sábado, 10 de agosto de 2013

O HOMEM-BICHO NA OBRA DE GILBERTO

JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 18 DE NOVEMBRO DE 1978

"Vi ontem um bicho / na imundice do pátio / catando comida entre detritos./  Quando achava alguma coisa,/ não examinava e nem cheirava : / Engolia com voracidade./ O bicho não era um cão,/ não era um gato, / não era um rato, / o bicho, meus Deus, era um homem."


Este poema de Manuel Bandeira que vem inserido no catálogo da exposição do sergipano Gilberto Teixeira que está aberta ao público na Galeria O Cavalete, no Rio Vermelho, reflete exatamente múltiplas imagens da cidade metrópole onde os homens são marginalizados, aleijados e mortos. A exposição campeia sob várias colorações e formas. O homem vai sendo aos poucos esmagado numa engrenagem que é azeitada dia-a-dia por instrumentos de grande poder. Assim o pintor, sensível e visionário observa que alguma coisa está errada. Esquece o pouco o bucolismo das paisagens e as linhas tortuosas do barroco e engendra pelos caminhos do real. Uma realidade palpável que outros pintores, seus colegas, fecham os olhos e criam apenas imagens belas e irreais. Vivem eternamente sonhando fora da realidade em que vivem vagando como as luzes de mercúrio instaladas no topo dos postes nas ruas desertas.
 O medo de enfrentar a realidade e também o preconceito criado de que a arte apenas ser bonita.O reflexo do belo está cegando muita gente. Prefiro os humildes que enxergam.Aqueles que ao sentarem em seus atelieres luxuosos ou quase luxuosos, e principalmente aqueles que vivem em dificuldades e que ao abrir a janela descortinaram um homem-bicho.Sujo e caído numa marquise sem qualquer projeto de vida. São marginalizados não por gosto ou escolha. Não, eles nunca tiveram outra opção e nadavam contra a correnteza. São assim lançados como pedaços de paus imprestáveis pelas águas caudalosas da engrenagem da grande metrópole. Falo em grande metrópole porque os casos são mais chocantes, pois como homem do interior, sei que por lá as pessoas ajudam um pouco mais aqueles que caem em desgraça.
Mas vamos ao trabalho pictórico de Gervásio Teixeira jovem sergipano que traz na pele o sangue curtido do nordestino e mesmo residindo na metrópole carioca não esqueceu que seus patrícios estão construindo o colossal metrô e outras obras grandiosas. São verdadeiras formigas e a semelhança é maior porque moram até em buracos provisoriamente feitos em abrigos. Ao terminarem as obras muitas vezes nem pode entrar, a exemplo de um prédio luxuoso na Avenida Vieira Souto. Assim a visão de Gilberto é perfeitamente casada com este poema do saudoso Bandeira. Sensível, ele enxergava as coisas e traduzia em versos. O Gilberto traduz com as imagens que joga nas telas, esta desigualdade. O nordestino que ao chegar na metrópole não perdeu suas características e seu trabalho apresenta esta dualidade: o primitivo e o evoluído. A fábrica absorvendo em parte a grande oferta da mão-de-obra que é barata.
O salário baixo, a vida mística e as origens que muitas vezes são totalmente desvirtuadas, engolidas pelas novas ofertas de consumo através das mensagens estereotipadas da televisão e de outros meios de comunicação de massa.

    ROCKWELL O PINTOR DAS PEQUENAS CIDADES

Norman trabalhando
em seu atelier 
Aos 84 anos, morreu, no último dia 9, o pintor Norman Rockwell, conhecido, principalmente, pelos mais de 300 quadros que pintou para servirem de capa para a revista Saturday Evening Post. Rockwell estava muito doente há mais de dois anos e o seu médico pessoal, Franklin Paddock, informou que ele morreu em sua casa, por volta das 23:15 horas. Paddock não revelou a causa da morte.
O seu último quadro ficou, inacabado, em seu estúdio, o antigo depósito de carruagens da Casa Branca, de duas chaminés, para onde se mudou em 1952. Rockwell era o pintor das pequenas cidades e de seus habitantes da região da nova Inglaterra. Sua ficava numa das partes mais bonitas, desta região, os montes Berkshire.
O seu quadro mais conhecido Stockbridge Main Street at Christmas,( Foto abaixo) , pintado para uma edição de 1949 do  Saturday Evening Post, procura captar o ambiente dessa região.
Rockwell não chegou a terminar seu último quadro, iniciado há alguns meses, e que tentava captar uma paisagem de Stockbridge.
Qunado fez 80 anos, o pintor disse: Eu quero morrer de repente, quando estiver pintando. Não quero passar o dia numa cadeira ou ir para a Flórida. Este é o meu ideal. Rockwell e sua mulher, Molly, eram figuras bastante populares de Stockbridge. Muitos de seus dois mil habitantes serviram de modelo para os seus quadros.


Na cidade, fica a Old Corner House, u museu dedicado ao artista, com 80 trabalhos originais, rascunhos e objetos que pertenceram ao pintor. Cerca de 65 mil pessoas visitam por ano o museu. Rockwell, no entanto, era filho de uma metrópole. Nasceu em Nova Iorque, em 1894. Vendeu seu primeiro quadro, com 22 anos, ao Post, por 50 dólares. Mostrava um menino empurrando, com relutância, um carrinho de bebê. O Post se  transformou num comprador regular dos quadros sentimentais e humanos do artista.
Certa vez Rockwell disse que não tinha o objetivo de pintar um país onde tudo fosse bom e ensolarado. Mas seus quadros, quase sempre, mostravam crianças de cabelos claros junto a avós com ar de admiração, meninos se iniciando no beisebol e ansiosos para mostrar o rosto ao pintor, cachorrinhos brincando entre as pernas de seus donos. No fim da década de 1960, porém, profundamente influenciado pelas tensões desse período nos Estados Unidos, Rockwell passou a mostrar situações de caráter mais social.
Quando tinha 75 anos, declarou: Durante 47 anos, eu retratei o melhor dos mundos possíveis avós, cachorrinhos, coisas assim. Isto agora acabou e acho que já era a hora.
Este período da obra do artista ficou conhecido como o Angry Period. As obras mais famosas da época são os retratos de três militantes da luta pelos direitos civis, assassinados no sul do país, e a figura de uma menina negra, de rabo de cavalo, sendo acompanhada para a escola por quatro agentes federais.
O público não reagiu bem a esta mudança, mas ele afirmou: Eu me senti satisfeito quando fiz estes quadros. Agora, temos problemas maiores. Estou contando minhas histórias num período de pessimismo. Quem acompanhar minha obra, verá que gostei muito do espírito dos velhos tempos. Mas, não quero ficar conhecido como um especialista, o homem que pintou as capas do Post.
Até quase a sua morte, Rockwell manteve uma rígida disciplina de trabalho.Pintava diariamente, seguindo-se um período de exercícios e descanso.
Obra A Pata do Gaspar, de Norman Rockwell
Rockwell também ficou conhecido como pintor de retratos. Seus trabalhos mais conhecidos são retratos de Richard Nixon, Lyndon Johnson, Dwight Eisenhower, John Glenn, Nikita Kruschev, Gamal Abdel Nasser e Jawaharial Nehru.
Rockwell teve três filhos e os três são artistas: Jarvis é pintor abstrato, Tom é escritor e Peter é escultor. O doutor Paddock informou que, devido a seus problemas de saúde, Rockwell não pintava regularmente há dois anos. Procurou não descuidar de suas relações com a comunidade mas não saía de casa há alguns meses. Os preparativs para os funerais ainda não estão completos, mas provavelmente a cerimônia religiosa será na igreja Episcopal de São Paulo e o enterro no pequeno cemitério de Stockbridge.
Normalmente, um quadro original de Rockwell custava 27 mil dólares, pouco antes de sua morte.
Ele, porém, afirmava que não era um artista. Classificava-se de um Ilustrador, um contador de histórias.Seu pai era pintor de paisagens. Rockwell deixou a escola com 16 anos e três anos depois era o diretor de arte de revista Boys Life, que também publicou muitos de seus trabalhos.

  PANORAMNA DE ESCULTURA E OBJETO NO MAM-SP

 Na foto objeto de Vilma Rabello Machado (1978).
O Museu de Arte Moderna de São Paulo vai inaugurar às 19 horas, do dia 23, seu X Panorama de Arte Atual Brasileira, neste ano dedicado a Escultura e Objeto. Dele participam 58 artistas de vários estados do Brasil, com cerca de 170 obras. A Caixa Econômica Federal patrocina os quatro prêmios a atribuir, dois Prêmio-Estímulo Caixa Econômica Federal para cada um dos gêneros expostos.
Conta o Panorama com o patrocínio do INAP- Instituto Nacional de Artes Plásticas: Funarte- Fundação Nacional de Arte do Ministério da Educação e Cultura; e com o patrocínio do Governo do Estado, através da Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia.O Panorama poderá ser visitado, a partir de 24, nos horários: d terças às sextas, das 14 às 21h; sábados e domingos, das 14 ás 18h. 

         MÓVEIS DE MARTIN ELSLER E ERNESTO WOLF

Móveis criados por Martin Eisler
Criada por Martin EIsler e Ernesto Wolf, em 1953, com o nome de Móveis Artesanal, e situada à Rua Barão de Itapetininga, a Forma conheceu a fama desde cedo. Três anos após sua fundação, a Trienal de Milão premiava com o Compasso de Ouro os artistas Martin Eisler e Carlo Hauner.
O êxito na península justificou uma exposição de desenhos de ambos em Roma, além da abertura de uma empresa e fábrica em Brescia. Mais adiante a empresa se dividiu, ficando a diretoria artística da Forma brasileira entregue a Martin Eisler. A partir de então, sem perder de vista seu objetivo de produzir móveis do mais alto nível, tanto por seu desenho, como pela qualidade, a Forma vem mantendo posição de destaque em nosso país, com uma filosofia própria em móveis e objetos artísticos. Em função de uma grande identificação com os designers da Escola Bauhaus, passou a fabricar no Brasil os móveis da Coleção Knoll International dos Estados Unidos, o que incluiu grandes mestres como Mies van der Rohe, Marcel Breuer, Eero Searinem, Florence KNoll e Harry Bertola, entre outros. A forma apresenta agora a Coleção Cassina, produzida pela Probjeto, e ainda, com exclusividade de distribuição, as peças Le Corbusier, ampliando assim sua linha residencial.

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