domingo, 19 de maio de 2013

TRAJETÓRIA DE CARL BRUSSEL


JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 3 DE DEZEMBRO DE 1977.



Sem dúvida que Carl Brussel vem desenvolvendo o seu trabalho com seriedade e tem uma certa unidade o que demonstra a qualquer pessoa seu amadurecimento artístico. Uma trajetória onde pode-se depreender que não existem altos e baixos. Mas, sim uma evolução positiva quer na técnica de pintar ou mesmo na temática eleita.Agora recebo o convite de sua próxima exposição, desta vez fora da Bahia. Exatamente na Galeria Affiche D’art, em São Paulo.
Realizado economicamente e já com certa idade o que me surpreende é sua vontade ferrenha em realizar uma produção artística séria e da melhor qualidade. Busca novas emoções que são ditadas por este amadurecimento e tranquilidade emocional. De casario a pescadores do azul e verde ao amarelo outonal, este artista leva para a tela lindas composições e figurações. Nesta fase agora apresentada em São Paulo notamos uma influência cubista, especialmente a reprodução em tamanho grande de uma das telas expostas onde aparece a figura de uma mulher tocando um instrumento de cordas.

           MAU CHEIRO DESCLASSIFICA OBRA DE ARTE 

Pela primeira vez o júri do tradicional Salão Paranaense de Artes Plásticas desclassifica uma obra pelo mau cheiro. Foi o que aconteceu com o totem, constituído de 25 ossadas de cabeça de boi superpostas formando duas esculturas com mais de dois metros de altura, do artista plástico paranaense Emir Roth. Inconformado com a decisão dos jurados, que dizem haver sentido até náuseas ao se aproximarem a obra Roth prometeu exibir seu trabalho na calçada do Teatro Guaíra, no dia 16, na abertura oficial do 24º Salão Paranaense de Artes Plásticas , em Curitiba.
A Comissão Julgadora, formada pelos artistas Fernando Veloso e Lourdes, Teresinha Cedran e o crítico Eduardo da Rocha Virmond, desclassificou a metade das quase 500 obras apresentadas. Segundo eles, os trabalhos rejeitados são de qualidade muito inferior aos selecionados, mas Totem não chegou a ser examinado pela impossibilidade de se aproximar sem ter enjoo.
E se recusaram a abrir uma exceção para Roth que queria apresentar sua escultura dentro de três dias, Prazo suficiente para o mau cheiro se exalar.
Apesar do incidente, o júri considerou o bom nível artístico dos 160 inscritos para o Salão Paranaense. É uma das melhores mostras nacionais do país, garantiu Eduardo Virmond, ressaltando que os prêmios devem ser melhorados - cerca de 80 mil cruzeiros apenas -  e o que o Salão deve ser apresentado em um espaço mais adequado para perder sua características de improvisação. Para Lourdes Terezinha, Diretora Técnica do Paço das Artes de São Paulo, a média de obras apresentadas é boa, com nível de informação e de criatividade bem razoável, levando-se em consideração a distância dos grandes centros culturais.

            EXPANSÃO CULTURAL DO RIO DE JANEIRO

A bela arquitetura do MAM, do Rio de Janeiro
Dentro do Plano de Extensão Cultural o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro programou uma série de exposições do seu acervo, que percorrerá várias capitais brasileiras. A iniciativa tem como objetivo criar a forma de o MAM se autofinanciar, pois as mostras a exemplo dos museus estrangeiros, serão alugadas ás entidades e museus interessados e, além disso, possibilitar a um público maior e diversificado a oportunidade de apreciar peças importantes do seu acervo, até hoje exibidas apenas em exposições esporádicas, no próprio Museu.
A primeira exposição,  Metáfora e Transfiguração da Realidade, será apresentada inicialmente no MAM até 13 de dezembro, devendo logo em seguida viajar por outra capitais. A mostra segundo o seu organizador Ronaldo do Rego Macedo, " foi montada de modo a se ter, lado a lado, obras de conhecidos artistas estrangeiros, os chamados monstros, sagrados pela História, e artistas brasileiros, inclusive de gerações recentes. Apresentamos em pé de igualdade trabalhos de Picasso, Matisse, Klee, Dali e Portinari, Farnese de Andrade, Wilma Martins, Di Cavalvanti, Antônio Dias, Gilvan Samico, Gastão Manoel Henrique, Antônio Henrique Amaral, entre outros."
Lembramos ainda, diz Ronaldo que  "passou a ser difícil, senão impossível, continuar pensando em termos de maestria no decorrer dos acontecimentos artísticos do Século XX que tem registrado sucessivamente o confronto e o ressurgimento de novas tendências estéticas. E não é outro o objetivo dessa exposição: Mostrar como algumas dessas tendências, mais precisamente, como o expressionismo, o surrealismo, enfim, o envolvimento com o emocional e o fantástico foi tratado por artistas pioneiros e renovados por outros mais jovens e de diferentes nacionalidades. Todos transformando, pela livre imaginação, a matéria-prima da realidade próxima, dos acontecimentos sociais, políticos ou mesmo dos dados pessoais, autobiográficos, intimistas."
A exposição conta com 42 obras, entre óleos, aquarelas, litografias, desenhos, xilogravuras e esculturas.

                           PAINEL
CEGOS NO MAM-BA - No Museu de Arte da Bahia, os cegos tem oportunidade de conhecer e sentir os valores da obra de arte, de acordo como Projeto Visão Tátil, elaborado e executado pela Fundação Cultural do Estado através de sua Coordenadoria de Museus.
As visitas dos deficientes visuais ao Museu de Arte da Bahia se estenderão até 15 de dezembro. A proposta de Visão Tátil segundo informação da Fundação Cultural, obedecendo a normas e critérios que tem por finalidade desenvolver a capacidade sensitiva da pessoa humana, propõe-se a estabelecer um entrosamento entre os cegos e os setores educativos e culturais.
Acrescenta-se que o acervo do MAB, em virtude de valores de sua constituição, permite a organização de visitas que respondam à super desenvolvida sensibilidade tátil dos deficientes de visão, levando-os a conhecer e analisar as variadas formas texturas, dimensões e espaço na obra de arte.

TAPEÇARIAS DE THOR - Com vinte trabalhos recentes, o tapeceiro Thor, como se assina Torquato G. Bertão inaugurou uma exposição individual na Galeria Monmartre Rua São Clemente, 72, Botafogo. É a 11º mostra individual do artista, que começou a expor em 1973, no Rio de Janeiro.
Apresentando-o, Geraldo Edson de Andrade assinala que, nos seus novos trabalhos, Thor como se liberta de suas fases anteriores á procura de contribuições capazes de valorizar ainda mais o que ele qualifica de tapetes-objetos. Deixando à parte o plano e o retangular usuais, esta nova coleção  do artista é uma investigação de formatos que fogem ao convencional pelas superposições de planos tecidos, valorizando os cortes e os vazados de uma tapeçaria que também almeja o tridimensional.
Thor nasceu no Recife, em 1928. Autodidata, iniciou-se pela tapeçaria plana, passando posteriormente ao objeto tecido, no qual inseria materiais como madeira, cobre, acrílico. Além do Rio de Janeiro, o artista pernambucano expôs ainda em São Paulo, Salvador e Brasília. Trabalhos de sua autoria estão em coleções nacionais e exteriores.A exposição da Galeria Montmartre permanecerá aberta ao público até o dia 20 de dezembro. Horário das 9 ás 22 horas.

OS BEATLES - O escultor Erlam Burgess, com a miniatura em bronze da sua estátua dos Beatles, que o Conselho da Cidade de Liverpool decidiu erguer no centro da cidade, como tributo aos seus mais famosos filhos e como atração turística. A estátua definitiva foi planejada em aço inoxidável e as figuras terão 20 pés de altura.
Esta decisão vem de encontro a uma resolução anterior do comitê do conselho, de não erguer a estátua em solo que os Beatles desertaram assim que se tornaram populares.


J. MACHADO - nascido em São Félix João Francisco de Brito Machado Vianna, conhecido por J. Machado está expondo no Clube Baiano de Tênis seus trabalhos a óleo, apresentando casarios, marinhas e figuras regionais.

HISPÂNICOS- a Sociedade Cultura e Filantrópica Caballeros de Santiago está promovendo uma exposição de pintores hispânicos ao Centro Cultural e Recreativo Espanhol de 4 a 11 de dezembro, em homenagem ao primeiro milenário da língua espanhola. Estão expondo: Affonso Roberto Martins Garrido, Amélia Mera de Fernandez, Antônio Iglesias Garcia, Argelino San Ramon Amoedo, César Alvarez Alonso, Italvar Cruz Rios, José Pereira Carrera, Jorge Hereda, Laura Lopes Seabra, Lila Bouzas, Manoel Baqueiro Duran, Maria Angélica Laborda C. Rios, Maria Bernadete de Souza Cal e Olga Falcon Martinez.

CAPELOTTI- o baiano Alberto Capelotti está expondo na Galeria Panorama. Iniciou seus estudos na Escola Panamericana de Arte em 1956, dedicando-se naquela época a trabalhos a bico de pena e desenho publicitário. Hoje, pinta óleo sobre tela com uma temática variada.

MESTRE RAIMUNDO AGUIAR - recebi a carta do mestre Aguiar lamentando que não visitei  a sua exposição. Mas, nem por isso existe qualquer atitude de deixar de lado um dos mais importantes pintores da época, na Bahia. Desde que comecei a me interessar pelas artes visuais que venho acompanhando de perto, não apenas o trabalho do mestre Raimundo, mas também de outros artistas da velha guarda, aos quais dedico grande admiração. Agora tomo conhecimento que está pintando interiores profanos, ou sejam interiores de casas e outros locais onde consegue levar seus instrumentos de trabalho. Certamente, uma novidade já que a maioria de seus trabalhos de interiores retratam igrejas e sacristias. Fico também satisfeito em saber de sua atividade.


MATHILDE GALIMIDE- está expondo na Galeria Signo, no Rio de Janeiro, e tem apresentações de Chalau Deveza e Ledy Mendes Gonzalez. Ela transmite uma mensagem de beleza, romantismo e poesia tão escassos em nossos dias onde a máquina evolui e governa. Deixo aqui esta tela de Mathilde para que os leitores vejam que bel mensagem. Foto.





COLETIVA- poucas exposições realizadas este ano foram tão concorridas quanto a do Grupo dos Três Sete, que ora está aberta ao público num dos salões de Salvador Praia Hotel. A exposição pode ser entendida como um trabalho didático, já que todos são estudantes, e ainda tem muito que evoluir e aprender.
Certamente dentro de alguns anos, cada um dos expositores tomará caminhos, tal a diversidade de técnicas, estilos e mensagens.

MARIA ERVIRA- na Kátya Galeria de Arte está expondo Maria Elvira. Uma pintura livre onde os tipos populares preenchem suas telas. Uma pintura de certa forma atraente já que apresenta uma liberdade de linhas e composições. Agrada, é decorativa e tem tendências a uma contemporaneidade.



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