quarta-feira, 21 de novembro de 2012

JÁ ESTÃO NO PARQUE CASTRO ALVES OBRAS DA GERAÇÃO 70 - 17 DE MARÇO DE 1986


JORNAL A TARDE SALVADOR 17 DE MARÇO DE 1986

JÁ ESTÃO NO PARQUE CASTRO ALVES OBRAS DA
 GERAÇÃO 70

Jovens da cidade acorreram ao Parque  Castro Alves para visitarem a exposição da Geração 70.
Trabalhos de Fred Schaeppi, Chico Diabo, Guache, Florival Oliveira, Astor Lima, Zivé Giudice, Murilo, Maso e Bel Borba já integram a mostra permanente que foi inaugurada na última sexta-feira, no Parque Histórico Castro Alves, em Cabaceiras, município de Muritiba. Foi uma festa bonita que contou com a presença do Secretário de Educação, Edivaldo Boaventura, membros da Histarte e de outras entidades, da vice-presidenta da Fundação Cultural da Bahia, D. Miriam Barradas,vários trovadores e centenas de pessoas daquela região. O Museu dedicado ao poeta, que completou 139 anos do seu nascimento, conta com objetos pessoais e de sua família, fotografias da época, obras editadas, alguns originais e agora com os quadros que o retratam numa nova visão.
Falando na ocasião, ao Secretário Edivaldo Boaventura disse “que o projeto de reforma do Parque Histórico Castro Alves inclui a ampliação das instalações como nova escola de primeiro grau e criação de um Centro de Informações, que recolherá dados relativos ao poeta, como também fará o registro do que se relacione com o Parque. Tai iniciativa implica no enriquecimento da atual documentação, já considerável e sempre crescente, e a utilização de arquivo. No futuro e o envolvimento das pessoas  o Centro se ampliará para registrar a memória regional”. Disse ainda o secretário que “a inclusão do testemunho da nova geração de artistas denota o enriquecimento do Parque. O acervo, assim, passa a agregar expressões de diversos autores, cuja temática é inspirada na obra de castro-alvina. Trata-se de uma ponte entre o passado e o presente, trazendo para hoje a presença do poeta”.
“O Parque objetivou resguardar o meio ambiente da Fazenda Cabaceiras, sendo reconstruída a sua sede para tornar-se exposição permanente. Vários autores mostram a presença do rincão natal na poética  de Castro Alves. No cenário de nascimento, em 1947, começaram as preocupações em preservar o sítio. Vinte e quatro anos depois foi construído o Parque, nas comemorações centenárias do Poeta. Agora o Parque contará com novos elementos inclusive uma escola, que já tem 600 alunos matriculados, dando vida ao mesmo durante todo o ano.
Vários convidados visitaram o Parque Castro Alves e a exposição  dos artistas da Geração 70.
    
                              A HISTÓRIA DA PINTURA EM TEMPOS DE GUERRA

Obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva
A Galeria de Arte Banerj inaugurou a primeira de uma série de duas exposições com o título único de Tempos de Guerra. As duas mostras irão se ocupar da obra realizada no Brasil, por cerca de 20 artistas, entre europeus, japoneses e norte-americanos que vieram para o Rio de Janeiro, nos anos 40, como conseqüência da II Guerra Mundial. E também de muitos brasileiros que com eles conviveram, como alunos ou amigos, no mesmo período.
Coincidentemente, a maior parte desses artistas estrangeiros residiu no bairro de Santa Teresa, espécie de Montmartre carioca, especialmente em dois endereços, no Hotel Internacional, no Silvestre, e na Pensão Mauá, em Paula Mattos. Um outro segmento da exposição vai abordar a participação brasileira na guerra.
Trata-se de tema absolutamente inédito na história da arte do Rio de Janeiro. A realização das duas mostras exigiu um trabalho exaustivo, sob a curadoria do crítico Frederico Morais, que consumiu seis meses de pesquisa. O resultado foi a reunião de ampla documentação iconográfica e textual, catálogos, livros, fotos, documentos e mais de uma centena de obras daquela época algumas inéditas ainda no Brasil.

 NO HOTEL INTERNACIONAL OBRAS DE MARIA HELENA VIEIRA

Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Soares
A primeira das duas exposições, com o subtítulo Hotel Internacional reúne trabalhos de Maria Helena Vieira da Silva Portugal) e seu marido Arpad Szenes Hungria), ambos depois naturalizados franceses, Jacques Van de Beuque (França), Polly McDonell (Estados Unidos), Jan Zach (Thecoslováquia) Laszio Meitner (Hungria), além dos brasileiros Ione Saldanha, Heloísa de Faria, Carlos Scliar, Eros Martins Gonçalves, Athos Bulcão e Djanira, e haverá ainda referências aos poetas Murilo Mendes e Cecília Meireles e ao crítico Rubem Navarra. Todos residiram ou freqüentaram o Hotel Internacional, transformado num ponto de conversações intelectuais sobre arte, música e poesia. No hotel já em ruínas, Arpad Szenes manteve um ateliê no qual deu aulas para vários brasileiros, alguns dos quais continuaram a estudar com ele na Europa. Entre os alunos de cá e lá, estão Lygia Clark, Almir Mavignier, Polly McDonell, Teresa Nicolão e Frank Schaeffer.

O BRASIL NA GUERRA

O segmento relativo à participação do Brasil na guerra faz parte desta primeira exposição. Em 1944, na Burlington House, de Londres, foi realizada a mais ampla exposição de arte brasileira até então levada ao exterior.
 Maria Helena e Arpad no Hotel Internacional.
Foram 166 obras de meia centena de artistas, incluindo todos os nomes de primeiro plano, Portinari, Segall, Guignard. As obras foram vendidas e o dinheiro entregue à Royal Air Force /RAF como apoio simbólico do Brasil ao esforço de guerra britânico. Recentemente, A crucificação, de Marcier, levada a Londres foi readquirida por um colecionador brasileiro e estará na mostra da galeria de arte Banerj. Serão expostos também oito desenhos realizados por Scliar em diversas localidades italianas, quando ele era ali integrante da Força Expedicionária Brasileira / FEB. Na retaguarda, a Liga de Defesa Nacional realizava exposições de arte em diversas capitais brasileiras, e a Livraria-Galeria Askanazy promovia, em 1945, uma importante exposição reunindo trabalhos de 33 artistas europeus, sobretudo da Europa Central, que foram incluídos, oito anos antes, na famigerada exposição de arte degenerada mandada realizar por Hitler, em Munique. Entre os expositores, lá e aqui, estavam Segall e Wilhelm Woeller. Um dos dois trabalhos expostos por Segall na mostra da Askanazy estará na Galeria de Arte Banerj e também três aquarelas de Woeller, um importante artista alemão, herdeiro do espírito da Die Brucke e que depois de viver oito anos no Brasil morreu em Nova Iorque. Sua obra será analisada em livro por Achile Bonito Oliva, como um dos pioneiros do neo-expressionismo atual.
De Paris veio para a exposição um auto retrato da Vieira da Silva, datado de 1944, e também um depoimento que ela concedeu a Carlos Scliar falando de seu período brasileiro. Integram ainda a mostra, duas telas realizadas por Jacques van de Beuque, no campo de deportação nazista de Kiel, no Norte da Alemanha, e o cavalete usado por Arpad Szenes nos tempos do Hotel Internacional.

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