboa - PortugalGaleria Nova Imagem, Lisboa-Portugal; Galeria Mexicana, Lisboa Portugal; Exposição Aquarela do Brasil, Paço D'Arcos Portugal; Galeria  ARS, Lisboa Portugal. 2002 - Galeria Exclusivo, Lisboa-Portugal; Atelier Aberto, Lisboa-Portugal; Junta de Freguesia, Vila do Conde-Portugal; Atelier de Art Naif, Quarteira-Portugal; Aquarela do Brasil, Paço D’Arcos, Portugal; IV Salão da Primavera, Paço D'Arcos, Portugal; MAC, Lisboa-Portugal. 2003 - Fórum Almada, Almada-Portugal. 2004 - Museu Bernardino, Famalicão PortugalMarina Hotel TivoliVilamouraPortugal; Expo Salão, Batalha-Portugal; Palm Properties, CarvoeiroPortugal. 2005 - Hotel Spa Vila Sol, Vilamoura-Portugal; Hotel Tivoli, VilamouraPortugal; Galeria da Câmara, LouléPortugal2006 - Walls At Gallery, Amsterdam- Holanda; Atelier 9, Amsterdam-Holanda; Brazilian FineArtEindhoven-Holanda; Galeria EenRoosGemert-Holanda2007 - Galeria Tons da Baia de
Cartaz de uma de suas
exposições no exterior.
Cascais, Cascais Portugal; Espaço 
Cascais,Vila CascaisPortugal2008 - Galeria Tons da Baia de Cascais, Cascais- Portugal. 2009 - Atelier Cores do BrasilCascais-Portugal. 2010 - Salon d'Art Outros Olhos me Veem , Lisboa-Portugal ; Casa Viva, LisboaPortugalSaud ‘ArtSintraPortugal2011- 11º Salon International De L'arte, Marsella-França; Gallery Hang ‘Art , Martigues-França; ART&COR , Carcavelos-Portugal; Atelier Ecos do BrasilCascaisPortugalCasa VivaLisboa-Portugal2012 -  Salon Le Sm'Art,   Aix-en-Provence FrançaARTSHOWCaldas da Rainha-PortugalExposição Ecos do Brasil IPJ , Faro-PortugalHecho a Mano IFEPA, Murcia – Espanha ; Salon International d'Art Naif , Mulhouse-França.2013 -  Atelier Ecos do Brasil, Cascais-PortugalLEIRIARTES ,Leiria, Portugal; Biblioteca Municipal de Alcobaça, Alcobaça-Portugal ;Galeria Casco, Marinha GrandePortugal ; Arte a Mesa Restaurante  Nacional, Coimbra-Portugal ; Gabinete de Arte Djanira CostaSão Pedro do MoelPortugal2014 - Atelier Aberto, Madrid- Espanha; Galeria Vila Lucullus, Bredene-Bélgica; ArtAlgarve, Lagoa-Portugal. 2015 - Atelier Aberto, Lisboa-Portugal. 2016 - Restaurante O Pescador, Pernambuco-Brasil. 2017 - Atelier Aberto, Lisboa-Portugal. 2018 –Galeria Abraço, Lisboa-Portugal; Atelier Aberto, Lisboa-Portugal. 2019 - LXFACTORY, Lisboa-Portugal; Galeria Abraço, Lisboa-Portugal; Galeria Sta. Maria Maior, Lisboa-Portugal; Coworking, Lisboa- Portugal; Museu La Perine, Laval-França.2021 - Gallery Public. Artists, Viena-Áustria. 2022 - Casino Estoril, Estoril-Portugal; Arca Gallery, Lisboa-Portugal; Casino Estoril, Estoril-Portugal; Expor-Art Latino, Geórgia-USA; Expo-Art Latino, Miami- USA. 2023 - Arca Gallery, Lisboa-Portugal; Casino Estoril, Estoril-Portugal.

 

 

 



sábado, 20 de setembro de 2025

EVANDRO SYBINE O INCENTIVADOR DA RETOMADA DA GRAVURA NA BAHIA

Evandro Sybine no galpão da
EBA onde ministra suas aulas.

Fui encontrar o professor e artista gráfico Evandro Sybine no velho galpão da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia, no bairro do Canela, em Salvador, local onde ministra suas aulas ensinando  as várias  técnicas da gravura aos seus alunos. É um entusiasta desta forma de expressão artística e um colecionador de prensas antigas que as adquire de gráficos, que não mais exercem esta profissão, e até resgata em ferros-velhos antes que virem sucata para siderúrgicas. Tem mais de uma dezena delas, a grande maioria funcionando, e cada uma "batizada” com um nome carinhoso. Considero importante ver um professor entusiasmado com o seu ofício e que repassa o que sabe para os alunos com a garra de um principiante. Ele é bacharel em Artes Plásticas e mestre em Artes Visuais através o programa de pós-graduação também da Escola de Belas Artes-EBA. Foi bolsista da Capes quando desenvolveu pesquisa em Poéticas Visuais e Processos de Criação. Trabalhou como professor substituto na EBA-UFBA no Departamento de Expressão Gráfica e Tridimensional durante um ano de 2006 a 2007 e também como professor do Curso de Gravura em Metal e Monotipia nas Oficinas do Museu de Arte Moderna da Bahia nos anos de 2010 a 2014. Atualmente é professor permanente de Gravura da EBA onde repassa para seus alunos na área das Poéticas Visuais contemporâneas as técnicas de artes gráficas, xilogravura, calcografia, litogravura, serigrafia, tipografia e monotipia.

 Evandro Sybine dando  aula.
Sua família se transferiu para Salvador na década de 70 quando da implantação do Polo Petroquímico de Camaçari, que foi o primeiro complexo petroquímico planejado do Hemisfério Sul inaugurado em 1978. Chegou a ter quase uma centena de empresas dos setores químico, petroquímico, automotivo, celulose e de pneus gerando mais de quinze mil empregos diretos. Foi um impulsionador importante para toda região do Nordeste. Com os constantes planos econômicos, falta de segurança jurídica e outros problemas conjunturais que ocorreram no país  vem sofrendo um esvaziamento no decorrer desses anos. A família Sybine enfrentou toda esta instabilidade econômica porque seu pai Vladimir Sybine tinha uma empresa de instalação e manutenção de equipamentos de combate a incêndio e prestava serviços a muitas dessas empresas em Camaçari. O professor Evandro Sybine chegou a trabalhar com seu pai coordenando os funcionários quando da instalação dos equipamentos de combate a incêndios, mas foi sua mãe d. Carmen Lídia Sybine que insistiu para que fosse estudar artes na EBA. Seus dois irmãos se formaram em engenharia civil e arquitetura e faltava ele ter um curso universitário.

                                 SUA HISTÓRIA

Xilogravura de autoria de Evandro Sybine.
O professor e artista Evandro Sybine nasceu na capital paulista em dezoito de julho de 1974. Seu pai é filho de imigrantes que vieram da Estônia, localizada na Europa Setentrional, e sua avó da Hungria, fugindo das guerras que destruíram o continente europeu. Seu avô era torneiro mecânico e trabalhou em indústrias na Grande São Paulo. O Brasil recebeu na época muitos imigrantes europeus e de outros países que fugiam dos horrores da guerra e aqui chegavam sem nada, praticamente com a roupa do corpo, como se costuma dizer. Foram morar na região do Capão Redondo, Vila Alpina, Vila Avelina, Vila Zelina, Vila Prudente em São Paulo, para onde iam a maioria dos polacos, lituanos, estônios, ucranianos, russos, os italianos para o bairro de Bexiga, e os japoneses e outros orientais para o bairro da Liberdade. Já seu pai Vladimir Sybine trabalhou em fábricas como desenhista técnico, profissão que aprendeu aqui nos cursos técnicos na capital paulista. Sua mãe trabalhava na empresa inglesa Linhas Corrente. No ano de 1968 na ocasião em que a Rainha Elizabeth esteve em  São Paulo visitou  a fábrica, quando d. Carmen Lídia Sybine pode ver de perto a sua Majestade.  A empresa “Linhas Corrente foi fundada na Escócia, em 1820, como J. P. Coats, que mais tarde seria adquirida pela empresa britânica Coats Group.  A Coats Corrente operou no Brasil por mais de um século até que, em 2022, o grupo Coats vendeu a operação no Brasil para a gestora Reelpar, que rebatizou a empresa como Linhas Corrente, uma marca que agora opera como uma empresa brasileira.”

O artista e professor Evandro Sybine
coleciona  prensas antigas.
Quando seu pai resolveu vir para a Bahia foram morar na praia de Buraquinho, que fica no município de Lauro de Freitas, e dista trinta e cinco km de Salvado. Na época não tinha quase infraestrutura . Seu irmão mais velho enfrentava diariamente uma verdadeira maratona para estudar. Pegava uma Kombi até Itapuã e de lá um ônibus para chegar à escola. Atualmente o Evandro Sybine e seus pais moram no bairro de Patamares, bem em frente ao Parque de Pituaçu.

Estudou parte do primário no Colégio Adventista, no bairro do Capão Redondo em São Paulo, e quando chegou aqui foi estudar no Colégio Nobre de Villas do Atlântico. Ele se incomoda quando o chamam de paulista ou de gringo devido a seu sotaque e aparência física exibindo a sua barba longa e espessa. Evandro Sybine  costuma retrucar dizendo que “cheguei aqui ainda criança e me sinto baiano. Estou aqui desde os meus onze anos!” Estudou em vários colégios e terminou o último ano do segundo grau cursando no turno noturno do Colégio Odorico Tavares, localizado no bairro da Vitória, que foi fundado em 1994, com capacidade para três mil estudantes. Durante o dia ele trabalhou como copista.


Xilogravura Homem Lendo, de Sybine.
O pai fazia o desenho técnico dos projetos de instalação de equipamentos contra incêndio e através o papel vegetal Evandro Sybine fazia as cópias do desenho original. Mas, confessou   que gostava mesmo de fazer era acompanhar a montagem dos equipamentos juntamente com a peãozada, fazer rosca em canos e até
passar fio. Quanto à arte disse que sempre gostou e que seu pai o levava para ver as bienais em São Paulo. “Nunca esqueço eu segurando no dedo do meu pai, que é grandão, por isto era chamado de Sansão, caminhando no Parque Ibirapuera para ver as obras expostas na Bienal”, relembrou Evandro Sybine. Disse que nunca esqueceu de seu pai Vladimir Sybine lhe mostrando as pinturas de Wesley Duke Lee, mas não soube precisar se foi em 1965 ou em 1967 bienais que o artista participou -   8ª e a 9ª Bienal Internacional de São Paulo.

O artista Wesley Duke Lee nasceu em São Paulo em 1931  

Wesley Duke Lee.
e foi um desenhista, gravador, artista gráfico e professor. Em 1951, realizou curso de Desenho livre no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). No ano seguinte, viajou para os Estados Unidos, onde estudou na Parson's School of Design e no American Institute of Graphic Arts, em Nova York, até 1955. Durante esse período, acompanhou as primeiras manifestações da arte pop e teve contato com obras de artistas como Robert Rauschenberg (1925–2008), Jasper Johns (1930) e Cy Twombly (1928–2011. Voltou ao Brasi, em 1957, abandonou a publicidade para tornar-se aluno do pintor Karl Plattner (1919–1989), com quem trabalhou em São Paulo e posteriormente na Itália e na Áustria, até 1960. Nessa fase, viveu também em Paris, onde frequentou a Academie de la Grande Chaumière e o ateliê de Johnny Friedlaender (1912–1992). Retornou ao Brasil em 1960 e faleceu em 2010.”

                                       A GRAVURA NA BAHIA

Antes de entrar para a Escola de Belas Artes da UFBA o artista Evandro Sybine assistiu a instalação das esculturas de Mário Cravo Júnior no Parque Pituaçu, e certo dia tomou coragem e procurou o escultor baiano na tentativa de colaborar de alguma forma. Disse que o Mário Cravo Junior o recebeu muito bem, conversou, mostrou umas gravuras digitais que estava fazendo, mas não

O artista Calasans Neto (deitado) , Paulo Gil
Soares e Gisela Valladares brincando na velha
prensa que Mário Cravo Júnior trouxe em
 1954, e que ainda hoje funciona no galpão 
de gravura da EBA.
aceitou a sua colaboração. Recordou de uma Santa Ceia bem estilizada que Mário Cravo estava finalizando e que o grande artista baiano lhe mostrou. Porém, quis o destino que anos depois o Evandro Sybine veio ocupar a cadeira de professor de Gravura na Escola de Belas Artes, onde exatamente o Mário Cravo Junior tinha sido o primeiro professor desta disciplina na Escola de Belas Artes. 
No ano de 1940 Mário Cravo Júnior  fez uma viagem ao Rio de Janeiro para pesquisar como estava o ensino e também o desenvolvimento da gravura e trouxe de lá uma prensa. Três anos depois o diretor do Museu do Estado José Prado Valadares cria um curso e convida o gravador Poty Lazzarotto, do Paraná, que já era famoso, e passou três meses em Salvador ensinando as técnicas de gravura, principalmente a gravura em metal. Em 1953 Mário Gravo Júnior ministrou um curso de água-forte e água-tinta e em 1954 defendeu sua tese Sincronismo da Gravura e da Escultura e tornou-se professor do Curso de Gravura. Nos anos seguintes foram importantes para o desenvolvimento da gravura na Bahia que teve seu auge nas décadas de 60 e 70 com as presenças dos professores Hansen Bahia e de Henrique Oswald e surgiu a geração de Rubem Valentim, Carybé, Yedamaria, Calasans Neto, Emanoel Araújo, Sônia Castro, José Maria de Souza, Juarez Paraíso, Edison da Luz, Edvaldo Gato e depois a geração de Hilda Oliveira, Gley Melo, Hélio Oliveira, Edísio Coelho, Leonardo Alencar, Denise Pitágoras  e muitos outros. Depois houve um arrefecimento e mais recentemente com a presença de Evandro Sybine a gravura baiana vem tomando corpo com novos expoentes a exemplo do Timóteo e Arthur Soar na xilografia; Adriel Figueredo com a serigrafia; na litografia Mauro Lúcio, na gravura em metal Franciele Xavier e a Mirella Silveira com xilo e lettering, dentre outros que começam a se destacar.

Gravura premiada de Sybine.
Disse Evandro Sybine que se encantou pela Bahia e que chegou a trabalhar também como soldador elétrico e passou a fazer algumas esculturas em  metal que chegou a vender, eram principalmente orixás.  Nos anos 90 foi feito um Censo Cultural e lembra que sua família  morava em Itapoã e que a Secretaria da Cultura do Governo do Estado armaram uma espécie um trailer na Lagoa do Abaeté para que os artistas pudessem se inscrever no Censo Cultural, que cadastrou um total de onze mil artistas. Esses trailers foram instalados por toda a cidade. Ele se inscreveu e colocou que era escultor. Quando frequentou as Oficinas do Museu de Arte Moderna se inscreveu para fazer escultura em madeira com o saudoso mestre Zu Campos grande escultor e entalhador. Lá conheceu todo tipo de madeira, aprendeu a usar e até amolar as ferramentas.

Na época o diretor do MAM era Heitor Reis que foi um grande incentivador das oficinas. Lembrou Evandro Sybine que as Oficinas do MAM tinham um ambiente de aprendizado aberto com Flori ensinando escultura em madeira, Renato Fonseca litogravura, Antonello L’Abatte gravura em metal, Márcia Abreu xilogravura, Isa Moniz com escultura, Caetano Dias com a pintura, Zu Campos entalhe e escultura em madeira, dentre outros professores.” O professor e artista Evandro Sybine prestou vestibular para a Escola de Belas Artes foi aluno de grandes mestres da arte baiana e ao terminar continuou sua carreira acadêmica até se tornar professor de gravura. Reconhece que foi inicialmente nas Oficinas e depois na EBA que passou a se interessar pela gravura que hoje é sua grande paixão. Já fez várias exposições individuais e coletivas e continua produzindo juntamente com seus alunos no imenso galpão onde ministra suas aulas.

É bom deixar aqui registrado que as Oficinas do Museu de Arte Moderna foram criadas sob a coordenação de Juarez Paraíso e fechadas depois de quase trinta anos de funcionamento pela diretora do MAM-BA Solange Farkas, que chegou com a ideia de priorizar a arte tecnológica e digital. Ela acabou com as oficinas, e quando perceberam o erro que cometeram tentaram retomar, mas nunca conseguiram alcançar a mesma importância e criatividade . 

                                  EXPOSIÇÕES

O artista Evandro Sybine já
participou de várias mostras.
INDIVIDUAIS:  2010 - Imagens do Arruinamento - O Excesso Gráfico. Galeria da Aliança Francesa, Salvador-BA. 2005 - Gravuras e Objetos - Foyer do Cine Teatro SESC – Casa do Comércio, Salvador- BA, 2005.

COLETIVAS: Em 2016 – Mestre Duda – Exposição na EBA – Salvador-BA. 2014 – Exposição Triangulações – Salvador-BA. 2012 – Exposição Cotidiano – Salvador-BA; Paraconsistentes - 25 artistas contemporâneos da Bahia. Galeria Goethe Institut – ICBA, Salvador-BA; Circuito das Artes. Palacete das Artes – Museu Rodin, Salvador-BA .2011 - Entre Folhas – Coletivo de Artistas. Galeria Cañizares da EBA- UFBA, Salvador- BA.  2010 - Entre Folhas – Coletivo de Artistas. Centro Cultural Dannemann, São Félix- BA; O Lugar no Olhar Contemporâneo. EBA-UFBA, Salvador-BA; Circuito das Artes. Galeria ACBEU, Salvador-BA.  2009 -Doce de Santo - Exposição de um Coletivo de Artistas. Galeria ACBEU, Salvador-BA; Outros Papéis - Coletivo de Artistas. Galeria Cañizares da EBA-UFBA, Salvador-BA. 2008 - Cuidado com os Cantos. Galeria ACBEU, Salvador-BA; 130 anos da EBA-UFBA. Galeria Goethe Institut - ICBA, Salvador- BA; Corpo e Dobra. Galeria Cañizares da EBA-UFBA, Salvador- BA; Poética dos Guardados. Centro Cultural Dannemann, São Félix-BA. Exposição 68+40 Poética da Transgressão - Galeria Aliança Francesa, Salvador-BA; Impressões 3/3. Foyer Teatro Vila Velha, Salvador-BA; Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia. Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, Vitória da Conquista-BA, Prêmio Incentivo Fundação Cultural; Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia. Centro de Cultura de Alagoinhas, Alagoinhas-BA; Impressões 3/3. Galeria Aliança Francesa, Salvador-BA; Gravura - Influência na Nova Geração. Galeria Goethe Institut –ICBA, Salvador-BA; IX Bienal do Recôncavo. Centro Cultural Dannemann, São Félix-BA, Prêmio Aquisição; Feridas e Cicatrizes. Salão Nobre da EBA-UFBA, Salvador-BA; Salões Baianos - Artistas Premiados nos Salões Regionais de Artes Visuais 2007-2008 Galeria Solar do Ferrão, Salvador-BA. 2007 - Circuito das Artes. Galeria Goethe Institut – ICBA, Salvador-BA; Mais Gravura. Galeria ACBEU, Salvador-BA. 2006 - 7ème Mondiale de L&#39 - Estampe et de la Gravure Originale - Triennale de Chamalières, Chamalières-França; VIII Bienal do Recôncavo. Centro Cultural Dannemann, São Félix-BA - Menção Honrosa; Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia, Centro de Cultura Olívia Barradas, Valença-BA- Menção Honrosa pelo Conjunto da Obra. 2005 - VI Mercado Cultural de Salvador, Galeria da Cidade – Fundação Gregório de Mattos, Salvador-BA; Salões

Aqui Sybine e Antonelo L'Abatte olham
uma gravura do artista italiano.
Regionais de Artes Visuais da Bahia, Centro de Cultura Amélio Amorim, Feira de Santana-BA, Vencedor do Prêmio Fundação Cultural do Estado da Bahia; 5 X Gravura - Galeria ACBEU, Salvador-BA; Art For Today - Corredor das Artes. Galeria Goethe Institut –ICBA, Salvador-BBBA; GrupoGravura na Graphias. Galeria Graphias, São Paulo-SP. 2004 - 1º Salão Nacional de Artes de Paraty. Casa da Cultura, Paraty-RJ; 25 de Abril 30 anos - O Que Sente Sobre o 25 de abril de 1974 em Portugal? - Exposição Virtual; Primeira Exposição do Gravura Gravura - Gravuras e Mini Prints - Galeria ACBEU, Salvador-BA; Grupo Gravura em Brasília, Galeria Rubem Valentim, Brasília-DF; Exposição Art For Sale. Galeria ACBEU, Salvador-BA; II Território de Arte de Araraquara, Casa da Cultura, Araraquara-SP.  2003 - Antônio-Tempo, Amor e Tradição - Ano VII, Galeria do Aluno da Escola de Belas Artes da UFBA, Salvador-BA; 8º Premi Internacional de Grabado - Premi el Caliu. Sala El Calil de Olot, Catalunã-Espanha; 9º Salão de Artes de Itajaí, Centro de Eventos do Itajaí Shopping, Itajaí- SC; Do Imperialismo ao Caos. Foyer do Teatro Vila Velha, Salvador- BA. 2002 - 3th Tokyo Internacional Mini Print Triennial. Tama Art University, Tokyo-Japan; 125 anos EBA-UFBA. Centro de Memória e Cultura dos Correios da Bahia, Salvador-BA; Santo Antônio – Releituras Contemporâneas, Espaço Cultural Sofia Olszewski Filha – APUB, Salvador-BA; Projeto Permanente só Papel, Galeria Adriana Penteado Arte Contemporânea, São Paulo-SP; Só Gravura. Galeria Adriana Penteado Arte Contemporânea, São Paulo-SP. 2001 - Destaques das Oficinas do MAM-BA. Galeria das Oficinas do MAM-BA, Salvador-BA; 53ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC-UFBA, Salvador-BA e em 1998 - CAT-UFBA Museu de Arte Sacra, Salvador- BA.

                                       PRINCIPAIS TIPOS DE GRAVURA


1
-XILOGRAVURA-  é uma técnica de arte em que uma imagem é entalhada numa matriz de madeira, que serve como modelo para a impressão de uma imagem em papel ou outro suporte. A origem da técnica é chinesa, e no Brasil ela é fortemente ligada à cultura do Nordeste e à literatura de cordel, ilustrando os folhetos populares. A imagem é criada ao remover partes da matriz, deixando em relevo apenas as áreas que receberão tinta e serão impressas. Xilogravura de José Júlio de Calasans Neto (1932-2006), mais conhecido por Calasans Neto e Calá para os amigos , foi um 
multifacetado artista baiano, reconhecido internacionalmente por suas gravuras, mas também atuou como pintor, ilustrador, desenhista, entalhador e cenógrafo. 


2- CALCOGRAFIA - é uma técnica de impressão e arte que consiste em abrir sulcos e ranhuras numa placa de metal (geralmente cobre) para reter a tinta e transferi-la, sob pressão, para o papel. Também conhecida como gravura em metal ou impressão calco gráfica, a técnica pode envolver o uso de ferramentas como o buril para entalhar a imagem ou a ação de ácidos para criar incisões na superfície da placa. Atualmente, a calcografia é amplamente utilizada em documentos de segurança, como cédulas de dinheiro e passaportes, devido à sua alta tecnologia e à textura em relevo que dificulta a falsificação. Gravura em metal de Francisco Goya y Lucientes foi um pintor e gravador espanhol. É considerado o mais importante artista espanhol do final do século XVIII e começo do século XIX.

2a - ÁGUA-FORTE - é uma técnica de gravura em metal, onde uma placa de metal (como cobre ou zinco) é coberta com um verniz protetor, e o artista desenha sobre ele com uma ponta afiada, expondo o metal. Em seguida, a placa é imersa num ácido (o "mordente"), que corrói as áreas expostas, criando sulcos para a imagem. Após a corrosão, o verniz é removido, a placa é entintada e impressa, resultando numa gravura com linhas de diferentes espessuras, dependendo do tempo que a placa esteve no ácido. gravura em Água- Forte de Ferdinand Staeger.  Nasceu 3/3/1880 e faleceu em 11/9/1976. Foi um pintor e artista gráfico alemão ficou  conhecido como ilustrador e desenhista de tapeçarias e capas de renda.

2b - ÁGUA -TINTA -é uma técnica de gravura em metal que, ao contrário da água-forte que se baseia em linhas, produz manchas, tonalidades e valores planos através de um processo químico com ácido. Nela, uma fina camada de breu (resina) é aplicada na placa metálica, e as diferentes áreas da placa são expostas ao ataque do ácido por tempos variados, criando um efeito de "aguado" que confere profundidade e suavidade à imagem gravada, permitindo a produção de diferentes tons de cinza a preto. Uma Água-Tinta de Yêdamaria, artista baiana, datada de 1985, intitulada Espera.

3SERIGRAFIAtambém conhecida como silkscreen, é um processo de impressão que utiliza uma tela (matriz) para transferir tinta a uma superfície, criando uma imagem ou desenho. Essa técnica é versátil e pode ser aplicada em diversos materiais, como tecidos, vidro, metal, plástico e papel, sendo usada tanto para personalização de peças em massa como para a criação de obras de arte. A principal característica da serigrafia é a qualidade, durabilidade e a capacidade de reproduzir cores vibrantes. Serigrafia de  Gilberto Orcioli Salvador, mais conhecido como Gilberto Salvador, é um pintor, desenhista, gravador, arquiteto e professor brasileiro. Nasceu em  São Paulo 16 de dezembro de 1946.

4-LITOGRAFIA - é um método de impressão e fabricação baseado no princípio da repulsão entre óleo e água, que permite a reprodução de imagens e textos em diversas superfícies, como papel, plástico, metal e silício. Criada no final do século XVIII, a técnica envolve desenhar com materiais gordurosos numa pedra ou placa, e depois usar um processo químico e uma prensa para transferir a imagem para outra superfície. A litografia é amplamente usada na produção de arte, embalagens e na fabricação de circuitos integrados. Litografia de Yêdamaria,  nome artístico de Yeda Maria Correia de Oliveira (1932–2016), foi uma  artista plástica e professora nascida em Salvador. Conhecida por sua técnica refinada e temas que celebravam a cultura baiana e a identidade afro-brasileira, ela construiu uma carreira de mais de 50 anos, com obras expostas em diversos museus e galerias no Brasil e no exterior. 

5 - DIGITAL OU DIG GRAFIA - e infografia são termos usados em contextos diferentes, embora a infografia possa ser um tipo de gravura digital. A gravura digital refere-se a um processo artístico de criar imagens de alta resolução através de impressão digital, com tiragens limitadas e assinadas pelo artista. A infografia é um quadro informativo que combina texto e elementos visuais (gráficos, imagens, etc.) para simplificar e apresentar dados complexos, servindo como uma ferramenta de comunicação e visualização de informações. Gravura Digital de Mário Cravo Júnior . "Artista baiano Mário Cravo Júnior (1923–2018) , nasceu em Salvador, na Bahia. Ele fez parte da primeira geração de artistas plásticos modernistas da Bahia, ao lado de nomes como Carybé e Genaro de Carvalho. Sua obra é marcada pela inspiração em mitos afro-brasileiros e por uma profunda conexão com a cultura popular baiana. Fonte – Google.

 

 

 

 

 


sábado, 13 de setembro de 2025

O ARGENTINO ANDRÉS CISILINO E SEUS DESENHOS INSTIGANTES

O artista Andrés Cisilino
criando mais um desenho.

O
artista argentino Andrés Cisilino   é um talentoso pintor, escultor e  desenhista. Seus desenhos surgem como registros de sua sensibilidade que vai buscar imagens nas entranhas dos seus sentimentos mais profundos. São desenhos que  instigam e levam o espectador a reflexões sobre o que está ocorrendo ao redor e também no seu interior. É quase impossível ficar indiferente diante de seus desenhos.
O   Andrés Cisilino Rubio chegou a Salvador com apenas vinte e três anos de idade no ano de 2000 com a ideia de desenvolver suas atividades musicais especialmente na percussão. Já tinha tocado saxofone e foi encontrar o seu talento musical na percussão e a nossa cidade é conhecida por grandes percussionistas como o Carlinhos Brown, o grupo Olodum e muitos outros. Trouxe consigo alguns recursos financeiros e sua bateria. Se instalou no Centro Histórico e começou a frequentar os shows e ambientes onde a música baiana está presente, e tocou em bandas de vários estilos musicais inclusive de jazz.  Mas, o hermano tinha na bagagem além do talento musical outra habilidade que é o desenho técnico /artístico que aprendeu ao estudar numa escola ligada à  Universidade de La Plata. Participou da Bienal do Recôncavo na cidade de São Felix, ganhando uma viagem de estudos para a Alemanha por ter sido premiado em terceiro lugar, e também do prêmio Braskem em primeiro lugar, que lhe rendeu algum dinheiro. Quando os recursos financeiros se exauriram foi trabalhar como vendedor na Livraria Saraiva, no shopping Center Salvador, e fez outros serviços temporários. Mais recentemente ele sacou mais uma habilidade que herdou de seus ancestrais italianos, e criou uma pequena empresa a Massartesanal que é de fazer massas caseiras de qualidade e passou a comercializar com a distribuição delivery nos finais de semana. Assim vem tocando a sua vida integrando grupos musicais, desenhando, pintando e fazendo suas massas, que dizem ser deliciosas.

Pintura de técnica mista.
Ele nasceu em vinte e sete de agosto de 1975 na cidade de La Plata  capital 
da província argentina de Buenos Aires, localizada a 56 km da cidade de Buenos Aires. É uma cidade universitária e a quarta mais populosa do país.  Lá fez o primário na Escola Dado Rocha, que é pública. Mas, ele disse que gostaria de falar  sobre o segundo grau que cursou em tempo integral numa escola ligada à Universidade Nacional de La Plata. Era o bacharelado, porque segundo Andrés Cisilino, este curso começa bem mais cedo na Argentina e para entrar é feita uma seleção, porque só dispunha de  noventa vagas . Conseguiu passar , cursou iniciando com  apenas dez anos de idade.  Tinha aulas  duas vezes semanais de preparação para o segundo grau, e pela manhã estudava as matérias curriculares básicas. O segundo turno era inteiramente voltado para as artes. Foram seis anos de segundo grau e mais três anos iniciais. “É pública e até hoje funciona muito bem”. Seu objetivo era fazer arquitetura porque seu pai e duas tias eram arquitetos.  O Andrés sempre acompanhava o pai que era um arquiteto bem sucedido e segundo disse muito trabalhador. O seu pai e suas tias sempre estavam envolvidos com a cultura na área do teatro, da literatura e das artes. Aconteceu que seus pais vieram para Salvador numa viagem a  passeio e ficaram entusiasmados com a musicalidade da cidade. Ao voltar falaram  dá efervescência musical e isto o incentivou a vir para Salvador. 
Andrés é também um
ótimo percussionista.
Portanto, seu objetivo principal era a música. Mas, rapidamente ele conheceu as Oficinas do Museu de Arte Moderna e passou a frequentar os cursos de gravura, cerâmica, escultura e pintura. Paralelamente tocava sua bateria, inclusive em pequenos shows musicais.  Conheceu os artistas Caetano Dias, Justino Marinho, Paulo Pereira, Florival Oliveira, Beth Souza, Renato Gonzaga, dentre outros. Foram dois anos sem a necessidade de trabalhar, fez e participou de  algumas exposições no ACBEU, no ICBA, e até se escreveu na Bienal do Recôncavo realizada em São Felix/Cachoeira com um desenho sobre tela e ganhou o terceiro lugar, e como premiação uma residência de um mês na Alemanha e ajuda de custo. 
Criaram um grupo nas oficinas para fazer exposições e começou a vender quadros. Conheceu o colecionador de obras de arte e da cultura popular o marchand Dimitri Ganzelevitch que sempre foi um incentivador dos novos talentos baianos. Para os que não o conhecem ele nasceu em  Marrocos, ex-possessão francesa, de família judia de ancestrais eslavos. É uma pessoa muito culta e que não corre de uma polêmica quando quer defender suas ideias, segundo o  jornalista Fernando Conceição, que também é chegado a uma polêmica. Ele tem um respeitado acervo de arte no bairro do Santo Antônio Além do  Carmo.  "Foi o Dimitri quem primeiro colocou o seu olhar crítico em minhas obras e passou adquirir vários desenhos lá pelos anos 2000 a 2005, e chegou a me oferecer um ateliê no Carmo." Me apresentaram alguns editais até que chegou a mim o edital da Braskem em 2004-2005 participei e ganhei e fiz uma exposição sob a orientação de Caetano Dias, na Galeria de Paulo Darzé. Foi a mais bem organizada individual que fiz até agora , graças a premiação que tirei o primeiro lugar." Mas, continuava tocando nos Beatles em Cena e chegou a ter uma banda própria. Porém, foi deixando a música de lado e passou a se dedicar mais às artes visuais.

Instalação e desenhos de Andrés Cisilino Rubio.
Foto de Márcio Lima.
Dois anos depois de chegar à Bahia casou com uma baiana, tem duas meninas adolescentes, e atualmente vive num apartamento no Jardim Brasil, no bairro da Barra Avenida  com sua família. Seu objetivo atualmente é arranjar um local para instalar um ateliê e continuar desenhando, esculpindo e pintando. Ele falou ainda que não tem enviado  projetos para os editais desde 2016. Pretende também fazer um site para divulgar e comercializar suas obras . Sugeri que por enquanto ele alimente o Instagram e até o Facebook com suas esculturas, pinturas e desenhos, e que devem ser abertos para uma maior participação pública. Conheci um projeto que ele tem de uma instalação a ser feita na praia ao lado do Museu de Arte Moderna, na praia  do Unhão com um lousa de cor preta  onde o movimento das ondas vai movimentando dois barquinhos e seus remos têm nas extremidades carvão seco que vai desenhando de acordo o movimento das águas.  É como se fosse uma ilha circular flutuante. Quando perguntei se molhava ele disse que sim, e que fazia parte do desenho também. A sua ideia é que depois de algum tempo o lousa seja retirada e funcionará como uma obra de arte.

                      FALANDO DO DESENHO

Três belos desenhos do Andrés Cisilino
que retratam  suas "paisagens internas".
O artista escreveu um pequeno texto sobre a sua relação com o Desenho. Vejamos: “Sobre o desenho. O sentido da minha questão com o desenho começa com o ato de desenhar enquanto expressão gráfica primordial. Os desenhos se alteram entre figuração e abstração como se fossem “paisagens internas”, mas não necessariamente ilustram; cada linha é então a experiência com a sua história única. À primeira vista a morfologia dos desenhos oferece essa sensação de “incerteza” de não saber aonde eles nos conduzem. Desenhos que respondem a formações de sentidos internos, autônomos e de um processo de ação. A contínua sensação do inacabado é a que gera o discurso. Em alguns casos o espectador tem de participar da construção, algo assim como continuar desenhando ou apagando os traços desenhados na própria mente. A cada traço percorrido a memória trabalha junto ao que já aconteceu e ao que terá por vir, possivelmente estimulando outro discurso metafórico próprio.”

Escultura feita de arame logo 
que ele chegou a Salvador.
 Já o artista e crítico de arte Justino Marinho também fez uma apreciação em março de 2010 da obra do Andrés Cisilino quando escreveu: “Visões diárias: Quando parte para executar o seu trabalho, Andrés Cisilino Rubio realiza uma excelente intervenção na imagem da realidade. O que resulta, é uma adaptação das imagens externas às suas visões interiores e uma demonstração da ampla possibilidade de compreender o que significa a verdadeira arte contemporânea. Ele cria uma expressão imediata de tensão emocional, sem obediência aos princípios tradicionais de beleza, que leva o fruidor a uma reflexão imediata sobre a condição humana. A certeza dos seus traços emociona, agride, seduz e cumpre a sua função de alerta. Andrés cria uma técnica pessoal, utilizando materiais diversos, adequada a seus fins expressivos. Desenhos, pinturas, esculturas e instalações mostram coerência e fidelidade ao conteúdo e forma escolhidos. O conteúdo, onde estão inseridos os elementos da sua visão de mundo e a forma, onde se revela e vibra o impulso da sua criação.”

ATIVIDADES E EXPOSIÇÕES

Nasceu em La Plata, Argentina. Mora em Salvador desde o ano 2000. E1982/83 - Cursou oficinas de Artes Plásticas com a artista Nelba Greco, Argentina. 1984/85 - Cursou a Escola de Estética I. La Plata, Argentina.   Cursou o Ciclo Básico em Artes Plásticas na Escola de Belas Artes Francisco A. Santos da UNLP, Argentina. 1989/94 - Bacharelou-se em Artes Plásticas na

O Andrés Cisilino desenha, esculpe, toca e 
manda bem em suas massas italianas.
Universidade Nacional de La Plata (UNLP), Argentina. 1995/96 - Cursou Arquitetura na UNLP, Argentina. 1996/98 - Cursou Composição Musical na UNLP,Argentina.1999-  Mudou-se para Salvador, BA, Brasil. 2001 -      Frequentou a Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, Brasil. 2000/03 - Cursou oficinas de Artes visuais com o Caetano Dias no Museu de Arte Moderna da Bahia, Brasil. 2004   -   Cursou oficinas de arte no Centro Cultural Ricardo Rojas. Buenos Aires- Argentina.  2006    - Cursou oficinas no atelier da artista visual Monica Van Asperen. Buenos Aires-   Argentina. Cursou fotografia na escola Yuyo Pereira. La Plata. Buenos Aires- Argentina.

PRÊMIOS

Em 2002   Prêmio Braskem de Arte e Cultura com o projeto Ontocartografias desenvolvido pelo NAP, Bahia, Brasil. Teatro Vila Velha. Prêmio na VI Bienal do Recôncavo com  Desenhos. São Felix, Bahia, Brasil. 2005      Prêmio Braskem de Arte e Cultura. Projeto individual de instalação e desenhos. Galeria Paulo Darzé. Salvador, Brasil.

Exposição individual na Galeria Paulo
Darzé,  Prêmio Braskem, 2006.
 INDIVIDUAIS

Em 2006 -    Prêmio Braskem. Projeto de instalação sonora e desenhos. Paulo Darzé galeria de arte. 2010 -    Exposição de desenhos e pinturas. Edital Portas Abertas para as Artes Visuais, contemplado pela Funceb Fundação Cultural do Estado da Bahia. 2011   - Desenhos e Pinturas. Galeria Do Livro. Espaço Cultural Glauber Rocha.


COLETIVAS


E
m 2001 -  Exposição Alunos Destaques das Oficinas realizada no Museu de
Arte Moderna da Bahia, Salvador –BA ; Santa Ceia, expõe desenhos no Teatro XVIII, em Salvador-BA; Ontocartografias  exposição de videoinstalação e pinturas, realizada no Teatro Vila Velha, através do Prêmio Braskem de Arte e Cultura, Salvador-BA, Brasil; VI Bienal do Recôncavo, desenhos expostos em São Felix-BA, Brasil. 2003        - I Salão de Arte Contemporânea do Consulado da Holanda’, Salvador-Ba ; V Mercado Cultural”, desenhos expostos na Galeria

Um desenho de técnica mista com seus
"personagens do inconsciente".
ACBEU, Salvador-BA . 2004 -    Desenhos. Desenhos em técnica mista. Colégio de Psicólogos, Buenos Aires, Argentina. 2005   - Séries Nômades. Objeto e desenhos. Galeria ACBEU. Salvador- BA; VI Mercado Cultural. Coletiva de desenhos. Galeria EBEC. Salvador-BA. 2006   - Silvia Vesco Galeria de Arte. Desenhos, Buenos Aires, Argentina. Circuito das Artes. Galeria do Instituto Cervantes. Salvador-BA.200- Participação no 14° Salão do MAM. Salvador, BA. 2009 -    Desenhos. Galeria ACBEU. Salvador, BA. 2010   -  Participação no 12º Salão de Itajaí, Santa Catarina, Brasil, curador, Josué Mattos. 2011 -   Exposição coletiva de pintura – galeria ACBEU – Salvador/ BA. 2015 - Exposição coletiva, ArgentinArte. Museu Náutico da Bahia. Patrocinada pelo Consulado de Argentina em Salvador. 2016 - Exposição coletiva " Só cabeças" no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador-BA. Curadoria de Joãozito- João Pereira da Silva Filho.