JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 08 DE
FEVEREIRO DE 1975
Pintando, o artista José de
Freitas encontrou a liberdade que faltou como ator. Enquanto está pintando
ele dirige e cria um mundo cheio de minúsculas variadas figurinhas, que evocam
imagens do carnaval carioca. Esse detalhamento lhe exige o máximo, mas ele é
comedido. Muitas vezes o desejo do movimento poderoso o toma mas ele
simplesmente não pode eliminar seus imaginários e multi-coloridos microcosmos.
No fundo o que realmente José de Freitas quer é expressar a vulnerabilidade
humana. Sejam anjos, jogadores de futebol, músicos marinheiros ou outros pobres
mortais terrestres, são mostrados nos seus quadros com os olhos muito grandes e
redondos apertados e espantados, quase perplexos mais que na verdade pouco
enxergam. Essas figuras minúsculas traduzem de certa forma a pequenez da
Humanidade. Talvez, se todos vissem a grandeza do homem com a ingenuidade de
José de Freitas as coisas seriam melhores. A arrogância daria lugar à
humildade. Creio que José de Freitas busca retratar a sua sensibilidade como
uma projeção com o objetivo de falar ou propagar quanta miséria e injustiça
existem no mundo e que essas pequeninas figuras estão a representar. Ora as
figuras estão reunidas como um trabalho de formigas, - - num simbologismo da união,- ora se movimentam sozinhas, independentes, em volta de planos apenas ligadas
por linhas dinâmicas.
José de Freitas nascido em 1935 é ator e pintor. Começou sua carreira como ator e insiste em ser assim chamado,
ao lado de sua criatividade mais recente como pintor. Ele tem boas razões para
enfatizar esses aspectos, pois como pintor ele, na verdade, permanece ator, e
como ator obtém muitas idéias para pintar. Com fantasia inesgotável cria seres
vivos num espetáculo que se desenrola contra um fundo em forma de décor. Desta
forma percebemos que não está interessado em perspectiva ilusionista. O que dá
ao seu trabalho, a primeira vista, caráter um tanto estático.
Já fez várias exposições na
Guanabara, Londres e outras cidades e recentemente expôs na Galeria Hamer, em
Amsterdam.
COLETIVA PLÁSTICA DA BAHIA
Este é o título de uma coletiva
que foi aberta no último dia 06 e se prolongará até o próximo dia 16, no
Salvador Praia Hotel, em
Ondina. Participam desta mostra os artistas Glarkas, Lucena, Arlindo Gomes, Wanda do Nada , Dulce Schaeppi, Fred Schaeppi e Nike Suerdieck
mostrando um total de 80 trabalhos, incluindo pinturas, esculturas e
foto-gravuras.
A título de ilustração uma obra do artista Fred Schaeppi |
O pintor Glarkas é natural de
Ubatã, sul da Bahia e atualmente reside em Guanabara, onde já realizou, segundo
ele 43 exposições individuais e coletivas. Seus trabalhos são pinturas a óleo,
com temática girando em torno do folclore da Bahia. Já o Lucena é amante da
fotogravura.
ESPERIDIÃO MATTOS
O pintor Esperidião Mattos seguiu
para Porto Seguro levando farto material para retratar aspectos e paisagens da
Terra Máter do Brasil.
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