quarta-feira, 31 de julho de 2013

DETALHES À PARTE

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO, 16 DE SETEMBRO DE 1978


Estofados desenhados por Charles Pfister
Quando falamos em móveis lembramos aqueles que povoavam as residências de nossos avós. Eram grandes, fortes, escuros e principalmente cheios de detalhes, formas espirais e arabescos, vidros e metais rebuscados. Eram móveis requintados em particularidades. Assim também esteve fundamentada a Art Nouveau nos primeiros anos do nosso século.
Poltrona desenhada por
Charles Pfister
Porém, por volta de 1920, arquitetos, pintores, escultores, propuseram novos critérios com vistas a satisfazer valores estéticos da época e buscando maior funcionalidade, não só para a arquitetura e decoração, mas também para manifestações como o próprio desenho industrial em si, artes gráficas e visuais, pinturas e cenografia.
Nascia o design, sóbrio, funcional, limpo, puro, onde cada traço correspondia a uma necessidade de uso, sem que isto prejudicasse a forma em seu todo. Obedece a critérios determinados que satisfazem a valores estéticos e de funcionalidade, não se admitindo mais hoje um desenho arbitrário de uma peça, mesmo a mais simples.
Era  o equacionamento entre a arte e artesanato, unindo-as, misturando a arte e a técnica, propondo-se a integrar a arte com a indústria em expansão do século XX.
Hoje a sua aplicação é universal, desenvolvendo-se praticamente em todos os campos. O critério para um bom desenho pode ser aplicado não apenas a uma cadeira, automóvel ou máquina, mas igualmente na embalagem de produtos e até no desenho mais simples de um lápis.
A palavra design,, antes uma simples expressão inglesa significando desenhos em geral, passou a ser internacionalizada para definir o desenho industrial.
Charles Pfister era um dos sócios e diretor o departamento de design interior da Skidmore, Owings & Merrill.Estabeleceu sua própria empresa, somente em 1981, com escritórios em San Francisco e Londres.
Foi muito admirado pela elegância de seus projetos para interiores e design de seus mobiliários, estudou arquitetura e design na University of California, Berkeley.

BAUHAUS
Móveis de escritório da Knoll International
Muitos ainda devem lembrar-se da grandiosa exposição que foi montada há poucos anos no Solar do Unhão, que mostrava vários móveis e outras criações, frutos de integrantes da Escola Bauhaus, que foi criada na Alemanha por volta de 1920. Esta escola tem destaque especial em todo o  mundo porque foi a primeira escola a rejeitar as abstrações das academias de arte e o diletantismo das escolas de artesanato.
Ela surgiu da união da Escola de Belas Artes e da Escola de Artes e Ofícios sob a direção de Walter Gropius. Foi este artista que começou a dar à arquitetura e ás demais artes, uma nova feição, se opondo diametralmente a todas as tendências da Art Nouveau. Reunia, entre seus mestres, os mais famosos nomes da arquitetura, da pintura, da escultura e demais artes aplicadas. A Bauhaus foi e continua sendo um marco decisivo da arquitetura moderna e podemos sentir até hoje a sua influência em vários segmentos da arte contemporânea.
Nascia assim o estilo Bauhaus, que se definiria por sua clareza, limpeza, despojamento, aliando o belo ao útil, mas nunca um prevalecendo sobre o outro.
Esta escola revolucionava e não deixou de ser fechada por ordem de Hitler, mas suas ideias sobreviveram e alguns móveis desenhados entre 1925 e 1930 são ainda considerados avançados, modernos. Para entendermos a importância desta escola é preciso conhecer as obras de seus mestres e seguidores, entre eles Mies van der Rohe, Marcel Breuer e Morrison e Hannah.
Agora a Forma nos traz com inauguração de sua filial, toda a coleção internacional Knoll e Cassina e o design brasileiro. A exposição foi inaugurada no último dia 14, na Rua Humberto de Campos, 22, Graça.

MÓVEL
De lá para cá o desenho do móvel sofreu uma transformação radical que modificou hábitos de vida. Desde 1900 para cá que ela vem se processando e há poucos anos elas estão incorporadas a nosso cotidiano.
Da construção pesada, maciça do móvel de madeira, chegamos à leveza conseguida graças às novas estruturas metálicas.
À esquerda uma poltrona desenhada por Wassily,  e à direita  Barcelona, de Mies van der Roche são marcos revolucionários no design de móveis.
Em 1954, Eero Searinem, nos Estados Unidos, começa a trabalhar com a fibra de vidro e cria a coleção de mesas e cadeiras conhecidas como linha pedestal.
Hoje Bauhaus ainda está presente e tudo que vem sendo criado ainda está sob a influência de  suas idéias. O próprio conceito do design tem sua origem no Bauhaus. Aço e cristal são os materiais de hoje. Despojamento de formas, clareza, equilíbrio são critérios estéticos atuais.

         PAINEL DE JOSÉ ARTUR NO AEROPORTO


Um painel de seis por 2,50 metros acaba de ser montado no Aeroporto Dois de Julho, contribuindo para o embelezamento do local. É de autoria de José Artur, que usou como suporte madeira aglomerada, e uma temática onde mostra os feirantes, numa localidade do Recôncavo Baiano. O painel está na sala de recepção, e na sala VIP estão alguns quadros menores. Considero este painel da mais alta qualidade por sua temática, pela maneira que flui o desenho, especialmente dos vasos e das figuras que surgem à frente das velas enfunadas dos barcos. Sem dúvida pictórica. Os espaços são também bem utilizados dentro de uma lógica que permite uma composição equilibrada.

          OUTRO SALÃO DA CIDADE DE JUNDIAÍ

 A Associação dos Artistas Plásticos de Jundiaí, comemorando o seu quarto aniversário, irá inaugurar no dia 14 de outubro o seu 3º Salão de Arte Contemporânea, que aceitará trabalhos de artistas de todo o país no período de 23 de setembro a 7 de outubro, podendo as inscrições serem feitas no Centro Cultural Bandeirantes, à Rua dos bandeirantes, 103, Jundiaí, das 13 ás 18 horas.
Para efetuar as inscrições, os artistas devem preencher uma ficha á disposição no Centro Cultural Bandeirantes e pagar a importância de 100 cruzeiros para cada categoria de obras (pintura, desenho, gravura, escultura, fotografia),podendo inscrever em cada uma delas até o total de três.
As obras serão selecionadas e julgadas por uma comissão formada por três críticos, e aquela que for considerada a melhor do certame será adquirida, assim como a melhor de expositor jundiaense. O patrocínio do III Salão de Arte Contemporânea da AAPJ é da Secretaria de Educação, Cultura, Esportes e Turismo de Jundiaí, que se encarregará da premiação oficial, sendo que poderão ser ofertados outros prêmios de Aquisição não oficiais. A mostra ficará aberta à visitação pública no Centro Cultural Bandeirantes até o dia 28 de outubro, e os prêmios serão entregues na abertura do Salão.

MERECE APLAUSOS E RESERVAS


Cena do curta Um Filme Como os Outros,
de Luís Renato Martins
Realmente merece aplausos o esforço individual de Guido Araújo em realizar no peito e na raça a
VII Jornada Brasileira de Curta Metragem, que com a ausência irreparável de Paulo Emílio de Salles Gomes, recentemente falecido.
Assim de 8 a 15 de setembro tivemos reunidos no Instituto Goethe de Salvador, cineastas e aprendizes de cinema de vários estados brasileiros e foram exibidos filmes e feitos muitos debates. O que não entendi foi a inclusão de alguns filmes de péssima qualidade e que chega a constituir uma mancha na promoção. Estive na  Jornada por umas três vezes e assisti a muitos filmes fiquei surpreso com a má qualidade de muitos e também com a falta de nível dos debates. Lá compareceram figuras folclóricas e já manjadas de promoções semelhantes, falando uma porção de asneiras, contribuindo apenas para denegrir os debates. Por outro lado, muitos dos participantes não sabiam nem ao menos explicar porque tinham escolhido o Cinema Como Forma de Expressar suas ideias. Tive conhecimento também que um deles chegou a ficar despido diante das críticas em sinal de protesto. Este detalhe demonstra exatamente o desespero de alguns .
Me chamou a atenção os filmes Arrastão de Beira de Praia, de Alex Mariano Franco e Egotismo, de Martins Muniz, de Belém do Pará. Ora, esses dois filmes são exemplos da coisa mal feita, da falta de técnica e de conhecimento de cinema. Enfim, esses diretores têm conhecimento apenas de coisas ruins.
Rolos e rolos de filmes estragados, jogados fora, enquanto outros cineastas de talento não dispõem de dinheiro para executar suas idéias. O filme do pessoal do Pará funcionou ao contrário. O seu idealizador pretendia jogar cenas dramáticas e conseguiu que os assistentes rissem em plena projeção e no momento crucial. Leia-se momento que ele desejou maior dramaticidade justamente quando o personagem principal enfia uma faca na barriga. Cenas insólitas, grotescas, mal interpretadas.
O outro Arrastão de Beira de Praia, do pessoal do Rio de Janeiro mostrou algumas cenas de pescadores na praia puxando a rede. Verdadeiro cartão postal, cenas repetidas e ainda por cima foi prejudicado pelo sistema de som do Icba que está merecendo um reparo imediato. Não sou crítico de cinema, mas como jornalista e homem ligado á Comunicação de modo geral fiquei desapontado. Acho que deve ser feita uma pré- seleção e isto não é castração. Acho que devem haver critérios para não prejudicar o bom nome da Jornada. E como sugestão, acredito que os filmes não aceitos poderiam ser exibidos e discutidos em sessões paralelas. Nunca integrar a mostra principal porque dentro de pouco tempo vai prejudicar a promoção. Esta observação que faço é apenas no sentido de colaborar, de chamar a atenção dos organizadores , porque no momento em que você deixa um filme de qualidade zero ser exibido e constar do catálogo vai servir de ponto no currículum do tal cineasta, que continuará a fazer porcarias. Além de promover acho que a Jornada tem o papel de educar, informar e separar o joio do trigo. Esta posição para exibir tudo é simpática, mas prejudicial.

GILBERTO SALVADOR : A OBRA E O HOMEM

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO 30 DE SETEMBRO DE 1978


Existe uma comunhão entre a obra e a pessoa de Gilberto salvador. Uma união onde não podemos conceber a obra sem  o complemento de sua consciência profissional em defesa do artista e de princípios nobres da profissionalização. Um artista que está devidamente consciente do seu papel dentro da sociedade e principalmente sobre a utilização da arte plástica como meio de expressar suas ideias. Seu trabalho portanto é fundamentado num discurso e  para isto é preciso decodificá-lo, pois assim descobrimos muitas afirmações ali contidas.
Conversei algum tempo com Gilberto Salvador em casa de seu amigo, e também artista, Leonel Brayner. Discutimos vários pontos de vista e chegamos a muitas conclusões comuns aos três. Tudo gerou em termos da arte, mercado baiano, a arte feita na Bahia, Bienal Latino-Americana e outros assuntos. Em cada ponto Gilberto sempre apresentava uma posição coerente com seu trabalho e seu modo de encarar a realidade.
Este artista é um dos mais consagrados em São Paulo. É arquiteto e paisagista formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo e já participou de bienais e várias coletivas e individuais. É ainda professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos. Já ganhou prêmios em bienais e salões.
Além de sua atividade como artista plástico, Gilberto Salvador teve um período de trabalho ligado à arquitetura, que influiu muito em sua obra artística.
Foram pesquisas de materiais para paisagismo, a partir do levantamento junto aos índios caiçaras, na região de Bertioga e São Sebastião, assim como Serra do Mar, Baixada Santista e Planalto.
Nesta mostra da Galeria O Cavalete observamos o quanto essas fases de pesquisas influenciaram em sua temática, que se volta para a natureza recriada inventivamente com desenhos realísticos de mistura a outras imaginárias.
Em suma, as obras deste artista constituem-se numa síntese de suas experiências vivenciais e artísticas.Gilberto Salvador faz uso de técnicas mistas,  nas quais entram colagens, fotografias, desenhos e pinturas com diferentes pigmentos sobre suportes lisos ou ásperos, mostrando-se o tempo todo em muito bom nível, de quadro para quadro a qualidade permanece.
Afirma Gilberto que "a arte é um elemento de transformação. Eu vejo a obra de arte como uma pequena semente. Mesmo a televisão nesse sentido, deveria ser uma expressão de arte, mas teria que ser mais livre e menos compromissada, para se dar como tal, pois a arte deve nascer com as pessoas, por esse motivo, eu não aceito nem a arte oficial nem oficiosa. Ela deve ser, acima de tudo, o elemento de motivação ao nível do sensível. E na pode ser barrada por nenhum preconceito ou censura."
Esta declaração do artista Gilberto Salvador reflete bem as intenções de sua obra que não tem um caráter meramente decorativo ou ilustrativo, mas sim, como elemento de transformação e de enriquecimento nossa arte.
Gilberto Salvador dá uma imagem de que o pintor, o artista plástico e outras designações à "la old fashioned way" estão em plena solidariedade social e política."E, simultaneamente, contemporiza com o passado: "Elementos estes que continuam incorporados à minha sensibilidade, mas de uma imparcial e cristalina".
decadência, por este motivo é que o pintor relembra 1965 e sua primeira individual, na Galeria do Teatro de Arena, como um momento panfletário na sua obra, e explica : "Na verdade, seria mesmo um engano conceitual com o qual me envolvi, mais pelo sentimento de grandes angústias e por uma forte
E, à medida em que coloca, em seu trabalho,  a constante preocupação no sentido novo, Gilberto Salvador fica ainda mais distante de qualquer forma artística acadêmica: "Não há academicismo, desde o momento em que se é dinâmico, em que se atua num sentido de quebrar fórmulas. O que não quero é, deixando de ser acadêmico, cair em um maneirismo. É discutindo, correndo o risco de mostrar, de ser criticado e absorver tudo isto, que fico impedido de cair num ritmo maneirista. Acho esta palavra bem acertada para o caso."
É um dos artistas convidados para participar da lª Bienal Latino-Americana vem se destacando por um trabalho totalmente voltado para o aspecto da preservação. As últimas exposições do artista  emfocavam aspectos da natureza e seus prolongamentos, tais como plantas, pássaros e o indígena entrou como um prosseguimento natural destes prosseguimentos atingindo uma área que é hoje uma das mais passíveis de destruição pela sistemática de aproveitamento do solo que se faz no Brasil. Neste aspecto diz Gilberto Salvador: "O meu trabalho vem se desenvolvendo na área da preservação do meio ambiente e o indígena brasileiro não foge a esta regra, ou melhor dizendo, é o que mais sofre pelo fato de seu habitat estar vulnerável a interesses que estão acima da memória e do respeito pela qualidade de vida no Brasil, interesses estes que foram sempre subsidiados, direta ou indiretamente, pelo sistema, dentro deste panorama é fácil localizar a devastação cultural e ambiental por que passam os indígenas. De uma forma ou outra isto me sensibiliza e como artista plástico reajo com o meu trabalho, aproximando-me o máximo possível de aspectos da memória indígena que vão de encontro à linguagem plástica os meus trabalhos, logo estes trabalhos que apresento agora são uma seqüência direta do que vem se desenvolvendo, mas marcadamente da mostra da última Bienal de São Paulo (1977) onde homenageei os irmãos Orlando e Cláudio Villas Boas, com quatro painéis sobre a temática indígena."

                  NOVA GALERIA EM NOSSA CIDADE 

Uma exposição coletiva de professores da Escola de Belas Arte da UBba., marcou ontem a inauguração da Kompasso Galeria de Arte, na Rua Amazonas, 1.315, Pituba. Esta será, provavelmente, uma mostra importante, pois reúne trabalhos de 26 professores da Escola de Belas Artes, Incluindo pintura, escultura, cerâmica, gravura e desenho. Dos expositores participantes, os destaques são para os professores Juarez Paraiso, Mário Cravo Júnior, Réscala, Riolan Coutinho, Emídio Magalhães, Graça Ramos, Jamison e August Buck.
A galeria é parte da Kompasso Escola de Arte, que já funciona com vários cursos livres e, além de pretender constituir este local como estímulo para futuras exposições de trabalhos dos seus alunos, quer passar a ser um novo ponto de encontro das pessoas ligadas á arte na Bahia. Em verdade, a metodologia do ensino de artes que a Kompasso vem pretendendo imprimir já chega a ser bastante inovador, pois, como afirma uma de suas diretoras, a professora Else Coutinho Matos, partimos da ideia de que todas as manifestações artísticas, embora distinguindo-se características próprias em cada uma delas, originam-se em poucos comuns: forma, espaço, tempo. Assim, a integração Artística é uma das atividades básicas para os alunos da Kompasso, independente do curso que freqüentam: dança moderna, ballet, jazz, discoteca, decoração e, mais recentemente, Curso de Preparação para o Teste de Aptidão Artística de vestibular da UFBa.

            ESCULTURA DE FERRO DE MARK DI SUVERO

Isis, uma escultura pesando 35 toneladas e totalmente feita com fragmentos de ferro, obra de autoria do artista Mark di Suvero, encontra-se exposta na parte externa do Museu Hirshhorn, em Washington. Esse primeiro trabalho, encomendado pelo museu, foi doado pelo Instituto de Sucata de Ferro e Aço, dos EUA, por ocasião de seu 50º aniversário. Os componentes da escultura incluem parte da proa de um navio pedendo da corrente de uma âncora, partes da estrutura de um submarino e outras peças menores. A nova ecultura estabelece um contraste marcante com a arquitetura do museu, e tem despertado a curiosidade dos visitantes. Ao fundo, à esquerda, está situado o Museu Nacional do Ar e do Espaço, também conhecido como Museu da NASA. O escultor Di Suvero, nascido na China, é filho de diplomata italiano cuja família emigrou para os Estados Unidos em 1941.

                              PAINEL

CESARIO- O artista Edson Cesario fez uma exposição no Gabinete Português de leitura onde mostrou alguns de seus novos trabalhos com temática paisagens e interiores. É um jovem bem intencionado que começa a trabalhar com os pincéis, mas ainda tem muito o que apurar sua técnica. Foto



SALÃO- Um coquetel marca hoje o encerramento do I Encontro de Arte da Fumcisa, quando será lançado o livro Zé Limeira, Poeta do Absurdo, do escritor paraibano Orlando Tejo. A promoção é da Fundação Museu da Cidade.

DOCUMENTÁRIOS- A Associação Cultural Brasil-Estados Unidos e o Clube de Cinema da Bahia estão convidando para a mostra de quatro documentários, de origem norte-americana, premiados no Festival do Filme Científico-1978. No dia 3 de outubro das 19 às 21 horas serão exibidos os filmes no ICBA: Marte Sem Mito, da Churchill, de Rita R. Colwell; Bioluminescência: a Luz no Mar, de Thomas Craven Film Production, e Vulcão: o Nascimento de Uma Montanha, de Bert Van Bork.

FOTOBAHIA-78- Termina hoje a mostra dos fotógrafos baianos reunidos na FotoBahia-78 no foyer do Teatro Castro Alves. Vale a pena aproveitar e dar uma olhada. Parabéns aos fotógrafos pela qualidade do trabalho apresentado, especialmente quando visto em conjunto.
ESCOLA TÉCNICA- Promoveu a Artexpoema com exposição de poemas e artes plásticas, ontem pela manhã.
TROFÉU IMPRENSA- Hoje, em Ilhéus, vários jornalistas estão recebendo o Troféu Imprensa e paralelamente será realizada uma exposição promovida por Roberto Araújo, da  ex-galeria Rag, que permanecerá aberta até o próximo dia 10 de outubro. Reúne trabalhos de Antoneto, Ademar Lopes, José Artur, Juarez Paraíso, Edson da Luz, Joel Estácio, Edmundo Simas, Enele, Nidi, Maria Elvira, Benedito Barreto, Prates, Calixto Sales, dentre muitos outros.
ALBERTO ELIAS- Abriu mostra com patrocínio da Le Dome Galeria de Arte no Gabinete Português de Leitura. São trinta trabalhos em entalhes. 
JOSÉ CARRERA- Está expondo marinhas na Galeria Panorama.

terça-feira, 30 de julho de 2013

UMA AGRESSÃO À PAISAGEM

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO, 23 DE SETEMBRO DE 1978

É necessário que a Bahia cresça e se desenvolva. É necessário que seja aumentado o número de empregos, que o turismo cresça. Enfim, a Bahia tem que acompanhar o desenvolvimento do país.Mas, também é necessário que não seja permitida mais agressões e descaracterização.
O fato é que subi com um grupo de amigos para observar a paisagem da Lagoa do Abaeté do mirante Dorival Caymmi que foi construído a poucos anos e, é desconhecido de muitos. Tão logo cheguei ao mirante tive uma desagradável surpresa. Um prédio feio agredia a paisagem. Ele aparece altaneiro por entre a vegetação rasteira das dunas brancas. Um verdadeiro monstro que deixaram construir por essas e outras razões que ninguém sabe explicar. O pior é que o tal prédio, ainda inacabado, é um hotel de uma grande empresa. Ora vejam só que aberração! O turista vai ter um contato direto com a agressão.
Quero daqui chamar a atenção do Oceplan e de outros órgãos da Prefeitura responsáveis pela concessão de alvarás e licenças para construção, que é preciso maior critério, que a cidade merece respeito, que Salvador é um patrimônio não dos burocratas, mas de todos os brasileiros. Todos ficam tristes com a descaracterização desenfreada e reclamam daqueles que podem falar, escrever e formar uma posição. É dentro desta visão que daqui faço este apelo, publicando esta foto que fala por si.

           UM TORTURADOR NA JORNADA DE CINEMA

A tesoura ( arma do crime) e o periquito morto
Volto a falar sobre a VII Jornada de Curta Metragem. Desta vez para denunciar um torturador. Chama-se Fernando Beléns que realizou a tortura de um pobre periquito. Este indivíduo que deveria estar internado numa clínica psiquiátrica resolveu denunciar a tortura, que tantas vítimas tem feito na América Latina, torturando e matando um inofensivo periquito que teve seu bico e pernas queimados por um cigarro e depois o pescoço cortado por uma tesoura. O filme chama-se Experiência 1 e foi muito discutido por todos aqueles que tem sensibilidade e não aceitam tal prática assassina.
Sentado no Teatro do ICBA ele tomou a postura de um grande cineasta se negando a responder algumas questões, e agressivo, quando os debatedores não concordavam com sua tortura. A meu ver este indivíduo deve sofrer de alguma distorção mental e não tem nada de gênio. É um doente e como tal deve ser tratado, porque  como torturou e matou um periquito é capaz de fazer com uma pessoa na sua próxima experiência. Esta posição de torturar para denunciar é insólita, despropositada, danosa e acima de tudo criminosa. Não entendo como os responsáveis pela Jornada deixaram exibir tal filme. Um detalhe é que ele está talvez influenciado por grupos que filmam cenas e encontros eróticos e depois aniquilam alguns dos participantes, o que foi motivo de uma matéria no Pasquim. Todos condenam tal atitude e quem sabe, em vez do periquito o Sr. Fernando Beléns poderia assumir a posição de torturado porque assim estaríamos livres de outra possível agressão, e outros animais irracionais estariam salvos de sua tara

            FOTOBAHIA 78 REÚNE 50 FOTÓGRAFOS

Foto de Agliberto integrante da Fotobahia 78
Na próxima terça-feira, dia 26, cinquenta fotógrafos estarão expondo no foyer do Teatro Castro Alves, um total de 250 fotografias em preto e branco.
A maioria enfoca o homem dentro de seu contexto social, embora a mostra não tenha um tema definido e assim o público terá oportunidade de sentir melhor a capacidade de captação das imagens.
São jovens fotógrafos que de câmara em punho  que fixaram na película cenas que normalmente as pessoas apressadas, que andam pelas ruas deixam passar despercebidas. São flagrantes do cotidiano da Grande Cidade que encanta muitos e atormenta outros. Esta mostra serve também para uma troca de experiências entre os fotógrafos que dispõem das mais variadas informações e visões acerca de problemas vividos por nós.
Nos dias 29 e 30 do corrente haverão dois seminários sobre o tema Perspectiva Cultural e Profissional do Fotógrafo na Bahia, e que serão coordenados por Mário Cravo Neto, Oldemar Victor, Vito Diniz, Sílvio Robatto,constando com a participação de muitos convidados, inclusive representantes das duas associações de fotógrafos profissionais existentes na Bahia.
A mostra deverá ser levada também para Recife onde os pernambucanos terão oportunidade de ver os trabalhos dos fotógrafos baianos, além de arquitetura, da gente e costumes e as tendências da fotografia em nosso estado. Também será editado um catálogo, um total de mil exemplares constando pelo menos duas fotografias de cada concorrente. A Fotobahia 78 é coordenada pelo fotógrafo Aristides Alves e patrocinada pelo Teatro Castro Alves, Fundação Cultural da Bahia (Coordenação da Imagem e do Som) contando ainda com a colaboração da Bahiatursa, Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, do jornal A Tarde e Gráfica Universitária.

          A NATUREZA NA OBRA DE GILBERTO SALVADOR

O paulista Gilberto Salvador está expondo na Galeria O Cavalete alguns desenhos e pinturas com uma temática ligada a preservação da natureza, ao índio sofrido e espoliado de nosso país. Porém, sua obra é forte e tem uma conotação de latino-americanidade. Forte e simples com seus traços gestuais e o uso equilibrados dos espaços e movimentos. Gilberto é um artista criterioso e consciente que maneja com visão da realidade as tintas, os pincéis e os lápis.
Tem consciência da mutilação de nossa paisagem, da flora e da fauna e principalmente não concorda com estas e outras aberrações.
Faz algum tempo que não  tenho visto um trabalho tão forte e que tenha me emocionado. Os elementos simples ação jogados de tal forma que fornecem uma visão plástica que transporta do suporte e chega a provocar emoções de tristeza, de revolta e até alegria. É um trabalho que fala a todos aqueles que tem sensibilidade para decodificar sua mensagem transmitida às vezes através de um desenho ou pintura, onde estão presentes as linhas acadêmicas e que são cercadas por traços e formas gestuais.
A tua na área de artes plásticas desde 1964 em exposições individuais e coletivas. Já representou o Brasil em diversas bienais e salões, assim como em mostras no exterior. É detentor de alguns prêmios oficiais obtidos em salões, e está preparando alguns trabalhos para a próxima Bienal Latino-Americana.

EXPOSIÇÃO NA CAÑIZARES DOS INTEGRANTES DO 
GRUPO OPUS QUAVRO

Os artistas Quaresma, Pedro Roberto, Juracy Dórea e Antônio Brasileiro integrantes do Grupo Opus Quavro, estão expondo na Galeria Cañizares até o dia 4 de outubro.
Os participantes de Opus Quavro são artistas experimentados e conhecidos do público baiano, Juracy Dórea, por exemplo, é poeta e escritor já com livros editados, arquiteto, pesquisador das artes e das letras, já fez três exposições individuais e tem participado de inúmeras coletivas aqui em Salvador, Feira de Santana e até no Paraná.Pedro Roberto artista plástico também com inúmeras exposições entre individuais e coletivas, com desenho a bico-de-pena. Quaresma com trabalhos estruturados, geométricos, inseridos numa conotação aproximada do suprematismo, estilo metafísico, e Antônio Brasileiro poeta e escritor musicista participa de Fraxem e outras exposições coletivas no Estado da Bahia.
Sobre os artistas de Opus Quavro    o professor Ivo Vellame, Diretor da Escola de Belas Artes, acentua  
" a constante participação desses talentosos jovens no setor plástico/visual e em outras manifestações culturais nas principais cidades do interior baiano é prova inequívoca de que a cultura tem resposta em nível de contemporaneidade, quando nessas cidades existem fortes personalidades, cujas luzes de metrópoles jamais poderão ofuscá-las. Quatro artistas fazem parte de Opus Quavro: O jovem Quaresma que em 1975 chamou a atenção do público e dos críticos baianos com a sua pintura neo-surrealista; Pedro Roberto é de uma extraordinária ordem técnica em bico-de-pena; Juracy Dórea tem forte ligação com a realidade que o cerca, nos seus escudos/couros de ousada riqueza formal, ele registra a sua escrita plástica signográfica, esquematizações de todo um complexo cultural, cujo principal fator de civilização foi a criação do gato; e Antônio Brasileiro, talentoso expressionista/abstrato."

domingo, 28 de julho de 2013

I BIENAL LATINO-AMERICANA

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO, 04 DE NOVEMBRO DE 1978


Inaugurada ontem a I Bienal Latino-Americana, nasce de contradições de promoções anteriores, instalada no Parque Ibirapuera, em São Paulo participam artistas do Brasil, Paraguai, Chile, Colômbia, EL Salvador, Equador, Hunduras, México, Peru, República Dominicana, Uruguai, Venezuela, Bolívia e Argentina.
A ideia da realização desta bienal remonta algum tempo e foi pensada por Francisco Matarazzo Sobrinho e alguns críticos latino-americanos. Assim a Bienal Nacional foi absorvida por esta, passando a acontecer nos anos pares, enquanto a internacional continuará a ocupar os anos ímpares.
Para muitos a primeira contradição está na própria filosofia desta transformação, outros consideram indigesta e limitada do ponto de vista geográfico. Esses últimos são contra os regionalismos que não levam a nada porque a arte  deve ter fronteiras. Mas os impasses vão além das discussões conceituais sobre os objetivos da bienal pois muitos criticam a temática central Mitos e Magia a qual não foi bem recebida por grande número de artistas.
Os organizadores pretendem diferenciá-la dos anos anteriores com a ideia de que esta deve ser mais informativa, com orientação ao público que a visitará. Logo na entrada colocaram um grande painel, didático sobre a promoção.
Não houve inscrição para participação, porque os artistas foram convidados, e das 99 manifestações enviadas à bienal, o Conselho selecionou 15. Dez propostas participaram da área de documentação, entre elas um filme da atriz Norma Benguel. Paralelamente acontece um simpósio que vai até o próximo dia 6 do corrente, sob a coordenação, de Juan Acha, onde se discutirá os temas Mitos e Magia na Arte latino-americana, Problemas gerais de arte latino-americana e as propostas das próximas bienais latino-americanas.
Um detalhe curioso é que o critico e diretor do MASP, Pietro Maria Bardi, considerado um ferrenho condenador de bienais estará expondo numa sala seus conceitos sobre Mitos e Magia, tudo exemplificando com obras artísticas dispostas pelo seu espaço nesta Latino-americana.
Outro detalhe é que inexplicavelmente não foi confeccionado o cartaz costumeiro. Isto porque dos 83 cartazes que concorreram ao prêmio em agosto último o júri não aprovou nenhum deles alegando ausência de nível das propostas e da qualidade gráfica dos trabalhos inscritos.
Fruto de uma estrutura de 27 anos, e mesmo sofrendo algumas modificações a bienal carrega o grave peso da deteriorização do sistema administrativo. Lembro apenas que em julho deixaram a Fundação o crítico Jacob Klintowitz e a artista Maria Bonino membros do Conselho de Arte e Cultura e ainda a crítica Ernesta Karman e o artista Antônio Lizarraga.
Assim para vencer alguns obstáculos a bienal recorre a uma campanha publicitária produzida por uma agência especializada a DPZ.
Portanto, a bienal abre suas portas debaixo de uma grande avalanche de críticas e descontentamentos. Vamos aguardar os resultados com certa atenção já que nela se pretende mostrar um painel da arte latimo-americana.

GRUPO ARGENTINO CAYC

Jorge Glusberg, já falecido, 
que dirigiu o Caic 
Participando da I Bienal Latino-americana de São Paulo o grupo argentino Centro de Arte Y Comunicacion (CAYC) que arrebatou o primeiro lugar na última bienal internacional.
O trabalho agora apresentado está centralizado em Mitos do Ouro.Para o grupo, o ouro, a prata e o cobre foram utilizados pelos índios para elaborar jóias, adornos e certos utensílios. A idade do ferro jamais foi um produto autocno no continente sul-americano. Das 150 substâncias provenientes dos reinos animal, vegetal e mineral que a humanidade tem utilizado, o ouro é a mais apreciada. Estimam em 80 mil toneladas de ouro que tenha sido extraído da terra, os quais tem múltipla virtudes, desde a sua resistência e maleabilidade.
O ouro é uma substância palpável, escassa e tem o valor intrínseco porque revela segurança e prestígio.
O poder humano como todas as relações sociais, é simbolizado em substâncias significativas que se convertem na manifestação semiótica de tais relações.
È dentro desta visão que o grupo CAYC vê o ouro, dentro de um sistema de relações sociais que estão imersos. Basta lembrar que muitos trabalhos acerca deste metal, desde  a época dos faraós egípcios até os nossos dias tornam exótico e fascinante, além de determinar regras do sistema econômico mundial.
Obra de Alfredo Portillos
Alfredo Portillos
Para eles o valor artístico parece com o mito do ouro. Existem possuidores de grandes quantidades de obras de arte que se constituem em patrimônios individuais ou institucionais. Do mito do ouro como fetichismo do valor passamos assim ao mito da capacidade de acumulação de qualquer coisa que represente um valor socialmente estimado. E se há algo que se oponha a este espírito acumulativo ou extrativo é a criação artística como tal.
O ouro é o objeto de arte valem pelo que são, isto é por seu lugar em uma rede de critérios de prestígio, socialmente determinados.
Obra de Jorge Gonzalez Mir
No terreno da arte a história nos mostra uma relação estreita entre os materiais nobres e a execução das peças de arte. Não se trata de um fenômeno aleatório.
O ouro existe em todos os continentes e debaixo dos mares. É uma substancial universal, da mesma forma que a arte que está também está presente em qualquer ato da vida humana e é indissociável dela.
É dentro desta ideia que se desenvolve o trabalho dos integrantes do CAYC com trabalhos de Jorge Gonzalez Mir, Victor Grippo, Vicente Marotta, Leopoldo Maler, Jorge Glusberg, Alfredo Portilos e Clorindo Testa.

      INIMÁ DE PAULA E AS PAISAGENS 

 A paisagem vem há mais de 26 anos exercendo uma atração surpreendente à sensibilidade de Inimá de Paula. Nascido em 1918 em Itanhomi, Minas Gerais ele segue cedo para o Rio de Janeiro e em seguida para o Ceará onde funda o Grupo Cearense que era integrado que era integrado por Aldemir Martins e Antônio Bandeira. Pintava naturezas-mortas e paisagens. Em 1946 retorna ao Rio de Janeiro deixando seus companheiros de grupo mas mantendo-se expressionistas ao longo de sua carreira, com exceção de uma fase abstrata influenciado por uma viagem a Paris, quando o prêmio de viagem no Salão Nacional de Arte Moderna de 1952.
Iminá pintou no seu primeiro período de permanência no Rio, paisagens urbanas sobretudo muitas casas antigas da Cidade Nova e Santa Teresa. Esses quadros seguidos de alguns retratos são representativos e disputados pelos colecionadores. Conhecedor da sua obra Roberto Pontual afirma que "as paisagens mineiras de Inimá, sobretudo as de Ouro Preto, divergem dos quadros de Guinard... Mas, se as soluções de Guinard são quase sempre pictóricas, as de Inimá tem vista outros desígnios, inclusive de ordem espacial ou arquitetônica, embora também o artista se  preocupa em impor uma subjetividade à composição, obedecendo, nesse particular, a uma característica dos pintores expressionistas."
Ele expõe em 1954 em  Salvador no Salão Baiano de Arte Moderna. Em 1954, recebeu a Medalha de Prata, além de expor em vários países e ter conquistado muitos prêmios em salões oficiais. Esta é a sua segunda mostra individual porque em 1952 fez uma mostra na saudosa Galeria Oxumaré, na Ladeira de São Bento.
Ele volta com a apresentação de Wilson Rocha que fala de sua vinculação com a terra," pintor de um mundo abundante. Mas esse mundo está ameaçado por catástrofes, por fatais violências desencadeadas contra o homem."
Sua exposição será aberta no próximo 9 de novembro com 20 óleos, na Galeria Katya, no salvador Praia Hotel.
Nota - Nascimento7 de dezembro de 1918, Itanhomi, Minas Gerais
Falecimento13 de agosto de 1999, Belo Horizonte, Minas Gerais
Morte13 de agosto de 1999 (80 anos); Belo Horizonte
                           PAINEL

MANU - é a mais nova casa de arte que inicia sua existência em pleno centro nervoso de Salvador, a Rua Chile. O que se desliza das suas paredes, o que encanta os olhos, o que invade o seu espaço são alternativas diante deste mundo industrializado e estereotipado. Ela fica na Rua Chile, 3, sala 209. Vá lá.
O Dircinho estará à sua espera.

DESENHOS- Cildo Meireles está expondo na Pinacoteca do Estado de São Paulo. São 17 obras realizadas no ano passado, em técnica mista das séries Brasília e Campos. O artista pertence ao núcleo dos jovens da década de 60, época do florescimento do Objeto e das aberturas da arte experimental.

EXPERIÊNCIA- O Nuclearte no Parque da Cidade, e pertencente à Secretaria Municipal  de Educação e Cultura iniciou sua primeira experiência com um atelier de xilogravura sob a orientação de Isa Aderne. Os trabalhos são realizados aos sábados das 9 ás 11 horas com duração de três meses. Poderão participar jovens e adultos. No máximo 15 pessoas.


CONVIDADO- O tapeceiro Juarez Maranhão acaba de ser convidado para fazer uma exposição em Montevidéu, na Galeria Aramaio através do seu diretor Roberto Pérez Soto. A mostra deverá acontecer em fevereiro do próximo ano e seria feita simultaneamente com a pintora Lygia Milton e poderá contar com ajuda das embaixadas do Brasil no Uruguai. Foto.










RECONHECIMENTO DA CRÍTICA CONTRA O BICO

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO, 28 DE OUTUBRO DE 1978

Na semana passada teci alguns comentários sobre a exposição dos médicos pintores que está aberta ao público na Galeria Cañizares. Porém, o que me surpreendeu e é gratificante foram os inúmeros telefonemas que recebi de artistas baianos dando total apoio às palavras que escrevi criticando a interferência dos médicos no mercado de arte.
Tive conhecimento que um grupo de artistas está elaborando um documento com dezenas de assinaturas se posicionando contra este tipo de promoção que serve para desvirtuar o nosso tão falido mercado de arte. É preciso que os diretores e proprietários de galerias atentem para este fato, que é de suma importância para centenas de pais de famílias que vivem de arte. Os médicos integram uma classe privilegiada e não necessitam comercializar trabalhos de arte. O bico é condenado sob vários aspectos que prefiro aqui não me estender.
O que desejo é que fique claro a minha independência e também que não sou contra que alguém pinte ou escreva. Acho que apenas aqueles que desejam ser pintor devem abraçar esta carreira deixando o bisturi ou qualquer instrumento de trabalho próprios de outras profissões.
A profissionalização deve ser defendida por todas as pessoas de bom senso. Sei também que a intenção da pessoa que cedeu a galeria para realização desta exposição combina perfeitamente com meu pensamento. Talvez tenha cedido a galeria para uma confraternização, o que não aconteceu. Portanto, foram infelizes os seus organizadores.
Aliás este não é o primeiro ano que fazem este tipo de exposição, pois se não me engano no ano passado foi realizada no Centro Espanhol.

JORNADA LATINO-AMERICANA DE CRÍTICA DE ARTE EM BUENOS AIRES

De 13 a 19 de novembro será realizada em Buenos Aires a Jornada Latino-Americana de Crítica de Arte organizada pela Associação Argentina de Críticos de Artes, secção argentina da Associação Internacional dos Críticos de Arte.Haverá um simpósio e exposições com entrega de prêmios àqueles que desenvolveram atividades durante o conclave.
Quatro importantes temas serão tratados pelos congressistas: Teorias Atuais das Artes Visuais; Situação e Perspectivas da Arte Latino-Americana; Possibilidades para Uma Melhor Educação Artística e Função da Teoria e Crítica de Arte.
A título de ilustração  obra de Alberto Heredia
Uma das mostras que será aberta no dia 14 de novembro contará com a presença de importantes artistas argentinos:Felipe Aldama, Líbero Badii, Luís F. Benedit, Antônio Berni, Marcelo Bonevardi, Ary Brizzi, Mildred Burton, Carmelo Carrá, Amércio Castilha, César Coffone, Juan Carlos Disttéfano, Diana Dowek, Mercedes Esteves, José A. Fernandez Muro, Nestor Gómez,Jorge Gonzalez Mir, Sarah Grilo; Victor Grippo, Alberto Heredia, Alfredo Hlito, Ennio Lommi, Jorge Kleiman, Lea Lublin, Leopoldo Maler, Vicente Marotta, Gabriel Messil, Marta Minujin, Pablo Obelar, Miguel Ocampo, Marie Orensanz, Margarita Paksa, César Paternosto, Luiz Pazos, Liliana Porte, Alfredo Potillos, Alejandro, Emílio Renart, Josefina Robirosa, Osvaldo Romberg, Juan Carlos Romero, Antonio Seguí, Maria Simon, Elsa Soibelman, Dalmiro Sirabo, Clorindo Testa, Enrique Torroja, Nicolas Uriburu.
Integram o Júri: Waldylawa Jaworska (Polônia), Presidente de Honra da Associação Internacional de Críticos de Arte; Jacques Lassaigne (França), Curador do Museu de Arte Moderna de Paris; Juan Acha (México); Gregory Battcock (Estados Unidos); Margarita D’Amico (Venezuela); Walter Zanini e Roberto Pontual (Brasil).
O Primeiro Prêmio será de 4 mil dólares e o segundo de dois mil dólares.
A segunda mostra, intitulada Jovem Geração contará com trabalhos de:
Jorge Álvaro, Jacques Bedel, Miguel Angel Bengoeches, Remo Bianchedi, Pablo Bobbio, Juan José Cambre, Alicia Carletti, Ricardo Carreira, Lupís Frangella, Hector Giuffre, Luís Lurcovich, David Lamelas, Hugo Laurencena, Máximo Okner, Raúl Rodrigues, Andrés Waissman, Horácio Zabala y Graciela Zar.
O júri será integrado por: Dra. Wladyslawa Jaworska (Polônia) (França); Juan Acha (México); Gregoty Battcock (Estados Unidos); Mário Baratta y Frederico de Morais(Brasil); Margarita D’Amico (Venezuela); e Samuel Paz, Horácio Safons, Nelly Perazzo e Fermin Fevre, do  Colégio de Jurados da Associação, darão um Prêmio de Aquisição no valor 2.500 dólares; o Segundo Prêmio da Crítica, de 1.000 dólares.

PRÊMIOS DOS CRÍTICOS BRASILEIROS

A Associação Brasileira de Críticos de Arte instituiu dois prêmios destinados a distinguir um crítico de arte e um artista plástico que se tenham destacado por sua atuação no período de 1977-1978.
O Prêmio Gonzaga Duque, no valor de CR$ 50 mil, distinguirá um crítico ensaísta ou historiador de arte, por trabalho de divulgação ou atuação profissional no campo das artes plásticas, enquanto o Prêmio ABC premiará anualmente um artista plástico e sua obra, consagrado ou emergente, desde que significativa para o processo cultural brasileiro. Na premiação levar-se-á em conta que o artista tenha realizado uma exposição individual ou retrospectiva em 1978.
Ao artista mais votado será concedido um troféu especialmente criado por um escultor de renome. Ambas as premiações contam com o patrocínio da Funarte.
Até o final tudo estará circulando mais um número da Revista Crítica de Arte, da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABC), com colaboração de críticos e artistas de todo o Brasil.

SEMANA DA CULTURA

Maria Helena da Silva, artista que desponta, está participando com alguns trabalhos de uma mostra que integra a Semana da Cultura na Cidade de Itaberaba. A Semana visa mostrar ao público trabalhos de jovens artistas do município. Falando sobre a importância do evento, Maria Helena disse que foram convidadas várias pessoas de outras cidades vizinhas e também de Salvador com o objetivo de proporcionar uma participação bem maior. Esta Semana da Cultura é muito importante porque todos têm oportunidade de conhecer novas manifestações e cultura é o alimento do intelecto.

                    PAINEL
ORLANDO BRITO- carioca de nascimento ele pinta desde 1950 e sua última mostra foi na Galeria Agora. Recebo seu novo catálogo da mais recente exposição na Signo Onde apresenta alguns trabalhos baseados na paisagem. É um artista que retrata o Brasil e suas cidades. Esta é uma aquarela de São pedro da Aldeia, do artista carioca


INSISTENTE- O que mais admiro no cidadão Aderbal Rodrigues é sua ferrenha vontade em tornar-se pintor.Na apresentação, outro cidadão diz que ele é antes de tudo um esteta. Acho que ambos estão enganados, devem procurar outra atividade.

ESTREANTES- Ada Mônica Santos Brito, Ana Rita Suiz Campos, Belmiro Neto D’Oliveira Santos, Célia Maria Messia Lima, Celina Rodrigues do Nascimento, Cinthia Teixeira de Almeida, Denise Bandeira Catharino, Emmy Tosta Lima, Francisca Tânia Silva Viana, Humberto Britto, Káthia Cristina Tavares Oliveira, Márcia Maria Guimarães Mendonça, Maria Alice Vasquez Nogueira, Maria Angélica Alves Pimentel, Maria de Fátima de Assis Sales, Maria de Fátima Caldas Santana, Maria Luiza Oliveira Borges, Mário Eduardo Marques Souza, Raul Varella Seixas, Sandra Oliveira Lima, Theonilo Amorim Filho e Walmiró Pedreira Filho, expõem na galeria Panorama.

NICK SUERDICK- Está expondo no Museu da Cidade.
Diz ele que está tentando adaptar à realidade. "Enfrentarei o real. Tentarei mudar o que pode ser mudado e aceitarei o que não pode mudar."
Cuidado Nick este comodismo é perigoso. Foto ao lado.





LEILÃO DE ARTE- Foi realizado em A Galeria, São Paulo um leilão com 100 obras de qualidade.
Durante o leilão foram vendidas obras em benefício da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo e Associação Cultural e Recreativa, a Hebraica da Bahia. Foram leiloados quadros de Antônio Parreiras, João Alves, Di Cavalcanti, Mário Zanini, Clóvis Graciano e Gino Bruno, dentre outros. Na foto III, quadro de Di Cavalcanti.



JOSILTON TONM- esculturas estão expostas na mini galeria da ACBEU. Um jovem que promete e vive preocupado em tentar escrever e explicar o que faz com a madeira.

ELDER E BRUNO- estão expondo na Galeria O Cavalete, no RioVermelho.



O NÓ DE LIANE KATSUKI

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO, 07 DE OUTUBRO DE 1978


"O nó é positivo. O nó é negativo", afirma Liane Katsuki que juntamente com Bethânia Guaranis e equipe ganharam o 1º Prêmio no 1º Salão de Artes Plásticas da Bahia. Um trabalho político integrado, onde  movimentação dos corpos dos bailarinos insinuam as prisões, os grilhões e os nós que o homem moderno vem enfrentando em várias partes deste mundo conturbado. O Nó, de Liane Katsuki é um projeto de arte integrado cuja ambientação cênica, escultura e jóias são de sua autoria e a dinâmica corporal de Bethânia Guaranis e equipe. A ideia é centrada nos freios, preconceitos morais, políticos e sociais e é como um alerta, um chamamento ao inconformismo, ao combate a estes freios. Plasticamente perfeito, o trabalho merece ser reapresentado em outros locais com uma maior divulgação para que outros artistas vejam a importância de um trabalho de equipe. Que os cintos de castidade e outros símbolos repressivos caiam e deixem que Liane Katsuki desate os nós que infestam a cabeça de muita gente.

              OS DIABOS DE JACQUES ARPIN

Satanás é o nome que a Bíblia dá ao chefe dos anjos rebeldes, e diabo é talvez a designação mais usada pelo brasileiro para falar de coisa ruim, má ou terrível. Porém, o Jacques Arpin não é brasileiro mas aqui está, mais exatamente em Salvador, onde vem desenvolvendo um trabalho psiquiátrico junto às populações de baixa renda sem receber quase remuneração. É um homem consciente do papel de médico e do que ele profissional pode fazer pelo semelhante. Aqui conheceu muitas variações de doenças e outras manifestações, tão desconhecidas de sua terra natal, a Suíça.
Diante de seus contatos veio a ideia de transportar para o visual o sofrimento daqueles que tanto lhes tocam n’alma e também a mesquinhez, a vaidade de tantos outros que vivem no mundo irreal desprezando os semelhantes. Mas para falar de coisas ruins só podia escolher um símbolo perfeitamente identificado com elas. E assim o fez escolhendo a figura do diabo que representa as doenças e outras manifestações no pobre ser humano. É uma abordagem muito pessoal e em determinado momento sentimos que Arpin deseja mesmo é satirizar ou chocar as pessoas que se identificam com seus diabos.
Como diz Carybé no catálogo de apresentação, Arpin, além de médico é músico: música erudita ou música pop, em conjuntos trabalhou como solista. Fez teatro e agora nos apresenta 54 desenhos inspirados no mundo da medicina. São desenhos que chocam algumas pessoas menos avisadas, porque lembram gárgulas de velhas catedrais góticas, figurações visuais das enfermidades que o homem carrega em si.
É um homem preocupado com o sofrimento alheio e vem fazendo um trabalho de psiquiatria através da cultura, da raça, do meio e das limitações de informação de seus pacientes. Não vê simplesmente a doença e sim todo um contexto que cerca o seu paciente. Não acredita na medicina do objeto, do comércio, quer sentir um pouco a vida do paciente para procurar ajudá-lo da melhor maneira possível. Seus desenhos tem muito desta preocupação de mostrar a realidade da vida e, ás vezes, através de certas visualizações satíricas consegue alcançar de imediato este objetivo.

                 III SALÃO NACIONAL UNIVERSITÁRIO

Entre 412 trabalhos expostos no III Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas realizado em Vitória, no Espírito Santo na categoria de pintura Antônio Murilo Ribeiro ou Murilo ganhou o segundo prêmio no valor de CR$10 mil cruzeiros. Ivo Vellame foi um dos participantes da comissão e o Grande Prêmio Governo do Estado no valor de CR$30 mil cruzeiros foi outorgado a Alberto José Costa Borba (Bel Borba).
Agora Murilo abriu uma exposição na Galeria Macunaíma e tem na íntegra por achar que reflete exatamente o meu conceito sobre o trabalho de Murilo.

MURILO E SUA SÉRIE CASA
Detalhe de uma das obras da série Casa, de Murilo
A década dos anos 70 tem sido muito marcante, muito significativa mesmo. Em 1976, justamente há dois anos passados, ele fazia a sua primeira individual. Na apresentação, procurei chamar a atenção dos espectadores para a seriedade da pintura deste jovem que resolvera se dedicar completamente ao misterioso mundo da arte, de que se tratava de uma vocação indiscutível e, jamais seria um artista sem obras.
Murilo mostrava nesta primeira individual uma pintura  de caráter onírico expressionista, povoava suas telas de contritos frades, de mães famintas que abraçam filhos desnutridos, enfim, questionava a miséria. Estava fascinado pela figura humana.
Em 1977, numa segunda individual, expõe mais de duas dezenas de trabalhos que ele com muita propriedade denomina de Lavagem Cerebral. Nesta exposição surpreende o público e os críticos de arte baiana com suas figuras planas, altamente esquematizadas e surpreende muito mais ainda pela grande riqueza de ideias. Lavagem Cerebral é sério conteúdo social contestatório, traduz a arrogância dos poderosos do mundo, denuncia os magnatas e cartolas que existem em todo o orbe a costurar a boca dos pequenos.
Agora, em 1978, na sua casa /atelier das Ubaranas, bairro apertado entre Amaralina e Pituba, Murilo prepara sua individual . Casa é o nome dado por ele ao conjunto de obras que será exposto.
Acredito ser interessante lembrar ao inteligente e sensível público da Macunaíma que os trabalhos que compõem esta fase, foram precedidos de obras de exposição apresentadas pelo artista no I Salão Universitário Baiano de Artes Visuais (MEC/ Funarte/UFBa.) em julho, intituladas Cavalo de Tróia, Arca de Noé e Ônibus obras plasticamente austeras, recordações da infância, formas apanhadas no subconsciente de artista, construções abstratas, tensas, sem coisas. Murilo não queima etapas, sua produção artística segue um desenvolvimento lógico e muito disciplinado.
Conversei muito com o artista em seu atelier sobre Casa . Para Murilo trata-se de conceituar Casa no sentido mais amplo possível  - é abrigo da fé, do homem, dos sonhos, das ilusões, das esperanças, das alegrias como das tristezas. Casa como passado, presente e futuro; como algo permanente em nós: como substância de nós mesmos ou da mesma qualidade de quem nela reside; testemunho das pessoas e das coisas desde o paleolítico superior aos dias atuais, testemunho das pessoas, dos bichos e das coisas das cavernas aos conjuntos habitacionais do BNH. Registro das nossas expressões corporais e sonoras. Casa que habitamos e que habita em nós e, dela nada mais somos que orgânicos como Casa vida / morte / vida. Permanente presença / presença permanente.
Nas telas e nos tanques emborcados com suas cinco faces pintadas, pinturas sobre volumes de eternite, fixa formas inarticuladas, íntimas e profundas visões , de difícil leitura, impossíveis à percepção superficial, inabordáveis sem uma aproximação do espectador com a teorização, motivação dada pelo artista.
Na sua linguagem plástica, além das formas dominadoras, construções núcleos, inúmeros signos circulares, xadrezados, verticais paralelas, forte sugestões da arte rupestre, assina as obras A Dona da Casa, O Novo Morador, Breve História da Nossa Família, A Família, Um Desejo de Nunca Alcançar, Farto Fardo de Lembranças, Ainda Me Lembro Daquela Sexta-feira, etc. Toda cosmovisão mágica tem uma significação profunda no que diz respeito a importância da Casa para o homem e do homem para a Casa. Nesta mostra, experiência nova o artista inventa-se, modifica-se. Vale-se de uma abstração mais geral e abarcadora e afirma a sua capacidade de materializar conceitos, anulando intencionalmente a informação visual realista.

    GALERIA NACIONAL DE ARTE DE WASGHINTON

Foi inaugurado o novo edifício da Galeria Nacional de Wasghinton composto de espaço para ópera, museus, salas de concerto e similares.
Mas, em última instância quem determina o sucesso ou o malogro do empreendimento é o homem comum, o cidadão da rua. Assim, depois de retirado o último copo do coquetel, depois de consumido o último salgadinho e cortada a fita inaugural, o público invadiu cuidadosamente a mais nova das jóias culturais de Wasghinton, A Galeria Nacional de Arte.
Graças aos meios de comunicação àquela multidão estava perfeitamente informada sobre o que iria encontrar. Os jornais de Wasghinton, de Nova Iorque e do país inteiro além das revistas e de todas as redes de televisão haviam documentado em pormenores o edifício e o seu conteúdo em uma série de artigos e programas dedicados à inauguração, a1º de junho. A primeira coisa que se nota, pelo simples motivo de estar de fato capacitada a captar a atenção do visitante, visual e fisicamente, é a sinuosa arquitetura interna que se resolve por uma série de rampas, elevados, escadas rolantes, paredes, janelas, balcões e árvores de fícus em harmoniosa disposição. Tudo muito fácil de se aceitar, em nada contrastante com o todo.
Deixando de lado  a multiangular amplidão arquitetônica da área e a estimulantes atmosfera reinante, percebe-se que estamos cercados de obras de arte que, mais do que se imporem a nós, crescem diante dos nossos olhos.
E agora, uma incursão pelas galerias. A exposição mais ansiosamente aguardada da fase de inauguração do edifício, e conforme se apurou, a única para qual se reservaram espaços grandes  de coleções de arte que prevaleceu entre os habitantes da Saxônia durante o século XVI, tendência que se estendeu até a Segunda Guerra Mundial.
Exposição em 2010 das litografias de Munch
Do vestíbulo de exposições do nível inferior , onde foram apresentados os objetos de Dresdem com a cooperação do Governo norueguês, serão expostas a seguir os trabalhos de Edvard Munch, os visitantes voltam ao pátio interno e sobem depois pela escada rolante ou pelo elevador, às galerias superiores. No Museu, até mesmo o sistema de transporte são obras de arte. A escada rolante, esculpida em uma fenda de um dos lados da parede de mármore;os elevadores, de aproximadamente 3,5 metros por 6,00 metros, verdadeiras saletas; e o transportador de pessoas, motorizado, no túnel subterrâneo , prateado, intergalactíco e frio.
As galerias do nível superior são verdadeiros andares. Aqui, as duas principais atrações são uma homenagem  a Aspectos da Arte do Século XX, em três partes, e um tributo em sete sessões.A Arte Americana de Meados do Século, A Exposição Contemporânea centraliza-se em Picasso e no Cubismo em vários pintores e escultores europeus e nos recortes dos últimos anos de vida de Matisse, quando ele já estava doente demais para pintar.
É maravilhoso subir pela escada em espiral até a torre da nova ala da Galeria, para ver a obra de Matisse. Temos a sensação de estar num estúdio do artista, e quando lá fora o sol se esconde nas nuvens, os pesados feixes de luz que inundam o ambiente, parecem fluir de dedos invisíveis, o que empresta tom dramático ao engenhoso e arrojado projeto arquitetônico de I.M.Pei, por sua solução do emprego da luz.