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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

UM ARTISTA COM OLHOS ABERTOS PARA O MUNDO

O artista Sérgio Rabinovitz em seu Home-Atelier no bairro de Amaralina.
Sua primeira experiência foi buscar uma opção para sua felicidade individual. Estudou Física e depois Arquitetura , mas sempre deixando pelo meio do caminho. A arte o chamava , e solitariamente começou a fazer alguns trabalhos até que seu pai um grande violinista da Orquestra Sinfônica da Bahia o  pegou pela mão e apresentou-lhe ao saudoso artista  Calazans Neto. Este grande gravador que encantou a nossa Bahia e o Brasil com sua arte focando nas cabras,  baleias, nos mistérios do Abaeté , no mar de Itapuã com suas embarcações e também no casario colonial . Assim começou sua trajetória artística . Calá com seu jeito cheio de generosidade colocou as ferramentas da xilogravura em suas mãos ,  ensinou-lhe a imprimir , e depois de um período disse que não tinha mais nada para ensinar . Fez uma carta de apresentação para Mário Cravo , sem antes dizer pode voltar quando quiser para imprimir ou trabalhar em suas gravuras e lhe presenteou com uma pequena xilogravura.
Lá chegando notou que o espaço da gravura estava um pouco deixado de lado pelo mestre Mário Cravo envolvido em suas esculturas modernas.  Ai ele teve que limpar e preparar as ferramentas e a prensa para continuar sua busca numa perspectiva de vida que lhe tornasse plenamente feliz. Os que conheceram Mário Cravo  , o grande escultor , reconhecido mundialmente , sabem do temperamento aberto e instigante. Neste atelier passou muita gente importante inclusive o gravador Oswaldo Goeldi chegou a realizar alguns trabalhos naquela prensa , que teve que ser recuperada.

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Foi ai que tomou conhecimento de um concurso para uma bolsa de estudos nos Estados Unidos promovido pela Fundação Fulbrightc  para a Wesleyan University , que fica no estado de Connecticut. Coube a diplomata americana Frances Switt , uma ativista cultural que teve presença importante na Bahia nos meios culturais nos anos 70 em nossa Cidade , avaliar juntamente com artistas baianos e Sérgio Rabinovitz foi selecionado.
Sérgio chegou a fazer uma exposição na sede da Associação Cultural Brasil - Estados Unidos , que funcionava no Corredor da Vitória em 8 de agosto de 1975. Esta mostra aconteceu logo após a inauguração da sede da entidade , que por coincidência teve como atração uma exposição de Calazans Neto . Eram gravuras que ele produziu depois de uma viagem aos Estados Unidos insprada  nos jazzistas populares de New Orleans . Já a exposição de Sérgio as gravuras foram impressas nos ateliers de Mário Cravo e Emanoel Araújo , que ele conhecera nesta época.
Lembra Sérgio Rabinovitz  que ao chegar aos Estados Unidos um mundo novo se abriu naquela universidade que tinha uma metodologia de ensino aberta e um acervo de gravuras fantástico com obras de Picasso, Rembrandt , Dürer , Paul Gauguin e de  outros monstros da arte mundial. O importante é que os alunos podiam consultar este material como elemento de referência e pesquisa. Isto causou um grande impacto no jovem artista baiano que lá permaneceu um ano e meio, seguindo depois para Nova Yorque.

                                                VAI PARA NOVA IORQUE

Obra recente onde vemos uma samambaia interferindo.
 Foi estudar noutra universidade especializada em arte. " Era o lugar que todo mundo que queria estudar arte gostaria de estar", diz o artista . Foi a Cooper Union Arts School. Tinha que se virar para morar em Nova Iorque e passou a estudar gravura, litografia, gravura em metal, misturando com litogravura. Foi ai  que começou a romper os limites da gravura e a interferir usando materiais descartados  que estavam ali no atelier da universidade . Ai já as transformava em desenho. Começou a desenhar sem sentir e dai para desenhar em papel foi um passo normal.
Nesta universidade os professores davam metas e submetia os alunos a uma crítica coletiva dos colegas . Não tinha agenda rígida e muitas vezes nem precisava ficar em sala de aula . Tinha que apresentar o produto , o resultado. Eram ministradas  aulas de História da Arte, que davam a base de conhecimento. "Eu me apresentava para projetar os slides das aulas, e assim ganhava alguma grana que era paga pela própria Universidade. Com isto prestava mais atenção e aprendia mais ", diz Sérgio . Em 1978 se graduou em bacharel em Artes Plásticas. 
Ficou por lá até 1979, mesmo terminando o curso. Estava num momento que era mais fácil ficar lá do que vir pra cá e começar tudo de novo. Um professor lhes disse mais ou menos assim  "Você quer ser um cisne num pequeno lago ou ser um pato num universo bem maior? " Foi ai que respondeu que queria ser um cisne em seu próprio país , não por vaidade, mas para produzir e mostrar sua arte aqui.
De lá para cá Sérgio Rabinovitz consolidou sua carreira como um artista que utiliza de vários materiais para expressar sua arte. Já fez inúmeras exposições aqui e no exterior e vive exclusivamente de sua arte.
    
ABERTO AO MUNDO

Passei uma tarde agradável com Sérgio em seu atelier .
Seu Home-Atelier é um braço estendido a colecionadores do mundo inteiro, inclusive aos galeristas que levam seus clientes para conhecer pessoalmente o artista. Também seus trabalhos  estão lá  dispostos como se fosse num acervo de uma galeria ou numa reserva técnica de um museu.
Ele pretende ainda abrir seu atelier para visitas programadas de escolas quando  mostrará as suas obras e explicará como são produzidas. Fará ainda Workshops para despertar novos valores e contribuir para aprimorar as técnicas da gravura e pintura.
 Sérgio  é um artista ligado em seu tempo, em sua contemporaneidade. A arte produzida por ele pode ser colocada em qualquer museu de arte moderna do mundo . Ele  está atento a isto colocando à disposição de colecionadores e museus nas várias plataformas digitais que estão  ai disponíveis. 



Um comentário:

  1. Um magnífico resgate, Reynivaldo Brito. Sua longa trajetória pelo mundo da Arte, muito nos enriquecerá, através de seu Blog ARTES VISUAIS,do qual serei assídua admiradora. Parabéns. Vida longa e sucesso. Um fraternal abraço de Amália Casal

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