quarta-feira, 31 de julho de 2013

DETALHES À PARTE

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO, 16 DE SETEMBRO DE 1978


Estofados desenhados por Charles Pfister
Quando falamos em móveis lembramos aqueles que povoavam as residências de nossos avós. Eram grandes, fortes, escuros e principalmente cheios de detalhes, formas espirais e arabescos, vidros e metais rebuscados. Eram móveis requintados em particularidades. Assim também esteve fundamentada a Art Nouveau nos primeiros anos do nosso século.
Poltrona desenhada por
Charles Pfister
Porém, por volta de 1920, arquitetos, pintores, escultores, propuseram novos critérios com vistas a satisfazer valores estéticos da época e buscando maior funcionalidade, não só para a arquitetura e decoração, mas também para manifestações como o próprio desenho industrial em si, artes gráficas e visuais, pinturas e cenografia.
Nascia o design, sóbrio, funcional, limpo, puro, onde cada traço correspondia a uma necessidade de uso, sem que isto prejudicasse a forma em seu todo. Obedece a critérios determinados que satisfazem a valores estéticos e de funcionalidade, não se admitindo mais hoje um desenho arbitrário de uma peça, mesmo a mais simples.
Era  o equacionamento entre a arte e artesanato, unindo-as, misturando a arte e a técnica, propondo-se a integrar a arte com a indústria em expansão do século XX.
Hoje a sua aplicação é universal, desenvolvendo-se praticamente em todos os campos. O critério para um bom desenho pode ser aplicado não apenas a uma cadeira, automóvel ou máquina, mas igualmente na embalagem de produtos e até no desenho mais simples de um lápis.
A palavra design,, antes uma simples expressão inglesa significando desenhos em geral, passou a ser internacionalizada para definir o desenho industrial.
Charles Pfister era um dos sócios e diretor o departamento de design interior da Skidmore, Owings & Merrill.Estabeleceu sua própria empresa, somente em 1981, com escritórios em San Francisco e Londres.
Foi muito admirado pela elegância de seus projetos para interiores e design de seus mobiliários, estudou arquitetura e design na University of California, Berkeley.

BAUHAUS
Móveis de escritório da Knoll International
Muitos ainda devem lembrar-se da grandiosa exposição que foi montada há poucos anos no Solar do Unhão, que mostrava vários móveis e outras criações, frutos de integrantes da Escola Bauhaus, que foi criada na Alemanha por volta de 1920. Esta escola tem destaque especial em todo o  mundo porque foi a primeira escola a rejeitar as abstrações das academias de arte e o diletantismo das escolas de artesanato.
Ela surgiu da união da Escola de Belas Artes e da Escola de Artes e Ofícios sob a direção de Walter Gropius. Foi este artista que começou a dar à arquitetura e ás demais artes, uma nova feição, se opondo diametralmente a todas as tendências da Art Nouveau. Reunia, entre seus mestres, os mais famosos nomes da arquitetura, da pintura, da escultura e demais artes aplicadas. A Bauhaus foi e continua sendo um marco decisivo da arquitetura moderna e podemos sentir até hoje a sua influência em vários segmentos da arte contemporânea.
Nascia assim o estilo Bauhaus, que se definiria por sua clareza, limpeza, despojamento, aliando o belo ao útil, mas nunca um prevalecendo sobre o outro.
Esta escola revolucionava e não deixou de ser fechada por ordem de Hitler, mas suas ideias sobreviveram e alguns móveis desenhados entre 1925 e 1930 são ainda considerados avançados, modernos. Para entendermos a importância desta escola é preciso conhecer as obras de seus mestres e seguidores, entre eles Mies van der Rohe, Marcel Breuer e Morrison e Hannah.
Agora a Forma nos traz com inauguração de sua filial, toda a coleção internacional Knoll e Cassina e o design brasileiro. A exposição foi inaugurada no último dia 14, na Rua Humberto de Campos, 22, Graça.

MÓVEL
De lá para cá o desenho do móvel sofreu uma transformação radical que modificou hábitos de vida. Desde 1900 para cá que ela vem se processando e há poucos anos elas estão incorporadas a nosso cotidiano.
Da construção pesada, maciça do móvel de madeira, chegamos à leveza conseguida graças às novas estruturas metálicas.
À esquerda uma poltrona desenhada por Wassily,  e à direita  Barcelona, de Mies van der Roche são marcos revolucionários no design de móveis.
Em 1954, Eero Searinem, nos Estados Unidos, começa a trabalhar com a fibra de vidro e cria a coleção de mesas e cadeiras conhecidas como linha pedestal.
Hoje Bauhaus ainda está presente e tudo que vem sendo criado ainda está sob a influência de  suas idéias. O próprio conceito do design tem sua origem no Bauhaus. Aço e cristal são os materiais de hoje. Despojamento de formas, clareza, equilíbrio são critérios estéticos atuais.

         PAINEL DE JOSÉ ARTUR NO AEROPORTO


Um painel de seis por 2,50 metros acaba de ser montado no Aeroporto Dois de Julho, contribuindo para o embelezamento do local. É de autoria de José Artur, que usou como suporte madeira aglomerada, e uma temática onde mostra os feirantes, numa localidade do Recôncavo Baiano. O painel está na sala de recepção, e na sala VIP estão alguns quadros menores. Considero este painel da mais alta qualidade por sua temática, pela maneira que flui o desenho, especialmente dos vasos e das figuras que surgem à frente das velas enfunadas dos barcos. Sem dúvida pictórica. Os espaços são também bem utilizados dentro de uma lógica que permite uma composição equilibrada.

          OUTRO SALÃO DA CIDADE DE JUNDIAÍ

 A Associação dos Artistas Plásticos de Jundiaí, comemorando o seu quarto aniversário, irá inaugurar no dia 14 de outubro o seu 3º Salão de Arte Contemporânea, que aceitará trabalhos de artistas de todo o país no período de 23 de setembro a 7 de outubro, podendo as inscrições serem feitas no Centro Cultural Bandeirantes, à Rua dos bandeirantes, 103, Jundiaí, das 13 ás 18 horas.
Para efetuar as inscrições, os artistas devem preencher uma ficha á disposição no Centro Cultural Bandeirantes e pagar a importância de 100 cruzeiros para cada categoria de obras (pintura, desenho, gravura, escultura, fotografia),podendo inscrever em cada uma delas até o total de três.
As obras serão selecionadas e julgadas por uma comissão formada por três críticos, e aquela que for considerada a melhor do certame será adquirida, assim como a melhor de expositor jundiaense. O patrocínio do III Salão de Arte Contemporânea da AAPJ é da Secretaria de Educação, Cultura, Esportes e Turismo de Jundiaí, que se encarregará da premiação oficial, sendo que poderão ser ofertados outros prêmios de Aquisição não oficiais. A mostra ficará aberta à visitação pública no Centro Cultural Bandeirantes até o dia 28 de outubro, e os prêmios serão entregues na abertura do Salão.

MERECE APLAUSOS E RESERVAS


Cena do curta Um Filme Como os Outros,
de Luís Renato Martins
Realmente merece aplausos o esforço individual de Guido Araújo em realizar no peito e na raça a
VII Jornada Brasileira de Curta Metragem, que com a ausência irreparável de Paulo Emílio de Salles Gomes, recentemente falecido.
Assim de 8 a 15 de setembro tivemos reunidos no Instituto Goethe de Salvador, cineastas e aprendizes de cinema de vários estados brasileiros e foram exibidos filmes e feitos muitos debates. O que não entendi foi a inclusão de alguns filmes de péssima qualidade e que chega a constituir uma mancha na promoção. Estive na  Jornada por umas três vezes e assisti a muitos filmes fiquei surpreso com a má qualidade de muitos e também com a falta de nível dos debates. Lá compareceram figuras folclóricas e já manjadas de promoções semelhantes, falando uma porção de asneiras, contribuindo apenas para denegrir os debates. Por outro lado, muitos dos participantes não sabiam nem ao menos explicar porque tinham escolhido o Cinema Como Forma de Expressar suas ideias. Tive conhecimento também que um deles chegou a ficar despido diante das críticas em sinal de protesto. Este detalhe demonstra exatamente o desespero de alguns .
Me chamou a atenção os filmes Arrastão de Beira de Praia, de Alex Mariano Franco e Egotismo, de Martins Muniz, de Belém do Pará. Ora, esses dois filmes são exemplos da coisa mal feita, da falta de técnica e de conhecimento de cinema. Enfim, esses diretores têm conhecimento apenas de coisas ruins.
Rolos e rolos de filmes estragados, jogados fora, enquanto outros cineastas de talento não dispõem de dinheiro para executar suas idéias. O filme do pessoal do Pará funcionou ao contrário. O seu idealizador pretendia jogar cenas dramáticas e conseguiu que os assistentes rissem em plena projeção e no momento crucial. Leia-se momento que ele desejou maior dramaticidade justamente quando o personagem principal enfia uma faca na barriga. Cenas insólitas, grotescas, mal interpretadas.
O outro Arrastão de Beira de Praia, do pessoal do Rio de Janeiro mostrou algumas cenas de pescadores na praia puxando a rede. Verdadeiro cartão postal, cenas repetidas e ainda por cima foi prejudicado pelo sistema de som do Icba que está merecendo um reparo imediato. Não sou crítico de cinema, mas como jornalista e homem ligado á Comunicação de modo geral fiquei desapontado. Acho que deve ser feita uma pré- seleção e isto não é castração. Acho que devem haver critérios para não prejudicar o bom nome da Jornada. E como sugestão, acredito que os filmes não aceitos poderiam ser exibidos e discutidos em sessões paralelas. Nunca integrar a mostra principal porque dentro de pouco tempo vai prejudicar a promoção. Esta observação que faço é apenas no sentido de colaborar, de chamar a atenção dos organizadores , porque no momento em que você deixa um filme de qualidade zero ser exibido e constar do catálogo vai servir de ponto no currículum do tal cineasta, que continuará a fazer porcarias. Além de promover acho que a Jornada tem o papel de educar, informar e separar o joio do trigo. Esta posição para exibir tudo é simpática, mas prejudicial.

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