JORNAL A TARDE,SALVADOR,
SEGUNDA-FEIRA 21 DE AGOSTO DE 1989
A galeria fica localizada no térreo deste edifício na Graça |
Nesta
primeira exposição estão expostas obras de Lopes Rodrigues, Presciliano Silva,
Alberto Valença, Mendonça Filho e Réscala, todos ex-professores da Escola de
Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Esses mestres da arte baiana
devem sempre ser lembrados como exemplo de um trabalho de alta qualidade que
marcou época na história não apenas da arte, mas na História da Bahia.
E
o curioso é que esta mostra é organizada por um marchand de apenas 28 anos, um
administrador de empresas que abraçou a arte e que sabe valorizar o que é bom.
Informou-me Alban que a preferência pelos mestres da pintura baiana deu-se
porque a escolha de nomes para abrir uma galeria poderia gerar algum
descontentamento e, principalmente., porque é preciso sempre lembrar esses
artistas que iniciaram o próprio mercado de arte aqui.
A
nova galeria tem 85m², sistema de ar condicionado central e iluminação cobrindo
uniformemente todo o salão e a área destinada à visitação oferece uma visão
global de todas as obras expostas.
Informa
o marchand que foram investidos cerca de 15 mil dólares na reforma do prédio,
acabamento e decoração interna, e que seu objetivo principal é colaborar com a
arte baiana e nacional através de uma troca de experiência e informações com
outras galerias e artistas de estados brasileiros.
KAU
MASCARENHAS EXPONDO SUAS PINTURAS NA ACBEU
Kau Mascarenhas com uma obra recente |
AÍ
estão as fortes razões porque a figura humana aparece sempre em seus trabalhos.
Ele não faz um esboço prévio, muitas vezes os traços vão surgindo
intuitivamente e daí vão aparecendo os rostos, corpos em atitudes
contemplativas ou em movimentos, numa liberdade expressiva que teima propositadamente
em conservar.
É
certo que ainda jovem, Kau Mascarenhas se diverte com o desafio do papel
branco, imaculado, e, daí, vai colocando as suas pegadas, suas marcas por meio
de traços que vão se somando até surgirem suas figuras impregnadas de
contemporaneidade. Revela o artista que tudo parece uma trama lúdica onde pago
para ver e, quase sempre fica surpreendido com os efeitos que consegue.
Desde
a infância que seu interesse pelas artes plásticas despertou e, o lápis de cor à bola de futebol. Ao passar os fins de semana em casa de uma tia, ficava
rabiscando em papéis de rascunho, que ela trazia da repartição onde trabalhava.
Esta sua obsessão pelo papel continua até hoje, onde faz seus trabalhos
utilizando tinta acrílica. Diz Kau Mascarenhas que o papel necessita apenas de
um tratamento e determinados cuidados para ter uma durabilidade como qualquer
outro suporte. Ele reluta os preconceitos que algumas pessoas menos avisadas
tem com relação ao papel. Ressalta que importantes obras dos clássicos como Da
Vinci e mesmo antigas gravuras chinesas foram feitas em papel. Com apenas 23
anos, Kau Mascarenhas tem um trabalho de qualidade. Expõe desde 1986 e agora
programa mais uma mostra, sendo, desta vez, na Associação Brasil-Estados
Unidos. Ele ressalta o trabalho que a ACBEU vem desenvolvendo, enquanto outras
instituições que funcionam na Bahia dão pouco apoio a eventos culturais.
O ESCULTOR GOLDBERG ESTÁ REALIZANDO TRÊS EXPOSIÇÕES
O carioca João Carlos Goldberg escultor, arte-educador e arqueólogo já representou o Brasil na IX Bienal de São Paulo e desde então seus trabalhos tem sido apresentados em diversas mostras e salões no País e, até mesmo, nos Estados Unidos, frança e Suécia. Em 1971,mereceu destaque da crítica, especialmente de Geraldo Ferraz PR sua contribuição notável e variada, quando da seleção para a XI Bienal Paulista.
Uma escultura do carioca João Carlos Goldeberg |
O carioca João Carlos Goldberg escultor, arte-educador e arqueólogo já representou o Brasil na IX Bienal de São Paulo e desde então seus trabalhos tem sido apresentados em diversas mostras e salões no País e, até mesmo, nos Estados Unidos, frança e Suécia. Em 1971,mereceu destaque da crítica, especialmente de Geraldo Ferraz PR sua contribuição notável e variada, quando da seleção para a XI Bienal Paulista.
Sua
atividade como professor de Arte começou em 1968, tendo ministrado no Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro diversos cursos, e na Escola de Artes Visuais,
do Parque Lage, é coordenador do curso de Escultura. Vem ainda se dedicando a
pesquisa sobre as formas geométricas e suas mutações, sendo portanto um artista
não- figurativista, de conotação geométrica, como o classifica José Roberto
Teixeira Leite.
Goldberg
passou três anos na Europa onde expôs individualmente na Galeria HB Situation
Action Comunication em Estocolmo,e na Françamonde paticipou da coletiva na
Galeria de L’Eltrange, em
Porto Alegre recebeu o prêmio lei Sarney à Cultura Brasileira
como destaque das Artes Plásticas e Escultura.
Agora
trabalhando feltro e ardósia, numa recuperação do gesto do homem pré-histórico
e com claras referências a Lúcio Fontana o artista Goldberg mostrará suas mais
recentes obras em três exposições simultâneas na Documenta Galeria de Arte, em São Paulo até o dia 22
do corrente, na Galeria Anna Maria Niemeyer, no Rio de Janeiro até o dia 31 de
agosto e na Documeta-Haver Shopping,, em Curitiba de 5 a 16 de setembro próximos.
VÁRIOS
TÍTULOS
O
artista diz que pensou em vários títulos para as exposições: fragmentos,
Rupturas, Oval/Ava. Desistiu por entender que nem sempre há necessidade de
rótulos para favorecer o entendimento e a compreensão. Mas é verdade que esta
sociedade consumista tende a rotular as coisas para diferenciá-las, mesmo no
campo da arte que prima pela sensibilidade e a emoção, sensações que estão em
contraste com o material. Ele pensou em dedicar a alguém e escolheu a si como
merecedor desse gesto. Para ele as esculturas são construções sensíveis, fruto
da reflexão/ação, mas, sobretudo, exercício do prazer, resgate.
Intrigam
Goldberg os processos, as buscas, o ir e vir, os encontros e desencontros, os
contrastes, o que leva o homem a construir e, conseqüentemente, a destruir. E
continua a afirmando que a escultura,
enquanto linguagem, permite o necessário exercício da liberdade, admite gastos
mais largos, rupturas, rasgos, gritos e cortes, falas, prazer.
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