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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

LYGIA SAMPAIO E A GRANDEZA DE SUA ARTE

A graciosidade e a leveza de Lygia
 Sampaio aos seus 90 anos de idade
.
Aos 90 anos a artista Lygia Sampaio é última representante do movimento de arte moderna que ocorreu na Bahia no século XIX tendo como integrantes Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Rubem Valentim, Jenner Augusto dentre outros já falecidos. A artista Lygia Sampaio tem uma trajetória nas artes plásticas desde os seus anos de adolescente. Nascida em 1928 ela viu e participou de muitos salões, exposições e discussões sobre a arte na Bahia.
Tudo começou quando  foi estudar com o pintor Santa Rosa,  e já em 1948 fez Curso Livre na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia que funcionava na rua 28 de setembro, em pleno centro do mangue em Salvador. Nesta ocasião ela entrou em contato com os grandes mestres da pintura baiana como Presciliano Silva, Mendonça Filho, Raimundo Aguiar, Alberto Valença, dentre outros. 
Desenho de sua avó
Lá recebeu incentivos dos mestres e se tornou uma desenhista importante sempre trabalhando a mão livre nas sessões de desenho com modelo ao vivo. Ela relembra que ficava às vezes penalizada de ver àquela modelo, que era uma prostituta contratada,  posando para os alunos e professores da Escola de Belas Ates onde passava horas numa determinada pose, até ser autorizada a fazer uma nova pose para que todos pudesse pintar ou desenhar.
Diz ainda Lygia Sampaio que foi o diplomata e escritor Renato Almeida que se entusiasmou com um desenho que ela fez, que era a cabeça de um homem com o olhar bem diferenciado. Ele gostou tanto que me recomendou para frequentar o Curso Livre de Desenho,e assim fui conhecer este mundo fantástico da arte.
Esta foi a segunda obra que ela
pintou no início de carreira.
Ela conhecia o mestre Presciliano Silva que era professor de desenho na Escola Técnica Federal, que funcionava no Barbalho, onde ela nasceu, morava e estudou. "Mas, lá era só desenho técnico e arquitetônico. Nada de desenho de figuras humanas , paisagens ou seja desenhos livres.
Foi em seguida, aprender a desenhar com luz artificial quando Mário Cravo Júnior chegou dos Estados Unidos. Assim, ela passou a levar seus desenhos debaixo do braço para Mário dar suas orientações. Nesta época o atelier de Mário Cravo ficava na Ladeira da Barra, onde hoje foi erguido um hotel.
Lembra Lygia Sampaio que ele fazia muitas críticas, às vezes elogiava, mas, sempre tinha algo para que  pudesse melhorar. Foi para ela um grande aprendizado pela sinceridade de Mário Cravo, que sempre foi uma marca forte da sua personalidade. Ele dizia realmente o que sentia.
Lygia  tem um arrependimento de não ter aprendido na Escola de Belas Artes as técnicas da pintura "porque ai teria aprendido até a limpar e lidar melhor com os pincéis, usar as tintas adequadamente como manda a técnica". E continua: Um dia encontrei com os professores Presciliano, Mendonça e Valença e eles se acercaram de mim recomendando que fosse aprender a técnica de pintura. " Mostrou arrependimento por não ter ouvido os conselhos dos mestres.
Outra lembrança que o agrada muito foi a participação em vários salões, e que em 1950 foi a única mulher participante do Salão Baiano organizado por José Valadares, que era irmão do também crítico e escritor Clarival Prado Valadares. Ela foi agraciada com uma medalha em reconhecimento a qualidade dos seus desenhos em papel . 
Lygia em sua residência, no Cabula, folheando um
dos três álbuns onde ela reuniu recortes de jornais
e sobre sua carreira de pintora e desenhista.
A desenhista, pintora e gravadora Lygia
Sampaio realizou um belo painel para o então Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal que funcionava no Belevedere da Sé. Em 1949 ao lado de Mário Cravo Júnior, Jenner Augusto (1924-2003) e Rubem Valentim ( 1922-1991) criou o Grupo Renovador das Artes Plásticas Baianas.
Uma bela obra com
colagem e desenho
.
Ela trabalhou na Associação Baiana de Imprensa por 30 anos, de 10 de janeiro de 1974 a 30 de setembro de 2016 ,onde ajudou a criar o Museu de Imprensa da ABI, que é um espaço de preservação e valorização da História da imprensa, como destaca o Jornalista Luís Guilherme Dias Tavares. Está prevista inclusive uma homenagem a artista com a entrega da Medalha Ranulpho Oliveira ainda este mês corrente.
Em 1982 torna-se colaboradora do Núcleo de Artes do Desenbanco, dirigido pela museóloga Sylvia Athayde, que também foi diretora do Museu de Arte da Bahia. Em 1983 retorna às artes plásticas depois de ficar quase 20 anos afastada. 
A sua última exposição foi em 2014 no Museu de Arte Sacra da Bahia. Foi uma retrospectiva com várias obras em óleo sobre tela , desenhos e gravuras. Foi um sucesso.





Um comentário:

  1. Também autora de um livro genealógico, " De Sam Payo a Sampaio", publicado em 2006, de Lygia Sampaio; e ilustradora de um pequeno livro de um seu irmão, "A Estória de Maria Clara Beija Flor", de Cecéu Sampaio e desenhos de Lygia Sampaio.

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