domingo, 21 de outubro de 2012

ARTISTAS CONTAM AGORA COM OUTRA GALERIA NO MERCADO - 11 DE MAIO DE 1897.

JORNAL A TARDE, SEGUNDA-FERIA,11 DE MAIO DE 1987.
ARTISTAS CONTAM AGORA COM OUTRA GALERIA 
NO MERCADO


O mercado de arte da Bahia conta com nova proposta criada e desenvolvida pela Galeria Prova do Artista – edifício Max Center, 4009, Itaigara- que abre espaço para as artes plásticas trabalhando com obras de arte diretamente com empresas. São gravuras ou brindes como papéis, cartões, camisetas, agendas, ou outras peças assinadas e numeradas por artistas de renome nacional com quantidade pré determinada de reproduções.
Desta forma exclusiva e original, inicia sua linha de trabalho com a produção de oito  litogravuras de Floriano Teixeira. 
Ao lado o artista ,sem camisa, trabalhando nas suas litografias.
Floriano Teixeira, nascido em 1923 no Maranhão, e morando desde 1965 na Bahia, vencedor do   Grande Prêmio da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, é um dos bons artistas plásticos brasileiros, seja como desenhista, pintor, gravador, escultor, ou ilustrador de livros, tendo neste último criado as capas de 12 volumes das Obras Completas de Graciliano Ramos e de Dona Flor – A Morte e a Morte de Quincas Berro D”água, Milagres dos Pássaros, Menino Grapiúna, de Jorge Amado. Com este seu trabalho para a Galeria Prova do Artista que ele ressaltou ser uma experiência nova.
“Esta Galeria me proporcionou um trabalho diferente do mercado tradicional, tanto em nível de produção, como em nível de comercialização e divulgação. Há um caráter empresarial inovador e vigoroso, com alguns pontos que considero por demais relevantes. Criei uma obra de arte assinada, oito litos, múltiplos que através deste trabalho ganham locais antes não tão habituais, acabando com certo elitismo que ainda perdura na arte.
E isto pude realizar de maneira direta, ágil e dinâmica, tendo a possibilidade de ter no meu atelier sem me deslocar , um técnico de São Paulo produzindo-as. Este ganho de tempo e a quantidade que pude ter é a maior prova de confiança que se pode ter. Sei que após este meu trabalho, realizarei outros, e que outros artistas terão a mesma oportunidade, podendo executar o melhor de sua arte e que as empresas terão um caminho seguro em adquirir obras de arte em série”.
           UM MUSEU DEDICADO ÀS ARTES DA MULHERES
O Museu Nacional da Mulher nas Artes, o primeiro do gênero no mundo,abriu suas portas na capital norte americana no mês de abril, ressaltando seu compromisso de servir como elemento catalisador da arte feminina mundial.
Sua presidenta e fundadora, Wilhelmina Holladay , declarou, em entrevista concedida à imprensa , que havia decidido fundar um museu, porque durante séculos menos de 5% das obras exibidas nos museus são de autoria de mulheres. Isto não quer dizer que as mulheres são menos criativas, mas que seus trabalhos são preteridos pelos dos homens.
“Isto é uma viagem de descobrimento”, acrescentou Eleanor M. Tufts, figura de projeção mundial no mundo das artes como conhecedora e conferencista. “Quantas artistas plásticas são conhecidas do público? Há um número surpreendente delas... mas seus nomes não vem a mente tão rapidamente”.
Tanto Holladay como Tufts informaram que os salões do museu estarão abertos as obras artísticas das mulheres de todo o mundo.
“A arte é internacional e não limitada a um único país”, disse Holladay.
“As pintoras surrealistas da América Latina são muito importantes do ponto de vista artístico e tenho certeza que ainda teremos obras suas em nosso museu.”, acrescentou Tufts , que reuniu 124 pinturas e esculturas para a primeira mostra da instituição.A exposição, denominada Mulheres Artistas Norte Americanas 1830-1930, é constituída de 180 obras selecionadas entre as aproximadamente 500 que formam a coleção do Museu. A mostra divide-se em 5 categorias, inclui óleos, esboços, abstracionismo, aquarelas, gravuras e esculturas.
Trabalhos de artistas renomados como Mary Cassatt e Geórgia Ökeefe divide as honras com obras de artistas igualmente brilhantes, mas não tão conhecidas como Lilia Cabot Perry, Constance Colleman Richardson e Lydia Field Emmet.
“Nossa orientação cultural esteve sempre tão voltada para a Europa, que até bem recentemente não conseguíamos enxergar o talento de nossas próprias artistas”, declarou Tufts.
Ao reunir as obras para exposição, Tufts disse que encontrou os trabalhos das artistas “ literalmente apinhados em porões, ou relegadas a residências particulares”.
“Foi este o caso do retrato de Olivia , de Lydia Field Emmet, disse Tufts. “Olívia acabara de morrer em um acidente automobilístico, e seu marido telefonou-me para perguntar se o Museu estaria interessado num retrato de sua mulher quando criança.
Quando me disse quem era a autora do retrato, fiquei empolgada.”
No princípio do século Emmet tornara-se famosa por suas pinturas de criança, e entre elas a mais impressionante era  o retrato de Olívia”, por sua composição e manejo da luz.
A exposição, que se estenderá até 14 de junho e partirá em seguida, para uma turnê pelo
País inclui três trabalhos de Cassat: Waman And Shild Driving – Mulher e Criança Dirigindo, de 1881; Susan On a Balcomy Holding a Dog – Susa na Varanda Segurando um Cachorro, 1880 e Little Girl in a Blue Armchair – Garotinha em uma Poltrona Azul, 1878. Cassat foi a única personalidade norte americana a expor junto com os Impressionistas, nos Salões de Exposições de Paris.
A exposição inclui artistas menos conhecidas como Emmet “para promover o objetivo do Museu de prestar o reconhecimento as artistas de excepcional valor, anteriormente ignoradas”, disse Holladay.
O Museu ocupa um belo edifício histórico, há dois blocos de distância da Casa Branca.
O interior e exterior deste edifício de seis andares em estilo renascentista, construído originalmente para servir de templo maçon, foram totalmente recuperados para recuperar sua beleza original, e renovados para “atender ao mais altos requisitos  dos museus da atualidade”, informou Hollady.(Norma Romano Benner)

BEL BORBA É O ÚNICO BAIANO PRESENTE NO MURO DE BERLIM

“ Aqui  não é aí, mas vai tudo ótimo!” esta frase interessante e que pode parecer solta no ar integra uma carta que Bel Borba me enviou em fins do ano passado, quando esteve na Alemanha. Ele passou mais de um mês visitando museus e fez algumas experiências em pastel e viajou de trem por algumas cidades tentando conhecer o máximo da arte contemporânea que hoje se faz na Alemanha.
Evidente que estou falando com certo atraso da viagem de estudos do Bel à Alemanha. Acontece que ele enviou a carta por uma pessoa de sua família que demorou a entregar. E, para não fugir à regra das confusões que acontecem com as coisas que envolvem o artista, terminei por esquecê-la entre a infinidade de convites, catálogos e outros impressos que recebo diariamente. Na semana passada ele me perguntou pela carta . Insisti que não havia recebido. Procuramos juntos e terminamos por achá-la. Explicada a demora, vamos falar de sua esticada à Alemanha.
Como todos sabem o muro que separa as duas Alemanhas é hoje um enorme espaço onde centenas de artistas protestam contra aquela aberração. E o Bel deixou lá sua marca. Escreveu o Bel na carta que um artista que já pintou tantos muros em Salvador não poderia perder esta oportunidade. Afinal, é um dos muros mais famosos do mundo! Enfrentou dificuldades como estrangeiro, para arranjar uma grande escada, pintar debaixo de chuva e trabalhar pela primeira vez com Colorjet. Valeu a pena e lá está gravada a marca do Bel Borba.
Os alemães ocidentais criaram um Museu que cataloga tudo que existe a respeito do Muro de Berlim. O Bel Borba já tem lá registrada a sua presença. Agora, Bel está envolvido na impressão de alguns postais com seus trabalhos pois já acabou também de pintar o muro do Rio Vermelho, com seus companheiros de ofício.
É bom lembrar que Bel Borba é, com certeza, o único baiano que tem um trabalho inserido no Museu do Muro de Berlim. Não tenho conhecimento de outro brasileiro que tenha deixado lá registrada a sua marca. Porém, acredito que deve existir.



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