sábado, 9 de novembro de 2024

ALESSANDRO DIVIDE SEU TALENTO ENTRE A PINTURA E O DESIGN TÊXTIL

Alessandro César em Salvador.
O artista baiano Alessandro César reside atualmente em Roma, na Itália, antes morou na Alemanha onde realizou várias exposições. Mas, sua trajetória como artista começou aqui em Salvador com uma carreira promissora como designer têxtil. Desde jovem que ele se destacava com seus desenhos no curso primário. E ao terminar o ginásio no Colégio da Polícia Militar foi estudar na Escola Técnica Federal e se formou em Química. Durante o curso os alunos que não queriam fazer Educação Física podiam optar pelas aulas de arte, música ou aprender a tocar um instrumento musical para a integrar a banda da instituição. Foi quando conheceu a professora Célia Prata “que abriu o mundo da arte para mim. Ela me ensinou várias técnicas, me levava para ver exposições, conhecer artistas nos seus ateliês”, disse Alessandro. Quando foi fazer o vestibular para a Escola de Belas Artes em 1989 escolheu Licenciatura em Desenho e Plástica. Mas, se entrosou muito rapidamente com os colegas e professores  passando a escolher várias matérias eletivas como pintura, desenho, serigrafia, litografia, gravura em metal. Mesmo não sendo aluno formal das disciplinas ministradas pelas professoras de Pintura Maria Adair e de Composição Decorativa Carmem Carvalho ele costumava frequentar suas aulas. Foi aí que começou a se interessar de como criar uma composição para tecidos. Disse que tem duas histórias pessoais: como artista plástico e designer têxtil. Carmem Carvalho lhe ensinou a base e passou a fazer estampa corrida, antes mesmo de sair da Escola de Belas Artes foi trabalhar numa empresa que ficava no bairro do Rio Vermelho, chamada Tuc Estamparia fazendo desenhos para estamparia de camisetas. Sempre teve vontade de trabalhar para se sustentar e esta empresa fazia as impressões em serigrafia e foi uma das primeiras a produzir   camisetas personalizadas para empresas e lojas de confecções em Salvador. Como a proprietária tinha um contato com o pessoal da Rede Globo de Televisão as camisetas desenhadas por ele passaram a aparecer em programas, novelas e também produziam camisetas de propaganda de empresas. Vendiam muito naquela época.

As  obras  das fotos 1,2 e 3 - Sem Títulos. 
A Foto 4 - obra Renúncia e Satisfação.


Depois o artista recebeu uma boa proposta dos empresários Paulo Grimaldi e Carlos José donos da ArtCor e foi trabalhar  fazendo em média  até três desenhos por tarde. Um dos sócios o Carlos José viajava com certa frequência para outras capitais, especialmente para São Paulo e Rio de Janeiro de onde  sempre trazia novidades na área do design têxtil a exemplo de combinação de cores, efeitos especiais, novas tintas. Passaram a fazer camisetas para o empresário Klaus Peters, que tinha um Resort na Praia do Forte e transformou o local num dos pontos do ecoturismo mais conhecidos no Brasil e até mesmo no exterior. Fez muitos desenhos em camisetas com as tartarugas marinhas e criou composições diferenciadas utilizando a imagem da tartaruga e outros elementos ligados ao mar, que até hoje são muito apreciadas pelos turistas que visitam o local. Vendia tanto as camisetas que até passaram o copiar os desenhos feitos por ele.

Desfile e objetos  com  desenhos
de pinturas corporais indígenas.
Depois de algum tempo conheceu a empresária Leda, dona da estamparia Litoral Norte e depois de uma conversa ele fez uns dez desenhos e apresentou. Eram desenhos diferentes daqueles que fazia para a ArtCor e assim passou também a criar para esta empresa num estilo diferenciado. As camisetas também vendiam muito e surgiram até algumas cópias feitas por pessoas e empresas menores. Antes ela só fazia as camisetas com a tartaruga que era quase a mesma imagem de Klaus Peters. Ao lado de sua atividade como designer têxtil que lhe garantia uma sobrevivência digna Alessandro César continuava pintando a óleo sobre tela fazendo sua arte abstrata com belas composições que eram adquiridas por colecionadores e elogiadas pelos críticos de arte. Em seguida passou a pintar em acrílica sobre tela, mas o seu lado de empreendedor continuava ali latente. Com o dinheiro ganho construiu uma ampla casa em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. O seu espírito de empreendedor que aflorou e resolveu criar sua própria estamparia. Comprou máquinas e outros materiais montou sua estamparia num dos cômodos da casa e passou a produzir. Lembra que fazia também camisetas personalizadas e vendia nas lojas de confecções a exemplo da Lido, na Rua Chile, dentre outras. Levou uns quinze anos nesta atividade.

Em 1996 fez uma exposição de pinturas abstratas na Galeria Abaporu, de Lígia Aguiar, no Pelourinho.  Foi convidado para assumir a Direção de Arte do Projeto Axé.  O projeto tinha dois estilistas italianos que terminaram se desentendendo, e Alessandro assumiu o cargo de Diretor de Arte. Neste período promoveu alguns desfiles de moda com seus desenhos inspirados nas pinturas corporais dos povos originários, tendo como modelos conhecidos cantores, cantoras e outras personalidades do jeito set baiano. O Projeto Axé criado em 1º de junho de 1990 por Cesare de Florio La Rocca, advogado e educador de origem italiana. Ele era natural de Florença morou trinta anos na Bahia e morreu aos 83 anos no dia 15 de setembro de 2021.

                                                       QUEM É

Fotos atuais de Alessandro César e
quando jovem na Alemanha.
O Alessandro César Pereira dos Santos nasceu em 9 de julho de 1962 em Salvador. É filho de Deraldo Rodrigues dos Santos e Irene Pereira dos Santos e passou parte de sua infância no bairro da Boa Viagem onde estudou o curso primário numa escola particular. Depois foi estudar no ginásio no Colégio da Polícia Militar, no bairro dos Dendezeiros. Em seguida seus pais mudaram para o bairro do Imbui, que naquela época estava sendo ocupado por novas edificações. Ele lembra da dificuldade de tomar transporte e que a Avenida Paralela era muito pouco transitada. Enquanto isto, seu pai continuava ensinando Geografia no Colégio Militar e sua mãe Corte e Costura e costurando para suas clientes. Revelou que sua educação foi muito rígida e mesmo no bairro da Boa Viagem quase não descia para brincar na rua como muitas crianças costumavam fazer. Vivia a maior parte do tempo estudando e seu pai ao sair passava dever para ele e seus três irmãos e quando retornava das aulas que ministrava no Colégio Militar costumava tomar os deveres dos filhos. Como estudava em casa ao chegar na escola formal teve facilidade e pulou até algumas séries escolares. No primeiro ano de alfabetização quando tinha seis ou sete anos já sabia escrever e fazer contas. Foi nesta época que começou os primeiros desenhos e uma das clientes de sua mãe tinha um filho que estudava pintura com uma professora chamada Marilza no bairro do Tororó. Sua mãe se interessou e o levou para 
Quatro croquis dos sapatos da coleção
do austríaco Jo Gehringer.
estudar com esta professora que era uma autodidata. Aprendeu com ela   as técnicas de carvão e crayon e passou a criar seus próprios desenhos. "Ela me ensinou a usar o carvão e o crayon, fazer o sombreado com o esfuminho. “O esfuminho é um tubo de papel prensado que serve para suavizar os traços de grafite, carvão, crayon ou lápis de cor em desenhos. Ele é usado para dar um efeito esfumado ao acabamento da obra, principalmente por desenhistas para esfumar retratos ou caricaturas.” Notou que a professora não gostou quando apresentou desenhos autorais porque o método que ela ensinava era de copiar paisagens e casinhas de campo. Não demorou muito estudando com essa professora. 

Em 1993 um primo que mora na Áustria veio  conhecer Salvador  juntamente com um seu amigo alemão Heinrich Fischer. O Alessandro deu uma obra de presente a ele  e passaram a se  corresponder. Pintou várias obras e enviou as fotos para o Heinrich que passou a mostrar seus trabalhos para galeristas e colecionadores. Alguns gostavam outros faziam alguma observação. O seu

Obra abstrata em acrílica sobre tela.
amigo sugeriu que fosse para Alemanha. Passou a pintar várias obras e quando tinha uma boa quantidade decidiu viajar. Colocou num tubo grande de dois metros de pvc várias obras. Coincidiu que quando chegou tinha ocorrido um atentado terrorista num abrigo de refugiados políticos na cidade de Rosenheim, disse Alessandro. Esta cidade da Alemanha fica localizada na região administrativa da Alta Baviera. E por isto enfrentou algumas dificuldades para fazer sua primeira exposição na Alemanha. Porém, seu amigo continuava insistindo e entrou em contato com o prefeito da Cidade de Rosenheim que enxergou uma possibilidade de mostrar que a sua cidade recebia bem os imigrantes e assim resolveu fazer a exposição no foyer do teatro que pertencia a prefeitura juntamente com a Deutsch-Braysilianichen Gesellschaft (Sociedade-Teuto Brasileira) dirigida por Úrsula Reich. Após fazer a exposição em Rosenheim fez outras quatro em cidades e datas diferentes tudo financiado por esta instituição que ajuda e divulga a cultura dos brasileiros residentes na Alemanha. Acontece que o visto do seu passaporte venceu e teve que viajar até a cidade de Munich para revalidar o documento no consulado brasileiro. Quando apresentou suas obras e falou do seu processo criativo o cônsul Antônio Amaral Sampaio mostrou-se interessado e decidiu lhe apoiar, inclusive chamou um canal de televisão que fez uma reportagem que foi ao ar no horário nobre. Assim começava a ser conhecido na Alemanha. Quando estava fazendo uma exposição no Parlamento, na cidade de Bonn, foi apresentado pelo cônsul a um austríaco representante dos sapatos Gabor chamado Jo Gehringer, que é também colecionador de sapatos antigos, e fez uma encomenda de várias obras reproduzindo esses sapatos. Ele mora na Áustria, e foi pra lá conhecer a sua coleção e fazer pinturas dos sapatos. Recebeu a permissão de vender suas obras na Alemanha e aí trabalhou com mais tranquilidade. O tempo foi passando e já estava no terceiro visto de turista e teve depois de três anos deixar a Alemanha.

Capa da reportagem de sua
entrevista à Callaloo.
Em 1996 deu uma entrevista em Salvador para a revista afro-americana Callaloo, ligada a Johns Hopkins University e num dos trechos Alessandro César disse que sua estadia na Alemanha levou a abandonar alguns valores substituindo por outros, e que “essas mudanças afetaram as minhas posições sociais e políticas, produzindo em mim uma nova visão das coisas. No mundo atual, onde tudo acontece com grande velocidade, o acesso à informação é praticamente instantâneo. A arte relata e registra os momentos pelos quais a humanidade passa. O artista está inserido neste contexto. O artista está, então, engajado no tempo social e político em que vive, e o engajamento se reflete na arte que produz”. A arte pictórica de Alessandro tem uma paleta de tintas e composição de alto nível, e suas obras podem ser expostas em qualquer museu ou galeria de arte importante daqui ou de fora.

Após voltar ao Brasil em 1996 conheceu um italiano que era amigo  dos estilistas Nicola e Augusto também italianos, que estavam em dificuldade de encontrar alguém que fizesse a estamparia com os desenhos dos azulejos portugueses e motivos afro brasileiros que eles criaram. Foi aí que o italiano lhes informou que conhecia um artista baiano que trabalhava muito bem com estamparia e assim o apresentou e Alessandro César foi contratado. Passou a fazer as artes finais , levou a sua técnica de estampa corrida e fizeram um desfile de moda que foi um sucesso. Os estilistas brigaram porque queriam mais autonomia, mas o Cesare Flioro não permitiu e eles foram embora. Assim o Alessandro assumiu a direção de Produção Arte do Projeto Axé. No segundo desfile o Alessandro comandou todo o processo desde a feitura das roupas, o design e o desfile em si. Reformou as lojas e fez uma coleção colocando camisetas e outras peças com motivos das cerâmicas de Maragogipinho.

Veja a  versatilidade do artista na
criação de  composições plásticas.
As lojas do Projeto Axé eram bonitas, as camisetas e outras peças vendiam muito. O Alessandro fez pequenos trabalhos, decorou as lojas com essas obras com os mesmos motivos das camisetas. Diante do sucesso do desfile feito por ele, veio o terceiro desfile que foi organizado juntamente com outra pessoa. Depois vieram as primeiras desavenças e decidiu sair do projeto e abrir sua própria estamparia a Abaporu . Começou a desenvolver a estampa corrida, que é estampar todo o tecido, e não apenas localizada como acontece com as camisetas. Foi buscar a raiz do nome e descobriu que era de origem indígena e foi atraído pela pintura corporal do índio brasileiro. Adaptou para as estamparias que passou a fazer. Trabalhava com desenho das roupas e se saiu bem. Produziu também fazendo estampas corridas pra Lido e Camarim que fazia roupas de linho, dentre outros clientes. Quando criou sua própria estamparia a Abaporu tinha como sócio José Carlos Dias “que foi meu braço direito, trabalhamos juntos desde a Artcor, depois quando fui para o Projeto Axé contratei para trabalhar.  Saímos e montamos a nossa estamparia. Eu cuidava da criação e ele da produção. Tinha um gosto apurado, sabia produzir e combinar cores como ninguém! Conhece bem o meu estilo , interpretava e combinava cores com os desenhos”, informou Alessandro.
Abriu uma loja na Praia do Forte e outra no Morro de São Paulo. Levou quinze anos com esta empresa. Mas, disse que lidar com gente é muito difícil. Diante de problemas com costureiras e funcionários resolveu fechar as lojas. Alugou sua casa e foi para a Itália em 2020 onde está montando seu ateliê na cidade de Taranto ,   que fica na Puglia.cidade de Taranto tem  196 mil habitantes e foi fundada pelos espartanos no século VIII a.C. e se chamava Taras.  Ele conseguiu um amplo espaço e está instalando o seu ateliê, e de lá através da internet e de visitas vai mostrar o seu trabalho. aos italianos e demais europeus.   

EXPOSIÇÕES  E ATIVIDADES PROFISSIONAIS

FORMAÇÃO -1979-1981 Escola Técnica Federal da Bahia, Salvador – Curso de Química; 1983-1989 Universidade Federal da Bahia, Escola de Belas Artes – Licenciatura em Desenho e Plástica.

ATIVIDADES PROFISSIONAIS

Em 1985-1987 - Desenhista e arte-finalista na área da estamparia serigráfica, para Contraste (TUC – Comercio e Representações), Salvador ; 1990-1992 Designer têxtil e arte-finalista na área da estamparia serigráfica, para Artcor, Salvador; 1992-1994-  Período de atividade profissional na Alemanha, na área de artes plásticas e designer de estampas ; 1993 -  Participação no evento Casa Cor Babhia, com exposição de obra ; 1994 Criação de uma coleção de estampas para camisetas, para a firma Crossing, Bad Aibling, Alemanha ; Criação de uma série de trabalhos incluindo pinturas e desenhos, para a firma Dirnd'lind Bua, Attersee, Áustria ; 1995 - Formação da empresa Grifo Comunicação  Visual, Salvador ; 1996-1998 - Professor substituto de Desenho e Serigravura, Escola de Belas Artes, Universidade Federal da Bahia ; Salvador; 1997-2001 -Diretor de produção, designer têxtil e estilista, Projeto Axé, Salvador ; 2003-2014 - Formação e condução da empresa de confecção de vestuário e acessórios Abaporu, com funções de designer de produto e designer têxtil; 2015 - até o Presente designer autônomo, artista visual e fotógrafo.

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS

Algumas matérias em jornais alemães 
sobre suas exposições.
1991 - Pinturas, Galeria ACBEU - Associação Cultural Brasil-Estados Unidos, Salvador, BA ; 1993 - Galeria de Arte ECT, Brasília, DF ; Fomitura & stamp; Celebração, Galeria de arte Abaporu, Salvador, BA ; Brasilianische Kunst, Foyer da Stadthalle, Rosenheim, Alemanha ; 1994 - Itinerante Leuchtende Farben – Dramatik Der Formen, Hardtberg - Bonn, Alemanha ; Itinerante Leuchtende Farben – Dramatik  Der Formen, Bad Burlenburg, Alemanha ; Itinerante Leuchtende Farben – Dramatik Der Formen, Weibling-Stuttgart , Alemanha ; 1996- Convite para exposição individual, entre os eventos para celebrar Montevidéu Capital de Cultura Ibero-Americana ; Mundo  Afro, Montevidéu, Uruguai ; Galeria ACBEU, Salvador, BA ; Reencontro, Galeria Arte Concreta, Salvador, BA.

                                               EXPOSIÇÕES COLETIVAS

Obra que expôs na Galeria Abopuru,
 em 1995.
1988 -  Salão de Artes Visuais, Foyer do Teatro Castro Alves, Salvador, BA; 1989 - Museu de Arte de Curitiba, Curitiba, PR; 1989 - Curitibaianos, Galeria Aquarela, Salvador, BA ; ICBA, Instituto Cultural Brasil-Alemanha, Salvador, BA ; 1990 -  II Salão Baiano de Artes Plásticas, MAM-BA, Salvador, BA; Galeria Homero Massena, Vitória, ES ; 1992 - Interpretando A América I, Galeria ACBEU, Salvador, BA ; Interpretando A América II, Galeria ACBEU, Salvador, BA ; 1995 - Exposição Comemorativa dos 20 anos da ACBEU, Galeria ACBEU, Salvador, BA ; Galeria de Arte Abaporu, Salvador, BA ; 1998 - 5 Baianos + 4 Goianos, Galeria Fundação Jaime Câmera, Goiânia, GO ; Exposição BA-GO/Brasil, Galeria Cañizares - Escola de Belas Artes/UFBA, Salvador, BA ; 2001 - +100 Artistas Plásticos Da Bahia, Museu de Arte Sacra da Bahia, Salvador, BA ; 2004 -  POR 40, Galeria Arte Concreta, Salvador, BA ; 2006 -  Galeria Tina Zappoli, Porto Alegre, RS.

Publicações - 1996 - Alessandro Cesar, Brazilian Artist; Callaloo, A journal of African-American and African Arts and Letters, vol.19, N.3 - Johns Hopkins University Press ;  2001 - Livro +100 Artistas Plásticos da Bahia, 2001 -

Coleções Particulares e Acervos -Brasil, Deustchland, Itália, Áustria, Portugal e USA; Museu Postal Brasileiro, Brasília, DF

Prêmio - Prêmio Universidade Federal da Bahia.

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